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Obama no G20 por Mário SoaresHojeComentar Há que voltar à ONU, donde poderá sair, daí sim, com legitimidade, um embrião de governo mundial.

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Mensagem por Admin Ter Abr 07, 2009 2:46 pm

Obama no G20

por Mário SoaresHojeComentar

Há que voltar à ONU, donde poderá sair, daí sim, com legitimidade, um embrião de governo mundial.

1.Como aqui escrevi na semana passada, o G20 (afinal 29, com os convidados) e a primeira viagem de Barack Obama à Europa foram, em conjunto, um grande sucesso mediático. Incontestável. Seguiu-se a Cimeira da NATO, em Estrasburgo e Baden-Baden, simbolicamente, do outro lado do Reno, a visita a Praga, com um grande comício em fundo, onde o Presidente Obama se dirigiu aos cidadãos europeus - e, note-se, não só aos responsáveis políticos, o que representa uma interessante e significativa novidade -, e, depois, à Turquia, para falar, num país muçulmano, do Médio Oriente, do eterno conflito Palestina-Israel, do Irão, da retirada das tropas americanas do Iraque, e, necessariamente, do Afeganistão, dos talibãs e do Paquistão, país muito problemático.

A viagem de Barack Obama está a ser (no momento em que escrevo) um enorme êxito, aliás esperado e que continuará. Até Durão Barroso, amigo próximo de Bush, não perdeu a oportunidade de o salientar, com entusiasmo, referindo o "carisma excepcional" do Presidente americano, como aliás fizeram alguns outros dirigentes europeus que vêm do passado, têm responsabilidades na crise global que nos afecta - e está longe do fim - e se esqueceram depressa delas, como aliás o largo sorriso e o abraço eufórico do Cavalieri, Silvio Berlusconi, evidenciaram em variadas televisões.

Quanto à reunião do G20, em si - excluindo os êxitos mediáticos que estavam garantidos de avanço -, se nos concentrarmos nos resultados concretos, os entusiasmos tendem a arrefecer... Instituições obsoletas (e responsáveis, pelo menos, por omissão) como o FMI obtiveram a promessa de receber um bilião e 500 milhões de dólares para combater a crise. Soma imensa! E também a promessa de que haverá uma reforma. Mas em que sentido? Não foi dito. Vão ser democratizadas e integradas na ONU, como é desejável? Serão castigados os responsáveis - e houve-os, necessariamente - por não terem alertado (como deviam) para a crise? Sobre isso houve silêncio.

Foi aconselhado também que cada um dos países representados no G20 - e os outros, muitos, que ficaram de fora - devem apresentar planos nacionais (convergentes?) para receberem créditos para o ataque à crise. Mas com que critérios e, especialmente, com que obrigações? A crise não requer, para se resolver, somente créditos, mais dinheiro para os bancos. Implica uma mudança radical de comportamentos, para se entrar numa nova era.

Foi anunciado, igualmente, que vai haver uma vigilância atenta sobre as agências de notação dos riscos. Vai haver, portanto, um novo controlo da regulação, que se presume mais eficaz. Mas feito por que instituição e em que condições? Silêncio!

Os bónus dados aos gestores dos bancos e das grandes empresas beneficiárias vão ter de ser muito mais modestos e fiscalizados. É um bom princípio. Mas quem garante que assim sucederá? E será que os que os receberam e, em parte, foram responsáveis pela crise vão ter de os devolver? Foi dito, igualmente, que o "segredo bancário" vai acabar. E, porventura, se não acabam os "paraísos fiscais", como disse desejar Sarkozy, vão ser muito controlados. Mas por quem? E como?

Serão excluídas as medidas proteccionistas, para não lesar, sobretudo, os países emergentes e os menos desenvolvidos, aliás sem voz no G20. É um bom princípio, se... for aceite por todos e cumprido. Quanto à nova "ronda de Doha" promovida pela Organização Mundial do Comércio - que, no passado, foi um fracasso -, foi dito que deverá voltar a realizar-se "o mais depressa possível". Oxalá! Mas terá êxito, desta vez? Que medidas foram tomadas para tal?

Quanto à defesa do ambiente - de que se falou, ao que parece, apenas en passant -, atirou-se tudo para a Cimeira de Copenhaga, promovida pela ONU, em Dezembro próximo. Esperemos...

Obama, representante máximo do país que foi o epicentro da crise, mostrou-se humilde e inspirado, valorizando o papel da Europa e afirmando que os Estados Unidos não são capazes, sozinhos, de vencer os desafios globais que os esperam. Representam estas palavras uma atitude sensata e realista, anunciando uma viragem política de 180 graus. Teve reuniões a sós, com os líderes da Rússia e da China que, segundo transpirou para os media, correram bastante bem. Percebe-se. O peso da crise aflige todos e, de certo modo, obriga a isso. Os líderes políticos, pelo menos os das democracias, têm medo das reacções populares, de grandes descontentamentos, que os podem atingir.

No entanto, note-se, o G20 foi uma reunião informal - não o esqueçamos - cuja realização de outras depende tão-só da boa vontade dos participantes. Não é uma instituição, como a ONU (o seu actual secretário-geral esteve presente, mas, ao que se sabe, não abriu a boca). Contudo, o G20 teve uma grande vantagem: matou o G7 e o G8, que eram também informais, mas que expressavam unicamente a vontade dos países mais ricos - América, União Europeia, Japão e, por condescendência, a Rússia... Eram reuniões em si mesmas arrogantes e humilhantes para os países que nelas não participavam. A entrada dos emergentes e de outros, como o México, mais dois europeus (Espanha e Holanda), Arábia Saudita, Argentina, África do Sul, Indonésia e Coreia do Sul, alarga o âmbito dos países representados, sem dúvida, mas não deixa de ser uma reunião informal, à margem da ONU.

Foi um passo, sem dúvida, importante. Mas se se deseja realmente uma mudança - e não só mudar o menos possível para que tudo fique na mesma -, há que voltar à ONU, embora com as reformas reclamadas, há muitos anos, donde poderá sair, daí sim, com legitimidade, um embrião de governo mundial, com meios capazes para regulamentar a sério não só as finanças e a economia como os outros desafios globais, a que todos estamos sujeitos.

As televisões passaram um flash significativo, que diz muito sobre o comportamento de Obama: à entrada para a residência do primeiro-ministro Gordon Brown, naturalmente, apertou a mão do polícia que estava à porta, que correspondeu com visível contentamento. Depois, entrou Brown, e o polícia, no balanço, estendeu-lhe também a mão. Mas Brown entrou, sem sequer ver o polícia, que ficou com a mão no ar... Ora as pessoas são o principal da política. Não os números! Obama nunca esquece isso. Como se viu em todos os encontros que teve, mesmo fortuitos e com as pessoas comuns com que se cruzou...

2.A morte de Raul Alfonsin ocorreu em Buenos Aires (Argentina) na semana passada. Conheci bem Alfonsin. Era o líder do partido radical e foi o primeiro presidente da República, após a ditadura, entre 1983 e 1989. Assisti à sua posse no Palácio do Congresso - um momento de emoção extraordinário - e encontrámo--nos depois em variadas ocasiões e lugares. Tornámo-nos amigos. A última vez que nos vimos - e que conversámos - foi no Clube de Madrid, no Palace-Hotel, há talvez um ano.
Advogado e político, era um homem de grande experiência e de uma honestidade e probidade cívica à prova de bala. Como presidente marcou um contraste muito grande com os ditadores que o precederam e com o seu sucessor Carlos Menem, justicialista, que também conheci pessoalmente. Alfonsin renunciou ao seu mandato meses antes de o terminar, dadas as dificuldades políticas que resultaram da hiperinflação que se vivia então na Argentina. Foi, no entanto, um grande presidente e, como homem político, uma personalidade altamente considerada não só na Argentina como na América Latina e na Europa, sobretudo entre os Países Ibéricos. Tenho pena de não ter podido deslocar-me a tempo para assistir ao seu funeral, que provocou uma imensa comoção em toda a Argentina, e onde estiveram amigos comuns, José Sarney (em representação do Brasil e do Presidente Lula) e Sanguinetti, seu vizinho do Uruguai.

Segundo informaram os jornais, a Argentina chorou Raul Alfonsin. E com razão. Era - e será - uma grande referência política e moral. Também, na minha modéstia, senti muito a morte desse meu grande e admirado Amigo.

3.Obama pediu oficialmente aos seus aliados europeus, nesta sua primeira viagem, que dessem abrigo político aos presos de Guantánamo, que, por razões de segurança, não querem ou não podem regressar ao Iraque. É bom lembrar que o primeiro país, entre os seus Aliados, a oferecer asilo político aos presos de Guantánamo - quando muitos europeus os julgavam ainda terroristas - foi Portugal. Uma iniciativa tomada pelo nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Honra lhe seja! Os verdadeiros amigos conhecem-se nas ocasiões difícei
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