O mito do grande corrupto
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O mito do grande corrupto
O mito do grande corrupto
O grande corrupto de que todos falam é o fim de uma imensa “cadeia alimentar” que vai desde o pequeno favor de balcão ao político que chega à capital com uma mão atrás e outra à frente. Comete-se um grande erro ao imaginar que o grande corrupto é um espertalhão que ganhou uns milhões para que outro possa embolsar muitos milhões.
A corrupção não se alimenta de fenómenos isolados nem resulta de actuações individuais, na maior parte dos casos é mantida por uma imensa teia de cumplicidades. Quando ouvi na televisão um responsável do BPN dizer que dois dias antes de ser lançada a operação Furacão toda a papelada do Banco Insular foi expedida para Cabo Verde a mando de Oliveira e Costa quase senti vontade de rir.
O funcionário do BPN ainda tentou disfarçar dizendo que a informação estava nos jornais dois dias antes, mas a verdade é que não acreditei nisso e fiquei a meditar como é que Oliveira e Costa recebeu a dica. Não acredito que tenha sido um agente da PJ a tomar a iniciativa de lhe telefonar. Estou mais convencido de que Oliveira e Costa beneficiou da ajuda da sua rede de amigos, uma imensa rede que pode ter sido tecida cuidadosamente desde que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Confesso que me ri do sucedido, tive um palpite… E se Oliveira e Costa soube então houve mais do que um banco que pode ter sido informado!
Esta imensa rede de cumplicidade é transversal aos partidos, acima da militância política está a solidariedade com o grupo. É graças a essa solidariedade que se conseguem as nomeações ou reconduções nos cargos mais lucrativos, que se vão conquistando os lugares importantes. É por isso que algumas personalidades da nossa praça sobrevivem às mudanças de governo.
A corrupção alimenta-se da nossa cultura, como portugueses somos demasiado transigentes com a corrupção, recorremos muitas vezes aos seus favores, mas não lhe chamamos corrupção, optamos por termos como “cunha” ou “favor”. No nosso dia a dia fazemos e recebemos favores, tornamo-nos solidários com quem nos ajuda, acabamos por aprender a viver com o “esquema”.
Essa cultura não se limita ao nosso dia a dia, está presente em muitas organizações e muitas vezes chega mesmo a dominar importantes cargos de decisão. Em muitos serviços são os honestos e não os menos honestos ou mesmo corruptos que são desvalorizados ou mesmo perseguidos, quem é rigoroso recebe adjectivos bem mais desagradáveis do que os que são dados às facilidades.
Mais importante do que sonhar com a prisão de grandes corruptos é acabar com uma cultura que favorece e estimula a corrupção.
O Jumento
O grande corrupto de que todos falam é o fim de uma imensa “cadeia alimentar” que vai desde o pequeno favor de balcão ao político que chega à capital com uma mão atrás e outra à frente. Comete-se um grande erro ao imaginar que o grande corrupto é um espertalhão que ganhou uns milhões para que outro possa embolsar muitos milhões.
A corrupção não se alimenta de fenómenos isolados nem resulta de actuações individuais, na maior parte dos casos é mantida por uma imensa teia de cumplicidades. Quando ouvi na televisão um responsável do BPN dizer que dois dias antes de ser lançada a operação Furacão toda a papelada do Banco Insular foi expedida para Cabo Verde a mando de Oliveira e Costa quase senti vontade de rir.
O funcionário do BPN ainda tentou disfarçar dizendo que a informação estava nos jornais dois dias antes, mas a verdade é que não acreditei nisso e fiquei a meditar como é que Oliveira e Costa recebeu a dica. Não acredito que tenha sido um agente da PJ a tomar a iniciativa de lhe telefonar. Estou mais convencido de que Oliveira e Costa beneficiou da ajuda da sua rede de amigos, uma imensa rede que pode ter sido tecida cuidadosamente desde que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Confesso que me ri do sucedido, tive um palpite… E se Oliveira e Costa soube então houve mais do que um banco que pode ter sido informado!
Esta imensa rede de cumplicidade é transversal aos partidos, acima da militância política está a solidariedade com o grupo. É graças a essa solidariedade que se conseguem as nomeações ou reconduções nos cargos mais lucrativos, que se vão conquistando os lugares importantes. É por isso que algumas personalidades da nossa praça sobrevivem às mudanças de governo.
A corrupção alimenta-se da nossa cultura, como portugueses somos demasiado transigentes com a corrupção, recorremos muitas vezes aos seus favores, mas não lhe chamamos corrupção, optamos por termos como “cunha” ou “favor”. No nosso dia a dia fazemos e recebemos favores, tornamo-nos solidários com quem nos ajuda, acabamos por aprender a viver com o “esquema”.
Essa cultura não se limita ao nosso dia a dia, está presente em muitas organizações e muitas vezes chega mesmo a dominar importantes cargos de decisão. Em muitos serviços são os honestos e não os menos honestos ou mesmo corruptos que são desvalorizados ou mesmo perseguidos, quem é rigoroso recebe adjectivos bem mais desagradáveis do que os que são dados às facilidades.
Mais importante do que sonhar com a prisão de grandes corruptos é acabar com uma cultura que favorece e estimula a corrupção.
O Jumento
Viriato- Pontos : 16657
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