Para analistas árabes, divergências em Israel prejudicarão processo de paz Tariq Saleh De Beirute para a BBC Brasil
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Para analistas árabes, divergências em Israel prejudicarão processo de paz Tariq Saleh De Beirute para a BBC Brasil
Para analistas árabes, divergências em Israel prejudicarão processo de paz
Tariq Saleh
De Beirute para a BBC Brasil
Ehud Barak (esq.) e Benjamin Netanyahu
Analistas árabes acreditam que coalizão de governo terá divergências
Analistas árabes ouvidos pela BBC Brasil acreditam que as divergências ideológicas na nova coalizão de governo em Israel devem prejudicar a relação do país com seus vizinhos e o processo de paz com os palestinos.
O futuro primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou nesta quarta-feira que seu governo será um "parceiro para a paz" e que estaria disposto a negociar com a Autoridade Palestina.
Leia mais na BBC Brasil: Netanyahu promete negociar paz com Autoridade Palestina
Mas, segundo o cientista político Imad Salameh, da Universidade Americana Libanesa, a coligação entre o Likud, partido de Netanyahu, e o Trabalhista, de Ehud Barak, será marcada por muitas discordâncias sobre como lidar com o processo de paz.
"De um lado temos o partido Likud que sempre defendeu a ampliação dos assentamentos judaicos nos territórios palestinos. E do outro, o partido Trabalhista, historicamente um pouco mais propenso a ceder nas negociações com os palestinos."
Salameh disse que Netanyahu sozinho será incapaz de reiniciar o combalido processo de paz uma vez que seu governo será formado por muitos ultradireitistas que se negam a reconhecer os direitos dos palestinos.
"Esta mistura de partidos dentro do governo israelense será um bloqueio às negociações com palestinos e árabes em geral", disse Salameh.
Conflitos à vista?
Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio, em Beirute, também acredita que o novo governo israelense deverá se caracterizar por muitas divergências ideológicas.
"Temos uma mistura de propostas e uma grande interrogação sobre como Israel passará a se relacionar com seus vizinhos árabes, especialmente os palestinos."
Segundo Salem, em um pior cenário, Netanyahu poderá se valer preferencialmente da ideia de resolver as questões políticas pela força militar.
"Não estará descartado um novo conflito com o Hamas, com o Hezbollah, no Líbano, e um fortalecimento de um discurso mais duro com o Irã em um momento em que os Estados Unidos, maior aliado de Israel, tentam diminuir as tensões com os iranianos."
Outro analista político, Ahmad Serrieh, da Universidade de Damasco, salientou que o próprio Netanyahu será responsável por um retrocesso na esperança de paz na região.
"Ele já é conhecido, sua agenda, sua política e suas ideias que são contrárias a abrir mão de terras árabes ocupadas por Israel. Certamente ele não será um parceiro ideal para a paz", enfatizou Serrieh.
O professor enfatizou que um cenário mais favorável à paz somente virá com uma pressão internacional sobre o novo governo israelense.
"Netanyahu não teria outra escolha senão negociar a solução de dois Estados (palestino e israelense)", completou.
Oposição enfraquecida
Serrieh também lamentou o enfraquecimento da oposição israelense com a inclusão do partido trabalhista, do líder Ehud Barak, no governo de Netanyahu.
"A falta de uma oposição de um partido tradicional como o Trabalhista fará a diferença para impor limites a Netanyahu", disse o professor.
Os trabalhistas deverão ganhar cinco ministérios no novo governo, e Barak deverá permanecer como ministro de Defesa.
Em um artigo no jornal jordaniano The Jordan Times, o professor Faisal Al Rfouh, da Universidade da Jordânia, se disse decepcionado com o novo governo israelense, tomado por ideologias de estrema direita e sem uma clara ideia de como negociar com os árabes.
"Israel está sem rumo, sem uma ideia clara de como negociar com os árabes. E quando isso acontece, a solução militar é sempre a mais óbvia".
Rfouh também salientou que a inclusão de partidos ortodoxos e direitistas, que se recusam a dar concessões aos árabes e aceitar seus direitos, foi o pior cenário possível para o futuro da região.
Ele criticou o fato de Barak entrar na coligação de Netanyahu, o que enterrou a ideia de um partido contrabalancear o outro.
"Sem oposição, Netanyahu poderá colocar sua agenda em prática, uma vez que o Kadima, que lidera o atual governo, não terá força sozinho para se opor ao Likud", enfatizou Rfouh no artigo.
Tariq Saleh
De Beirute para a BBC Brasil
Ehud Barak (esq.) e Benjamin Netanyahu
Analistas árabes acreditam que coalizão de governo terá divergências
Analistas árabes ouvidos pela BBC Brasil acreditam que as divergências ideológicas na nova coalizão de governo em Israel devem prejudicar a relação do país com seus vizinhos e o processo de paz com os palestinos.
O futuro primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou nesta quarta-feira que seu governo será um "parceiro para a paz" e que estaria disposto a negociar com a Autoridade Palestina.
Leia mais na BBC Brasil: Netanyahu promete negociar paz com Autoridade Palestina
Mas, segundo o cientista político Imad Salameh, da Universidade Americana Libanesa, a coligação entre o Likud, partido de Netanyahu, e o Trabalhista, de Ehud Barak, será marcada por muitas discordâncias sobre como lidar com o processo de paz.
"De um lado temos o partido Likud que sempre defendeu a ampliação dos assentamentos judaicos nos territórios palestinos. E do outro, o partido Trabalhista, historicamente um pouco mais propenso a ceder nas negociações com os palestinos."
Salameh disse que Netanyahu sozinho será incapaz de reiniciar o combalido processo de paz uma vez que seu governo será formado por muitos ultradireitistas que se negam a reconhecer os direitos dos palestinos.
"Esta mistura de partidos dentro do governo israelense será um bloqueio às negociações com palestinos e árabes em geral", disse Salameh.
Conflitos à vista?
Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio, em Beirute, também acredita que o novo governo israelense deverá se caracterizar por muitas divergências ideológicas.
"Temos uma mistura de propostas e uma grande interrogação sobre como Israel passará a se relacionar com seus vizinhos árabes, especialmente os palestinos."
Segundo Salem, em um pior cenário, Netanyahu poderá se valer preferencialmente da ideia de resolver as questões políticas pela força militar.
"Não estará descartado um novo conflito com o Hamas, com o Hezbollah, no Líbano, e um fortalecimento de um discurso mais duro com o Irã em um momento em que os Estados Unidos, maior aliado de Israel, tentam diminuir as tensões com os iranianos."
Outro analista político, Ahmad Serrieh, da Universidade de Damasco, salientou que o próprio Netanyahu será responsável por um retrocesso na esperança de paz na região.
"Ele já é conhecido, sua agenda, sua política e suas ideias que são contrárias a abrir mão de terras árabes ocupadas por Israel. Certamente ele não será um parceiro ideal para a paz", enfatizou Serrieh.
O professor enfatizou que um cenário mais favorável à paz somente virá com uma pressão internacional sobre o novo governo israelense.
"Netanyahu não teria outra escolha senão negociar a solução de dois Estados (palestino e israelense)", completou.
Oposição enfraquecida
Serrieh também lamentou o enfraquecimento da oposição israelense com a inclusão do partido trabalhista, do líder Ehud Barak, no governo de Netanyahu.
"A falta de uma oposição de um partido tradicional como o Trabalhista fará a diferença para impor limites a Netanyahu", disse o professor.
Os trabalhistas deverão ganhar cinco ministérios no novo governo, e Barak deverá permanecer como ministro de Defesa.
Em um artigo no jornal jordaniano The Jordan Times, o professor Faisal Al Rfouh, da Universidade da Jordânia, se disse decepcionado com o novo governo israelense, tomado por ideologias de estrema direita e sem uma clara ideia de como negociar com os árabes.
"Israel está sem rumo, sem uma ideia clara de como negociar com os árabes. E quando isso acontece, a solução militar é sempre a mais óbvia".
Rfouh também salientou que a inclusão de partidos ortodoxos e direitistas, que se recusam a dar concessões aos árabes e aceitar seus direitos, foi o pior cenário possível para o futuro da região.
Ele criticou o fato de Barak entrar na coligação de Netanyahu, o que enterrou a ideia de um partido contrabalancear o outro.
"Sem oposição, Netanyahu poderá colocar sua agenda em prática, uma vez que o Kadima, que lidera o atual governo, não terá força sozinho para se opor ao Likud", enfatizou Rfouh no artigo.
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