Lula pede a Obama um novo gesto de abertura
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Lula pede a Obama um novo gesto de abertura
Lula pede a Obama um novo gesto de abertura em relação a Cuba
Plantão | Publicada em 17/04/2009 às 08h27m
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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que faça novos gestos de distensão política em relação a Cuba. Numa conversa por telefone que durou cerca de 20 minutos, o brasileiro recomendou a Obama o envio de um representante especial para dialogar diretamente com as autoridades da ilha caribenha. A sugestão é que Obama faça em relação a Cuba o que fez com o Oriente Médio.
O presidente americano, que nomeou o ex-senador George Mitchell como enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, não descartou a abertura de diálogo com os cubanos nem a nomeação de um negociador especial, mas disse ao líder brasileiro que espera, antes, um gesto de Cuba na área de direitos humanos. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, reiterou ontem que os EUA esperam alguém uma retribuição cubana. A exigência é mal vista pelo governo brasileiro, que a considera uma intromissão indevida em assuntos internos do país caribenho. " Se estão preocupados com direitos humanos, por que os EUA não cortam relação com a Arábia Saudita? " , indaga um assessor de Lula.
A iniciativa da conferência telefônica foi do presidente brasileiro, que, segundo um assessor, decidiu " afinar posições " com o líder americano na véspera da reunião da Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. A assessoria de Lula entrou em contato com a Casa Branca manifestando interesse na conversa. Às 11h45 da manhã, Lula foi surpreendido com o telefonema de Obama, que fez a ligação a bordo do avião presidencial, o Air Force One, durante a viagem para o México, onde fez visita rápida antes de ir para Trinidad.
No início da conversa, Lula lamentou que o colega americano não planejasse visitar o Brasil depois da Cúpula das Américas. Obama explicou que, como já estava indo ao México, não poderia ficar tanto tempo fora de seu país. Concluída a parte de amenidades, o presidente brasileiro introduziu o tema Cuba.
Além de " afinar posições " , Lula gostaria de convencer Obama a fazer novos gestos em direção a Havana - no início da semana, o governo americano anunciou o fim de restrições impostas a cubano-americanos para viajar à ilha e transferir dinheiro a seus parentes no país caribenho. Seria uma forma de esvaziar o tom antiamericano que, por causa da política histórica dos EUA em relação a Cuba, pode prevalecer no encontro que começa hoje. Seria uma forma, também, de evitar que Cuba domine a reunião.
A ilha caribenha é o único país das Américas que, por causa da restrição imposta pelos americanos, não participa da cúpula. Lula teme que ocorra, em Trinidad e Tobago, o que se viu na Costa de Sauípe, na Bahia, em dezembro, durante a primeira reunião de cúpula dos países da América Latina. Naquele encontro, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, usaram a questão cubana para transformar o evento num protesto coletivo contra os EUA.
" O Brasil não está interessado em colocar os EUA no córner na questão de Cuba. O governo reconhece que o presidente Obama adotou medidas tímidas, mas positivas em relação aos cubanos " , afirmou ao Valor um ministro próximo de Lula.
A diplomacia brasileira acredita, no entanto, que os pequenos gestos dos EUA em direção a Cuba fortalecem o regime vigente na ilha caribenha. Já um grande gesto, diz um assessor de Lula, obrigaria o presidente Raúl Castro a relaxar o regime. Um " grande gesto " seria a revisão do bloqueio econômico imposto a Cuba, que já dura 46 anos, mas isso depende de decisão do Congresso americano e é um tema delicado da política interna americana.
No telefonema de ontem, o presidente Lula sugeriu a Obama que os EUA negociem diretamente com o governo cubano, sem a participação de intermediários. No último dia 8, o líder brasileiro ouviu do novo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que veio a Brasília visitá-lo, o interesse de seu país em também negociar diretamente com o governo Obama.
O presidente americano concordou com a sugestão de Lula, mas confessou o temor de que o assunto Cuba tome conta da reunião de Trinidad e Tobago. Obama disse que quer falar, no encontro, sobre os efeitos da crise financeira internacional na região. O presidente brasileiro, por sua vez, explicou que pretende abordar a questão energética, no que teve boa acolhida por parte do líder americano.
A conversa entre Lula e Obama ocorreu um dia depois de o presidente dos EUA ter elogiado mais uma vez o líder brasileiro. Em entrevista à versão em espanhol da rede de TV CNN, Obama disse que " os tempos mudaram " . " Há países como o Brasil, que é uma potência econômica e um ator importante no cenário mundial " , e disse que a relação com o colega brasileiro " é entre dois líderes de dois grandes países que estão tentando resolver os problemas e criar oportunidades para seus povos e que deveriam ser parceiros " . " Não há parceiro júnior ou parceiro sênior. "
(Cristiano Romero | Valor Econômico)
Plantão | Publicada em 17/04/2009 às 08h27m
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BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ontem ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que faça novos gestos de distensão política em relação a Cuba. Numa conversa por telefone que durou cerca de 20 minutos, o brasileiro recomendou a Obama o envio de um representante especial para dialogar diretamente com as autoridades da ilha caribenha. A sugestão é que Obama faça em relação a Cuba o que fez com o Oriente Médio.
O presidente americano, que nomeou o ex-senador George Mitchell como enviado especial dos EUA ao Oriente Médio, não descartou a abertura de diálogo com os cubanos nem a nomeação de um negociador especial, mas disse ao líder brasileiro que espera, antes, um gesto de Cuba na área de direitos humanos. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, reiterou ontem que os EUA esperam alguém uma retribuição cubana. A exigência é mal vista pelo governo brasileiro, que a considera uma intromissão indevida em assuntos internos do país caribenho. " Se estão preocupados com direitos humanos, por que os EUA não cortam relação com a Arábia Saudita? " , indaga um assessor de Lula.
A iniciativa da conferência telefônica foi do presidente brasileiro, que, segundo um assessor, decidiu " afinar posições " com o líder americano na véspera da reunião da Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. A assessoria de Lula entrou em contato com a Casa Branca manifestando interesse na conversa. Às 11h45 da manhã, Lula foi surpreendido com o telefonema de Obama, que fez a ligação a bordo do avião presidencial, o Air Force One, durante a viagem para o México, onde fez visita rápida antes de ir para Trinidad.
No início da conversa, Lula lamentou que o colega americano não planejasse visitar o Brasil depois da Cúpula das Américas. Obama explicou que, como já estava indo ao México, não poderia ficar tanto tempo fora de seu país. Concluída a parte de amenidades, o presidente brasileiro introduziu o tema Cuba.
Além de " afinar posições " , Lula gostaria de convencer Obama a fazer novos gestos em direção a Havana - no início da semana, o governo americano anunciou o fim de restrições impostas a cubano-americanos para viajar à ilha e transferir dinheiro a seus parentes no país caribenho. Seria uma forma de esvaziar o tom antiamericano que, por causa da política histórica dos EUA em relação a Cuba, pode prevalecer no encontro que começa hoje. Seria uma forma, também, de evitar que Cuba domine a reunião.
A ilha caribenha é o único país das Américas que, por causa da restrição imposta pelos americanos, não participa da cúpula. Lula teme que ocorra, em Trinidad e Tobago, o que se viu na Costa de Sauípe, na Bahia, em dezembro, durante a primeira reunião de cúpula dos países da América Latina. Naquele encontro, os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, usaram a questão cubana para transformar o evento num protesto coletivo contra os EUA.
" O Brasil não está interessado em colocar os EUA no córner na questão de Cuba. O governo reconhece que o presidente Obama adotou medidas tímidas, mas positivas em relação aos cubanos " , afirmou ao Valor um ministro próximo de Lula.
A diplomacia brasileira acredita, no entanto, que os pequenos gestos dos EUA em direção a Cuba fortalecem o regime vigente na ilha caribenha. Já um grande gesto, diz um assessor de Lula, obrigaria o presidente Raúl Castro a relaxar o regime. Um " grande gesto " seria a revisão do bloqueio econômico imposto a Cuba, que já dura 46 anos, mas isso depende de decisão do Congresso americano e é um tema delicado da política interna americana.
No telefonema de ontem, o presidente Lula sugeriu a Obama que os EUA negociem diretamente com o governo cubano, sem a participação de intermediários. No último dia 8, o líder brasileiro ouviu do novo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que veio a Brasília visitá-lo, o interesse de seu país em também negociar diretamente com o governo Obama.
O presidente americano concordou com a sugestão de Lula, mas confessou o temor de que o assunto Cuba tome conta da reunião de Trinidad e Tobago. Obama disse que quer falar, no encontro, sobre os efeitos da crise financeira internacional na região. O presidente brasileiro, por sua vez, explicou que pretende abordar a questão energética, no que teve boa acolhida por parte do líder americano.
A conversa entre Lula e Obama ocorreu um dia depois de o presidente dos EUA ter elogiado mais uma vez o líder brasileiro. Em entrevista à versão em espanhol da rede de TV CNN, Obama disse que " os tempos mudaram " . " Há países como o Brasil, que é uma potência econômica e um ator importante no cenário mundial " , e disse que a relação com o colega brasileiro " é entre dois líderes de dois grandes países que estão tentando resolver os problemas e criar oportunidades para seus povos e que deveriam ser parceiros " . " Não há parceiro júnior ou parceiro sênior. "
(Cristiano Romero | Valor Econômico)
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