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Casei por amor?

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Mensagem por Viriato Ter Mar 24, 2009 2:33 am

Ser solidário por puro interesse

psg@negocios.pt


"- Se casei por interesse ou por amor? Deve ter sido por amor, não tenho interesse nenhum nela..." A anedota tem barbas e vem a propósito de como se gerem empresas em crise: mesmo quando é por amor, é bom que seja por interesse.


"- Se casei por interesse ou por amor? Deve ter sido por amor, não tenho interesse nenhum nela..." A anedota tem barbas e vem a propósito de como se gerem empresas em crise: mesmo quando é por amor, é bom que seja por interesse.

Dois meses bastaram para sentir em 2009 a paragem cardíaca na economia que se previa depois do colapso financeiro de 2008. As receitas fiscais de Fevereiro são um termómetro de precisão para a economia portuguesa, que entrou em apneia: suspendeu-se. Mas parar é morrer e a morte mede-se em desemprego e em falências.

O clima tem gerado debates sobre a intervenção do Estado mas também sobre a intervenção dos privados: baixar salários pode salvar empregos? Os salários dos gestores são demasiado elevados? É moral despedir se se tem lucros?

Numa entrevista ao Negócios há uma semana, o catedrático de Direito Eduardo Paz Ferreira alertou: os ricos devem participar na resolução da crise e conter a propagação da pobreza porque isso é do seu próprio interesse. É uma ideia poderosa, pois coloca a intervenção ao nível do resultado e não da esmola. Fazendo dessa ideia um trampolim para as empresas saudáveis, Paz Ferreira poderia concluir que é do interesse dos accionistas proteger os trabalhadores em vez de meterem ao bolso dois terços dos lucros, como acontece este ano com os dividendos das cotadas (deixando 20% disso em impostos).

O que estão a fazer grandes empresas portuguesas? A cada um dos 20 mil colaboradores fora do quadro, a Jerónimo Martins distribui um prémio de 240 euros; a Petrogal, EDP, REN e GDP vão dar aumentos acima da inflação (como acontece com a função pública); a Impresa propôs o corte de 10% aos salários elevados; a PT prepara-se para dar um prémio de 150 euros a trabalhadores no activo, depois de congelar há três anos salários acima de 2.900 euros; aos gestores de topo, o BES reduziu os prémios, o BCP eliminou-os, a Sonae congela-lhes os salários, a Galp (que também entrega um prémio de 3.050 euros a três mil trabalhadores) reduziu "plafonds" para carros; PT, Sonae SGPS, EDP e Jerónimo não vão reduzir o número de trabalhadores.

Há quem, estando em perda de produção, negoceie com trabalhadores não a distribuição do lucro mas a partilha do prejuízo. É preferível que todos ganhem um pouco menos que poucos percam tudo. É o que está a acontecer em algumas fábricas: redução de jornadas de trabalho e suspensões temporárias de produção.

Estas medidas acontecem em grande parte por pressão social, de fora e dentro da empresa. O lucro não pode tornar-se pecado mas a sua distribuição de forma não equitativa sempre o foi. E a pré-tensão social que se vive aconselha a uma gestão responsável... no interesse da própria empresa.

Despede-se em primeiro lugar ou em último lugar? É mais fácil responder "em último" do que fazê-lo. Mesmo que o novo Código do Trabalho o facilite, os gestores têm sido incompetentes em usar a flexibilidade que sempre existiu, como se veio elogiando na Autoeuropa, onde se fez "flexi-segurança" com a lei que havia.

As empresas mais numerosas estão gerir as suas próprias tensões laborais. Nunca se viu tanta "responsabilidade social", agora que já não para ser chique. Boa consciência ou má consciência? É, pelo menos, consciência. A gestão está cheia de interesse.
Viriato
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