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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Vitor mango Qui Jun 11, 2009 3:10 am

Relembrando a primeira mensagem :

Iniciamos aqui a publicaçao de um extenso relatorio de viagens feito pelo meu amiggo Poças que desde tenra idade palmilhou pelos 4 cantos do mundo reunindo preciosos documentos da nossa historia
Trata.se de uma documentaçao de muita valia cuja publicação aqui é possivel pela amizade pessoal


PRIMEIRA VIAGEM

AO

EXTREMO ORIENTE

NOTA
Este texto foi escrito durante a viagem, nos intervalos das deslocações, nas paragens de autocarros, nos aviões, nos barcos, à beira do mar, enfim, nas horas de descanso nos hotéis, em bancos de jardim, nas mesas de cafés...
As datas e dados históricos carecem de verificação pois foram obtidos das mais diversas fontes (jornais, livros/guias, museus, conversas, etc), sempre durante a viagem.
Foi escrito sem preocupações nem ambições literárias, nem com a intenflo de vir a ser publicado, mas tio-somente como auxiliar de memória e referência fuwra para mim próprio. Depois desta viagem já fiz mais duas com a mesma duraç&o ao Oriente e as recordações dos episódios, itinerários, nomes de pessoas e de lugares, começam a baralhar-se. A consulta dos “Diários” é essencial para reavivar a memória.
Alguns extractos do texto foram publicados na revista ‘Magazine — Grande Informação”.

AGRADECIMENTO
A Ethel pela sua paciência e persistência em dactilografar o texto até ao fim, n~o obstante as dificuldades em decifrar a minha caligrafia (muitas vezes escrita sobre ojoelho), agravadas pelo seu pouco conhecimento da língua portuguesa.

José Ezequiel Poças Gomes
Quinta de Rio Alcaide, 1 de Março de 2009










pagina um


VIAGEM AO ORIENTE Inicio 12-09-2003
Fim 15-03-2004
….A visita ao Taj-Mahal suscitou-me a curiosidade de conhecer melhor a história do seu erector, Shah-Jallan, e a dos seus aguerridos antepassados maometanos
A penetração do Islão na India não é diferente do que se passou com a expansão daquela religião no resto do Mundo. Desde aquela fatídica revelação em que Aflah instruiu o Profeta ~1aomé de que poderia, a partir daquele momento, usar a força das espadas como meio de persuasão para converter infieis, o Islão não mais parou de utilizar as maiores atrocidades para se instalar nas diversas partes do Globo Para quê missionários se o próprio Deus lhes ordenou que usassem as espadas
Unificadas pela força as diversas tribus da Peninsula Arábica, sucessivas bordas islâmicas submeteram a Sina, a Mesopotâmia, Palestina, Egipto, Norte de Africa, Marrocos, Península Ibérica atravessando os Pirinéus para subjugar a Europa, só parando às portas de Paris onde Carlos Martel os susteve. Para Oriente o avanço foi Idêntico chegando à China. Quanto à India a agressão islâmica começou no Sec. XI pela espada de Mahmud de Gahzni, pequena cidade afgã entre Kabul e Kandahar. Para Gahzni carreou Mahmud os tesouros saqueados no Norte de India transformando a pequena e obscura cidade em opulenta capital do seu reino
Das atrocidades perpetradas por Mahmud avulta a execução de 70.000 hindus que obstinadamente defenderam o seu templo á divindade Shiva, na cidade de Somnath.
Os Séculos seguintes viram sucessivas invasões islamicas porem a ferro e fogo o Morte da India atingindo o apogeu com a descida desde Samarcanda,.. em 1398, dos exércitos do sanguinário Tamerlão, que tinham ordens expressas do tirano para saquear, arrasar e queimar todas as povoações por onde passassem e de passar pelo fio da espada todos os hindus em quem pusessem a vista em cima... Após o saque, destruição e incêndio de Deli, 100000 hindus (segundo alguns autores a totalidade da população) Ibram degolados. Declarando-se a peste nas hostes muçulmanas, Tamerlão ordena o regresso a Samarcando. Formou-se então a maior caravana que a Mia jamais vira ... filas intermináveis de elefantes, cavalos e camelos, levaram da India os seus tesouros e as mais belas mulheres para abastecerem os harens de Samarcanda...
Em 1527 já com os portugueses em Goa, é a vez de Babur ou Babar, ele próprio descendente de Tamerlão e de Gengis Cão. Fiel ás tradições familiares e aos ensinamentos de Maomé, comete as mais horrendas atrocidades, de entre as quais avulta a de mandar degolar, de uma só vez, 15.000 indianos,. .Babur não regressa aos desertos afgàos; prefere ocupar a terra alheia e ficando na India até o programa
Se Imperador.COfll ele começa a dinastia Mogol (Mogul. ou •Mugal) de qüe irâo sobressair o seu neto Akba (amigo dos português e casado com a portuguesa Maria, de Goa, aqui conhecida por Mariam e o neto de Akbar, Shah )ahan, Directorr do Taj-Mahal


Última edição por Vitor mango em Sáb Jun 02, 2012 10:36 am, editado 2 vez(es)
Vitor mango
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 9:58 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 TajMahalAtlanticCity

OH FURIA, diga la a estes GAJOS a BELEZA EXTRAORDINARIA do TAJ MAHAL ATLANTIC CITY!!
RONALDO ALMEIDA
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:04 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 800px-DSCF2204
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:05 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 450px-Trump_Taj_Mahal
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:09 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 HotelLobby

SO A ENTRADA DO HOTEL, tem MAIS MARMORE ITALIANO do que o TAJ MAHAL DA INDIA. Laughing
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:12 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 RegalSuite

UMA das CENTENAS de SUITES do HOTEL -CASINO.
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:15 am

A MARAVILHOSA JOGATINA

http://www.trumptaj.com/casino/index.cfm
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sáb Jul 18, 2009 10:19 am

Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 TrumpTaj2
imaginem esta beleza NO seixal A PRODUZIR MILHARES DE EMPREGOS. Wink
RONALDO ALMEIDA
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Mensagem por Admin Dom Jul 19, 2009 1:00 am

paginas 89 e 90






sítios por onde
ando... 0 Kéko enchia a barriga e eu evitava besuntar-me com repelente de
insectos...



LABUAN BAJO (Flores) - 0 barco que me trouxe de Sumbaua chegou à ilha das Flores ás 2,00 da manhã. A travessia
entre as duas ilhas demorou 9 horas. 0 Pacífico verdadeiramente pacífico, sem
uma onda, sem uma brisa! Calor
sufocante. Nem ficar de pé, junto da amurada para aproveitar a frescura da
deslocação de ar, alivia o sufoco.



Localizadas entre Sumbaua e Flores, a meio do
estreito que ontem atravessei, ficam as ilhas
Komodo e Rinca, as quais são a principal razão de haver por aqui alguns turistas pois nelas habita o chamado Dragão de
Komodo. E uma bestinha com o formato de lagarto ou sardão, mas que no seu habitat
destas ilhas chega a atingir 130 kg de peso e 4 metros de comprimento. Em Flores
existem também desses bichos mas não atingem essas dimensões.



Devido à crise no turismo, há poucos turistas a
viajar por estas paragens e os barcos que
antes paravam em Komodo quando vinham de Sumbaua para Flores, agora não param e vêm directos. Por isso é preciso voltar para
trás organizando as visitas a
Komodo e Rinca a partir de Flores e do seu pequeno porto Labuan Bajo. O nome Farangue utilizado na Malásia e Tailândia para designar os turistas europeus de pele branca foi substituído nestas
bandas por Bu/é. Na travessia no "ferry" de Lombok para Sumbaua eu era o único Bu/é a bordo e de Sumbaua para Flores só havia dois Ou/és, eu e um
rapaz alemão.



Como Rinca (pronuncia-se Rincha) fica a duas
horas de barco e Komodo a 5 horas,
optei por visitar a primeira e passei o dia a procurar Ou/és para em grupo fretar um barco e irmos a Rinca à procura dos famosos lagartos. As
duas ilhas são desoladas e
semidesérticas e os "dragões" são mais fáceis de encontrar na época seca quando procuram água no leito seco dos:rios. É necessário ir acompanhado de um guia pois tem havido casos de ataque aos
visitantes.



Na minha sortida pela cidadezinha e pelo porto à
procura de companheiros para a
expedição, começaram os meus contactos com a população cristã local, muitos dos
quais se intitulam descendentes de portugueses.
Observei algumas reacções de regozijo dos meus interlocutores quando
os informava da minha nacionalidade. Um deles, um rapaz de 30 anos, exclamou em
latim - Gloria in Excelsis Deo - , quando lhe disse o meu país de origem.... Não consegui arranjar passageiros para
ir a Rinca e assim aceitei o convite
de Juventus Fernandes, para ir tomar uma bebida a sua casa e conhecer a sua mulher e a bebé de 4 meses. A
casota fica a 4 km do centro, numa
zona rural. As paredes são de tiras de bambu entrançadas e a cobertura de zinco. A mulher, católica, descascou um ananás
que comemos no jardim, debaixo de um
cajueiro. Na pequena sala havia como decoração um quadro com o Sagrado Coração de Jesus, outrQ com a última
Ceia e ainda um calendário antigo com
a fotografia do bispo católico de Kalimantan (a parte indonésia do
Borneo).



Enquanto o meu novo amigo almoçava, fui com um
seu vizinho visitar uma gruta com estalactites
e estalagmites onde abundam morcegos dependurados do teto. Completamente
ás escuros receei não sair lá de dentro










porque a pilha do meu guia avariava cone ta mente. 0 guia, orgulhoso do
seu nome latino Kanis, garantia-me que
conseguiria dar com a saída caso a lanterna avariasse de vez, mas eu não
estava muito convencido por causa dos muitos
labirintos. Lá conseguiu, no escuro, reparar a pilha, pondo-lhe um bocado de
papel do maço de tabaco, fazendo pressão sobre a mola... Não ganhei para
o susto!



Este guia tem como principal
actividade trabalhar na agricultura e fiquei surpreendido
por o ouvir falar um inglês correcto e com vocabulário erudito de que
fixei as palavras "animista", para refierìr a religião pré-cristã da
ilha e "antropóloga", a especialização-de uma holandesa que dias
antes acompanhara na visita à gruta. Tanto um como outro dos meus novos amigos
"Portugueses das Flores" falam inglês perfeitíssimo, com vocabulário
rico e estão à altura de entabular uma
conversação fluente sobre vários ramos do saber, seja espeleologia, politica, geografia ou historia...
Eu estava deslumbrado, sobretudo ao compará-los com a gente com quem
tenho contactado nesta travessia da Indonésia!



Perguntei-lhes qual a explicação desta
diferença de cultura e conhecimentos entre os dois grupos
que coabitam estas ilhas, muçulmanos e cristãos... A resposta veio directa e
sem hesitações reconhecendo ambos que a minha
observação estava correcta — A educação da população cristã é feita nas missões
e os muçulmanos estudam nas escolas públicas...



Ontem, na
travessia de Sumbaua para Flores um rapaz muçulmano, muito simpático, procurou a minha companhia. Falava inglês com
dificuldade e. apesar disso é professor
de inglês na escola pública de Labuan Bajo! Não quero chegar a conclusões precipitadas pois não conheço bem os meandros da sociedade local, mas não haverá aqui descriminação religiosa ou étnica? Qualquer dos dois rapazes cristãos está muito melhor preparado para
leccionar inglês do que este rapaz
que conheci no barco, no entanto dedicam-se à agricultura.
..e vem de longe, de uma outra ilha um "professor" mal preparado! (Vim mais tarde a saber que é uma estratégia do
governo central de Jacarta para sufocar as populações cristãs onde elas
estão em maioria, transferindo funcionários públicos, professores, policias
etc., de credo maometano, para a longo prazo os cristãos ficarem em minoria na
sua própria terra).



Orgulhoso da sua filhota de 4 meses, Juventus levantou-a bem alto, com
os braços acima de cabeça, e com uma risada pelo meio como que a rir-se de si. próprio
e das tradições do seu povo, disse-me que a miúda quanto crescer e casar lhe
vai render de dote um búfalo de água e um cavalo... Disse-me ainda que ás
filhas não põem sobrenome ou apelido; apenas o nome próprio porque quando
casarem tomam o nome do marido. Aos filhos sim, põem os apelidos da famlia, que em Flores, os mais comuns são Silva,
Fernandes, Gomes, Sequeira, etc.



Embora os católicos das Flores sejam
fervorosamente religiosos mantêm
ainda tradições e crenças animistas vindas da religião anterior que o
povo praticava antes da chegada dos
portugueses. 0 casamento é indissolúvel e casa-se para toda a vida. 0 divórcio não é praticado nem aceite e o meu
" interlocutor mostrou-se chocado
por os -europeus se dizerem católicos e andarem sempre a casar e
descasar...
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Mensagem por Admin Seg Jul 20, 2009 1:37 am

pagina 91 e 92

Já várias pessoas opinaram de que a população das Flores é 90% cristã e apenas nas. povoações da beira-mar existem alguns muçulmanos. Que. o interior é 100% cristão porque os colonos portugueses que aqui se fixaram no séc. XVI se dedicavam ao cultivo de especiarias e que se instalaram nas terras mais altas e com melhor clima.
Tanto na restante Indonésia como aqui nas Flores tenho procurado evitar falar sobre Timor, por os acontecimentos dramáticos que ali ocorreram estarem ainda frescos e não querer ferir susceptibilidades. Em sítios mais remotos ou quando me parece oportuno tenho até dito, quando me perguntam a nacionalidade, que sou brasileiro, para evitar falar de Timor. Mesmo assim, de vez em quando vem a baila esse tema e tenho constatado que as pessoas mais instruídas são criticas da actuação de Portugal e discordam de Timor se ter tornado independente. Mas aqui nas Flores a opinião é oposta e acham muito bem que Timor, sendo um país cristão, se tenha separado da tutela de um país muçulmano!
<anis, cuja principal ocupação é cuidar da lavra familiar e que nas horas vagas ganha uns trocados acompanhado visitantes à Gruta Batu Cermin, contou-me que tem um amigo muçulmano e que já lhe tem perguntado se Alá é surdo pois não vê outra explicação para gritarem tão alto as rezas e os chamamentos nos altifalantes colocados no cimo dos minaretes!
0 clima mudou muito desde. a ilha de Lombok; é mais quente e mais seco. Dizem-me que toda a parte oriental da Indonésia, incluído Papua e Molucas, tem estas características. 0 que não mudou é a afabilidade do povo e a sensação de segurança que se tem nas ruas, mesmo de noite. Um bom exemplo é o caso de em Bali quando com Adam aluguei uma mota, deixávamos sempre os capacetes em cima do guiador ou nos assentos quando íamos à praia ou tomar uma bebida nalgum café. Mesmo em praias concorridas emque nos ausentávamos por algum tempo, quando regressávamos os capaceteslá estavam no mesmo sítio.
Flores é uma das ilhas mais bonitas da Indonésia e tem uma espectacular cadeia de vulcões, uns activos e outros extintos. Uma dos principais atracções da ilha é o vulcão Kelimuto.
Ontem consegui finalmente integrar-me em um grupo de sete pessoas e alugámos um barco grande para irmos a Rinca ver os "dragões'. Encomendámos comida para a viagem e salmos de madrugada (4 da manhã). Constituíam o grupo um casal austríaco, um casal espanhol de Saragoça, um alemão, um belga e eu próprio. A ilha é um Parque Natural, onde a agricultura foi proibida por causa dos "dragões". A população foi concentrada na orla marítima em duas aldeias e dedicam-se à pesca. O equilíbrio natural e biológico da ilha é feito em função das necessidades dos "dragões" pois vem gente de todo o Mundo para vê-los e essa é a fonte de receita que alimenta a economia local.
Foram inventariados 1.200 "dragões' em Rinca e 1.100 em Komodo. Apenas visitámos Rinca que fica a 2 horas e meia de barco de tabuan Bajo. Para fornecer carne aos "dragões" há na ilha de uma manada de 400 búfalos em liberdade, além de javalis, veados e outros animais de menor parte. A mordidela do dragão não é venenosa mas é portadora de uma quantidade enorme de bactérias, que provoca a infecção rápida da vítima e a sua morte no

curto espaço de alguns dias. Enquanto que os animais mais pequenos são vítimas fáceis pois os "dragões" na corrida podem atingir 20 km por hora e quando abocanham já não largam, para se abastecer de carne de búfalo que peta sua corpulêncla o "dragão" não pode enfrentar, usa um estratagema curioso brando partido das bactérias alojadas na sua cavidade bocal! Aproxima-se silencioso do búfalo e dá-lhe uma mordidela na perna. A ferida infecta e o búfalo morre dentro de uma semana...
Paga-se bilhete para entrar na Ilha e fomos acompanhados por um gula oficial do Parque que leva consigo um pau terminado em forcado para parar o "dragão" se ele atacar algum turista,
Ainda não houve casos fatais com "8uMs" mas alguns pescadores já morreram vítimas de mordidela do "dragão" sobretudo quando dormem a sesta debaixo das árvores. No regresso paramos algumas horas em uma pequena Ilha com um esplêndido banco de corais e todos fizemos apreia. Haviam muitíssimos peixes coloridos e de tamanhos variados, muitos corais e vegetação sub aquática. Gostei mais deste local do que das ilhas Pi-Pi na Tailândia e de longe melhor de que no ano passado em Tobago,
Afinal Flores não é tão desértica como diziam e como a parte ocidental da ilha fazia prever. À medida que caminhamos para o interior e para a parte oriental da Ilha há montanhas mais altas e mais pluviosidade e as encostas e vales quando não têm campos de arroz, café, milho ou• coqueiros, estão cobertas de densos bosques. Embora a época das chuvas já tenha começado, na prática não tem chovido e as caneleiras não têm rebentos novos não tendo por isso a encimá-las aquelas coroas vermelhas que as tomam árvores lindíssimas nas colinas de Samatra.
Flores é uma ilha rural e piscatória. Praticam uma economia de :. subsistência consumindo o que produzem. Com a excepção do café não vejo outras culturas com que possam realizar dinheiro. Por isso está pouco desenvolvida. Quase não há automóveis, nem mesmo nas pequeníssimas cidades que a povoam - Ruteng, Eajava, Ende, Maumere e tarantuka. À medida que caminhamos para Oriente vai aumentando a percentagem de católicos e cada aldeia tem a sua Igreja.
Em Bafava onde pernoitei, quando regressava ao hotel depois de jantar com um casal de turistas espanhóis, fomos interpelados por dois rapazes de tez muito escura e com o cabelo atado em rabo-de-cavalo que pretendiam oferecer os seus serviços de guias para o dia seguinte Aqui as pessoas gostam muito de dar apertos de mão e não há ninguém que não diga o seu nome e pergunte o nosso quando estendem o braço para o tal aperto de mão. Seguindo este ritual os dois jovens lá se apresentaram como Félix do Rosário e Alex da Gomes; que descendiam de portugueses e que eram naturais de Maumere, onde a população é maioritariamente descendente de portugueses_.
Depois de tanto islamismo, mesquitas, Idul-Fitris, cofÓs e cabeças de mulheres cobertas, foi um bálsamo para os olhos ver, à entrada da cidadezinha de Ruteng, uma estátua do Cristo-Rei a enfeitar a rotunda que dá acesso à cidade... Foi uma sensação idêntica à de regressar a casa, avivada mais à frente no trajecto, com a vista de uma imagem de N° Senhora de Fátima, em um
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Mensagem por Admin Ter Jul 21, 2009 8:33 am

[size=18]pagina 93.94,95

nicho numa escarpa rochosa sobranceira à sinuosa estrada, à entrada de Bajava! Nas zonas católicas entre Ruteng e Bajava, vêem-se muitas casas com campas e mausoléus no jardim, no quintal ou no meio da horta. A maioria são pintadas de cor azul-claro ou revestidas de azulejos. Muitas famílias têm o hábito de sepultar os seus defuntos junto das casas e não raro as campas de pedra ou azulejo são utilizadas para os familiares se sentarem a descansar, a conversar ou dormir a sesta.
Na cidadezinha de Ende, ao passear pela beira do mar despertou-me a atenção uma casa de madeira em estilo colonial. Quando apreciava a arquitectura veio de dentro uma voz a convidar-me a entrar. Era o Padre Gabriel Goran da Sociedade do Verbo Divino. 0 edifício alberga um museu dedicado ao mar e ás fainas marítimas da ilha de Lembata de onde o Padre Gabriel é originário. Há ali variadíssimas conchas, ossos de baleia, de golfinho e de outros peixes bem como miniaturas dos apetrechos da faina marítima da referida ilha. De Maio a Outubro, na aldeia de Lamalera na ilha Lembata, ainda se pescam baleias por métodos ancestrais utilizando arpões lançados à mão de pequenas embarcações. Segundo o Padre Gabriel as baleias aproximam-se da ilha vindas do Pacífico Sul e os pescadores abatem cerca de 15 a 17 cada ano, não para comércio mas para sua própria subsistência. 0 museu é obra do Padre Gabriel e da sua nostalgia da terra natal.
A obra social do Verbo Divino mantém próximo de Ende um orfanato com 42 crianças e o bom padre queria que eu adiasse a partida por um dia para me ir mostrar a sua obra. Não foi possível porque o tempo começa a escacear para poder chegar a Manila antes do dia 28 e ali me encontrar com os meus amigos Lucienne e Octávio.
Tal como em todas as ilhas da Indonésia também nas Flores há vulcões por todo o lado, mas o mais famoso é o vulcão Kelimutu, cuja cratera tem 3 lagos, cada um de sua cor. O maior é azul-turquesa, outro é verde azeitona e o terceiro preto. Estas cores são provocadas por diferentes componentes químicos no solo e a cor de cada lago também se altera com o passar dos anos. 0 Padre Gabriel visitou em 1965 o lago que agora é azul-turquesa o qual nessa época era verde-escuro: voltou a visitá-lo em 1981 e já era castanho claro... Parece que os gases emanados da cratera contaminam a água e influenciam a coloração. Dormi na base do vulcão, na aldeia de Moni, que tem um clima mais agradável do que as povoações ao nível do mar. Aluguei uma motocicleta com motorista e subimos 15km até ao alto do Kelimutu. Passámos campos de arroz em socalcos, parámos em umas nascentes de água quente onde uma mulher lavava a roupa enquanto marido e dois filhitos se deleitavam sentados na água morna. No último troço da subida atravessámos uma floresta onde sobressaiam os fetos gigantes. Talvez pelos solos vulcânicos profundos, pelo calor e muita humidade, algumas plantas crescem desmesuradamente. Há bananeiras com 3 vezes a altura das de África ou do Brasil e estes fetos gigantes da encosta do vulcão Kelimutu são, sem exagero, 3 vezes mais altos que os da mata do Buçaco ou que os da Quinta do Jardim da Serra, na Madeira.
Moni é uma aldeia pequenina rodeada de verdura e muita água escorrendo pelas valetas na beira da estrada. Todas as segundas feiras tem mercado de manhã cedo e tirei muitas fotos aos aldeãos e aldeãs vestidos com os típicos Sarongs feitos manualmente em teares. São os tecidos "Ikat" que

todos os visitantes compram para levar como recordação. Há aldeias cuja população se dedica exclusivamente à tecelagem de "Ikat' e são sugeridas aos turistas visitas guiadas para ver os teares em funcionamento.
De Moni segui para Maumere, o maior porto da ilha das Flores, centro de tecelagem de "Ikaf' e importante pólo missionário católico. Encontrei muitas pessoas com apelidos de origem portuguesa tais como Da Silva, Da Gomes, Dc Rosário, Da Costa, Ribeiru, Monteiro etc. Em 1992 um terramoto assolou a ilha e provocou um maremoto com ondas de 20 metros de altura que devastaram a cidade e que causaram a morte a milhares de pessoas.
O Padre Goran informara-me de que 15 km antes de chegar à cidade existe o Seminário católico de Ledalero de onde saiem muitos padres para África e Brasil e que, além de uma excelente biblioteca, tem também um musa com interesse. Fiz pois ali uma paragem, mas por ser o dia 8 de Dezembro, feriado em Portugal e também na zona católica das Flores, museu e bibliotecz encontravam-se encerrados pelo que me fiquei pela portaria, onde fui rodeadc por 7 ou 8 seminaristas com quem fiquei a conversar algum tempo, admirando• me da boa qualidade do inglês em que se exprimiam. Entretanto aproximou-se uma freira que quando soube da minha nacionalidade e do meu apelido exclamou: Aleluia.., eu também sou Da Gomes!
Intrigado por tantos vestígios da presença portuguesa nesta região, atE então por mim completamente ignorados, resolvi voltar ao seminário no dia seguinte para consultar alguns livros que me esclarecessem. Assim, apanhei un motociclo/táxi que me levou a Maumere a procurar hotel onde dormir. Pek caminho, na difícil conversa com o motoqueiro devido ao capacete e
deslocação de ar, lá fiquei a saber que o rapaz era igualmente luse descendente, de apelido Da Cunha... No hotel passou-se história semelhante: recepcionista, de estirpe mais ilustre, chama-se Da Gama... Falou-me das vária: igrejas e fortalezas construídas pelos portugueses na região; das tradições religiosas com origem em Portugal que se mantêm até hoje; dos cântico religiosos em português; das confrarias religiosas e sobretudo da maio influencia do idioma português no dialecto local do que no baassa- indonésia língua oficial do país. Fiquei a saber que nesta zona os dias da semana são segunda, tersa, quarta, quinta, sexta, sabtu e domiggu, que cadeira é cadera, rosário são as contas, cantar dizem bando, trocar dizem tukar, katekese garganta, etc., etc.... Um outro moto/taxista (também de apelido português que do hotel me levou a um restaurante e a quem convidei para a refeiçãc contou-me que ainda se lembra de ouvir o avô dizer "lonche da vista, lonche d corachão"...(esta ênfase nos sons ch confirma "a minha teoria" de que muito dos navegadores e missionários deveriam ser do Norte, (lá de chima) e ainda minha ideia de que a grande ilha Celebes, assim conhecida em todos os atra ocidentais, chegou a este nome por deturpação de marinheiros portuguese com a mesma pronuncia, já que o nome originário da ilha é Sulawesi, nom porque é conhecida em todo o Orienteflonha-se um homem de Viseu (Bifei ou do Minho a dizer Sulawesi e o resumo não será muito longe de Chulabecl ou Chulabes. Daí a Celebes...e um puto
Depois deste banho de Iúsofo.S Maumere, voltei no dia seguinte a Museu/Biblioteca do Seminário deLedt'tde apurei o que se segue:

0 interesse dos portugueses por estas ilhas que constituem o arquipélago indonésio de Nusa Tengara Timur deve-se à madeira de sândalo que existia em abundância em Timor e que os portugueses ali iam carregar quando a monção permitia. O negócio do sândalo era tão rendoso como o das especiarias pois tinha mercadd assegurado ali mesmo na Ásia, sem correr os riscos da longa viagem até a Europa. Usava-se para fins medicinais e cosméticos e era queimado nos templos em rituais religiosos. Ainda hoje nos "Gatas" de Varanasi, à beira do Ganges, os corpos dos defuntos ricos de religião hindu, são cremados com sândalo, enquanto que os pobres limitam-se a deitar para a fogueira uma pitada de serradura de sândalo, sendo a fogueira alimentada com madeira mais barata (de banyan).
Como Timor não tinha bons portos e estas ilhas os tinham de sobejo e ficavam na rota que de Malaca levava a Timor, resolveram instalar-se formando pequenos aglomerados onde invernavam à espera de bom tempo para seguirem para Timor. Alem do mais o mar era rico em peixe, as ilhas férteis e verdejantes e com abundância de água. Os gentios ainda não islamizados eram simpáticos aos portugueses.
A Ilha do Sândalo (Timor) é mencionada em uma carta do primeiro capitão de Malaca, Rui de Brito Patalim, de 6 de Janeiro de 1514: "A Timor quisera mandar e por não ter junco não foram esta monção, lá para o ano, prazendo a Nosso Senhor, irão lá para trazerem o sândalo° As idas ao sândalo a Timor levaram os missionários a interessarem-se pela conversão das gentes da ilha e em 1556 chega o primeiro missionário Frei António Taveira, o qual, passado algum tempo já tem obra feita. Um cronista da época refere que Frei António "tem feito passante de cinco mil cristãos na Ilha de Timor, donde vem o sândalo e na ilha de Ende também tem feito muitos'. A ilha de Ende aqui referida é uma pequena ilha ao largo do porto e cidade actual de Ende, onde conheci o Padre Gabriel Goran, fundador e curador do Museu do Mar, situado junto à praia. Nela existem as ruínas de uma antiga fortaleza portuguesa.
Muitos dos convertidos ao serem baptizados tomavam nomes cristãos e assim, muitos dos nomes portugueses que por aqui se encontram não advêm de serem descendentes de portugueses mas sim de terem tomado nomes lusitanos no acto do baptismo, com frequência adoptando os nomes dos padrinhos e das testemunhas de baptismo, que seriam soldados, madeireiros, comerciantes e dos próprios missionários.
As ilhas que apresentam mais vestígios da influência portuguesa são Flores, Solor, Adonara e Lembata. São separadas por pequenos estreitos e de umas avistam-se as outras. Viajar de barco entre elas é uma experiência inesquecível pois no horizonte perfilam-se vulcões fumegantes. 0 mar entre elas é muito calmo pois trata-se de um quase mar interior, rodeado de ilhas por todos os lados. Falando de Solor o jesuíta Baltazar Dias escrevia em 1559: "Há na mesma ilha muitos christãos que fazem os portugueses que ali residem'; informando ainda que numa ilha grande há mais de 200 cristãos, convertidos por João Soares. "Chama-se este lugar, onde estão os christãos, Labonama, em que entra o Rey da ilha, christão, com todos os grandes'. Labonama é a actual povoação Levahojong na ilha de Solor, próxima da ilha das Flores. Fui visitar Levahojong na companhia de um japonês que trabalha para a TV nipónica. Deseja fazer um filme sobre a pesca artesanal das baleias que ainda se pratica[/size]
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Qua Jul 22, 2009 9:52 am

paginas 96,97,98

em duas aldeias deste arquipélago. A aldeia mais activa nesta actividade
chama-se Lamalera e fica na ilha Lembata, separada de Solor por um extenso
braço de mar. No ano passado, o japonês Masahito, esteve duas semanas em Lamalera na esperança de que aparecessem baleias para filmar o seu documentário. As baleias não apareceram e Masahito retomou ao Japão de mãos vazias. Regressou agora para tentar outra vez, já que as baleias s6 se dignam aparecer 4 ou 5 vezes em cada ano e portanto é preciso ter paciência e esperar. Adorou a estadia em Lamalera, embora infrutífera, e disse-me que a população é 100% católica e que iá subsistem fortes tratiçaes portuguesas, entre elas o grito "8alecYl, "8aieo"... que toda a população grita quando há sinais de baleias no mar.
Encontrando-nos ambos em Larantuka, principal cidade da ilha das Flores, resolvemos ir juntos a Lamakera na ilha de Solor, por a'outra aldeia baleeira, Lamalera, se encontrar bastante mais longe, na ilha Lembata, e o meu tempo escassear. Tratando-se de uma aldeia istámica onde não existe qualquer tipo de alojamento publico dir gimo-rps ao chefe da aldeia para que nos arranjasse um sítio para dormir. Ficamos em casa do mouro Ibrahim, que foi nosso guia na visita à forta'eza portuguesa ou, melhor diria, ao pouco que dela resta. Os holandeses deram-lhe novo nome, Forte Henricus, tal como fizeram com outras que nos conquistaram no Brasil, em Angola, etc. E um amontoado de pedras ainda com,forma de muralhas desmoronadas. No terreiro interior tem' 4 ou 5 casotas de palha e bambu e uma mesquita pequenina, quase miniatura. Em cima do que resta de um baluarte está um pequeno canhão sem qualquer marca de origem. Outras 7 ou 8 canhões, em bronze, e de épocas mais recentes, estão na aldeia dos caçadores de baleias Lamakera, no cimo de uma colina. Apenas um ostenta o brasão real das quinas. Lamakera fica a 15km das ruínas do Forte Português de Levahojong. Talvez os canhões sejam dela provenientes. A irmã de Ibrahim preparou-nos um saboroso jantar de peixe recém-pescado, com arroz e esparguete e ao pequeno-almoço comemos o que sobrou da véspera. Tudo muito modesto e limpo, com as mulheres da casa trajando roupas tradidor is islâmicas - saias cornprdas e cabeças tapadas.
Lá acordamos ás 3h30 da manhã ao som dos chamamentos e rezas do imã que duraram uma hora; findo este suplicio começou a sinfonia dos galos cuja capoeira era paredes.rveias com o nosso quarto. Para completar o menu musical um "kêko" (sardão-limpador de insectos) grasnava também de meia em meia hora. Ainda mesmo antes de os galos se calarem começaram os tachos e panelas a fazer-se ouvir na cozinha separada do nosso quarto apenas por uma esteira de bambu. Alheia a toda esta actividade sonora, Masahito, aplicava os 110 kg do seu corpo de lutador de sumo, a ressonar desalmadamente... Decididamente as minhas noites em terras de Mafoma são quase sempre neles em claro...
A visita a Solar teve, apesar da noite sem dormir, um saldo positivo. Ainda tive-nos tempo para "snorkling" antes +do jantar. Foi mais uma experiência para saber como vivera, comem e... (não) dormem os mouros...
Para Ibrahirn e família foi muito bom porque receberam um bom reforço de rupias para o seu magro orçamento familiar.
Não foi possível satisfazer o nosso desejo de participar numa caçada ás baleias porque agora não é época própria - os cetáceos só aqu€ aparecem entre
Abril e Outubro. De registar que quando vêem baleias os pescadores gritam "Baleei, Baleo", tal e qual como acontece em Lamalera, na ilha de Lembata, aqui em frente.
Porque pode ser útil para o Otto czernin e-para a organização dos seus passeios 5° Império, fica aqui o endereço de dois bons contactos que poderão acompanhar turistas ou grupos que visitem esta região. Ambos falam bom inglês, estão bem informados e são diligentes: (Ibrahim Ratu Loly = Menanga - Solar /Timur 06271 Flores Tirnur — NTT — Indonésia) e (Petrus Sinyo Da Siiva = Samping PLN Lokea — Larantuka Flotim — NTT Indonésia 86215 =Phone: 0303 21228).
Voltando aos elementos colhidos na biblioteca do Seminário de Ledalero, vimos como João Soares, residente na ilha Solar, provavelmente comerciante de sândalo que ali invernava aguardando a monção para poder ir a Timor carregar madeira de sândalo, tinha, pelos seus próprios meios persuasivos, cristianizado alguns gentios. Em face desta semente ali existente o Vigário de Malaca mandou lá, em 1558 um padre secular com o encargo de visitar o rei e toda ,a sua gente. Mas o padre, em vez de cuidar dos negócios da Igreja, deu-se ao comércio e regressou a Malaca sem sequer ter visitado os cristãos. Em 1563 foram enviados de Malaca os dominicanas António da Cruz, superior, Simão das Chagas, Francisco Aleixo e outro de nome desconhecido. Frei António construiu uma casa com troncos de madeira e folhas de palmeira tudo' envolto por uma tranqueira, feita de troncos de árvores, para defesa. D ataque não tardou. Em 1566, 200 jaus mouros atacaram a cristandade de Frei António. Além dos frades havia mais 8 portugueses e com a ajuda de mais 7 que chegaram num junco conseguiram defender-se, tendo morrido um capitão lusitano. Com esta vitória se confirmou a cristandade da ilha de Solor e 'rnuft s milhares de gentios, pedram o santo tautismo' Desses convertidas deverão descender os cristãos de hoje que habitam o interior da ilha e a parte ocidental virada para a ilha das Flores. Na parte oriental de Solar virada para a ikha Lembata, incluindo a aldeia de pescadores de baleias Lamakera, a população professa o credo islâmico.
Com a experiência deste ataque ao seu reduto feito de troncos, para se defender de futuros ataques dos mouros, Frei Antônio começou, no mesmo ano de 1566, a construção de uma fortaleza de pedra e caí com "'s/nco balua tes, e de tal capacidade, q há muitas no Estado da irndía q não são tamanhas, nem tio .fremi traçadas..."
Na visita aos escombros do forte, o nosso guia Ibrahim tirou do bolso uma fotocópia amarrotada de uma gravura antiga rasgada de um livro holandês que mostrava a fortaleza portuguesa antes da sua ocupação pelos holandeses. Ao observá-la contei três igrejas ou capelas dentro de muras!...
Ao ter conhecimento da construção desta. cidadela opor Frei António, o Vice-Rei da India ordenou que da alfândega de Malaca se pagasse avultada esmola para custear as obras. Em 1599 havia já espalhadas pelas diversas ilhas "quinze igrejas, em q havia mais de troa mil a/ mas chnstârssem contar Ende onde havia mais 3. Ao todo eram 18 igrejas. Na ilha de Solor 5; na ilha de Lamala (actual Adonara) 2; Flores 6; Ende 3.
Seguindo as directrizes do Concilio de Trento, foi fundado um seminário em Larantuka " escolhendo min/nos de melhor feito e hab/lidade °
Segundo os cronistas da Ordem dos Dominicanos, até 1577 haviam sido baptizados 50.000 pessoas.
Depois de Soior, a estação missionária mais importante era a ilha de Ende na costa Sul de Flores, onde havia um forte de pedra, donde foram expulsos os portugueses em 1605 e de novo em 1630, por rebeliões de jaus mouros, mas devem lá ter ficado muitos cristãos, pois que em 1665 foi enviada um expedição de Larantuka em socorro dos "Kapongs" cristãos de Ende.
A presença das missóes e fortalezas cristãs foi sempre contestada violentamente pelos muçulmanos, que estando no terreno há mais tempo, conseguiam incitar as populações contra os portugueses o que provocava frequentes lutas e chacinas de ambos ados. A expansão islâmica nestas ilhas seguiu precisamente a rota que eu venho trilnando nesta viagem, de ilha em ilha, de ocidente para Oriente, começando pelo norte de Samatra (formando-se o primeiro sultanato em Samudera-Pacém que goza da aura de primeira unidade política muçulmana na insullndía), trazido por comerciantes guzarates já islamizados (originários do golfo de Cambaia, próximo das antigas possessões portuguesas de Damão e Diu). Foi-se expandindo para Oriente levado pelos mercadores. Após a conversão dos chefes locais, iam-se formando sultanatos cujos mentores se tornaram de seguida prosélitos radicais que peia força impuseram o novo credo à restante população. Embora na tivessem já passado 6 séculos sobre a imposição pela força do islamismo aos vizinhos da Arábia (no Médio Oriente e no Norte de África), os métodos de conversão utUizados na Insândia continuaram os mesmos e aos vencidos eram dadas 3 alternativas:
a) Conversão imediata
b) Redução à escravatura
c) Execução
A maioria da população optava pea alínea à) mas outros preferiram fugir para leste escorraçados pelo tsunami maometano. Foi o caso dos sacerdotes, prfricipes e da aristocracia hlnduistas que se refugiaram em Bali, formando naquela ilha paradisíaca uma comunidade religiosa hindu-balínesa que se mantém (com dificuldade) até aos nossos dias,
E curioso (e aterrador para a actual Europa do pafiticamente correcto) constatar que tal como os berberes ao serem convertidos ao Islão se tornaram mais fanáticos que os próprios árabes, ao ponto de se sacrificarem como carne para canhão sob o comando de Tarik, na invasão da Península Ibérica, também na Indonésia os recém convertidos se tornavam fanáticos e intolerantes para com as outras religiões fossem elas o budismo, hinduísmo, o recém chegado cristianismo eu as crenças animistas tradicionais. Basta mencionar o caso do herói nacional indonésio Fatahiia, que após convertido ao isiarnismo se tornou o algoz implacável das outras religiões existentes em Java.
De Samatra, o Islão passou a Malaca (fundada em 1396 pelo príncipe fugitivo Parameswara, também ele de Samatra), a .atra, e de ilha em ii#tia para oriente atingindo Makassar no sul da grande ilha Ceiebes (Sulawesi), Molucas, o arquipélago de Sulu e as Filipinas.
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Qui Jul 23, 2009 4:05 am

paginas 99,100,101

Quanto à cristandade de Solor. e das Flores, como sempre, depois da tempestade vem a bonança e depois da primeira fase tormentosa, escrevia Frei António da Visitação:
"... que parecia Solar outra Malaca. Um templo grande, e formoso na
fortaleza, com sua alampada de prata, mandada fazer na China, de quinhentos cruzados, . e seus altos castiçais do mesmo; os retábulos dourados tudo com muita curiosidade de obra da China."
Em 1613, estando a fortaleza de Solar desguarnecida por estarem os homens ausentes em Timor a carregar os barcos com sândalo, operação que demorava muitos meses, os holandeses cercaram-a tendo-se rendido os portugueses após quatro meses de cerco. Mais de 1.000 pessoas, das quais 30 portugueses ou euro asiáticos e sete frades, deixaram Solor e refugiaram-se em Larantuka. Os holandeses crismaram o Forte com novo nome - Forte Henricus - mas a ocupação durou pouco tempo, apenas dois anos, tempo suficiente para destruirem as igrejas Matriz e da Misericórdia, deixando apenas de pé o altar-mor e a sacristia desta última, para servirem de estrebaria. Arrasaram ainda o convento e causaram danos à fortaleza. As "grandes realizações" holandesas nos territórios que nos conquistaram foram mudar os nomes do que já estava feito: A Fortaleza de Itamaracá no Nordeste do Brasil puseram o nome de Forte Orange (que ainda hoje conserva); ao Forte Malaio feito pelos portugueses em Temate, nas Molucas, igualmente crismaram de Forte Orange; aqui em Solar a fortaleza construída pelos portugueses passou a chamar-se Forte Henricus, ... etc. etc.
O abandono, em apenas dois anos, da fortaleza portuguesa de Solar, pelos holandeses, deveu-se ao facto de a ilha ter parcos recursos e a eles só interessar o lucro... Para reconstruir a fortaleza, Frei Miguel Rangel foi a Macau pedir esmolas, tendo conseguido 700 patacas. Trouxe consigo 7 operários chineses entre os quais um fundidor de canhões. Trouxe ainda um engenho de fazer pólvora, mosquetes e alguns canhões fundidos por Manuel Tavares Bocarra. Padres e cristãos locais trabalharam no restauro da fortaleza que ficou dotada de 15 canh©️es, um dos quais o primeiro fundido por Bocarro.em Macau, e por ele oferecido. À falta de capitães foram colocados dois padres à frente da fortaleza, com dois condestáveis — um português e outro italiano.
Em 1559 escrevia o jesuíta Baltazar Dias, Provincial da Índia, sobre Solar: "Não moram á borda do mar por causa dos ladrões, habitam por dentro das ilhas.,. Em algumas destas ilhas há alguns feiticeiros, mas tudo é nada. Quantos quiserem fazer cristãos, tantos farão e se lhe não acudirem o tolherem os cacizes (sacerdotes mouras de Guzarete e Mafaca) hão-se de salgar de Mafoma,). A este Solor podem vir de Maluco e ir para Maluca Ali vai ter muita gente da China (seauratr ent compradores de. sándalo)_ Continuamente estão nela portugueses; este ano invemaram lá duzentos e mais portugueses. E este Salor muita sadia., "
Enumerando as igrejas existentes em Solar, Flores e ilhas próximas o cronista refere ainda: "S. Domingos, na ilha de Ende, dentro da Fortaleza, que o Padre Frei Simão Padieco mandou fazer na povoação de ivombas, com cinco baluartes para defesa dos cnstãos que os mouros e os holandeses por ali vão roubar e matar ".
Os protestantes holandeses foram em boa medida responsáveis pelo avanço do Islão na Insuiindia, destruindo a obra conseguida pelos missionários católicos. Grassavam na Europa as lutas religiosas entre luteranos, caivinistas e católicos e os ódios da Europa foram levados para o Oriente. Os protestantes holandeses nutriam mais ódio aos católicos (papistas) do que aos sarracenas, aliando-se com frequência aos sultões mouros para desalojar os portugueses católicos e destruir os templos por eles construidos.
A mentalidade mercantilista característica da expansão holandesa, para quem a obra civiiizacionai e evangélica sempre foram tábua rasa, continua presente nos nossos dias e a prova mais evidente foi a entrega, há escassas décadas, da Papua ocidental cristã e animista, ao jugo maometano de Jacarta. Para proteger os seus interesses econômicos na Indonésia, a Holanda não hesitou em ceder ás pressões de Jacarta e entregar-thes de mão beijada aquele enorme e riquíssimo território com o qual a Indonésia não tem quaisquer afinidades étnicas, religiosas nem geográficas. Vive-se ali, presentemente, uma situação de exploração e opressão colonial que a Europa procura ignorar. Milhares de maometanos, nas precisamente 1.200.000, foram transferidos, nas útümas décadas, das ilhas indonésias para a Papua Ocidental, com a intenção clara de superarem em numero as populações nativas (1.300.000) cristãs e inimistas e poderem assim mais facilmente dominar aquela sua nova coiánia. Estima-se que não será precisa mais de uma década para que o povo papua esteja em minoria na sua própria terra.. Esta barbaridade é perpetrada perante a passividade e o silencio da Europa pela simples razão de a Indonésia ser aliada da América.
A mesma técnica de transferência de populações muçulmanas para zonas de predominância cristã ou hindu, de modo a neutralizá-las e controlá-las, está em curso em vários pontos, nomeadamente em Celebes, nas Molucas, Bali, Banda, Kosovo, Abecásia, ete., etc, sendo o caso mais escandaloso o de Timor Leste, :.. que seria hoje mais um país muçulmano se não tivesse lutado e conseguido a independência e expulsado os javaneses que em apenas 25 anos ali se haviam fixado aos milhares.
A Europa faz tantas cedências ao Islão, a troco de vantagens economicistas ou politicamente correctas, que um dia, infelizmente não muito longínquo, se vai ver em paipos de aranha...
Sobre Solar (que naquela época designava toda a região e não apenas a pequena ilha) outro cronista relata: "E'stas igrejas, até ao ano de 1599, eram 18, as quais estão espalhadas por aquelas ilhas, e em cada uma delas há grandes freguesias e povoaçães de Cristãasjá feitos e outros muitos que cada dia se vão fazendo, com muito trabalho e wígiláncia das padres que os sustentam na fé e defendem cós mauros de 3ava, que ali vêm muitas vezes em suas erraAi?ró9s OS quais; antes que os pa es de 5 Domingos ali entrassem, tinham tomado posse das gentes destas ilhas e muitos tinham feito mouros, os quais os padres tomaram a converter e a fazer cristãos, tirando-os da boca dos lobos, como bons pastores: O'que os mouros sofriam muito mal e faziam muita guerra aos padres e aos mesmos cristãos novamente convertidos
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e desembarcando nas praias destas llhas salteavam as pop ula!ç es e igrejas e roubavam e matavam quantos podiam, e tornavam a fugir para a sua terra. "
O PORTE PORTUGUÊS NA ILHA ADONARA - É um montão de pedras e ruínas sobre as quais foram construídas algumas casas que constituem hoje a aldeia Adonara Klubagolit. A fortaleza foi construída por portugueses em 1800, num promontório altaneiro 70 metros acima do nível do mar. Não vale o esforço de vir visita-la. Ir lá é uma odisseia. Com interesse tem apenas uma dúzia de pequenos canhões em bronze, um dos quais com data de 1755 da Compagnie des Indes de France. Os casebres têm. um aspecto desolador e a população andrajosa.
Desembarquei em Adónara vindo da ilha de Solor rum pequeno barco de passageiros. A falta de um mapa da ilha procurei indagar da população onde se situava a fortaleza, mas devido à barreira da língua não consegui qualquer informação. Já em desespero de causa procurei o posto da policia, bucolicamente instalado no meio de um coqueiral, bastante afastado do povoado. Depois de mais de uma hora de salamaleques ao comandante do posto lá consegui que me dispensasse um polícia com uma motocicleta e ambos nos metemos ao caminho. Eu nem sequer imaginava a aventura em que me ia meter!... Atravessámos a ilha por carreiros e caminhos de terra batida através de coqueirais, plantações de café e de cacau, por cima de pedras, de troncos caídos, degraus e buracos. U meu guia-polícia suportou estoicamente todo este esforço e o desgaste da sua máquina com cara alegre e satisfeito porque o que paguei pelo frete lhe ia reforçar substancialmente o magro orçamento familiar. Só nos dias seguintes eu saberia os estragos que este acidentado passeio teria sobre a minha saúde, ao ponto de quase me ter feito interromper esta digressão pelo Oriente..,
Sempre com a cabeça inclinada para não ver apenas o capacete metálico do polícia, o meu pescoço suportou os 70 km da expedição pelos trilhos cheios de pedras, buracos e socalcos, mas o esforço foi de tal ordem que ficou dorido e inchado não me permitindo fazer qualquer movimento comi a cabeça, nem engolir e até faiar se tornou penoso passaram já vários dias e para levantar a cabeça tenho de ajudar core as mãos! Ainda por cima estou num barco desconfortável e abafadiço ene unia travessia de 36 horas entre. o Arquipélago de Alor, no oriente da Indonésia, e a cidade de Cupão, capital de Timor Ocidental. Entre os 800 passageiros não há um único "bule', nem sequer um japonês ou coreano que sa.o as outras nacionalidades, além de europeus e americanos, que de vez em quando se vêm por estas paragens. Médico a bordo também não há. .,Comer é impossível porque não consigo engolir e dormir também não porque deitado as dores são insuportáveis. Como não posso virar a cabeça para os lados, quando preciso de fazer esse movimento tenho de virar o corpo todo... Um suplício a acrescentar ao desconforto do barco e à insalubridade do clima. Em chegando a Cupão vou logo ao médico.., se lá chegar!...
KUPANG (Cupão, capital de Tirmor Ocidental) - Como se não bastasse o sofrimento, ainda por cima as condições de habitabilidade do navio não permitem descansar nem dormir por causa do muito calor. São barcos enormes
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Mensagem por Admin Sex Jul 24, 2009 1:52 am

pagina 102
que c€rcu'am constantemente de ilha em ilha, de arquipélago em arquipélago. Em cada porto safem centenas de pessoas e entram outras tantas. LJmite de capacidade é um conceito de que nunca ouviram falar. No navio não há assentos roas apenas centenas de delgados coches de espuma revestida de napa preta, a!tnhados no chão, * uns ao lado dos outros. Como de porto para porto se demoram sempre várias horas os passageirospassam a maior parte do tempo deitados ou a passear no convés. E como no tempo do Vasco da Cama! Não há r taurantes a bordo e é necessário cada um levar as suas próprias provisões e água em, abundância. Como a rotatividade dos passageiros é muita, ,á lixo por todo o lado e apesar das constantes varridas e desinfecç s, baratas, carochas e outras bichos Infestam o chão e as paredes. Numa ocasião em que tentava deglutir alguma vituaiha sentado no delgado colchão, vi algo escuro a mexer-se junto dos meus pés — era um ratinho aproveitando as migalhas que caiam da minha merenda. Ir ao banheiro é um sup'ício! ,{ s salte são quentes mas os banheiros são autentica sauna condimentada com os naturais odores de um compartimento onde vão urinar e defecar centenas de pessoas por hora... A água das torneiras é salgada e as pesadas portas de ferro das retretes indi riduais há muito que não têm fechos e abrem-se e fechamse tem grande estrondo -consoante o bambolear do barco! Cada uma dessas portas pesa no mínimo 100 kg e para entrar na retrete arrisca-se literalmente a vida: é necessária calcular com segurança o tempo que demora a abrir e a fechar, para não se ficar entalado...e esborrachado...
Desembarcámos em Kupang ás 3,00 da manhã e só ás 4,00 estava a caminho do centro da cidade em -um 8no (carrinha de 12 passageiros 'utilizada na' Indonésia para transporte público colectivo), atafulhado com caixas, sacos, malas de viagem e mais 7 ou 8 passageiros: Não eram percorridos 300m da saída do porto quando o motor deixou de funcionar. Os
indonésios são muito pacientes e os passageiros preparavam-se para ficar ali à espera que concertassem a carrinha...
. . Devido ao desembarque de tantos passageiras e ao embarque de outros, apesar do adiantado da hora havia muito movimente na estrada. Lá parei urna rnotoddeta e negociei o preço do transporte até ao hotel Susi. Quando fui buscar as maletas dentro da carrinha para seguir viagem na moto o motorista não as queria deixar levar apontando para o relógio como que a dizer que o concerto da carrinha seria rápido. Coitado estava a ver o negócio ir por água abaixo se os restantes passageiros seguissem o meu exemplo... Com energia dei um puxão à maleta, fiz má cara e ameacei chamar a "poli i"... Encavalitado em cima da moto a caminho da cidade comecei a aperceber-me da conduta duvidosa do gordinho rapaz motociclista que procurava aconchegar o seu corpo ao meu, encostado o seu rotundo traseiro... ás minhas partes dianteiras... Com uma das mãos puxou o meu braço pondo a minha mão em cima do seu ombro com o pretexto aparente de viajarmos com mais segurança, deixando a sua mão sobre a minha acariciando-a por algum tempo... tudo isto a 40km/hora, ás 4,00 da manhã, no meio do descampado que separa Kupang do seu porto... Apesar do cansaço, de 2 noites sem dormir e dte pouco ter comido devido às dores no pescoço e garganta, lá consegui arranjar fôlego para fazer voz grossa e gritar-'he ao ouvido um grito psicológico que o amedrontasse -- " Seu
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Mensagem por Admin Sex Jul 24, 2009 1:56 am

pagina 103

panasca, põe a mão no guiador e leva-me ao hotel Susi, se não chamo a Polisi!! I"
Por inesperada a admoestação surtiu efeito: 0 gordinho rapazote puxou as nádegas para a frente, pôs a mão no volante e dei ou de me assediar sexualmernte... Chegados ao hotel, despachei-o logo, mesmo sem saber se havia um quarto para mim. Por acaso não havia mas o recepcionista do hotel que falava bom inglês, prometeu ajudar-me a arranjar um sitio onde dormir. Contei-lhe as.minhas desventuras de estar doente, cansado, com sono e com fome e que ainda por cima -tinha tido o azar de apanhar aquele motociclista homossexual que me incomodara na vinda do porto... Garantiu-me que o guarde nocturno que me iria levar a outro hotel era "muy macho' e que eu não tinha que recear assédio sexual... Batemos à porta de seis hotéis e pensões e. todos estavam repletos, provavelmente devido ao desembarque de centenas de passageiros do barco que me trouxera. Finalmente consegui um excelente quarto no Hotel Blue Orchid. Eram 5 horas da manhã e por mal dos meus pecados os meus tormentos ainda não tinham acabado. Caí na cama como uma pedra no fundo de um poço, pensando (ingenuamente...) que iria dormir tranquilamente várias horas e recuperar das fadigas, da falta de saúde e dos contratempos por que passara... Puro engano. Passada uma hora, às seis da manhã, batem à porta do quarto para me servirem o. pequeno-almoço que eu não tinha pedido...
Está prestes a terminar a travessia da Indonésia e é hora de fazer o balanço: 0 povo é simples, humildade, afável e muito comunicativo. Sai-se à rua e tanto adultos como crianças, homens e mulheres, todos contendem connosco: "Na//o Mister, h ifa pá -pá' : acompanhados sempre de um sorriso. Podem não saber mais do que uma ou duas frases em inglês mas aproximam-se e perguntam 11Where are you frvm?" Obtida a resposta agradecem - e afastam-se por não poderem prosseguir o diálogo.
Tenho- revelado alguns rolos fotográficos e sempre que vou levantar as fotos e as tiro do envelope para confirmar como ficaram, junta-se logo urna série de pessoas entre empregados e clientes a miram e remiram as minhas fotos sem qualquer tipo de cerimónia ou constrangimento, tecendo os comentários que lhes aprouver. "Olha o vukáo Broma! Isto aqui é em Bali!" Uma foto minha com um artista travesti em uma festa religiosa hindu-balinesa, mereceu uma gargalhada geral e ainda chamaram outros colegas. para ver.. Tudo com a maior naturalidade e sem qualquer maldade!
Quando . escrevo estes apontamentos num jardim, na paragem do autocarro, numa esplanada ou em qualquer sítio público é certo e sabido que várias pessoas se vem sentara meu lado a mirar a escrita, ou ficam de pé, por trás de mim, a-ver o que escrevo. E não se ficam por olhar de longe' Encostam-se e quase metem a cabeça entre os meus olhos e o papel...
. A princípio fiquei mal impressionado mas acabei por cpmpreender que o fazem com respeito e naturalidade levados pela curiosidade. E como quem passa por um- pintor de rua que faz o retrato de alguém, sobre um cavalete. As pessoas param, miram e fazem os seus comentários. Em Moni, na ilha das Flores, no sopé do vulcão Kelimutu, enquanto esperava na beira da estrada pelo autocarro que me levaria a Maumere, entretive-rne a aparar as unhas com
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Sex Jul 24, 2009 2:00 am

pagina 104 e 105

102
um corta-unhas. Aproximou-se um camponês que falava razoavelmente Inglês (educado em Missão) e depois de um pouca de conversa pediu-me emprestado o corta unhas pelo que interrompi a minha operação de manicura e emprestei-lho. Cortou ali todas as unhas das duas mãos, seguiram-se as unhas dos dedos dos pés e voltou a dar um retoque em todas as unhas e a cortar as peles... e eu
espera para prosseguir com o meu próprio corte!
Para os turistas ocidentais o custo de vida na Indonésia é uma verdadeira bagate#a. Comida, transportes e alojamento são baratíssimos. 0 custe de vida é inferior ao da Tailândia e da Malásia, mas não se vê miséria. Apenas em Jacarta vf algumas favelas. Por todo o resto do país as casinhas são razoáveis embora por vozes feitas com materiais tradicionais. A população masculina fuma desalmadamente mesmo os muito jovens. Têm o culto do tabaco e estão permanentemente com o cigarro na mão, fumando um após outro. Fumam em todo o lado seja nos transportes públicos, restaurantes ou em recintos exíguas. Ë confrangedor ver as pessoas assim a envenenarem-se desta maneira. Acho que é u -n caso de saúde pública. Em contrapartida é raro ver-se uma mulher fumar.
À medida que se avança de ilha em ilha para Oriente, a pele da população vai-se tornando mais escura e o tipo étnico malaio vai gradualmente sendo substituído pelo tipo do aborígene da Papua e da Austrália com cabeio em carapinha e a peia deixa de ser castanha, típica dos maiaios, para
aproximar da cor dos pretos da Guiné. Dizem-me que em tempos remotos era comum ;rem a Papua fazer razias e trazer escravos que com o andar dos tempos se miscigenaram com o resto da população,
Quanto à presença da Holanda durante três séculos e meio quase se não nota que aqui estiveram. Nas cidadezinhas pequenas que é onde se poderia notar mais essa influência tanto no traçado urbanístico como na arquitecti.ira das casas, nada faz recordar a Holanda. Quando comparo com Angola, Moçambique, Brasil, Goa, Guiné. S. Tomé, etc., em que as cldadeznhas tinham sempre uma atmosfera própria com uma praça central, com a coreto ao meio e dos lados a Igreja, a Câmara Municipal, a cinema etc., onde à noite se juntavam as pessoas nos cafés e esplanadas, acho que nós fizemos muito melhor obra apesar de autores ingleses e holandeses passarem a vida a vangloriar-se e a denegrir a acção de Portugal e da Espanha nos seus antigos impérios. Quando me lembro de Benguela, parati, Pangim, oçamedes, Quelimane etc. . etc. (podia acrescentar mais uma centena ou duas) e recordo os belos passeios e avenidas na beira do mar, as árvores com os seus troncos caiados de branco, à portuguesa, e comparo com o que os holandeses aqui fizeram penso que sorvos uns parvos com a mania da autocrítica, sempre prontos a afirmar que os outros é que são os bons e nós... sempre os piores!
Recapitulando a travessia da Indonésia, só me vem à ideia uma única cidadezinha aprazível: Bukit Tingi em Samatra. Todas as outras são ruas compridas em que se não tirou proveito da frente do mar nem das belezas naturais... Bali é um caso à parte e as becas urbanizações e conjuntos ajardinados que as envolvem são coisa recente; pós indústria turística.
Dá-me ideia de que os bolandesês vieram aqui apenas com intuitos mercantilistas, sacar o máximo e fazer o menos... Enquanto que para Portugal a colonização foi um projecto nacional em que multas -vis uma parte se
sacrificava pela outra (veja-se o caso de Frei Rangel ir a Macau pedir dinheir para restaurar a fortaleza de Solor e de a alfandega de Macaca cobrar imposto extras para o mesmo fim, ou ainda a ajuda do Brasil na reconquista de Angd. aos holandeses), para a Holanda as colónias foram durante muito tempo ur negócio da Companhia das Ìndias Holandesa (a tenebrosa V.O.C.), que tinha o seus accionistas que reclamavam dividendos e não estavam interessados en construir nações, erigir património ou evangelizar. Veja-se o destino que i V.O.C. deu a Maurício de Nassau, quando ele quis, no Recife, seguir as pisada, dos portugueses, erigindo fortalezas e teatros... Os accionistas queriam "g idas' e não construir nações! Correram com ele...
Vale a pena fazer alguns comentários sobre a segurança dos turistas nz Indonésia. Depois dos mortíferos ataques bombistas, perpetrados por maometanos, em Bali e Jacarta, a vinda de visitantes ficou reduzida ao mínimo. A pouco e pouco tem recuperado mas está longe dos números de antes. Por outro lado, alguns focos de instabilidade são empolados pelas TVs e assustam as pessoas. Em Achém, no oeste de Samatra, que os papagaios das nossas televisões, e os escribas da nossa imprensa chamam agora de Ac h, os fundamentalistas islâmicos querem separar-se e formar um estado independente. No Sul da fha Ceiebes (Sulawesi) maïoritariamente muçulmano há fricções com o Norte cristão. Em Mutukku (Malucas) a mesma coisa. Em Irían Jaya que agora voltou a chamar-se Papua, a população nativa papua quer a independência antes que a imigração dirigida por ]acarta que ali tem fixado milhares e milhares de maometanos, os faça ficar em minoria na sua própria terra. Na fronteira com Timor-leste, que os jornais daqui chamam Timur-Timur ou Tim-Tim, a Indonésia tem ali 1.000 soldados a guardar a fronteira. Tenciono passar a fronteira depois de amanhã e ver com os meus próprios olhos o que ali se passa.
Apesar destes potenciais focos de instabilidade sinto que o país é seguro e em nenhuma ocasião senti correr algum risco, fosse em Jacarta, Samatra, Lomb©️k ou Flores. E faço coisas que na América Latina não faria, como passear a noite nas cidades ou deambular sozinho por praias desertas,,.
-Há dois anos veio à ilha das Flores um grupo excursionista português, de vinte e tal pessoas. Vieram especialmente para ver a procissão de 6a feira santa em Larantuca, -na qual são utilizados ornamentos, vestuários e alfaias medievais, há murta desaparecidas em Portugal. Além da procissão na capital Larantuka, há ainda idênticas procissões, quiçá ainda mais castiças por terem lugar em locais afastados, menos susceptíveis de ser influenciados pela modernidade. São eles Lela e Sikka, aldeias próximas de Maumere, a aldeia de Konga em frente da ilha com o mesmo nome e Wureth na Ilha de Acionara. Nesta ultima os cânticos são ainda em portuc ês antigo...
A Ilha de Solor parece ter sido "descoberta" por António de Abreu que por ordem de Afonso de Albuquerque tinha partido da Indta à procura das Mbiucas.
Por Solor se designava o conjunto de ilhas (Flores, Ende, Adorara, Lembata) 'aos Portuguezes frequenta vão aqueles portos com as suas embarcaçâ s, mas com a (afta de Malaca(tomada pelos holandeses), doo

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Mensagem por Admin Dom Jul 26, 2009 6:45 am

p0agina 106 a 110

ordnariamente sahião às Religiosos p. essas missões, se acabou totalmente comunicação e tratos dos Portuguezes com muyins daquelles Reys...
Os padres que saíam de Malaca para Timor e Solor, eram pagos à razão de 150 cruzadas por ano "...e hum pipa de vinho p. missas ..." acabando-se este subsidio logo que se perdeu Ma laca.
Não era só o espirito de aventura, a fé religiosa, nem a miragem da riqueza que movia os Portugueses do séc. VXI. Em muitos deles havia a esperança de encontrarem algures um recanto do mundo onde tranquilamente aguardassem o fim dos seus dias, fugindo de uma vez para sempre não só ao fragor das batalhas mas também ao fragor das ondas. Por isso muitos se fixaram em zonas que lhes pareciam reunir boas condições para uma vida calma dedicada ao comércio e à agricultura. Tomavam mulheres locais e constituíam famitias de que viriam a descender a grande prole dos "Portugueses Pretos" (como os holandeses chamavam aos mestiços portugueses) formando núcleos espalhados por todo o Oriente e dos quais descendem muitas destas pessoas com nomes portugueses que tenho vindo encontrando ao longo da viagem.
Pelo livro de ordens régias de 1638 sabe-se que os holandeses se instalaram em Solor no mesmo sitio de onde expulsaram os portugueses, mas a sua permanência durou pouco tempo devido ao debilitante clima. No entanto, alguns portugueses ali continuaram e estabeleceram pouco a pouco relações com Timor "donde traziam sândalo para o dito Solar e aly o vinham buscar os navios de Macau para vender aos chinas.. " o qual... "he general melhor para os chinas pello muyto que que/mão é seus pagodes.,."
O NOME HORNAY - No cemitério de Larantuka, além de muitas referências a defuntos com nomes portugueses vi várias campas com o nomë Hornay e nos livros que tenho consultado aparece com frequência este apelido estrangeiro como estando ligado aos destinos de Timor desde o século XVII. Ainda há pessoas com este nome em i irnor e também em Kupang (antigo Cupão, principal cidade de Timor ocidental, onde houve uma pequena fortaleza portuguesa). Recentemente, o Correio da Manhã (27 de Agosto de 2006) publicou a seguinte noticia: "Por ordem do nosso ministro do interior fomos ao comando da ONU para uma reunião sobre a nossa actuação na nova missão das Nações unidas e os polícias australianos obngaram nos a despir as nossas fardas e a ficar em roupa interior no meio da rua, em frente de toda a gente, confirmou, indignado, o oficial tmorense Júlio Homay
Qual a origem deste nome? Os antigos cronistas chamam-lhe 7an d'dmey.
Segundo um autor em ".:.1613 passou de Solar a Timor um aventureiro que dizem ser hofandez, outros Italiano, e ali se casou com uma mulher da terra, da qual teve um filho a que deu o nome António Homay"'
Outro afirma "..e assim se verifica, sem sombra de dúvida que António Homay era filho de um desertor holandez e de uma portuguesa, conforme consta de uma carta remetida ao Rei de Portugal 'por António de Meio e Castro... datada de 1666'

Ainda outo…..(ilegivel na copia )……… Luiz.. [
Mendonça Furtado (1671-1677) refere que: !M' ho.. aviso r ,oë. r J Antunes embarcado na nau Nossa Senhora da Guia, lhe cobre vyo tempo e n se sabe dela, será Ocos servido de a ter a salvamento .e assy ficava i capitania (Timor) o mesmo António Hornay mela-Portuguez e meio-Qiant€ queira Deus que a sua incJlnação seja pella.~arte materna.." Por esta ultiir frase se Infere que era filho de uma portuguesa.
Um livro publicado em 1934, refere; "É esta, pois, a origem cie lia família, que ainda nos dias de hoje, conta descendentes na Ilha de ?tmor.
António Hornay, filho do renegado holandês e de uma portuguesa (c mestiça portuguesa) chegou a ter tanto poder em Timor, que se auto-intitule Capitão-Governador, à revelia das instruções de Goa, de onde a ilha depend administrativa, religiosa e militarmente. O poderio, riqueza: e influencia desi Hornay em. Timor era tal, que Lisboa e Goa nada podiam fazer para
controlar, havendo sempre  receio de que ele, juntamente com a ilha, bandeassem para os holandeses. Diplomaticamente, Lisboa acabou por aceít lu, confirmá-lo no cargo e atribuir-lhe títulos honoríficos ao que ele retribu enviando avultadas somas para Goa e Lisboa.
LARANTUCA, é a cidadezinha mais simpática da Ilha das Flores devic ao seu traçado urbanístico e à vista que dela se desfruta sobre as Ilhás Adonaa e Solor. A estrada por onde se chega vindo de Maumere bordeja  mi proporcionando belos panoramas. Tendo por base Larantuca, podem fazer-e belos passeios de barco ou de carro aos arredores, havendo praias e locais ç interesse histórico.
O património histórico é principalmente constituindo por igrejas e capee bem como por ruínas de antigas fortificações portuguesas. A população católica, tendo a maioria nomes portugueses (bem visíveis nas lápides n cemitério) e tem para com Portugal e os portugueses sentimentos de afecto estima.
Nesta cidade e em outras localidades das Flores foram recrutadS é 1642 os famosos soldados "Topázios" que sob o comando. de Fran. Fernandes ajudaram a consolidar o poder português em Timor. Posteriorm' revelar-se-iam um problema para a administração portuguesa tendo sido c principais responsáveis por Portugal ter perdido para os holandeses a pari ocidental de ilha de Timor, em cuja capital, Cupão, havia um fortim portuguê Estes "Topázios" ou "Larantuqueiros" como eram chamados, achando-se forte resolveram atacar os holandeses no seu fortim de Cupão na esperança de c derrotar e formarem um território autónomo sob seu governo. Os hoíandesc que até ai se tinham limitado a exercerem autoridade nos arredores do. Fort4 considerando o restante da ilha domínio português, ao derrotarem c 'Larantuqueiros" perseguiram-os para Oriente e não encontrando reststénc nem portuguesa nem dos topázios, acabaram por ocupar .a parte oriental d ilha ficando assim o Timor português reduzido a metade da ilha.
Das várias tradições e cerimónias religiosas herdadas dos portugueses mantidas até hoje em Larantuca e em outras terras de Flores, são de realçar c festejos da Semana Santa e em particular a procissão de 6a Feira Santa, d
rc
cujo programa e composiçao fiz um ….ilegivel ……..um panfleto escrito em p ortuguês muito adulterado):
"A grande Procissão de Sexta-Feira Santa em iarantuca cidade Santa da "Rainha Rosário"- Ilha de Flores.
Dominggu Ramu (Domingo de Ramos)
Quarta de trewa (quarta-feira de cinzas)
De tarde — Na Igreja, a "Confreria" e o Padre cantam em "estilo português"
É proibido na Quarta di Trewa-
1— Mostrar ategria e embebedar-se
2—Zangar-se, lutar e discutir
3 -- Subir árvores; acarretar água nos ombros; usar fogo de,artificio; remar e pescar
4- Ausentar-se para longe
"Ornamento" da procissão:
1. Bandera de Confreria (preta em sinal de luto)
2. Genda Dó (tambor de carpir mágoas)
3. Mataraka (matraca, instrumento de madeira para fazer barulho)
4. Gian de Morti (bandeira preta com caveira)
5. Mãos de D&abu (mãos de diabo que querem apanhar as pessoas mas Cristo vence-as)
6. Lanternas Chinesas (archotes utilizados pelos judeus para prender Jesus no Jardim Getsmani)
7. Karenti e Krona Spina (correntes e coroa de espinhos)
8. Pregos e Bastão de Tortura (instrumentos de tortura)
9. Bolsa e 30 Moedas de Prata (simbolizando a traição e ganância da humanidade)
10. Pau com Esponja Embebida em Vinagre (para humedecer os lábios de Cristo)
11. Lança (que trespassou o estômago de Jesus)
12. Bilha de Barro (contendo água para lavar as mãos de Jesus)
13. Um Galo (símbolo da negação de Pedro)
14. Frutos (frutos proibidos comidos por Adão no Paraíso e que trouxeram sofrimentos à humanidade)
15. Cruz (para suspender Jesus)
16. Escada (para tirar os restos mortais de Jesus)
Ordem da Procissão
1,3 Bandeira da Confreria (Serdati)
2a Cruz tapada com pano de luto, ladeada por 2 homens com lampiões 3a Genda Dó (tambores de luto com todos os.Ornamentos de sofrimento) 4a Membros da Confreria
Sa Cristo Elogia a Confraria (cânticos)
6a Frades e Freiras
Ta Funcionários Religiosos Católicos
' 1OB
cu o ro rasga e com ':
em português muito adulterado): '` '.elegivel ~....4`
„A grande Procissão de Sexta-Feira Santa em tarantuca cidade Santa da "Reinha Rosário"- Ilha de Flores.
Domlnggu Rarmu (Domingo de Ramos)
Quarta de trewa (quarta-feira de cinzas)
De tarde — Na Igreja, a "Confrería" e o Padre cantam em "estão português,
F proibido na Quarta di Trewa:
1— Mostrar a$egria e embebedar-se
2 — Zangar-se, lutar e discutir
3 Subir árvores; acarretar água nos ombros; usar fogo de. arti cio; remar e pescar
4 Ausentar-se para longe
„Ornamento" da procissão
1. Bandera de Confreria (preta em sinal de'uto)
2. Geada Dá (tambor de carpir mágoas)
3. Mataraka (matraca, instrumento de madeira para fazer barulho)
4. Gian de Morti (bandeira preta com caveira)
5. Mãos de Daiabu (mãos de diabo que querem apanhar as pessoas mas Cristo vence-as)
6. Lanternas Chinesas (archotes utilizados pekos judeus para prender Jesus no Jardim Getsmani)
7. Karenti e Krona Spina (correntes e coroa de espinhos)
8. Pregos e Bastão de Tortura (instrumentos de tortura)
9, Bolsa e 30 Moedas de Prata (simbolizando a traição e ganância da humanidade)
10. Pau com Esponja Embebida em Vinagre (para humedecer os # bios de Cristo)
11. Lança (que trespassou o estômago de Jesus)
12. Bilha de Barro (contendo água para lavar as mãos de Jesus)
13. Um Galo (símbolo da negação de Pedro)
14. Frutos (frutos proibidos comidos por Adão no Paraíso e que trouxeram sofrimentos à humanidade)
15_ Cruz (para suspender Jesus)
16. Escada (para tirar os restos mortais de Jesus)
Ordem da Procissão
1a Bandeira da Confrerla (Serdati)
2a Cruz tapada com pano de luto, ladeada por 2 homens com lampiões 3a Genda Dó (tambores de luto com todos os.ornamentos de sofrimento) 4a Membros da Confreria
Sa Cristo Elogia a Confraria (cânticos)
ba Frades e Freiras
7a Funcionários Religiosos Católicos

8a Padres e homens de reserva para transportar a cruz e "Ajudas" ou meninos de altar.
9a Palanquim de Cristo seguido de homens "Promessas"
i0a Palanquim de Santa Maria acompanhado do "Presidenti Confreria" que leva a "Vara Presidenti"
lia "Promessas" também chamados Lakedemu
12a Publico "
A Confraria de Nossa Senhora do Rosário de Larantuca foi inscrita em 1622, pelo Papa Gregário XVI, na Congregação de Propaganda Fide, em Roma.
Outras manifestações religiosas na região, neminiscentes da presença portuguesa:
Em Wuret na costa ocidental da Ilha Adonara tem também procissão de 6a Feira Santa. Os cânticos durante a procissão são cantados em português arcaico.
Konga é uma pequena ilhota situada no Mar de Konga, junto à costa de Flores. Tem procissão de 6d Feira Santa utilizando ornamentos trazidos pelos Portugueses de Malaca. Tais ornamentos estão à guarda, desde há séculos, do Clã de Malaca. Em redor da ilha de Konga tem viveiros para produção de pérolas.
De Latem ler , na Ilha Lembata, vêm pequenos barcos (Sampans) trazendo o Menino Jesus para participar na procissão de 6a Feira Santa em Larantuca. Lamalera é uma minúscula aldeia, 100% católica, onde ainda hoje se caçam baleias utilizando métodos tradicionais por lançamento manual dás arpões e o grito de alerta quando se avistam baleias no mar, tem reminiscências portuguessas.Maleo, baleo, baleo....
Em 1613 foram executados em Lamalera dois religiosos portugueses, cujo sacrifício talvez explique a muita devoção religiosa dos aldeãos. Dois frades partiram da ilha de Ende (onde ainda hoje existem vestígios de uma fortaleza portuguesa), em um pequeno barco a caminho de Larantuca. Sobreveio-lhes temporal e foram arrastados até a ilha de Lomblen (actuai Lembata) onde naufragaram dando à costa precisamente na aldeia piscatória Lamalera. Foram bem recebidos pela população que os agasalhou e confortou. Sabendo do sucedido, os mouros de Lamaquera, situada na vizinha ilha de Solar, vieram nos seus barcos a Lamalera exigir a entrega dos padres católicos para os executarem por os considerarem inimigos da sua fé. Os habitantes de Lamalera recusaram entregar os missionários, pelo que os mouros ameaçaram incendiar a pequena aldeia e matar os seus habitantes. Para evitar a tragédia os padres católicos entregaram-se e foram degolados no local. Presenciou este acontecimento um holandês de nome. Hornay, renegado ao seu pais e à sua gente, que ali mesmo se converteu ao catolicismo renegando também a sua fé calvinista. Há várias versões sobre as razões que levaram este holandês a trair a sua gente e bandear-se para o lado português, uma delas é a de que ele terá tomado por esposa uma nativa ou mestiça portuguesa o que para a
109
mentalidade racista holandesa da época era inaceitável e por isso foi expulso da sua comunidade. Quaisquer que tenham sido as razões que levaram Hornay a fugir para o lado português a verdade é que o nome dos seus descendentes ficaria para sempre ligado à história de Timor.
Outro cronista que relata o sacrifício dos frades refere como esse crime veio a ter repercussão no evoluir dos acontecimentos em Oécussi (enclave de Timor Leste no Timor Ocidental). Informa o autor que dois holandeses que presenciaram a abnegação dos padres ao entregarem-se para salvar a aldeia, tão Impressionados ficaram com o que viram que se converteram ao catolicismo e se integraram nas forças militares portuguesas. Um deles, Jati d'Orney, casou com uma gentia de alta linhagem e fixou-se em Timor, na zona de Oécussi. Deíes descendem os Hornay cujos nomes se veein nas campas dos cemitérios de Larantuca, Kupang, Oécussi e Dili. Ainda segundo o mesmo autor, devido à coragem dos d'Orney, o enclave de Oécussi ficou nas mãos dos portugueses durante séculos e é hoje parte 'integrante do recém-criado Timor Leste, constituindo para os timorenses um loca( de muito simbolismo pois foi ali que desembarcaram os primeiros portugueses.
Quanto ao sacrifício dos zelosos frades parece que não foi em vão — a população de Lamalera é fervorosamente católica e espreitando para dentro das suas modestas habitações vêm-se as paredes literalmente forradas com estampas da Virgem, do Sagrado Coração de Jesus, de S. Pedro, Nossa Senhor de Fátima, Santo António, etc.
No próprio dia e hora em que cheguei a Lamaiera, um coro feminino de cerca de 20 figurantes, ensaiava cânticos religiosos debaixo de um a{penetre no único largo da aldeia, junto a uma enorme e secular árvore que talvez tenha sido testemunha muda do suplicio dos frades.
A HISTÓRIA DA CRISTANDADE DE SOLOR POR OUTRO AUTOR`- Porque Timor não tinha bons portos, os comerciantes portugueses que iam. ao sândalo estabeleceram-se em Solor e Flores e daqui comandavam o comércio da preciosa madeira,
Em Lohajong na ilha Solor um navio português foi retido no porto durante vários meses devido a tempestades que assolaram a região. Não havia padres a bordo mas o capitão, enquanto esperava por bom tempo, deu-se a evangelizar e converter o chefe local e a sua gente.
Antes de levantar ferro o capitão baptizou-os e prometeu enviar um padre. O chefe quis então que o seu filho fosse levado pelos portugueses para ser educado na religião católica e ser sacerdote. 0 capitão levou o rapaz para Malaca onde foi baptizado com o nome de Lourenço e ali começou os estudos. Infelizmente o rapaz morreu pouco depois mas o capitão manteve a sua palavra e em 1562 os primeiros frades Dominicanos chegaram a Lohajong, ilha Solar, onde construíram a primeira igreja. Deli irradiaram para as iïhas próximas. Primeiro para Ende e logo para o restotda Ilha de Solor e depois para Flores e Adonara.
Depressa os missionários compreenderam o perigo que para eles representavam os núcleos muçulmanos de Celebes, de lava e de outras zonas islamizadas da região e construíram um pequeno forte.

lia
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Vitor mango Seg Jul 27, 2009 12:42 pm

1 e112pg

-





0 primeiro mártir foi Frei Pestana morto por piratas muçulmanos em 21 de Janeiro de 1565. Em 15$1,também por
muçulmanos, foi morto na Ilh, Adorara o Frade Montanhas.



Refere ainda o autor que por contrato celebrado em
1642, Portugf
cedeu
a I1olánda as ilhas de
Bali e Lombok mas que
manteve Larantuca e Sikk Ambas nações ficavam com o direito de negociar com as
ilhas de Bima
(actue Sumbawa) e com Timor. Em.
1851, por acordo, Larantuka e Sika forar
entregues aos hoiandeses. ..
OÉCUSSI (20 de Dezembro 2003)


Oécussi também conhecido por Ambeno é um antigo enclave portuqu€ dentro do território de Timor indonésio. Hoje faz parte do recém-nascido
pai República
Democrática de Timor-Leste.



Tem o formato de meia-lua em que o diâmetro é a
costa, e a parte curo uma cadeia de altas montanhas que
formam um acidente geográfico natur~ que o separam de Timor Indonésio.



A pequena capital do enciave chama-se igualmente
Oécussi e foi a Sk
i de
distância, em Lifau, que oficialmente desembarcaram os
portugueses ei 1515 embora já por aqui
tenham andado desde 1509.



o sitio do primeïrá desembarque está devidamente assinalado com ui
pequeno monumento em alvenaria constituído por uma coluna encimada p( um escudo com as quinas. E um local muito
aprazível, arborizado e convidath ao descante. Ali dormi uma boa sesta
à sombra
de frondosas árvores. Fica monumento em cima
de uma pequena elevação de . areia, aparentemeni artificial. Chega-se ao cimo por alguns
degraus. 0 pequeno recinto é envolvk por um murete no qual estão apoiados dois
antigos canhões ..portuguese apontados ao mar.



Sou o único
inquilino de um hotelzInho inacabado- muito bem localizado beira do
mar, mas o quarto é tão quente que optei por levar o colchão para sala, pô-lo em cima
das mesas e é ali que
durmo.



• Salvo pouco excepções, os únicos carros que circulam em Oécussi das Nações Unidas.
que aqui têm forças de manutenção de paz e da Am
(A,ssc aço de Médicos sem
Fronteiras). Táxis ou motos para alugar també
não há e por isso
resolvi ir a pé até Lifau. Um carro com 3 polícias timorens+
levou-me até à pista de aterragem, a que chamam pomposamente aeroporto, dali prossegui a pé. Já próximo do monumento, uma
solitária carrini transportando na -caixa aberta dois timorenses e duas
cabras e na cabine u mestiço e o
seu filho, pararam e
levaram-me. 0 dono é o Sr. Manuel Pereira
Mota, agricultor,
descendente de portugueses (o
avô
era de Gaia), e toda vida viveu em Oécussi. Tem passaporte português mas nunca foi a Portuga Tem oito filhos. Manifestou o desejo de que este filho, que conduzia a carrinh vá passar alguns anos a Portugal, para que pelo menos haja alguém na
forni que conheça a mãe-pátria.








Chegados a Lifau e estacionada a carrinha subimos
alguns degraus na direcção do monumento. 0
Sr, Mota, visivelmente emocionado, afastou com a mão as folhas e pétalas amarelas caídas de frondosa árvore e, apareceu
no chão, escrita com seixos rolados do mar, a frase "Aqui é
Portugal"...



0 Sr. Mota lá seguiu á sua vida e eu fiquei por
ali a deambular, acabando por dormir uma
boa sesta à sombra das árvores que rodeiam o monumento. 0 regresso foi pe#a praia à procura de indícios de bancos de
coral, para
mergulhar e ver se confirma a opinião do Gula "Lonely Planei" de que,
nesta praia, o "Snorkling" é
espectacular. Os primeiros mergulhos não foram satisfatórios por os fundos serem de areia e as águas mexidas e turvas. Mais à frente
junto a urnas rochas havia grande abundância de corais quase à superfície da
água. Estava maré baixa e,
flutuando, quase se lhes pode tocar com a mão. Devido à minha condição isioa, ainda padecendo da garganta não pude explorar
outras zonas, mas pela amostra deu para ver que o_
bancos de coral são magníficos e intactos.
Como estão mesmo junto à costa, e no horizonte não se vê vivaima, quando o
turismo de massas chegar, cada um vai arrancar pedaços de coral e levar
para casa uma lembrança,..



Os corais da
praia de Oécussi são de multas cores: branco carrara, verde de várias tonalidades, azuis, vermelhos, castanhos e pardos, A debicar,
andam pelo meio dos corais peixes coloridos de
pequena dimensão,



Apenas quando cheguei à fronteira de Oécussi me
dei conta do muito tempo que me levou a
atravessar a Indonésia — um mês e meio! Como o visto que
obtive em Singapura era válïde para 30 dias fiquei à mercê dos oficiais da migração que queriam extorquir-me 20 dólares por
cada dia que estive no país alem do
prazo. Como o total dava a bonita soma de 220 dólares fiz também o meu
bluff ` pedindo a devolução do passaporte para voltar a Cupão tratar da
prorrogação do visto!,,,



Entre não "marrarem" nada e
"mamarem" pouco, decidiram-se pelo pouco e lá lhes dei 25 dólares acompanhados de uma bonita história de pretender
assistir à missa do galo em Dili, celebrada por Monsenhor Ximenes



Belo. Sendo todos católicos
apostólicos romanos ficaram muito sensibilizados e



convencidos de que eu era sacerdote,.. A solução encontrada foi andar
com o carimbo-calendário para trás e
carrnbar com a data de 5 de Dezembro, data em que o visto expirou. Uni funcionário indonésio acompanhou-me nos 200m
que nos separavam do posto timorense,
ajudando-me a levar um malote e, sem
que eu lho pedisse, defendeu ali a minha causa, justificando a discrepância da
data carimbada por querer ajudar-me
para ir a tempo de assistir
à missa de
Monsenhor Ximenes Belo..., sem nunca mencionar
os 25 dólares...



0 oficial; timorense carimbou o
passaporte com a data correcta de 16 de Dezembro.
Algum coca-bichinhos que venha a inspeccionar o passaporte vai pensar que demorei 11 dias a percorrer os 200 metros
que separam os dois postos fronteiriços... •



Na fronteira tive fogo provas da simpatia que
esta gente tem pelos portugueses. Um funcionário das
alfandegas, o franzino e delicado Sr. Eduardo Fernandes Maria (Alfândega de
Oécussi, Bobometo, Oesilo) Timor-Leste,



falando bom português, fez questão c-e me acompanhar e
ajudar a transportar
o
malote até sua casa, focalizada no primeiro povoado pouco além da fronteira.
Vitor mango
Vitor mango

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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Qua Jul 29, 2009 1:41 am

pagina 113

Solícito, preparou chá e chamou a mulher para me apresentar. É de Dili e está aqui em comissão de serviço há um ano. Casou com uma rapariguinha também catóflca, natural da Indonésia, do outro lado da fronteira. Têm uma filhinha de colo. Tiramos fotos que lhes enviarei.
A decrépita carrinha que me levou à capital do enclave, Qécussi, começou a descer as montanhas em direcçãõ ao mar e, apreciando lá de cima a paisagem, achei estranho muitas das casas terem telhados idênticos e novinhos, brilhando ao sol no meio da verdura. Sabendo da voragem destruidora das milícias pró-indonésias após o referendum, em que 80% da população timorense optou pela separação da Indonésia e pela independência total, fiquei logo a pensar que aqueles telhados novinhos e brilhantes, nada ccnd}zentes com os estilos das casas, seriam uma solução de emergência encontrada pela comunidade internacional, para dotar de um tecto as familias que perderam os seus lares devido à vingança incendiária dos que foram derrotados nas eleiçOes.
N~o foi preciso perguntar a ninguém para ter a confirmação das minhas desconfianças: Mais a baixo começaram a aparecer casas sem paredes, só com os pilares e os tectos, dentro das quais estavam as mobilias que se viam da rua. Ao longo das duas dezenas de quilómetros, até chegar à mmi cidade de Cécussi, todas as casas, sem excepção, tinham sido queimadas! Algumas já com os telhados novos da tal chapa zincada, ntas muitas outras em ruínas à espera de serem restauradas. Vê-se de tudo; casas de alvenaria com as paredes em pé em que telhado, janelas e portas foram consumidos pelas chamas, outras que terian sido de consfruç~o tradicional em como entrançado
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Mensagem por Admin Qua Jul 29, 2009 1:43 am

pagina 113 (')

Fiquei a pensar que talvez a “cidade” tivesse sIdo poupada e que esta tragédia tivesse sido levada a cabo apenas nos sftios mais ermos, mas à aproximação da cidade verifiquei que tudo estava igualmente ardida.. Ruas inteiras só com paredes escurecidas pelo fumo, sem telhados e onde a natureza pródiga começa a estender o seu manto verde com as p’antas a cobrirem as ruínas... O livro/guia Lonely Planet fala em 95% de destrulçào mas eu afirmo que a percentagem é 100%, pois em 3 dias de deambulaç~o ainda não vi nenhum edifício intacto. O que têm feito é pôr telhadõs de zinco em cIma das paredes que oferecem alguma segurança para alojar tempqrariamente pessoas e serviços. E no mínimo caricato ver casas de bela traça colonial que se imagina teriam belos telhados verrnelhos de telha lusa, com aqueles apêndices de zinco a encimá-las, descaracterizando-as.
Na ~cidade” apenas contei dois telhados de t&ha portuguesa intactos embora as divisões por debaixo deles estejam igua’mente ardidas. Provavelmente estes dois telhados estão assentes em placas de cimento e o fógo n~o se propagou ao vigamento e ripas.
Fui visitar os dois cemitérios de OéCUSSi, como é meu costume, pois petas lápides se pode aprender muito sobre o passado da cidade. O cemitério chinês fica a meia encosta, no caminho para o antigo forte português de Pata Suba, sobranceiro à cidade e apenas a 1,4 krn da praia. As lápides são bilingues (chinês e português) e os nomes são igualmente mistos do género ‘Fátima Chang Li de Sousa”. O cemitério católico é na pequena planície enta’ada entre o mar e os belíssimos montes que lhe ficam por trás, por onde se estende a aldeia-cidade. Ali encontr& duas famíHas em grande azáfama a construírem dois mausoléus~ O chefe de uma dessas familias de apelido Rosa, fala muito bem português e contou-me que durante os 25 anos de ocupação indonésia não era permitido falar português e exerciam represálias a quem o fizesse. Diz que sempre falou português com os filhos mas que devido à falta de prátíca estes n~o falam muito bem.
Multas das casas qu&madas, aparentam ter sido pertença de gente abastada pois têm logradouros para empregados, garagens, vestígios de bons jardins e outros Indídos de ali ter morado gente bem Instalada na vida. Perguntei ao Sr. Rosa onde é que estão os donos dessas belas moradias. Respondeu-me que a maioria estão por aqui, Instalados provisoriamente nestas casas com telhados de zinco ou em outras com telhados de coimo construídas para habitação temporária, até terem ccndiç~es de reconstruir as moradias p~1ndpais.
O Sr. Rosa é aposentado da Caixa Geral de Pensôes e recebe a sua pensão todos os meses, de Portugal. Pediu-me para levar urna carta para Portugal para a C, G. de Pens6es, para tratar da aposentação de um seu cO’ega.
Um outro grupo que enconirel no cemitério era mais popular, gente do povo. Os de mais idade falam português e um deles para me mostrar o seu amor por Portugat citou de cor os nomes dos principais rios portugueses, os nomes de várias serras como Estrela, Marào e Caldeirão, enumerando também as antigas Províncias ultramar~nas Portuguesas sem falhar uma, acrescentado à
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Mensagem por Admin Qui Jul 30, 2009 12:57 am

paginas 113.114.115

Solícito, preparou chá e chamou a mulher para me apresentar. É de Dili e está aqui em comissão de serviço h~ um ano. Casou com uma rapariguinha também católica, natural da Indonésia, do outro lado da fronteJra. Têm uma filhinha de colo. Tiramos fotos que lhes enviarei.
A decrépita carriylha que me levou à capital do enclave, Gécussi, começou a descer as montanhas em dtrecç~õ ao mar e, apreciando lá de cima a paisagem, acuei estranho muitas das casas terem telhados idênticos e novinhos, brilhando ao sol no meio da verdura. Sabendo da voragem destruidora das mili’cias pró-indonésias após o referendum, em que 80% da população timorense optou pela separação da Indonésia e pela independência total, fiquei logo a pensar que aqueles telhados novinhos e brilhantes, nada condizentes com os estilos das casas, seriam uma solução de emergência encontrada pela comunidade internacional, para dotar de um tecto as fam~ias que perderam os seus lares devido à vingança incendiária dos que foram derrotados nas eleiç~es.
Casa queimada em Cécussi
N~o foi preciso perguntar a ninguém para ter a confirmação das minhas desconfianças; Mais a baixo co?Tleçaram a apareder casas sem paredes, só com os pilarés e os tectos, dentro das quais estavam as mobilias que se viam da rua. Ao longo das duas dezenas de quilómetros, até chegar à mmi cidade de Qécussi, todas as cases, sem excepção, tinham sido queimadas! Algumas já com os telhados novos da tal chapa zincada, mas muiLa~ outras em ruínas à espera de serem restauradas. Vê-se de tudo; casas de alvenaria com as paredes em pé em que telhado, janelas e portas foram consumidos pelas chamas, outras que terian sido de consfrução tradtional em como entrançado


de bambu, das quais nada resta, apenas vestígios cio local onde estavam

~mpIantadas. — Uma desolação confrangedora.
Fiquei a pensar que talvez a “cidade” tivesse sido poupada e que esta tragédia tivesse sido levada a cabo apenas nos sftios mais ermos, mas à aproximação da cidade verifiquei que tudo estava igualmente ardido... Ruas inteiras só com paredes escurecidas pelo fumo, sem telhados e onde a natureza pródiga começa a estender o seu manto verde com as plantas a cobrirem as rulnaa.. O livro/guia Lonely Planet fala em 95% de destruição mas eu afirmo que a percentagem é 100%, pois em 3 dias de deambulação ainda não vi nenhum edificio intacto. O que têm feito é pôr telhados de zinco em dma das paredes que oferecem alguma segurança para alojar tempqrariamente pessoas e seMços. E no mínimo caricato ver casas de beÇa traça colonial que se imagina teriam belos telhados verínelhos de telha lusa, com aqueles apêndica de zinco a encimá-tas, descaracterizando-as.
Na ~cidade” apenas mnte~ dois telhados de telha portuguesa intactos embora as divisões por debaixo deles estejam igua’mente ardidas. Provavelmente estes dois telhados estão assentes em placas de cimento e o fógo não se propagou ao vigamento e ripas.
Fui visitar os dois cemitérios de Qécussi, como é meu COstUme, pois pelas lápides se pode aprender muito sobre o passado da cidade. O cemitério chinês fica a meia encosta, no caminho para o antigo forte português de Pata Suba, sobranceiro à cidade e apenas a 1,4 km da praia. As lápides são bilingues (chinês e português) e as nomes são igualmente mistos do género “Fátima Chang Li de Sousa”d O cemitério católico é na pequena planície entalada entre o mar e os belíssimos montes que lhe ficam por trás, por onde se estende a aldeia-cidade. Ali encontrei duas famílias em grande azáfama a construírem dois mausoléus. O chefe de uma dessas famílias de apelido Rosa, faia muito bem português e contou-me que durante os 25 anos de ocupação indonésia. não era permitido falar português e exerciam represálias a quem o fizesse. Diz que sempre falou português com os filhos mas que devido à falta de prática estes não falam muito bem.
Muitas das casas queimadas, aparentam ter sido pertença de gente abastada pois têm logradouros para empregados, garagens, vestígios de bons jardins e outros Indídos de ali ter morado gente bem instalada na vida. Perguntei ao Sr. Rosa onde é que estão os donos dessas belas moradias. Respondeu-me que a maioria estão por aqui, Instalados provisoriamente nestas casas com telhados de zinco ou em outras coçn telhados de como construídas para habitação temporária, até terem condiçôes de reconstruir as moradias principais.
O Sr. Rosa é aposentado da Caixa Geral de Pensões e recebe a sua pensão todos os meses, de Portugal. PedIu~me para levar uma carta para Portugal para a CL G. de Pensôes, para tratar da aposentação de um seu co~e9a.
Um outro grupo que enconirel no cemitério era mais popular, gente do povo. Os de mais idade fa’am português e um deles para me mostrar o seu amor por Portugal citou de cor os nomes dos principais rios portugueses~ os nomes de várias serras como Estrela, Marào e Caldeirão, enumerando também as antigas Províncias Ukramarinas Portuguesas sem falhar uma, acrescentado à
Usta a Madeira e os Açores. Ainda se lembrava” da revolução de 1640 em que corremos com os espanhóis “... e do nome do primeiro rei de Portugal...
Finalizou declarando orgulhoso — “ sabe, eu fiz o exame da 40 classe portuguesa e tínhamos de saber isso tudo...”
Para que ele soubesse que essas obrigações de aprendizagem eram recíprocas e que nós em Portugal também aprendíamos a geografia e a história das Provindas Ultramarinas, disse-lhe os nomes dos montes mais altos de limar — O Ramelau e o Tatamailau...
Este grupo com quem falei, sentados numa pedra tumular, era muito terra a terra e não tinha papas na língua: Sobre o que aconteceu em Timor durante os 25 anos de ocupação disseram que os indonésios menosprezavam tudo o que era português. Exemplos: Nas esquinas das ruas da cidade a palavra Rua foi substituída por Jalan; os escudos das quinas nos vários edifícios públicos foram caiados por cima (mas que agora, quando tudo for reconstruído que irão tirar a cal e as quinas vão ficar à vista outra vez...); que Os comerciantes muçuFrnanos de Makassar (capital do sul de Celebes e centro de irradiação islâmica) e de Java, quando vinham nos barcos a Oécussi vender os seus produtos3 aliciavam as pessoas mais necessitadas com presentes e dádivas para se converterem à fé islâmica. Tomavam nota dos nomes dessas pessoas para no futuro fiscalizarem se praticavam a religião e exerciam represálias caso não. Que davàm dinheiro e roupas com o mesmo fim, e que muítos maometanos se flxaram aqui. Todos fugiram coni medo de retaliaçtbes depois do Enclave ter sido incendiado. Hoje, Oécussi, disseram, é um dos 3 distritos de Timor-Leste onde se não encontra um único muçulmano...


ha duas fotos nao incluidas
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Mensagem por Admin Sex Jul 31, 2009 2:09 am

pag 116,117,118

Os comentários que teci antes neste Diário sobre as virtudes de alguns aspectos da colonização portuguesa quando comparada com a acção de outras potências colorilais (nomeadamente a holandesa e a inglesa),. n~o podia ter vindo mais a propósito. Citei na altura algumas preciosidades urbanísticas deixadas p&os lusitanos M5 4 cantos do Mundo (e nem sequer mendonei Ouro Preto, S. Luís do Maranh3o, flha de Moçambique ou a colónia de Sacramento no Uruguai) e poderia ter acrescentando à lista esta aldeia-cidade de Oécussi. Quando escrevi aqueles comentários estava em Cupão, capital do Ttrnor indonésio.. .e ainda não Unha visto esta pequena jÕ~a urbanística que é Oécussi.
Durante 45 dias percorri a maior parte da Indonésia, onde os holandeses pontificaram durante 3 séculos e meio. Não vi cidades, vilas ou aldeias com plano urbanístico que se compare com Oécussi. Vi, sim, a orla marítima obstruída e estragada com mamarrachos, casinhotos e ruas tortuosas, sem condições para os habitantes usufruírem da frente do mar. Quem não acreditar e ache que exagerã, aconselho que visite em Cupão a Avenida Marginal. (?) em frente ao Hotel Sus! ou a orla marítima em frente do Museu do Mar (do meu amigo frade Gabriel Goran) em Ende; ou a zona ribeirinha junto ao porto de Maumere, nas Flõres, ou ainda as várias pequenas cidades portúárlas de Sumbawa, Sarnatra e Java onde as frentes do mar s~o autenticas lixeiras, sem
monumentos nem edificações de vulto... -

Aos nossos pseudoJinte~ectuais t&o ávidos em louvaminhar os inteligentes e desenvolvidos nórdicos europeus, aconselho a que venham ver o que os ~atrazadinhos’7 portugueses fizeram em Oécussi, e que na realidade Mo é mais do que fizeram em muitas terras de Angola, Guiné1 Moçambique ou
Brasil. -
A propósito dos nossos intelectuais canhobs, permanentemente dispostos a denegrir a imagem de PortlJgalf o nosso passada e nossa história~
• sem falar nos arrebiques de linguagem que agora usam, metendo à força n
m&o das frases1 vocábuks ingleses (tlmfngs fe&tac*,~ kwN*~y&.) ~m
aspas nem itálicos, como se~ de palavras portuguesas se tratasse, vale a pena ~citar o autor/historiador fihipino Gregório Zalde, no seu llvro-~’The Philipinës — A tUnique Nadon~’, pãg. 85~ ‘~ felizmente, Pcvtk~’aI nunca ,ahnvu Ou
•c?/onizou as fll4oinas. Se nós tivéssemos ficado sob o jugo dos Pbftugueses, os :Ho/andeses mais tarde teriam tomado conta do paí~~ assim como tomaram ~.. conta &s ilhas das E~c~t%ziS em 1607 Os Hoh9ncleses &am cOlon&za491V5 ~rn ais cruéis do que Portugueses ou Espanhóis. Nem tão~ pouco estavam os ;~:flbmMt95es interessados em evangelizar os nativvs,i~ que considera vatii praticamente sub-hu/zypnos. Os Holanttes não se niiscenlzavam nem .,educavam as gentes:: das suas vián ias. Comparados çom as experiências ;1rolonh~is dos Ko/ande5es, Ingleses ou Franceses, os Bpailióis (e Portugueses) ~:4rani mais benignos e liberais nas suas colónias”

• O&ussi tem, ~o longo de toda a frente do mar, uma larga Avenida larginal arborizada,—~ue permite, a pé, de bicicleta ou de carro passear à beira
:~ar sem que nada estorve a vista do oceano. Entre esta avenida e o mar hà 3 ~tu 4 monumentQs cóm jardins a assinalar os vários períodos da vida da secular ~idade~a~deia q~ejífoi capita’ de Tirrior.


Percorrendo a Avenida, vêem-se do lada aposto ao mar, implantados em desafogados lotes de terreno bem arborizados, os edifícios públicos de bela traça colonial (agora queimados mas ainda dando ideia da anterior imponência), salientando-se a Casa da Administração com a sua bela e abundante colunata e escadarias com balaústres de pedra.. Sucedem-se ao longo da avenida, todos de frente para o mar, o quartel dos bombeiros, da polícia, o almoxarifado, o liceu, seguindo-se casas particulares. Perpendicularmente à praia e à Avenida Marginal, que venho mencionando, estão as ruas largas, de traçado rectilíneo, que acabam em outra avenida na base dos montes altaneiros que delimitam e cidade do lado Sul. Uma das ruas perpendiculares à praia dá ideia de ter sido destinada a espinha dorsal da cidade pois tem 2 faixas de rodagem, com separador central ajardinado e um monumento caiado dé branco num cruzamento central.
Nem o Marquês de Pombal ou Oscar Niemeyer teriam feito melhor... A Av. Marginal prolonga-se até Lifau (5km) onde está o monumento ao primeiro desembarque dos portugueses, tendo sempre casas espalhadas ao longo do~
•trajecto, mas todas do lado da terra; o lado do mar está livre para usufruto da% gerações futuras...
A aldeia-cidade tem condições para se desenvolver e expandir pois o seu plano foi feito com cabeça... A beleza natural envolvente também ajuda. De um lado o mar, do outro, muito próximos, os montes aguçados e cobertos de verdura que emolduram a cidade do lado indonésio. -
Foi com satisfação que vi um garfo e uma faca, ao porem a mesa para o almoço no único restaurante de Cécussi. Nos restaurantes da Indonésia nunca ‘pÕem facas nas mesas e durante os 45 dias que por lá andei sempre çomi com garfo e colher, quer se tratasse de pratos de peixe ou de carne. Várias vezes pedi uma faca e raramente o meu pedido foi satisfeito, pura e simplesmente põrque não têm facas! Só de cozinha!

Outras curiosidades — Das Flores para cá, talvez por predominar .a cMlização cristã, vi com alguma frequência rapazes com guitarras cíebaixo do biago ou tocando-as nos jardins-e nos barcos durante as travessias entre ilhas. NaTzona muçulmana da Indonésia não me lembro de ter visto~uma única güitàrra.
~t Tal como Flores e Timor-Leste, o Timor Indonésio é predoninantemente trJstão. Nas zonas rurais de Flores fazem as sepulturas junto às casas. Em ~1~mas zonas vêm-se autênticos mini-cemitérios de 3 ou mais campas nas liôrtas e nos quintais. Por vezês fazem alpendres em dma das campas e talvez ~rserem frescas, são utilizadas para a~ pessoas descansarem, s~itando-se ou :‘~ljjrmindo a sesta em cima delas...

t~~: A parte indonésia da Ilha de Timor tem mais influência portuguesa do quê o resto da Indonésia (com exclusão de Flores). Há mais palavras ~:~pottuguesas no vocabulário e segundo me dizem, também muita influência na ccfltrrària e nos costumesz~ Corno o Natal está à porta, por todo o lado há letj’dros desejando Boas-Festas comos dizéres ‘~Setamat Natal’Y


Outra curiosidade que notei foi o uso e abuso nas Flores e em limor Oeste de ‘1naperons”, toalhas e toalhetes bordados em ponto cruz, exactamente como era uso nas casas de província portuguesas de há poucas décadas.

No século XVI Timor era visitada periodicamente por comerciantes portugueses que iam em busca da madeira bem cheirosa — o sândalo. N~o havia estabetecimentos portugueses permanentes, nem aglomerados populacionais sob a sua autoridades Os comerciantes frequentavam os portos de Lifau, Cupão, Bahào, Diii, nas monções convenientes. Armavam as suas barracas de pau e folhas de palmeira e ali ficavam semanas ou meses até carregarem os seus barcos corri troncos da odorífica madeira, após o que regressavam a Solor, Lárantuca (Flores), Macau, Macassar (Celebes) ou Malaca. Em 1640, Timor estava ainda sem autoridade portuguesa. Haveria sim, como por todo o lado, aventureiros portugueses espalhados pela ilhaf mas disso n~o há registos A história da presença lusitana em Tinwr começou em Oécussl pois foí.aqu$ o primeiro estabelecimento pernianerite e sede admh’iistrauva. A capital. só mUdou para Dili no séc. XVIII devido aos frequentes ataques dos ~Topázios” (larantuquelros), inicialmente recrutados pelos portugueses nas Flores para os ájudarem a pacificar a ilha de Timor, mas que mais tarde se constituíram em força autónoma, guerreando ora os holandeses que se haviam fixaçio em Cupão, ora os portugueses de Oécussi.

DILI - É um espectáculo confrangedor passear pela cidade e observar a cada passo os estragos feitos pelo fogo. A capital de Timor tinha belos edifícios públicos e mansões privadas, tendo tudo sido alvo do archote das milícias indonésias. Desapontados com o resultado do referendum pelo qual os Urribrenses decidiram tornar-se um país independente e abandonar a união com a Indonésia, as tropas de ocupação, antes de abandonarem o país, resoLveram vingár-se e queimar tudo e que foi possível queimar. Tiveram nessa sinistra tarefa a ajuda de uma minoriaS de cidadãos timorenses partidkios da
•cõntiuação de limar integrado-na República cIa Indonésia, como- sua 29 próvíhcia. A percentagem dos qu~ votaram contra a independência foi-de cerca de2f1% e foi desse grupo de pessoas que saíram os incendiários que ájudaram os &dlitares indonésios, pela calada da noite, a queimar o país. Para bão serem ;C~)kéCidos e detectados deslocavam-se de umas terras para outras Wido lançar :osfoios longe dos seus lugares de origem. -~
Um dos sistemas utilizadas para Queimar as casas era regar o interior
• com1’~asolina e depois atirar urna granada pela janela...
O belo paládo do governador, edifícios públicos, bancos, a l~iblioteca, o ho~$tal, casas particulares, armazéns, oficinas, escolas, lojas, •;.. nada foi ~pouØado, nem mesmo as mài~ humildes palhotas. Passear pela cidade é muito depr4mente. Embora alguns prédios já tenham sido reconstruídos para
•às~urar os serviços essenciais, o que já foi feito não passa de uma gota de »~águ~’rto oceano!
T’d~ão sei se por estar traumatizada ou sé sempre foi assim, â população é poucotcomunicativa, tristonha, diria mesmo apática~ De muito menos agradável con*io do que na Indpné~a.. Dizem-me que sempre foram assim e que nada

$em aver com a tragédia qToe viveram recentemente
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Sáb Ago 01, 2009 2:43 am

pagina 119

Consignado na actual constituço da Republica de Timor-Leste e uso dã Iinigua portuguesa como língua oficial, juntamente com a principal li local o Tétum. Mas após 25 anos de ‘indonéslaçap, em toda a juver aprendeu a falar baasã-indonéslo é uma tarefa multe difícil e de resul tados ‘imprevisveis, voltarem a falar português. Há aqui 200 professores portugues espalhados pelos 4 cantos da ilha. lnidalmente leccionavam português escolas mas agora passaram a formar professores timorenses que por sua. irão posteriormente vão ensinar português.
As pessoas mais velhas e alfabetizadas antes da indonésios ainda falam porürguês razoavelmente. Outros grupos de pessoas que português,’independentemente da idade, são a classe polica os Intelectuais da classe média e’ ainda a comunidade religiosa.
No futuro próxino, se ao saírem da escola com conhecimentos básicos de português , os alunos não os uflizarem no dia a dia, vai ser esforço inglório Uma hoa maneira de fazer singrar a língua é haver empresas portuguesas cujos empregados tenham de falar português; cito o exemplo restaurantes e hotéis que estiverem nas mãos dos portugueses e cujos empregados falam,’ fluentemente a nossa língua. Se as farmácias as lojas, oficinas tiverem i€ nas màos de empresários portugueses. aí sim, os resultados deste esforço que está a ser feito pelo Estado Português, seria garantido. . -:
Os funcionários da Cooperacão PoItugusa residem num ,,especialmente construído para o efeito. Fui até. lá com o Or. Branco, ele … cooperante, que conheci num restaurante. As casas sâo multo confortáveis foram construídas em terrenos da Igreja. Quando terminar, a cooperas bairro reverte para a Igreja Católica.

O Que Diziam os Antigos sobre Timor ?
Todas estas vantagens da Natureza faz de pouco interesse carácter dos habitantes destas ilhas que são uns homens indolentes e q cultivam o ócio e os vícios com maior paixao, as mulheres são as que fazem quase todo o serviço domestico e campestre não se reservando os homens .mais que fazer pisar pelos gados as terras em q as mesmas mulheres hão de Irlançar a semente. . , , -
‘~‘~ ‘São portem os timorenses rijos e inclinados á guerra ainda que sumariamente tímidos e solares…são os melhores soldados
Estão muitas vezes 8 , 15 ..comer e a beber continuadamente mas passam tão bem igual tempo a alimentarem manjando somente as folhas betle com noz de areca.
Não treem nenhuma educação, os portueses lhes ensinaram o uso do fogo ainda ignoram o da serra e da verruma desbastam um pau para uma tábua e a furam com pregos em braza Sabem contudo o segredo de reduzirem a aro finíssimo o ferro mais ordinário
O maior obsequi q se lhes faz em bebida … Não há nestas ilhas direito de propriedade , os frutos são de quem os apmhar as plantas reproduzem pela natureza e poucas produçoesdos campos são de quem cultiva

O Restaurante Knimanbo (obrigado em moçambicano) an propriedade e de portugueses é dirigido por um moçambicano muito escuro
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Mensagem por Admin Dom Ago 02, 2009 3:52 am

pagina 120

descendência indiana e açoriana - o Sr. vila. É um verdadeiro mestre de relações públicas e quando se apercebe que alguns clientes têm algo em comum procura aproxirmá los. Foi o que aconteceu comigo e .com o Dr. Rui Branco, que trabalha na secção de cooperação da nossa Embaixada, e também com um casal de açodands, igualmente turistas de visita a limor. 0 casal esta em viagem nostálgica, pois o marido, Sr. Rocha (da ilha Terceira), cumpriu aqui o serviço militar como alferes, em 1973, e a esposa veio nessa altura ter com ele para casarem e ficou cá durante um ano. 0 Or. Branco proporcionou-nos um passeio muito interessante a Alleu, visitar os professores portugueses e brasileiros que ali estão colocados e ainda o quartel onde está urna companhia portuguesa. Fornos muito bera recebidos pelos militares. Bebemos cerveja no bar e o Sr. Rocha contou como era a vida no quartel há 30 aros, as diferenças que encontrou de então para agora e peripécias que se passaram durante a sua estadia. Manifestamente comovido, o casal procurou e achou a casa onde habitaram, durante um ano, três décadas ãtrás...
Aileu fica no interior, a 50krr de Dili. A estrada, sempre a subir, tem 650 curvas que o Sr. Rocha conhecia de cor e salteado, por a ter percorrido muitas vezes nesses tempos longínquos. As maiores mudanças que encontrou foi a -estrada ter sido asfaltada pelos indonésios e antigamente ser um autêntico túnel através de floresta virgem e agora... não ter árvores nenhumas...
O povo timorense é mu o fechado, tímido e pouco comunicativo.
- Perguntei se estas características seriam consequência do traumatismo que a destruição do pais lhes causou e todos (Roda, Branco e Ãvila) foram de opinião de que foram sempre assim.
• Devo confessar que gostei mais do povo indonésio e do tailandês do que dos tlmorenses. Muita gente na rua cumprimenta com um "bom dia senhor"` ou um "boa tarde senhor' mas sem o calor e o sorriso dos Indonésios e muito menos que taiiandeses ou balineses.
Bem sei que poderei estar a ser Influenciado pelo estado calamitoso de destruição em que o país se encontra mas a verdade é que Timor é de todo o Sueste asiático o país que visitei que menos me agrada. Salva se o portuguesismo da gente e o traçado airoso e inteligente das cidades que visitei — Oécussi, Manatuto e Dill. Em todas foi valorizada a frente do mar que tem belos passeios, jardins e edificios. Não tem qualquer comparação com o que os holandeses deixaram feito na Indonésia onde na realidade nem se nota que por ali passaram..,
cuPÃo era o ,nome português desta cidade que agora se chama Kupang e que é a capital do Timor Indonésio. Os holandeses fixaram-se aqui em 1653 quando tomaram um pequeno forte português aqui existente. A influência holandesa nunca foi muito além da zona abrangida pelos tiros dos canhões do forte, até que os "topázios' ou larantuqueiros" trazidos pelos portugueses das Rores e de Soaor para ajudarem na pacificado do interior da ilha, se constituíram em força autónoma e contêstaram a poder português, atacando Oécussi com frequência, não poupando igualmente os holandeses. Tendo marchado sobre Cupão e pretendendo capturar a cidade e expulsar os

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Mensagem por Admin Dom Ago 02, 2009 7:23 am

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holandeses, foram derrotados. Aproveitando a maré vencedora, os holandeses perseguiram-os, alargando a sua zona de influência a áreas tradicionalmente reivindicadas por Portugal. Ai se mantiveram durante séculos, até passarem o poder à Republica da Indonésia, já no Século XX.
. Lendo, falando e observando o que se passou nestas ilhas, a partir do Século XVI, e em outras de que o mar está cheio nesta zona do Mundo (a Indonésia engloba 20.000 ilhas e as Filipinas 7.000), sou levado a concluir que a influência linguística e religiosa dos portugueses deve ter sido enorme para ter chegado até aos nossos dias, não obstante termos . sido substituídos, por holandeses e ingleses. A diminuta base territorial e escassez de recursos humanos na Metrópole, para tão gigantesca empresa pelos 4 cantos do Mundo, foi compensada com o aparecimento de núcleos de portugueses mestiços, nossos naturais aliados. Falavam a mesma língua, tinham o mesmo credo e os mesmos inimigos. Eram gente que não estava estacionária; comerciavam de um lado para o outro, conheciam todos os cantos e recantos destes mares e a sua língua, o português, era a língua franca de todos os portos.
Se pensarmos que Malaca só caiu em mãos holandesas em 1641, vemos que desde 1500 os portugueses e os seus descendentes mestiços constituíam uma prodigiosa força que se ia multiplicando geração após geração. Tivemos mais de um século de avanço sobre as outras nações europeias e apenas éramos contestados pelos muçulmanos já que os habitantes professando outras religiões (inimistas, budistas e hinduístas) eram mais favoráveis ao trato com Portugal graças à acção dos missionários que os iam convertendo, construindo igrejas e transformando-os em nossos aliados. Tenho notado uma particular estima pelos portugueses da parte das populações cristãs que vou encontrando ao longo do trajecto.
Estou em Cupão, é sábado e as agências de viagem estão fechadas. Tive de me deslocar ao aeroporto para comprar o bilhete de avião para regressar a Bali . Fui de autocarro até ao cruzamento de acesso ao aeroporto e os 5 km restantes foram percorridos numa motocicleta com um polícia indonésio, que se prontificou a levar-me logo que soube que eu era português e católico. Comprado o bilhete, almocei no aeroporto e um outro polícia veio, de propósito, na sua moto, levar-me ao cruzamento, amabilidade_ igualmente dispensada por me ter identificado como católico e português. Também no cruzamento, enquanto esperava por transporte público de regresso à cidade, comi umas fatias de ananás em uma banca de fruta de beira de estrada. 0 irmão da dona da banca, de nome Benni-Dju, que tal como eu, regressava à cidade de autocarro, deu mostras de muito contentamento quando soube que eu era português... e quando me perguntaram qual a minha religião e disse ser católico, a dona da banca saiu detrás da sua tosca barraquinha tropical e veio, efusivamente, apertar-me a mão... Regressei com Benni-Dju a Cupão de autocarro e, apesar do calor, não pude esquivar-me a ir à sua modesta casa beber um refresco cor-de-rosa adocicado e conhecer a sua velha mãe, mais uma irmã e a esposa...
Tenho a certeza de que todas estas manifestações de simpatia não teriam lugar se eu fosse holandês ou inglês...
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Mensagem por Admin Ter Ago 04, 2009 9:32 am

pagina 122

Ha qualquer coisa no nosso trato com as gentes de outras nações que nos torna bem-vindos, mesmo quando há razões para se esperar que seríamos mal-amados.
0 sociólogo brasileiro Gilberto Freire chamou-lhe lusotropicalismol
Uma historieta/anedota, dos tempos da escola, talvez seja mais eloquente em explicar este fenómeno luso - tropical: "Era uma vez, ... em África, um inglês e um português. Cada um tinha o seu criado preto a quem tinham encarregado de fazer determinada tarefa.
0 inglês passou pelo campo, pelo local do trabalho e verificou que o preto pouco tinha feito e estava deitado à sombra da bananeira a curtir uma bela sesta... e disse-lhe: - olha rapaz, você não está a cumprir a sua obrigação, o trabalho não está feito e eu vou ter de pensar no castigo que lhe vou dar... "I am ver' shocked! ..'. E agora a vez do português chegar ao local de trabalho do seu empregado e apanhá-lo a ressonar debaixo da bananeira, com o trabalho por fazer. A boa maneira portuguesa dá-lhe uma surra acompanhada dos habituais palavrões...
A história continua porque todos têm de regressar a casa atravessando de almadia um rio infestado de crocodilos. 0 inglês vai sentado à proa chupando o seu cachimbo e o preto que empurra a embarcação com uma vara, desequilibra-se e cai à água... 0 inglês impávido e sereno dá mais uma chupadela, pega na vara e empurra a canoa para a margem, de onde lança, de soslaio, uma mirada à tona das águas para se certificar se o criado ainda bóia ou se já está no papo dos crocodilos... Aborrecido com o contratempo, olha ainda para o relógio, não vá chegar atrasado para o wh/sky que combinara beber com o vizinho...
0 portuga quando vê o seu criado cair é água nem sequer pensa nos crocodilos: mergulha e ajuda o criado a salvar-se. Ambos regressam a casa e com uma boa jantarada, regada com gostosa "pinga de Lisboa", festejam estarem vivos e uma amizade se cimenta para... todo o sempre! Será isto o lusotropicalismo de Gilberto Freire?...
Bali é uma espécie de cordão umbilical de Timor-Leste, no que respeita a ligações aéreas. É por Bali que passa quase toda a gente que de avião ou barco se dirige a Timor. Darwin, no Norte da Austrália ,também é utilizada, mas encarece as viagens porque são muitos quilómetros a mais para sul.
Ontem ao comprar um bolo numa pastelaria de Kupang descobri mais uma palavra portuguesa no vocabulário de Timor Ocidental: Queijo, que eles pronunciam Kêjú.
De tudo o que vi, neste Oriente da Indonésia, dá-me a ideia de que a nossa influencia nesta zona do Mundo poderia ter ido muito alem de Timor Leste, que foi o que restou da nossa expansão do4séc. XVI. A existência de "portugueses pretos" por todo o lado, formando núcleos católicos de fala portuguesa, sentimentalmente ligados a Portugal (Solor, Flores, Malucas, Timor, Celebes, Adoriara, Lembata etc.) são disso prova. Ainda hoje esses laços se mantêm e eu tenho disso provas a cada passo: 0 rapaz que conheci em Nusa Dua (Bali), originário de Manado, Norte de Celebes, que quando soube que eu era português me levou a sua casa tomar chá e pnasenteou-me com um
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Mensagem por Admin Ter Ago 04, 2009 9:33 am

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dicionário português-baasa; A freira em Ledalero, Flores, que quando soube o meu apelido exclamou — Aleluia, eu também sou Da Gomes; O guia turístico Juventus Fernandes, que em Labuan Bajo (ilha Sumbawa) me convidou para a sua modesta casa para conhecer a sua família cristã/portuguesa! Etc., etc.
Por outro fado o fulgor e pujança -com que os holandeses se atiraram às possessões portuguesas de África, Brasil e Oriente depressa se desvaneceu. Enfraquecida pelas lutas contra Inglaterra, Espanha e Portugal e contra os régulos dos territórios que controlava, a Holanda breve entrou em decadência, ao ponto de, a determinada altura, a sua guarnição em Cupão constava apenas "de 2 soldados andrajosas que há muito não recebiam vencimento".
Por acordos mal negociados na Europa entregamos aos holandeses VerBali e Solor. A ilha das Flores foi-lhes vendida por 80.000 xerafins, por um negociador português... ( que meteu o dinheiro ao bolso e ... desapareceu).
Fiz a viagem de avião (2 horas) de Cupão (Timor Oeste) para Bali e, lá •de cima, entretive-me a apreciar a linha de costa das ilhas Sumbawa e Lombok que há poucas semanas atravessara, por terra, no sentido oposto. Depois de aterrar em. Dempasar (capital de Bali) e de vencer a muralha humana de taxistas, motociclistas e outros prestadores de serviços que sempre assediam os .turistas à chegada, tomei transportes públicos para Ubud, o que não foi fácil, pois, apesar da curta distância tive de mudar de veículo 3 vezes.
Ao .apear-me no centro de Ubud fogo um homem ofereceu alojamento próximo do centro da pequena cidade. Fui ver, sem compromisso, e não podia ficar instalado mais a meu gosto. E um pequeno chalé independente, dentro de uma área cercada por alto muro onde há mais casinhas particulares, templos e altares tudo pertencente à mesma família. A vegetação é exuberante e há dezenas de gaiolas com rolas e outros pássaros que conjuntamente com outras aves que andam em liberdade executam sinfonias ininterruptas. Os balineses são muito silenciosos, incluindo as crianças, e como as casotas têm aspecto de templos dá a ideia de que estou num convento. Num templo aqui em frente, do outro lado da rua, onde ensaiavam músicas para um próximo festival, procurei informar-me sobre os princípios básicos da religião hindu-balinesa e parece que a reincarnação é a chave de toda a crença: - Se o indivíduo se porta bem nesta vida, na próxima reincarna num ser superior e privilegiado; se pelo contrário se porta mal e faz coisas que não deve, na próxima vida pode reincarnar num bicharoco qualquer, repelente ou rastejante, numa lombriga ou oxiúro e ter uma vida desgraçada... Passar a próxima vida metido no corpo de uma ténia, não deve ser melhor do que arder no fogo do inferno católico...
No preciso momento em que escrevo estes apontamentos na varandinha do pequeno chalé, uma . mulher balinesa, trajando o tradicional "sarong" percorre o jardim depositando entre os canteiros de flores, nos degraus ou nos enormes vasos talhados em pedra vulcânica, pequenos rectângulos de folha de bananeira contendo oferendas para os Deuses.. Num tabuleiro redondo feito de folhas de coqueiro entrelaçadas, traz duas dúzias de quadradinhos de folha de bananeira que vai depositando aqui e alem. Quando a mulher sai do quintal levanto-me e vou inspeccionar o quadradinho que ela depositou, no chão, entre os lírios que bordejam a varandinha do meu chalé. O pedaço de folha tem em cima uma pitada de arroz branco cozido, polvilhado com um pó amarelo
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Mensagem por Admin Qua Ago 05, 2009 9:54 am

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parecido com pólen... Próximo estão idênticas oferendas postas nos dias anteriores. Entretanto aparece o meu senhorio que explica que sempre que na cozinha se faz qualquer comida se deve pôr um pouco dessa comida de lado para distribuir pelo quintal, para alimentar os espíritos (que afinal são atados, pois a passarada desce das árvores e debica nos grãos de arroz). Por isso há tanta passarada nos quintais...
Sempre que as panelas fumegam as aves já sabem que vão ter o seu quinhão. Quanto ao pó amarelo com que o arroz é polvilhado, trata-se de coco ralado muito fino, colorido artificialmente...
Aqui em Ubud passou-se algo que considero extraordinário e que demonstra bem a importância das comunidades ditas „portuguesas" na Indonésia. Antes de falar do que se passou e que me deixou boquiaberto, quero referir a existência de um tipo de restaurantes muito populares em todo o país a que chamam restaurantes "Padang"
• Um restaurante "Padang" é um sítio onde se come comida típica de Samatra, apresentada na vitrina em grandes bacias de esmalte. Cada bacia tem um tipo de comida já cozinhada e o cliente indica aquilo que lhe apetece. Uma bacia tem peixe, outra galinha, outra vaca, vegetais, vários tipos de molhos, legumes e assim por diante. Padang é o nome de uma cidade na costa sul da Ilha de Samatra, a grande "Ilha da Abundância", que deu o nome a este tipo de restaurantes. São estabelecimentos populares, económicos e neles não se corre o risco de comer comida retardada porque têm muito movimento.
Saí para jantar procurando pelas ruas de Ubud um restaurante "Padang". Como é zona de muitos turistas só havia restaurantes para turistas "Bulés". Pedi ajuda a dois homens de meia-idade sentados nos degraus de uma loja. Depois de me explicarem o caminho para o restaurante "Padang" mais próximo, lá veio a pergunta sacramental:
-Where are you from?
- I am from Portugal, respondi.
Notei incredibilidade no meu interlocutor, que sorriu e ripostou:
- You are not Portuguese! You are a white man, you are from Europe. - Yes, I am white, I am from Europe and also 1 am from Portugal.
0 homem parecia meio baralhado e confuso, mas o amigo, mais esclarecido, lá o socorreu explicando que havia dois tipos de portugueses — ©️s portugueses mestiços da Insulindia e os portugueses brancos da Europa... Que os da Insulindia eram descendentes dos antigos navegadores que vieram de Portugal...
Para o amigo eu fui o primeiro português branco que ele viu, pertencente a uma nação que ele nem suspeitava que existisse. Para ele, até ao momento da nossa conversa, portugueses eram homens de raça malaia como ele, com as únicas diferenças de que eram cristãos e tinham nomes esquisitos como Silva, Fernandes, Rosário, Ferreira, Gomes...

Para o que eu estava guardado! Andar pelos Mares do Sul a servir de amostra da tribo que habita a... Ocidental Praia. Lusitana...
Continuo a constatar que os maometanos não dão tréguas às comunidades de outras religiões que vivem no seu seio. Seja pela transferência de populações islâmicas para as zonas onde há cristãos, budistas ou induistas, seja pela via administrativa causando dificuldades ao regular funcionamento das instituições dos "infiéis".
Em um templo hindu-balinês localizado próximo do meu alojamento, em cujo adro havia grande azáfama a preparar o recinto para uma festa ao ar livre, fui informado por um rapaz, que os mouros tinham querido erigir uma mesquita em Ubud, mesmo não havendo aqui residentes de credo maometano, mas que a população se opôs.
SURABAYA (2-1-2004) - Entrou o Novo Ano e aqui estou de regresso a Java para apanhar o barco que me há-de levar à Ilha Celebes (Sulawesi). Poderia ter apanhado barco em Bali directo para Celebes pois parte um amanhã, mas vai tocando em muitas ilhas, algumas já minhas conhecidas e seria muito moroso.
Pela experiência que tive na última travessia. de Larantuca (nas Flores), tocando em Kalabahi (Alor) e depois em Cupão (Timor Ocidental), aprendi .que não se deve pôr o pé no barco sem primeiro comprar um bom farnel e abundância de água. Assim, saí para jantar e fazer compras para a viagem de barco e confirmei mais uma vez que na Indonésia não vale a penas poupar. Comprei 1kg de tangerinas de Israel; uma embalagem de tâmaras de Marrocos; uvas e maçãs da Austrália e ainda um pacote de bolachas e uma dúzia de pãezinhos de leite, tudo por apenas 3 euros... e, já me esquecia, do litro e meio de água mineral! ...
Tenho andando adoentado (desta vez é a bexiga) e por isso a passagem de ano foi calma, sentado na areia da praia de Kuta-Bali, no meio da multidão a ver o fogo de artificio lançado sobre o mar e a ouvir tocar as cornetas de papel que é o grande entretém desta gente nas ocasiões festivas. Nem me encontrei com a minha amiga Astiti ni Ketut, que estou certo ficaria muito feliz por me ver. Acho que a bexiga se ressentiu por ter ingerido pouca água durante a tomada dos antibióticos para curar a garganta e o pescoço. Tomei agora uns comprimidos dos que trago na minha caixa de medicamentos e tenho bebido 2 litros de água por dia e parece que estou a arribar. Pensei mesmo em interromper a viagem e regressar a Portugal mais cedo. Seria uma pena, estando aqui tão perto, não ir visitar Celebes, Molucas, Papua e Filipinas. Vamos ver se a saúde me deixa prosseguir a peregrinação.
. . Mesmo a bordo do Kirana, um dos muitos navios que faz ligação entre Java e Celebes, a religião muçulmana não dá tréguas. As cinco da manhã, com toda a gente a dormir nos cadeirões reclináveis ou em colchões portáteis de aluguer que cada um coloca no chão onde lhe aprouver, a aparelhagem sonora quebrou o silêncio e o sono dos passageiros e as ondas do som da voz gutural do ímã encheram todos os recantos do navio!
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Mensagem por Admin Qui Ago 06, 2009 12:13 pm

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Ë uma prepotência da religião impor-se desta maneira no dia a dia e no bem-estar das pessoas. Soergui-me do meu colchão alugado, para ver a reacção dos crentes e fiquei admirado por ninguém se mexer. Tudo ficou na mesma; ninguém se levantou ou fez menção de rezar. O imã lá ficou durante meia hora a gritar estridentemente Allah Akbar, a que se seguiram rezas e um sermão... Quanto aos passageiros ninguém se mexeu e continuaram todos a dormir ou a fingir que dormiam.... Aqueles com quem falei na véspera todos professam a religião de Mafbma o que não admira pois o barco faz a ligação entre dois bastiões tradicionais do Islão: Surabaia e Makassar. A primeira é o maior porto da Indonésia. Makassar é a capital do sul da Ilha Celebes, e desde o séc. XV tem sido um centro de exportação da fé islâmica para as ilhas em redor cujos habitantes ainda praticavam as religiões tradicionais.
Esses gentios, uma vez convertidos a uma das duas grandes religiões monoteístas, já eram difíceis de reconverter... Os missionários cristãos tentaram converter "gentios" que já tinham tido primeiros contactos com o Islão e acharam a tarefa muito difícil.
Isto é confirmado pelo extracto do texto de uma Mercê concedida por Filipe I de Portugal a António de Andria: "O capitão de .So or (que era então António Viegas), desejoso de tomar vingança dos levantados desta ilha (por terem morto o padre cristão e seu ajudante), logo se fez prestes e passou a ela com todas' os soldados que havia na terra, e deu na dita aldeia, onde matou quantos foram achados, e queimou e anasou toda a povoação, e tomou para Solar. Isto feito acabou o seu tempo de capitão e sucedeu-lhe no cargo António de Andria, o qual sabendo depois que havia ainda naquela ilha (de Ende) muitos culpados na morte do padre que escaparam do primeiro encontro, teve tal ardil que por manha prendeu e enforcou a todas, assim por seu castigo como para exemplo dos mais gentios, e também por estes serem de má casta e procederem de mouros, que facilmente se levantam e deixam a fê, o que não têm outras mais castas de gentios que há por estas ilhas já convertidos, porque os mais deles são muito bons fiéis cristãos p(18 Março 1593).
Voltando ao barco Kirana em que faço a travessia deste Mar Austral (como lhe chamavam os navegadores quinhentistas), depois daquele impiedoso choque da estridente voz do imã as 5h da manhã, voltou o silêncio e tudo continuou na mesma — dormindo e ressonando — pelo que se vê que aquela violentação não faz qualquer sentido. Ainda por cima vim a saber que afinal não é o imã que faz o chamamento e as rezas, pessoalmente, mas que se trata de uma fita gravada.., e o mesmo se passa com os altifalantes das mesquitas às três e meia da madrugada... E eu, ingénuo, a pensar que era a devoção e fé dos sacerdotes islâmicos que os fazia levantar a essas horas matutinas e dirigirem-se às mesquitas para o tal chamamento. Afinal não passa de cassete com as orações gravadas e, quiçá, os cavalheiros ficam no quentinho da cama, enquanto acordam toda a cidade com seus gritos...
Aqui no navio, a dose de Allah Akbar foi repetida ao meio-dia e outra vez às 16,00 horas. O barco chega a Macassar à meia-noite. Vamos ver quantas mais Vezes vão ser desligadas as televisões dos salões e a música mundana, para ouvir os chamamentos para as rezas...

MAKASSAR - é o porto mais importante da ilha Celebes (Sulawesi em indonésio) e era muito frequentado por navegadores portugueses no séc. XVI e XVII. Vinham aqui comprar arroz e ouro.
Após a perda de Malaca para os holandeses em 1641, uma numerosa comunidade portuguesa transferiu-se daquela cidade para Makassar. Quando em 1660, os holandeses ocuparam também esta região, o número de portugueses residentes na cidade ascendia a dois mil (provavelmente muitos deles seriam mestiços).
O nome Sulawesi, no singular, dado pelos indonésios a esta ilha, porque apenas de uma grande ilha se trata, fez-me cogitar se o nome europeu que se lhe dá — Celebes — não estará incorrecto, tal como a Ilha Maurício, no Indico, a que agora chamam Ilhas Maurícias.
As Ilhas Celebes como são chamadas na Europa, são apenas uma ilha com um formato esquisito de um polvo com 4 pernas muito compridas, cada uma se estendendo pelo mar fora muitas centenas de quilómetros. Na ponta de uma das pernas que se estica na direcção de Java fica a cidade de Makassar, centro de irradiação islâmica e grande entreposto do comércio de especiarias muito disputado pela Europa no séc. XVII. Na extremidade oposta, que aponta na direcção das Filipinas, está Manado, capital do Norte de Celebes e centro da cultura cristã.
A razão principal porque os visitantes estrangeiros vêm actualmente a Celebes é para visitar a zona montanhosa de Tana Toraja cujos habitantes apesar de terem abraçado o cristianismo conservam certas tradições religiosas antigas que praticam a par dos rituais cristãos. 0 seu muito amor à carne de porco fez com que nunca se tivessem convertido ao islamismo apesar das muitas tentativas dos mouros de Makassar. A paisagem de Tana Toraja é lindíssima. Tem altas montanhas cujos flancos estão ocupados por socalcos de arroz à mistura com cafezais, floresta e muitos maciços de bambus, que aqui atingem tamanhos gigantes. Outro atractivo são os silos para guardar o arroz, autênticas obras de arte que estão presentes em todo o horizonte, para onde quer que se olhe. 0 formato dos telhados é inspirado na cabeça e nos cornos dos búfalos d'água, que é o animal aqui mais venerado pois dele obtêm o leite, a carne, o trabalho e as peles para curtir. As extremidades dos telhados dos silos elevam-se para o céu, em curva, adelgaçando-se nas pontas e as paredes testeiras são integralmente feitas de madeira talhada em baixos relevos, a maioria com desenhos geométricos mas também com representações de animais domésticos, sobretudo galos e búfalos d'água. Os baixos-relevos são pintados com cores vivas, meticulosamente, seguindo os desenhos talhados na madeira. Conforme a prosperidade do agregado familiar e a quantidade de arroz que produz, assim varia o número de silos. Alguns lavradores têm 6 e 7 silos enormes, lindíssimos, alinhados tais sentinelas, no terreno próximo da habitação, com seus telhados altaneiros recurvados, apontando para o céu.
Alguns silos são ainda decorados com cabeças de búfalos embalsamadas ou suas reproduções em madeira; outros exibem dezenas de cornaduras dos búfalos abatidos ao longo dos anos, empilhadas umas sobre as outras e amarradas a uma coluna trabalhada e pintada que suporta a frente do telhado.
Por norma procuro tirar poucas fotos durante a viagem porque cada rolo revelado, acrescenta alguns gramas de peso à minha bagagem, mas não resisti

à paisagem de Tana Toraja. Tendo ido com uma guia turística feminina — Kris - em transporte público até ao alto da montanha, fizemos a pé o trajecto do regresso à vilória de Rantepao, na parte baixa do vale, que é onde estão localizadas as pensões, hotéis e demais infra-estruturas. Um passeio de 15km, sempre a descer, no qual gastei um rolo inteiro de 36 fotos.

Silos de arroz de fazendeiro rico
Na descida visitamos sepulturas cavadas na rocha, em locais de difítií acesso, por causa dos salteadores de túmulos. Tal como os faraós do Egipto, os Tana Toraja acreditam que os mortos levam consigo "na grande viagem" os utens1ios, dinheiro e outros bens que sejam colocados junto dos corpos dos defuntos, no local da sua sepultura. Como os ladrões roubavam esses bens, começaram a procurar locais de difícil acesso como escarpas e rochedos monolíticos arredondados, que por aqui existem em abundância, neles abrindo buracos, autênticas câmaras funerárias, onde são colocados os cadáveres e os bens que os acompanham.
Q quadrado ou rectângulo de entrada para as sepulturas é fechado com um postigo de madeira trabalhada em baixos relevos pintados, sobre o qual é colocada (algumas vezes) uma fotografia ampliada do sepultado ou uma escultura de madeira reproduzindo as feições do defunto, em tamanho natural. A estas esculturas fúnebres chamam "Tao-Tao". Estes "Tao-Tao" são muito procurados pelos negociantes de antiguidades, por isso encontram-se mais facilmente nos antiquários do que junto das sepulturas... A meio da descida, na aldeia de Pana, visitamos ainda "as sepulturas suspensas das crianças" cavadas Igualmente em uma escarpa inacessível (nem sei como é que os cabouqueiros conseguiram chegar a certos locais da escarpa para abrir as cavidades na rocha!..)[/size]
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Mensagem por Admin Dom Ago 09, 2009 3:29 am

pagina 129..130 ...no original ha tres fotos

Hoje em dia há um tipo de turismo ecológico muito em voga que consiste em ir para determinada zona onde haja caminhos e carreiros para passear a pé no meio da natureza. 0 Nepal por exemplo e a Ilha da Madeira (com os trilhos ao longo das levadas) têm neste tipo de turismo um dos seus principais trunfos promocionais. Tana Toraja é dos sítios mais interessantes para "trekking" não só pelas belas paisagens, pela incrível beleza e exotismo dos silos de arroz, mas ainda e sobretudo por um espectáculo único a que os turistas têm acesso com a maior das naturalidades, embora se trate de rituais religiosos íntimos: São as cerimónias fúnebres, que duram vários dias, mas que nem sempre o visitante tem a sorte de presenciar pois os cerimoniais das pessoas ricas e importantes não acontecem todos os dias. Eu tive essa sorte e embora o festival dure vários dias, apenas presenciei o segundo dia pois o tempo começa a escassear e tenho de acelerar o passo para regressar a Portugal antes de Março, a tempo de .apanhar as pinhas do pinhal (pinheiros mansos que produzem o pinhão) que eu próprio plantei há 35 anos (!...)


Silo de agricultor pobre
0 ritual fúnebre que presenciei desenrola-se num terreiro no alto de uma colina, enfeitada com frondosas árvores, na base da qual tem muitos terraços de arroz repletos de água, quais espelhos a brilharem ao sol.


Bailarinos lêem com curiosidade o meu guia "Lonely Planet"
Eram dois os defuntos: Um abastado agricultor e o seu genro cujos falecimentos tiveram lugar há mais de um ano, Os funerais não se fizeram há mais tempo porque a família teve de juntar o dinheiro necessário para os festejos. Algumas famílias com menos recursos chegam a guardar os corpos em casa durante uma dezena de anos (impregnados em formol) até conseguirem juntar a suficiente fidúcia. Eu acredito bem na necessidade dessa espera porque o arraial que vi montado no terreiro, no alto da colina, não se faz com cascas de alhos... mas com muitos milhões de rupias! Consta de extenso telheiro em forma de U, cujo piso de madeira, elevado 50 centímetros acima do solo, foi forrado com esteiras e dividido em salas com capacidade para 30 pessoas. Cada sala tem em seu redor uma, bonita balaustrada de bambus, forrada com faixas de tecido típicas da região, tecidas em teares manuais. Os balaústres são baixos de modo a permitirem que as pessoas sentadas nas esteiras possam ver as funções que se desenrolam no terreiro. As salas estão numeradas de 1 a 45 (...) para os convidados puderem encontrar facilmente o seu lugar de repouso e observação. No pátio interior, envolvido pela longa
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Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel  Poças Gomes - Página 5 Empty Re: Primeira viagem ao Oriente ..ediçao vagueando e inedita .... - Por Jose Ezequiel Poças Gomes

Mensagem por Admin Dom Ago 09, 2009 11:03 am

pag 131 e 132
Bailarinos lêem com curiosidade o meu guia "Lonely Planet"
Eram dois os defuntos: Um abastado agricultor e o seu genro cujos falecimentos tiveram lugar há mais de um ano. Os funerais não se fizeram há mais tempo porque a família teve de juntar o dinheiro necessário para os festejos. Algumas famílias com menos recursos chegam a guardar os corpos em casa durante uma dezena de anos (impregnados em formol) até conseguirem juntar a suficiente fidúcia. Eu acredito bem na necessidade dessa espera porque o arraial que vi montado no terreiro, no alto da colina, não se faz com cascas de alhos... mas com muitos milhões de rupias! Consta de extenso telheiro em forma de U, cujo piso de madeira, elevado 50 centímetros acima do solo, foi forrado com esteiras e dividido em salas com capacidade para 30 pessoas. Cada sala tem em seu redor uma bonita balaustrada de bambus, forrada com faixas de tecido típicas da região, tecidas em teares manuais. Os balaústres são baixos de modo a permitirem que as pessoas sentadas nas esteiras possam ver as funções que se desenrolam no terreiro. As salas estão numeradas de 1 a 45 (...) para os convidados puderem encontrar facilmente o seu lugar de repouso e observação. No pátio interior, envolvido pela longa



construção de bambu em forma de U, tem apenas 2 construções: Uma tem seis salas, idênticas às 45 que referi para os convidados, onde se instala e repousa a numerosa família dos defuntos e os parentes mais chegados. A outra, um alto ia andar, também de bambu, tem no piso superior os caixões com os corpos dos dois falecidos, envolvidos em vistosos panos coloridos. Não há escadas ou qualquer outro meio para lá se chegar, significado isto que os mortos já estão fora do alcance dos vivos.
Cerca de 60% do terreiro está ocupado com porcos pretos de vários tamanhos, estrebuchando no chão, cada um deles amarrado a dois grossos paus de bambu, um ao longo do dorso e outro por debaixo da barriga, ambos colocados longitudinalmente. O bambu inferior tem o comprimento do corpo do suíno, mas o de cima tem mais um metro para cada lado, para o bicho poder ser transportado aos ombros de dois homens. Os porcos são muito gordos, como aliás são todos os bichos que se vêem nesta região, talvez devido à fertilidade dos solos e à prodigalidade da natureza nestas latitudes.
Além dos porcos, as oferendas dos convidados consistem de búfalos gordíssimos que ficaram amarrados a árvores na base da colina, prendas de açúcar, tabaco, roupa etc. De todos as prendas foi tomada nota minuciosa para a família dos defuntos saber o valor a oferecer em retribuição, quando no futuro alguém da família ofertante falecer.

Não há uma ponta de tristeza em nenhum dos presentes e toda a gente se comporta como se de uma festa alegre se tratasse. Fui o único europeu ou turista presente e tive acesso a todos os recantos das instalações, tendo sido convidado para me acoitar da chuva nas instalações dos familiares dos mortos, no centro do terreiro.
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