Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

O PESSIMISMO NACIONAL

Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Socialista Trotskista Sex Fev 27, 2009 10:21 am


O PESSIMISMO NACIONAL





O PESSIMISMO NACIONAL O+pessimismo+nacional
O médico e escritor Manuel Laranjeira (1877- 1912, por suicídio) publicou em 1907 e 1908 no jornal "O Norte", diário republicano da manhã do Porto, quatro artigos com o título "O Pessimismo Nacional".
São esses artigos devidamente compilados e antecedidos de uma
introdução (não assinada) que foram, em Setembro passado, republicados
pela Padrões Culturais Editora, de Lisboa. O título continua no
subtítulo "Ou de como os portugueses procuram soluções de esperança em tempos de crise social".

Vale
a pena saber as razões pelas quais, segundo ele, Portugal não era um
caso perdido. Ainda havia razões para ter esperança, desde que houvesse
educação. Ouçamo-lo:

<BLOCKQUOTE>"Bem sei a grande objecção dos que crêem e profetizam que 'isto está irremediavelmente perdido'.

Lá vamos.

A
famosa objecção consiste, afinal, em afirmar - gratuitamente,
vê-lo-emos - que o nosso mal tem raízes mais fundas, inextirpáveis, e
que a falta de coesão da sociedade portuguesa assenta em factores
antropológicos, indestrutíveis, isto é, que sobre a raça portuguesa
pesa uma fatalidade mórbida originária, de natureza degenerativa, uma
tendência irreprimível, progressivamente crescente para a dissolução.
Nestas condições na desagregação da alma nacional significaria mais do
que uma psicose passageira: seria uma verdadeira degenerescência
psíquica colectiva. Finalmente, o povo português estaria biologicamente
condenado.

Simplesmente tal afirmativa não resiste ao mais singelo exame.

As
degenerescências assentam sempre num terreno absolutamente improdutivo,
numa acentuada inadaptabilidade. São o cérebro e o braço português
completamente estéreis? E a raça portuguesa uma raça inadaptável?

Educar
é adaptar. E alguém já tentou infrutuosamente educar o povo português?
Já alguém demonstrou que o espírito português é refractário à aquisição
duma consciência cívica? Já alguém demonstrou que o cérebro português é
incapaz de educar-se, de adaptar-se à complexidade da vida moderna?

(...)
Submeta-se esse desgraçado povo, criminosamente desprezado e
levianamente caluniado, à prova decisiva: eduquem-no, intensivamente,
tenazmente, sem desfalecimento, e vê-lo-ão florescer e progredir como
os povos cheios de saúde.

Porque afinal todos os actos do povo
português não são actos de quem agoniza, são actos de quem não sabe,
não são escabujos de povo exausto, são actos todos derivados da sua
profunda ignorância. Pois que queriam que fizesse um povo que nem
sequer sabe ler? Queriam talvez que esse povo fosse resolver a questão
social? Queriam talvez que ele se interessasse pelos vastos problemas
da filosofia social e se apaixonasse pelas transcendentes ideias da
justiça, tal como a concebe e teoriza o homem moderno?

Mas essas
belas coisas estão fora da sua percepção e da sua sensibilidade
ineducadas, e o tempo mal lhe chega para ganhar o pão com que vai
iludindo a sua miséria. Muito faz ele em ir resistindo a quantas
desgraças o afligem. E essa resistência pasmosa não está
indubitavelmente dando a medida exacta do inesgotável cabedal que
existe no organismo português?"</BLOCKQUOTE>
Manuel Laranjeira


http://dererummundi.blogspot.com/2008/10/o-pessimismo-nacional.html


Última edição por Socialista Trotskista em Sex Fev 27, 2009 10:33 am, editado 1 vez(es)

Socialista Trotskista

Pontos : 41

Ir para o topo Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty Re: O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Socialista Trotskista Sex Fev 27, 2009 10:30 am



O "PESSIMISMO NACIONAL" ( 4 ) : TERAPÊUTICA








O PESSIMISMO NACIONAL Alphonse+Osbert+la+muse+au+lever+du+soleil
No seu último artigo de Janeiro de 1908 para O Norte,
assere Manuel Laranjeira que “o nosso pessimismo quer dizer apenas
isto: que em Portugal existe um povo em que há, devorada por uma
polilha parasitária e dirigente, uma maioria que sofre porque a não
educam, e uma minoria que sofre porque a maioria não é educada.”

Ainda
se não provou que a “raça portuguesa” é “incapaz de adaptar-se à vida
moderna”: Ora, “educar é adaptar”. Portanto, sublinho eu, “submeta-se
[sic] este desgraçado povo, criminosamente desprezado e levianamente
caluniado, à prova decisiva: eduquem-no, intensivamente, tenazmente,
sem desfalecimento, e vê-lo-ão florescer e progredir como os povos
cheios de saúde. (…) Pois que queriam que fizesse um povo que nem
sequer sabe ler? (…) Ninguém lhe ensinou os seus direitos e os seus
deveres. Ele dos direitos do Homem tem apenas a noção secular,
tradicional – obedecer. Os seus direitos de cidadão livre? Mas como
querem que ele os defenda, se nem sequer sabe que eles existem?...”

Para
Laranjeira, “é preciso avançar desde o princípio”; “é preciso refazer
tudo, refundir a sociedade portuguesa de baixo a cima,
incansavelmente…”; é preciso recuperar o tempo perdido desde 1820,
quando nos chegara “a rajada transformadora de redenção humana” que nos
“soprou de França” o “espírito novo (que) demolia as velhas sociedades”
e “inaugurar a era dos Direitos do Homem.” Teria sido preciso desde
esse ano “reconstituir desde os alicerces sociedades novas”, mas, em
vez disso, “a polilha daninha e parasitária começara a sua obra de
devastação.” Por isso, “contar a história da enfermidade nacional seria
contar a história do nosso constitucionalismo.”

A “Educação”…
Tal a terapêutica do nosso médico, que o leitor paciente já teria
adivinhado, de ouvir a tantos, antes e depois de Laranjeira, invocar
essa musa. Escrevia o médico republicano num diário republicano a menos
de três semanas do Regicídio que poria termo aos “dias terríveis” da
ditadura franquista. Dois anos depois seria a vez de outra “quadrilha
messiânica”, a qual se propunha “republicanizar o país”, nas palavras
de um dos seus mais renomados pedagogos: João de Barros. E meteram mãos
à obra logo dez dias depois da revolução do 5 de Outubro de 1910, não
sem a 8 começarem por proibir o ensino público aos membros das
“associações religiosas”. No dia 15, saía um decreto do Governo
provisório a nomear uma comissão para elaborar um projecto de
regulamento para a “instrução militar preparatória” das crianças, a
partir dos 7 anos de idade, onde se dizia: “convém incentivar e radicar
nos ânimos o espírito militar desde a primeira adolescência”… Desta
comissão fazia parte o mesmo João de Barros. Grande novidade
revolucionária? Era a reposição dos “batalhões escolares” que tinham
sido criados por iniciativa do ministro Elias Garcia em 1881, para as
crianças da instrução primária, as quais, na véspera de Natal de 82,
tinham garbosamente desfilado no Arsenal de Marinha, fardadas e de
espingarda ao ombro…

O leitor lembra-se:”começar de baixo a cima”… “refazer tudo”… E o “desgraçado povo” tinha de “submeter-se”…



[ Na imagem La Muse au Lever du Soleil, de Alphonse Osbert (1857-1939) ]

http://toneldiogenes.blogspot.com/2008/01/o-pessimismo-nacional-4-teraputica.html#links

Socialista Trotskista

Pontos : 41

Ir para o topo Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty Re: O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Socialista Trotskista Sex Fev 27, 2009 10:31 am



O “PESSIMISMO NACIONAL” ( 3) : COMPLICAÇÕES








O PESSIMISMO NACIONAL Triste



“Não
há coesão cívica “ na sociedade portuguesa, para o médico e escritor
Manuel Laranjeira: “não existe essa coordenação colectiva que imprime
aos aglomerados nacionais, que se chamam povos e nações, essa harmonia,
essa unidade que os caracteriza como indivíduos e os impõe como
verdadeiros organismos autónomos, de ordem superior, mercê da sua
complexidade estrutural.” De aí a “desagregação da alma nacional”.

O
autor pressupõe e não duvida da analogia entre a vida de um indivíduo e
a das nações. “A vida duma nação não é uma ficção política, não é uma
mentira convencional, para dividir povos. Existe, é uma realidade
patente, como é uma realidade a vida de um homem, apesar de formado
pelo um agregado de uma infinidade de vidas elementares. Como é uma
realidade a vida dum enxame de abelhas, por exemplo.” Mas, entre nós, é
diminuto o “espírito de colmeia, o instinto de conservação colectiva
dominando e disciplinando o instinto de conservação individual”; por
isso fica “o sentimento do interesse nacional abafado na confusão
caótica dos sentimentos do interesse individual.” E prossegue logo
depois:

“Em Portugal não existe o egoísmo da nação vencendo e
disciplinando o egoísmo de cada português. A nossa vida política,
económica e moral não tem sido senão uma série lastimosa de actos de
egoísmo individual, impondo-se despoticamente ao egoísmo colectivo, ao
interesse da nação e subjugando-o.” Com este parágrafo o autor parece
estar a responder à questão que lhe tínhamos posto no postal anterior:
afinal não terá havido nenhum período excepcional de “equilíbrio”, que
fosse mister “restabelecer”: parece que “a nossa vida não tem sido
senão…” E se, como viria a dizer o Poeta, “as nações todas são
mistérios”, mais misteriosa fica sendo a vida da nossa portuguesa, tão
cedo politicamente organizada em estado independente, e “que não tem
sido senão…” Ao nosso autor não ocorreu nesse momento, talvez sob a
pressão e indignação a respeito da ditadura de João Franco, questionar
se esses actos individuais serão sempre “imposições despóticas” que
“subjugam o interesse da nação”; ou se não podem ocasionalmente ser, ao
invés, episódicas coincidências felizes do interesse individual e
colectivo. Laranjeira tem sobre esta hipótese uma desagradada
prevenção: “um dos aspectos mais típicos da vida portuguesa e um dos
seus males mais funestos é a sua prodigiosa fertilidade messiânica.”
Este mal deixa a nossa vida social à mercê de indivíduos e “quadrilhas
messiânicas” que atacam o “corpo da nação”, como se fossem uma
“polilha”, uma traça roaz a devorar os tecidos e órgãos do organismo
nacional.

De passagem, numa penada de adjectivos, o autor não
deixa de também intrometer a processo o grande bode pombalino e dos
intelectuais conferencistas do Casino: a “influência corruptora e
secular da educação jesuítica, sinistra e deprimente.” Enfim, não chega
a ser uma complicação o outro membro da alternativa que tinha posto em
tese: mais do que uma “psicose passageira”, não será o nosso mal-estar
uma “fatalidade mórbida, originária, de natureza degenerativa”, uma
“tendência irreprimível, progressivamente crescente para a dissolução”;
não seria uma “verdadeira degenerescência psíquica colectiva” e não
estaria “o povo português biologicamente condenado”? Para o médico
Laranjeira, as degenerescências sucedem por infertilidade ou
inadaptabilidade; ora, “são o cérebro e o braço português completamente
estéreis”? Será a “raça portuguesa uma raça inadaptável”? Não só isso
não está demonstrado como, pelo contrário, a “pasmosa resistência deste
desgraçado povo” às penosas condições duma existência agravada pela
“polilha parasitária e dirigente” aí está sugerindo “a medida exacta do
inesgotável cabedal que existe no organismo português.”

Veremos
no próximo postal qual é a terapêutica com que o médico português quer
fazer passar de todo a “passageira psicose” portuguesa.








posted by Pedro Isidoro at 12:27 PM


0 comments

links to this post

O PESSIMISMO NACIONAL Icon18_emailO PESSIMISMO NACIONAL Icon18_edit_allbkg











http://toneldiogenes.blogspot.com/2008/01/promoo-da-queixinhice-como-acto.html#links

Socialista Trotskista

Pontos : 41

Ir para o topo Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty Re: O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Socialista Trotskista Sex Fev 27, 2009 10:32 am



O “PESSIMISMO NACIONAL” ( 2 ) : ETIOLOGIA








O PESSIMISMO NACIONAL Dead+tree3
«Ora
eu creio que o valor do pessimismo em Portugal não tem sido justamente
apreciado, e parece-me que esse sombrio prognóstico a respeito dos
nossos destinos como povo é ainda, mais do que uma conclusão
rigorosamente deduzida, um fenómeno meramente sentimental, derivado
desse mesmo pessimismo que está florescendo no nosso país,
luxuriosamente, como uma venenosa árvore de morte.»

Para Manuel
Laranjeira, o pessimismo, “como a imensa maioria das outras
perturbações de que o Homem sofre”, pode ter duas origens: ou é sintoma
duma “dificuldade adaptativa passageira” e, neste caso, uma reacção
normal de ajustamento do organismo colectivo a novas condições da vida
ambiente; ou tem “uma génese francamente mórbida” e, nesta hipótese,
“exprime um conflito irredutível, que só termina pela morte”; isto
porquanto há “um esgotamento senil ou degenerativo, doloroso, e indica
o estado desesperadamente agónico dum povo como entidade colectiva.”

O
autor destas palavras quer crer na primeira hipótese. Então, de o que
se trata e como se trata… “isto”? Parece uma questão de simples golpe
de vista: “Basta lançar os olhos para o estado social português para se
compreender imediatamente”… E eis o que o olhar radiográfico do nosso
médico vê: “Somos um povo civilizado… na aparência, porque a negra
realidade é que quatro quintos da população portuguesa nem sequer sabem
ler e escrever. Vestimos à moderna, pretendemos viver à moderna, e
pensamos e sentimos à antiga. Somos um povo pertencendo pelo aspecto
aos tempos dos Direitos do Homem e pertencendo, na verdade, pelo
espírito, aos tempos da pedra lascada.” E quanto ao quinto restante?
“Existe uma minoria reduzida, uma parcela, embora mínima, que acompanha
a civilização moderna e vai nas correntes do pensamento contemporâneo.”
Esta “elite pensadora e civilizada” apresenta um “avanço educativo
relativamente acentuado.” Mas não se salva duma lascada crítica. A
fracção é uma fractura: “ essa minoria não sabe ou não pôde impor-se à
maioria da nação a arrastá-la consigo nesse avanço progressivo”… para a
tal “civilização moderna”.

Quanto aos “quatro quintos”, eram uma
massa de inércia sem vontade própria e demasiado pesada para ir “nas
correntes”? O caso era que: “Somos um povo sem comunidade de pensar e
sentir”, dividido e desequilibrado. Ora, os organismos, individuais ou
colectivos, carecem, para se adaptarem e sobreviverem de uma unidade e
equilíbrio derivados da “estreita sinergia dos seus elementos” e, “em
Portugal, essa sinergia não existe.” Precisamente “aí está o nosso
mal-estar.”

O médico avisa: “se o equilíbrio não for
restabelecido de maneira que a engrenagem social portuguesa volte a
funcionar sinergicamente; se esta ficção de organização não for
destruída e substituída por uma organização una e harmónica – a nossa
existência como nação, como sociedade autónoma, será efémera”;
acabaremos como uma “nação morta, condenada a ser devorada pelo ventre
esfíngico e insaciável das nações vivas.”

Nestes artigos para O Norte,
Manuel Laranjeira não diz quando é que, na nossa história nacional
portuguesa, teria existido um tal “equilíbrio”, que agora deveria ser
“restabelecido”. Mas terminava, no dia 31 de Dezembro de 1907, com uma
nota de esperança: “Eu creio que sim, que isto se pode salvar ainda…”

Veremos como; mas, antes da terapêutica, ainda algumas patogénicas complicações.







posted by Pedro Isidoro at 12:11 PM


0 comments

links to this post

O PESSIMISMO NACIONAL Icon18_email

Socialista Trotskista

Pontos : 41

Ir para o topo Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty Re: O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Socialista Trotskista Sex Fev 27, 2009 10:32 am



O “PESSIMISMO NACIONAL” ( I ) : SINTOMAS








O PESSIMISMO NACIONAL Tristeza

«Diz-se
que a sociedade portuguesa vai atravessando uma crise sobreaguda de
sombrio pessimismo, o que é uma verdade de todos os dias; e há quem
afirme com argumentos cheios de brilho literário que esse pessimismo é
sintoma claro e indiscutível duma degenerescência do nosso povo…»

O
leitor tem ouvido chamar a esta verdade de todos os dias - “depressão”;
ou, numa terminologia psicologicamente menos temível: “crise”. Quem,
naquele 31 de Dezembro de 1907, escrevia tais palavras bem se podia
consolar então com o “brilho literário”: não havia muito se tinha
afastado de nós um António Nobre, o autor do “livro mais triste”,
deixando-nos menos sós com suas Despedidas (1902) e este verso: “Anda
tudo tão triste em Portugal!”; dele contemporâneo, desde o
ultra-romantismo reaccionário de um João de Lemos até à retórica
panfletária de um Guerra Junqueiro, só para falar da poesia, “brilho
literário” era o que havia abonde. Hoje… O brilho parece fanado na
espessidão de palpáveis trevas, e parece fantasmática entidade de
folclore ou anacrónica ideologia essa… “o nosso povo”.

Era o
autor de tais palavras o jovem médico Manuel Laranjeira, que não só
pelo “brilho literário” da obra feita mereceu lugar na opulentíssima e
providente galeria dos nossos médicos escritores, que depois de mortos
ainda nos dão hoje consultas de salutar proveito. Eram as palavras
iniciais do primeiro de quatro artigos, com o título supra, que
entravam por Janeiro de 1908 publicados no diário portuense O Norte.
Estávamos nessa altura politicamente com a vida parlamentar suspensa
pela ditadura de João Franco, apoiada pelo rei D. Carlos: a ditadura
que, de há anos, várias personalidades de diferentes quadrantes
ideológicos tinham pedido ao rei, mas que, agora, era detestada por
todos os que não pertenciam ao partido franquista, e dava pretexto a
que republicanos, carbonários e anarquistas se aliassem na subversão do
regime pela rebelião armada.

O médico Manuel Laranjeira
auscultara o mal-estar reinante, que parecia reinar com mais soberano
senhorio que o dos reis: « O desalento e a descrença alastram, o
mal-estar colectivo se vai resolvendo quotidianamente em tragédias
individuais, o sentido da vida, em Portugal parece cada vez mais
fúnebre e mais indicativo de que vamos arrastados, por um mau destino,
para a irreparável falência e de que nos afundamos definitivamente. »
Tragédias individuais quotidianas, que o paciente leitor ainda tem
estômago para engolir dos noticiários populistas?... E o sentido da
vida… Não há nada como um bom mau-estar para nos depararmos reposta a
velha questão. Quanto à resposta…

Mas, pergunta ele, «o mal, na verdade será de morte? Estará isto, como se diz expressiva e resumidamente, irremediavelmente perdido?»

Não se perdeu ao menos o deíctico seco e expressivo – “isto”. E sobreviveu. Ainda cem anos depois temos isto connosco…

Veremos em postais seguintes a etiologia e o prognóstico que lhe fez o nosso médico.












posted by Pedro Isidoro at 12:04 AM


2 comments

links to this post

O PESSIMISMO NACIONAL Icon18_emailO PESSIMISMO NACIONAL Icon18_edit_allbkg

Socialista Trotskista

Pontos : 41

Ir para o topo Ir para baixo

O PESSIMISMO NACIONAL Empty Re: O PESSIMISMO NACIONAL

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos