O tigre de papel...
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O tigre de papel...
E esta, hem!! como diria o saudoso Fernando Pessa...
AGORA QUE O TIGRE É MESMO DE PAPEL...
Ferreira Fernandes
Jornalista - ferreira.fernandes@dn.pt
Ontem, a manchete do Herald Tribune (a edição do New York Times para a Europa) era: "China preocupada com a segurança da dívida dos Estados Unidos". Um rapaz do meu tempo sobressalta-se. Então, o tigre revela-se, finalmente, de papel, e o papel revela-se sem cobertura, e a China comunista queixa-se?!
A foto, que ilustrava a manchete, deveria elucidar os rapazes do meu tempo: a China mudou. O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao ia com o queixo levantado de soberba como nenhum general da Longa Marcha se permitiria. Os comunistas de antanho faziam-se de modestos. Não o eram, ousavam pensar que conseguiriam a maior das obras: mudar o género humano. Da contradição entre a aparência e a convicção, os dirigentes comunistas chineses vestiam uma segunda pele que os fazia parecer com um tipo que eles não podiam conhecer: o abade de província português, de mãos untuosas. Não são precisas muitas fotos de Lin Piao ou Mao Tsé-Tung para nos darmos conta dessa evidência.
Mas Wen Jiabao não é nada disso, se imita alguém sabe bem quem é, porque o viu no cinema: Michael Douglas a fazer de "Gordon Gekko", o investidor sem escrúpulos no filme Wall Street. A preocupação chinesa invocada na manchete do Herald Tribune era explicada no primeiro parágrafo: a China investiu um bilião de dólares (não, não é mil milhões, o jornal americano escreve "$1 trillion", logo tem 12 zeros, um bilião dos nossos), um bilião investidos na dívida americana. Um valor seguro, ontem. Hoje, a dúvida de uma dívida.
Mais do que preocupados, os que os dirigentes chineses se sentem é traídos. Fizeram mudanças em direcção ao capitalismo com a alma em sobressalto. Mudaram dizendo sempre que não mudavam, quando no íntimo sentiam que tinham de mudar porque o seu próprio modelo tinha falhado. E, agora, não é que o capitalismo secretamente desejado se revela sem saída? São dias terríveis para os dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC): abrem o jornal e lêem que o capitalismo contra o qual tanto lutaram se desmorona mesmo. São dias terríveis.
Noutra página, mas tendo tudo a ver, o jornal publica uma reportagem de Pequim. Em cada Março de todos os anos, a capital chinesa vive um acontecimento: reúnem-se as delegações do PCC, vindas das 34 províncias. Centenas de congressistas. A alegria das lojas de produtos de luxo. A China é neste momento o maior mercado mundial do luxo: 7,6 mil milhões de dólares, no ano passado, em malas Gucci, lenços Hermès...
Mas não, não são os congressistas que compram. São os que querem agradar aos congressistas. Como diz ao jornal um especialista em artigos de luxo: "Eu via sempre dois chineses a ir às compras. Depois descobri que um comprava e o outro pagava".
Quer dizer, estava o capitalismo a entrar nos costumes dos chineses quando, à traição, ele os deixa, sozinhos, entregues à sua ganância capitalista. Não se faz.
AGORA QUE O TIGRE É MESMO DE PAPEL...
Ferreira Fernandes
Jornalista - ferreira.fernandes@dn.pt
Ontem, a manchete do Herald Tribune (a edição do New York Times para a Europa) era: "China preocupada com a segurança da dívida dos Estados Unidos". Um rapaz do meu tempo sobressalta-se. Então, o tigre revela-se, finalmente, de papel, e o papel revela-se sem cobertura, e a China comunista queixa-se?!
A foto, que ilustrava a manchete, deveria elucidar os rapazes do meu tempo: a China mudou. O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao ia com o queixo levantado de soberba como nenhum general da Longa Marcha se permitiria. Os comunistas de antanho faziam-se de modestos. Não o eram, ousavam pensar que conseguiriam a maior das obras: mudar o género humano. Da contradição entre a aparência e a convicção, os dirigentes comunistas chineses vestiam uma segunda pele que os fazia parecer com um tipo que eles não podiam conhecer: o abade de província português, de mãos untuosas. Não são precisas muitas fotos de Lin Piao ou Mao Tsé-Tung para nos darmos conta dessa evidência.
Mas Wen Jiabao não é nada disso, se imita alguém sabe bem quem é, porque o viu no cinema: Michael Douglas a fazer de "Gordon Gekko", o investidor sem escrúpulos no filme Wall Street. A preocupação chinesa invocada na manchete do Herald Tribune era explicada no primeiro parágrafo: a China investiu um bilião de dólares (não, não é mil milhões, o jornal americano escreve "$1 trillion", logo tem 12 zeros, um bilião dos nossos), um bilião investidos na dívida americana. Um valor seguro, ontem. Hoje, a dúvida de uma dívida.
Mais do que preocupados, os que os dirigentes chineses se sentem é traídos. Fizeram mudanças em direcção ao capitalismo com a alma em sobressalto. Mudaram dizendo sempre que não mudavam, quando no íntimo sentiam que tinham de mudar porque o seu próprio modelo tinha falhado. E, agora, não é que o capitalismo secretamente desejado se revela sem saída? São dias terríveis para os dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC): abrem o jornal e lêem que o capitalismo contra o qual tanto lutaram se desmorona mesmo. São dias terríveis.
Noutra página, mas tendo tudo a ver, o jornal publica uma reportagem de Pequim. Em cada Março de todos os anos, a capital chinesa vive um acontecimento: reúnem-se as delegações do PCC, vindas das 34 províncias. Centenas de congressistas. A alegria das lojas de produtos de luxo. A China é neste momento o maior mercado mundial do luxo: 7,6 mil milhões de dólares, no ano passado, em malas Gucci, lenços Hermès...
Mas não, não são os congressistas que compram. São os que querem agradar aos congressistas. Como diz ao jornal um especialista em artigos de luxo: "Eu via sempre dois chineses a ir às compras. Depois descobri que um comprava e o outro pagava".
Quer dizer, estava o capitalismo a entrar nos costumes dos chineses quando, à traição, ele os deixa, sozinhos, entregues à sua ganância capitalista. Não se faz.
Viriato- Pontos : 16657
Re: O tigre de papel...
Quer dizer, estava o capitalismo a entrar nos costumes dos chineses quando, à traição, ele os deixa, sozinhos, entregues à sua ganância capitalista. Não se faz.
Vitor mango- Pontos : 117576
Re: O tigre de papel...
OS BILIONARIOS CHINESES, sao TODOS DO PARTIDO!!!!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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