Islândia vira à esquerda para tentar resolver colapso económico
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Islândia vira à esquerda para tentar resolver colapso económico
Islândia vira à esquerda para tentar resolver colapso económico
25.04.2009 - 10h10 Ana Fonseca Pereira
Sete meses depois do colapso económico que deixou a Islândia à beira da falência, os 220 mil eleitores da ilha devem confirmar hoje nas urnas a viragem do país à esquerda. As sondagens prevêem uma vitória confortável dos sociais-democratas e da Esquerda-Verde, para renovar a coligação que em Fevereiro substituiu o Governo conservador de Geir Haarde, forçado a demitir-se pelos protestos nas ruas. Mas os dois partidos continuam divididos sobre a eventual adesão à União Europeia, apontada como panaceia para a crise.
No topo dos índices de desenvolvimento e com um elevado rendimento per capita, o país assistiu incrédulo ao rebentar da bolha especulativa que, no final de 2008, obrigou à nacionalização dos três maiores bancos.
Com a subida vertiginosa da taxa de desemprego e a desvalorização da coroa (ver caixa), disparou o número de famílias incapazes de pagar as prestações da casa. Centenas têm recorrido à instituições de solidariedade. "Estamos a ajudar entre 120 a 150 pessoas por dia", contou à Reuters o responsável de um centro de apoio da igreja luterana em Reiquejavique.
As esperanças dos islandeses recaem agora em Johanna Sigurdardottir, a popular chefe do governo interino, de 66 anos, que promete restaurar a credibilidade do país e revitalizar a economia, apesar das restrições impostas pelo FMI.
Nas legislativas de hoje, a votação da Aliança Social Democrata deverá rondar os 30 por cento e, segundo estudos recentes, mais de metade dos eleitores querem que Sigurdardottir seja reconduzida como primeira-ministra - uma popularidade que Olafur Hardarson, professor de Ciência Política na Universidade da Islândia, diz estar associada à sua imagem de "política honesta e de princípios". "São essas as características necessárias em tempo de crise", explicou, numa entrevista por e-mail ao PÚBLICO.
Sigurdardottir, a primeira chefe de Governo assumidamente homossexual (um tema que parece desinteressar tanto aos islandeses como despertar a curiosidade fora do país), pretende renovar a coligação com os socialistas da Esquerda-Verde, do ministro das Finanças Steingrimur Sigfusson.
Os ecologistas devem duplicar os votos em relação às legislativas de 2007 (atribui-se-lhe 24 a 27 por cento dos votos), o que permitirá à coligação eleger entre 34 a 38 dos 63 lugares no Althingi, o mais antigo Parlamento do mundo.
Hardarson sublinha que, a confirmarem-se as previsões, esta será "a maior vitória da esquerda na história da Islândia", dominada desde a II Guerra Mundial pelo Partido da Independência, que deve obter o seu pior resultado de sempre (22 por cento).
No Governo desde 1991, os conservadores foram responsabilizados pela crise. Mas o politólogo Gunnar Kristinsson explicou ao PÚBLICO que há também "um efeito ideológico" associado à crise: "As pessoas perderam a fé nas políticas neoliberais que estavam a ser seguidas."
A crise levou também os islandeses a ponderarem novamente a adesão à UE. A eventual perda de soberania e a abertura dos seus recursos marítimos a outros países (as pescas representam um terço das suas exportações) justificam o tradicional eurocepticismo do país. Mas Sigurdardottir, se vencer, dará prioridade às negociações de adesão e espera que, daqui a quatro anos, o país possa aderir ao euro.
Moeda única sem adesão
A moeda única é, aliás, o principal atractivo da UE para a Islândia, o que levou os conservadores a sugerirem adopção do euro sem entrar na UE - uma ideia descartada por Bruxelas, que se mostrou disponível para aceitar a entrada da Islândia já em 2011.
Dificilmente, porém, Reiquejavique cumprirá o prazo, tanto mais que os Verdes se mantêm contra a adesão. Contudo, Kristinsson não acredita que as divergências minem a coligação, uma vez que os dois partidos concordaram que o assunto deve ser decidido em referendo. A questão, diz Hardarson, é saber se será feita uma consulta (à adesão, como propõe Sigurdardottir) ou duas (ao início das negociações e após a sua conclusão, como querem os Verdes). A decisão, explica, dependerá da relação de forças saída das eleições.
25.04.2009 - 10h10 Ana Fonseca Pereira
Sete meses depois do colapso económico que deixou a Islândia à beira da falência, os 220 mil eleitores da ilha devem confirmar hoje nas urnas a viragem do país à esquerda. As sondagens prevêem uma vitória confortável dos sociais-democratas e da Esquerda-Verde, para renovar a coligação que em Fevereiro substituiu o Governo conservador de Geir Haarde, forçado a demitir-se pelos protestos nas ruas. Mas os dois partidos continuam divididos sobre a eventual adesão à União Europeia, apontada como panaceia para a crise.
No topo dos índices de desenvolvimento e com um elevado rendimento per capita, o país assistiu incrédulo ao rebentar da bolha especulativa que, no final de 2008, obrigou à nacionalização dos três maiores bancos.
Com a subida vertiginosa da taxa de desemprego e a desvalorização da coroa (ver caixa), disparou o número de famílias incapazes de pagar as prestações da casa. Centenas têm recorrido à instituições de solidariedade. "Estamos a ajudar entre 120 a 150 pessoas por dia", contou à Reuters o responsável de um centro de apoio da igreja luterana em Reiquejavique.
As esperanças dos islandeses recaem agora em Johanna Sigurdardottir, a popular chefe do governo interino, de 66 anos, que promete restaurar a credibilidade do país e revitalizar a economia, apesar das restrições impostas pelo FMI.
Nas legislativas de hoje, a votação da Aliança Social Democrata deverá rondar os 30 por cento e, segundo estudos recentes, mais de metade dos eleitores querem que Sigurdardottir seja reconduzida como primeira-ministra - uma popularidade que Olafur Hardarson, professor de Ciência Política na Universidade da Islândia, diz estar associada à sua imagem de "política honesta e de princípios". "São essas as características necessárias em tempo de crise", explicou, numa entrevista por e-mail ao PÚBLICO.
Sigurdardottir, a primeira chefe de Governo assumidamente homossexual (um tema que parece desinteressar tanto aos islandeses como despertar a curiosidade fora do país), pretende renovar a coligação com os socialistas da Esquerda-Verde, do ministro das Finanças Steingrimur Sigfusson.
Os ecologistas devem duplicar os votos em relação às legislativas de 2007 (atribui-se-lhe 24 a 27 por cento dos votos), o que permitirá à coligação eleger entre 34 a 38 dos 63 lugares no Althingi, o mais antigo Parlamento do mundo.
Hardarson sublinha que, a confirmarem-se as previsões, esta será "a maior vitória da esquerda na história da Islândia", dominada desde a II Guerra Mundial pelo Partido da Independência, que deve obter o seu pior resultado de sempre (22 por cento).
No Governo desde 1991, os conservadores foram responsabilizados pela crise. Mas o politólogo Gunnar Kristinsson explicou ao PÚBLICO que há também "um efeito ideológico" associado à crise: "As pessoas perderam a fé nas políticas neoliberais que estavam a ser seguidas."
A crise levou também os islandeses a ponderarem novamente a adesão à UE. A eventual perda de soberania e a abertura dos seus recursos marítimos a outros países (as pescas representam um terço das suas exportações) justificam o tradicional eurocepticismo do país. Mas Sigurdardottir, se vencer, dará prioridade às negociações de adesão e espera que, daqui a quatro anos, o país possa aderir ao euro.
Moeda única sem adesão
A moeda única é, aliás, o principal atractivo da UE para a Islândia, o que levou os conservadores a sugerirem adopção do euro sem entrar na UE - uma ideia descartada por Bruxelas, que se mostrou disponível para aceitar a entrada da Islândia já em 2011.
Dificilmente, porém, Reiquejavique cumprirá o prazo, tanto mais que os Verdes se mantêm contra a adesão. Contudo, Kristinsson não acredita que as divergências minem a coligação, uma vez que os dois partidos concordaram que o assunto deve ser decidido em referendo. A questão, diz Hardarson, é saber se será feita uma consulta (à adesão, como propõe Sigurdardottir) ou duas (ao início das negociações e após a sua conclusão, como querem os Verdes). A decisão, explica, dependerá da relação de forças saída das eleições.
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