Na Jordânia, Papa Bento XVI defende a cooperação entre cristãos e muçulmanos
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Na Jordânia, Papa Bento XVI defende a cooperação entre cristãos e muçulmanos
Na Jordânia, Papa Bento XVI defende a cooperação entre cristãos e muçulmanos
Publicada em 09/05/2009 às 12h46m
O Globo, com agências internacionais
Papa visita o Memorial do Mosteiro de Moisés no Monte Nebo / Reuters
RIO e AMAN - Num esforço para melhorar suas relações com o mundo islâmico, o Papa Bento XVI visitou neste à mesquita Rei Hussein na Jordânia, onde foi recebido por líderes e diplomáticos islâmicos. Em declarações na moderna mesquita, Bento XVI adotou um tom de harmonia e conciliação entre as duas religiões, dando continuidade ao tema principal de sua viagem ao Oriente Médio, que inclui Israel e os territórios palestinos, até o dia 15.
- Acredito firmemente que cristãos e muçulmanos possam adotar [a tarefa de cooperação] e especialmente através de nossas respectivas contribuições à aprendizagem, erudição e o serviço público - disse aos líderes e diplomáticos islâmicos presentes à visita à mesquita.
Há três anos Bento XVI incomodou setores do mundo islâmico ao citar um texto medieval que considerava alguns dos ensinamentos do profeta Maomé 'perversos e desumanos', especialmente 'seu mandamento de propagar a fé ao fio da espada'.
O príncipe Ghazi, primo do rei Abdalá II, que acompanhou o Papa durante a visita à maior e mais nova mesquita em Amã, disse neste sábado que aquelas palavras causaram dor aos muçulmanos, 'que sabem que nada neste mundo pode ofender o Profeta'. E agradeceu a Bento XVI por ter formulado um esclarecimento logo após o discurso, afirmando que aquelas "opiniões não refletiam as suas, pois seriam uma 'simples citação numa dissertação acadêmica".
Ainda em 2006, o Papa foi igualmente criticado por conservadores católicos depois que ele orou em direção à Meca com o imã de uma mesquita em Istambul.
Papa visita o Memorial do Mosteiro de Moisés no Monte Nebo / Reuters Esta é a segunda visita do Papa a um centro de orações islâmicas desde que assumiu a chefia da Igreja Católica em 2005.
O príncipe Ghazi bin Mohammed qualificou a visita de Bento XVI à mesquita como histórica, como um gesto de boa vontade e respeito recíproco entre as duas maiores religiões do planeta, às quais pertencem no total, cerca de 55% de seus habitantes. Ele acrescentou que esta é a terceira vez que um Papa pisava numa mesquita - João Paulo II esteve em 2001 em Damasco e Bento XVI, em 2006, visitou a mesquita Azul de Istambul - o que era considerado uma honra para os muçulmanos.
Bento XVI visitou a mesquita Rei Hussein sem tirar os sapatos, como é obrigatório. O Papa, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, estava disposto a fazê-lo, mas as autoridades religiosas colocaram carpetes especiais para que os visitantes não precisassem fazê-lo. O Pontífice não rezou no templo, mas manteve-se em recolhimento por respeito aos muçulmanos, disse o porta-voz.
Em audiência a líderes religiosos e funcionários governamentais reunidos na mesquita em Amã, o Papa disse que muçulmanos e cristãos devem almejar serem considerados fieis adoradores de Deus "pelo peso de nossa história comum'', marcada com frequência por mal-entendidos.
No Monte Nebo, Papa menciona união inseparável entre católicos e judeus
Na visita feita mais cedo ao Monte Nebo, onde, segundo a tradição bíblica, Moisés avistou a Terra Prometida, Bento XVI mencionou a 'união inseparável' entre a igreja católica e o mundo judeu . O Papa expressou sua preocupação pelo fato de muitos considerarem atualmente que a religião tenha fracassado na missão construir unidade e harmonia, e que alguns sustentam que a 'religião é uma causa de divisão no mundo e que, por isso, quanto menos atenção seja-lhe dada em público, melhor'.
" A manipulação ideológica da religião, talvez por motivos políticos, seja o catalisador real das tensões e das divisões, inclusiva da violência na sociedade (Bento XVI) "
- Não se podem negar as tensões e divisões entre os seguidores de diferentes religiões. Mas, no entanto, também ocorre que, muitas vezes, a manipulação ideológica da religião, talvez por motivos políticos, seja o catalisador real das tensões e das divisões, inclusive da violência na sociedade - disse o Papa.
Na Jordânia, país de maioria muçulmana, Bento XVI defendeu os direitos à liberdade religiosa, que disse que vão mais além das 'questões de culto' e que incluem o direito 'especialmente às minorias de acesso equânime ao mercado de trabalho e às outras esferas da vida civil'.
Do alto do Monte Nebo, o pontífice de 82 anos observou o horizonte sobre o Rio Jordão até Jericó e as colinas de Jerusalém, com o Mar Morto parcialmente coberto por uma neblina.
- Como Moisés, nós também temos sido chamados, convidados a nos afastar diariamente do pecado e da escravidão diante da vida e da liberdade, disse na Igreja Memorial de Moisés. Seu exemplo nos lembra que todos somos parte da eterna peregrinação do povo de Deus através da história - disse.
Papa Bento XVI observa a cruz de metal no Monte Nebo / Foto: EFEA visita do líder católico, qualificada como uma peregrinação à Terra Santa, também é uma viagem altamente política por Jordânia, Israel e os territórios palestinos que buscam equilibrar as relações do Vaticano com a comunidade judaica e árabe, além de reparar sua imagem frente ao mundo muçulmano.
Ao chegar à Jordânia, na sexta-feira ( veja as imagens ), o Papa manifestou seu 'profundo respeito' pelo Islã, embora seus comentários de 2006 continuem gerando críticas nos setores mais radicais do islamismo . O grupo conservador Irmandade Muçulmana, o maior grupo de oposição no país, disse que seus membros boicotariam a visita ao papa não ele ter se desculpado publicamente antes de chegar ao país, como pediu a entidade. O porta-voz da Irmandade, Jamil Abu-Bakr, disse que a falta de uma desculpa pública significa que 'os obstáculos e limites permanecerão e se obscurecerá um possível entendimento entre o Papa e o mundo muçulmano". O Papa teve igualmente momentos difíceis com o judaísmo e espera melhorar seus laços durante sua estada no Oriente Médio, roteiro que o levará a Israel e aos territórios palestinos. Bento XVI fica na Jordânia até segunda-feira, de onde seguirá para Israel e os territórios palestinos.
A visita do Pontícife acontece em meio à polêmica envolvendo a negação do Holocausto por parte do bispo inglês Richard Williamson e num momento em que a situação política na região é incerta e as perspectivas de pacificação frágei
Publicada em 09/05/2009 às 12h46m
O Globo, com agências internacionais
Papa visita o Memorial do Mosteiro de Moisés no Monte Nebo / Reuters
RIO e AMAN - Num esforço para melhorar suas relações com o mundo islâmico, o Papa Bento XVI visitou neste à mesquita Rei Hussein na Jordânia, onde foi recebido por líderes e diplomáticos islâmicos. Em declarações na moderna mesquita, Bento XVI adotou um tom de harmonia e conciliação entre as duas religiões, dando continuidade ao tema principal de sua viagem ao Oriente Médio, que inclui Israel e os territórios palestinos, até o dia 15.
- Acredito firmemente que cristãos e muçulmanos possam adotar [a tarefa de cooperação] e especialmente através de nossas respectivas contribuições à aprendizagem, erudição e o serviço público - disse aos líderes e diplomáticos islâmicos presentes à visita à mesquita.
Há três anos Bento XVI incomodou setores do mundo islâmico ao citar um texto medieval que considerava alguns dos ensinamentos do profeta Maomé 'perversos e desumanos', especialmente 'seu mandamento de propagar a fé ao fio da espada'.
O príncipe Ghazi, primo do rei Abdalá II, que acompanhou o Papa durante a visita à maior e mais nova mesquita em Amã, disse neste sábado que aquelas palavras causaram dor aos muçulmanos, 'que sabem que nada neste mundo pode ofender o Profeta'. E agradeceu a Bento XVI por ter formulado um esclarecimento logo após o discurso, afirmando que aquelas "opiniões não refletiam as suas, pois seriam uma 'simples citação numa dissertação acadêmica".
Ainda em 2006, o Papa foi igualmente criticado por conservadores católicos depois que ele orou em direção à Meca com o imã de uma mesquita em Istambul.
Papa visita o Memorial do Mosteiro de Moisés no Monte Nebo / Reuters Esta é a segunda visita do Papa a um centro de orações islâmicas desde que assumiu a chefia da Igreja Católica em 2005.
O príncipe Ghazi bin Mohammed qualificou a visita de Bento XVI à mesquita como histórica, como um gesto de boa vontade e respeito recíproco entre as duas maiores religiões do planeta, às quais pertencem no total, cerca de 55% de seus habitantes. Ele acrescentou que esta é a terceira vez que um Papa pisava numa mesquita - João Paulo II esteve em 2001 em Damasco e Bento XVI, em 2006, visitou a mesquita Azul de Istambul - o que era considerado uma honra para os muçulmanos.
Bento XVI visitou a mesquita Rei Hussein sem tirar os sapatos, como é obrigatório. O Papa, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, estava disposto a fazê-lo, mas as autoridades religiosas colocaram carpetes especiais para que os visitantes não precisassem fazê-lo. O Pontífice não rezou no templo, mas manteve-se em recolhimento por respeito aos muçulmanos, disse o porta-voz.
Em audiência a líderes religiosos e funcionários governamentais reunidos na mesquita em Amã, o Papa disse que muçulmanos e cristãos devem almejar serem considerados fieis adoradores de Deus "pelo peso de nossa história comum'', marcada com frequência por mal-entendidos.
No Monte Nebo, Papa menciona união inseparável entre católicos e judeus
Na visita feita mais cedo ao Monte Nebo, onde, segundo a tradição bíblica, Moisés avistou a Terra Prometida, Bento XVI mencionou a 'união inseparável' entre a igreja católica e o mundo judeu . O Papa expressou sua preocupação pelo fato de muitos considerarem atualmente que a religião tenha fracassado na missão construir unidade e harmonia, e que alguns sustentam que a 'religião é uma causa de divisão no mundo e que, por isso, quanto menos atenção seja-lhe dada em público, melhor'.
" A manipulação ideológica da religião, talvez por motivos políticos, seja o catalisador real das tensões e das divisões, inclusiva da violência na sociedade (Bento XVI) "
- Não se podem negar as tensões e divisões entre os seguidores de diferentes religiões. Mas, no entanto, também ocorre que, muitas vezes, a manipulação ideológica da religião, talvez por motivos políticos, seja o catalisador real das tensões e das divisões, inclusive da violência na sociedade - disse o Papa.
Na Jordânia, país de maioria muçulmana, Bento XVI defendeu os direitos à liberdade religiosa, que disse que vão mais além das 'questões de culto' e que incluem o direito 'especialmente às minorias de acesso equânime ao mercado de trabalho e às outras esferas da vida civil'.
Do alto do Monte Nebo, o pontífice de 82 anos observou o horizonte sobre o Rio Jordão até Jericó e as colinas de Jerusalém, com o Mar Morto parcialmente coberto por uma neblina.
- Como Moisés, nós também temos sido chamados, convidados a nos afastar diariamente do pecado e da escravidão diante da vida e da liberdade, disse na Igreja Memorial de Moisés. Seu exemplo nos lembra que todos somos parte da eterna peregrinação do povo de Deus através da história - disse.
Papa Bento XVI observa a cruz de metal no Monte Nebo / Foto: EFEA visita do líder católico, qualificada como uma peregrinação à Terra Santa, também é uma viagem altamente política por Jordânia, Israel e os territórios palestinos que buscam equilibrar as relações do Vaticano com a comunidade judaica e árabe, além de reparar sua imagem frente ao mundo muçulmano.
Ao chegar à Jordânia, na sexta-feira ( veja as imagens ), o Papa manifestou seu 'profundo respeito' pelo Islã, embora seus comentários de 2006 continuem gerando críticas nos setores mais radicais do islamismo . O grupo conservador Irmandade Muçulmana, o maior grupo de oposição no país, disse que seus membros boicotariam a visita ao papa não ele ter se desculpado publicamente antes de chegar ao país, como pediu a entidade. O porta-voz da Irmandade, Jamil Abu-Bakr, disse que a falta de uma desculpa pública significa que 'os obstáculos e limites permanecerão e se obscurecerá um possível entendimento entre o Papa e o mundo muçulmano". O Papa teve igualmente momentos difíceis com o judaísmo e espera melhorar seus laços durante sua estada no Oriente Médio, roteiro que o levará a Israel e aos territórios palestinos. Bento XVI fica na Jordânia até segunda-feira, de onde seguirá para Israel e os territórios palestinos.
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