O mito do Condestável difundido na História
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O mito do Condestável difundido na História
O mito do Condestável difundido na História
Autor de livro sobre Nuno Álvares Pereira destaca influências culturais
00h30m
ISABEL TEIXEIRA DA MOTA
O mito está para a história como o santo para a religião. Assim acontece com a perpetuação de Nuno Álvares Pereira na memória nacional. Em declarações ao JN, Jorge Laiginhas, autor de uma biografia do Condestável, explica porquê.
Sendo profundo defensor do iberismo, Jorge Laiginhas - professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - é autor de O Padroeiro da Ibéria - D. Nuno Álvares Pereira, uma das figuras históricas que mais travaram a união ibérica. Questionado sobre o relevo histórico do Condestável, o académico transmontano diz que "o que faz perpetuar Nuno Álvares na memória colectiva do povo português é, em primeiro lugar, o facto de a filha ter casado com o primeiro duque de Bragança". É neste matrimónio, aponta, "que se enraíza, três séculos mais tarde, a dinastia de Bragança que reinou até à implantação da República e tudo fez para glorificar os seus antepassados".
Segundo Laiginhas, que lançou o livro em 2008, com a chancela de O Quinto Selo, "também Luís de Camões, em os Lusíadas, contribuiu, de modo explícito e implícito, para que este comandante militar tenha sido mitificado".
Já no século XX, refere, "o Estado Novo difundiu, através dos manuais escolares, a ideia de Nuno Álvares Pereira como o exemplo do chefe que se agiganta, servindo a Deus, para defender a nação portuguesa e o seu povo". "Convenhamos… A nação portuguesa, como outras nações, é fundada e refundada em mitos".
Por outro lado, tendo vivido entre ideais bélicos e religiosos, Nuno Álvares viveu numa época em que a fé era, também, difundida à força de espada, acrescenta Laiginhas. "Não obstante, parece-me importante entendermos que este comandante militar personifica a consolidação da independência de Portugal face a Castela".
"Depois, é natural que o povo - ou o poder instituído em nome do povo - tenha santificado um guerreiro que, na batalha de Aljubarrota, terá, com um pequeno exército de 6000 homens, aliados ingleses incluídos, derrotado mais de 30000 soldados!".
Já o presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA) considera que a canonização surge num "momento oportuno" para o país, que vive uma crise económica e de valores. Alexandre Patrício Gouveia sustenta, em declarações à Lusa, que "o momento é muito oportuno por ser um exemplo que pode ser seguido nos dias de hoje".
Tinha um "grande amor e devoção a Portugal e grande respeito e consideração pela pessoa humana". "Lutou quando teve de lutar, mas antes e depois das batalhas assumia estar entre pessoas iguais a si perante Deus", destaca.
Autor de livro sobre Nuno Álvares Pereira destaca influências culturais
00h30m
ISABEL TEIXEIRA DA MOTA
O mito está para a história como o santo para a religião. Assim acontece com a perpetuação de Nuno Álvares Pereira na memória nacional. Em declarações ao JN, Jorge Laiginhas, autor de uma biografia do Condestável, explica porquê.
Sendo profundo defensor do iberismo, Jorge Laiginhas - professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - é autor de O Padroeiro da Ibéria - D. Nuno Álvares Pereira, uma das figuras históricas que mais travaram a união ibérica. Questionado sobre o relevo histórico do Condestável, o académico transmontano diz que "o que faz perpetuar Nuno Álvares na memória colectiva do povo português é, em primeiro lugar, o facto de a filha ter casado com o primeiro duque de Bragança". É neste matrimónio, aponta, "que se enraíza, três séculos mais tarde, a dinastia de Bragança que reinou até à implantação da República e tudo fez para glorificar os seus antepassados".
Segundo Laiginhas, que lançou o livro em 2008, com a chancela de O Quinto Selo, "também Luís de Camões, em os Lusíadas, contribuiu, de modo explícito e implícito, para que este comandante militar tenha sido mitificado".
Já no século XX, refere, "o Estado Novo difundiu, através dos manuais escolares, a ideia de Nuno Álvares Pereira como o exemplo do chefe que se agiganta, servindo a Deus, para defender a nação portuguesa e o seu povo". "Convenhamos… A nação portuguesa, como outras nações, é fundada e refundada em mitos".
Por outro lado, tendo vivido entre ideais bélicos e religiosos, Nuno Álvares viveu numa época em que a fé era, também, difundida à força de espada, acrescenta Laiginhas. "Não obstante, parece-me importante entendermos que este comandante militar personifica a consolidação da independência de Portugal face a Castela".
"Depois, é natural que o povo - ou o poder instituído em nome do povo - tenha santificado um guerreiro que, na batalha de Aljubarrota, terá, com um pequeno exército de 6000 homens, aliados ingleses incluídos, derrotado mais de 30000 soldados!".
Já o presidente da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA) considera que a canonização surge num "momento oportuno" para o país, que vive uma crise económica e de valores. Alexandre Patrício Gouveia sustenta, em declarações à Lusa, que "o momento é muito oportuno por ser um exemplo que pode ser seguido nos dias de hoje".
Tinha um "grande amor e devoção a Portugal e grande respeito e consideração pela pessoa humana". "Lutou quando teve de lutar, mas antes e depois das batalhas assumia estar entre pessoas iguais a si perante Deus", destaca.
klareto putaça- Pontos : 178
Re: O mito do Condestável difundido na História
"Depois, é natural que o povo - ou o poder instituído em nome do povo - tenha santificado um guerreiro que, na batalha de Aljubarrota, terá, com um pequeno exército de 6000 homens, aliados ingleses incluídos, derrotado mais de 30000 soldados!".
klareto putaça- Pontos : 178
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