MODAS

Modas


29/07/09 00:03 | Vítor Gonçalves



A gestão é uma das invenções importantes da humanidade. Sem as técnicas, os modelos e os processos, que no último século foram desenvolvidos, não haveria o desenvolvimento económico e social que hoje existe.
Contudo, como G. Hamel chama a atenção num artigo recente, os principais avanços científicos na gestão ocorreram já há anos. Depois de um progresso muito rápido na primeira metade do século vinte, o ritmo da inovação tem vindo a desacelerar. Estamos numa fase de maturidade.
Se associarmos este aspecto ao contexto de crise que se vive e perspectiva para o futuro, pelo menos a curto prazo, estão criadas as condições para um reacender da divulgação das "modas" na gestão. Tema sobre o qual já escrevi anteriormente.O conceito de moda representa algo de moderno, de novo, mas também transitório. A moda implica também alguma exclusividade. Apenas uma parte de um colectivo pratica a moda. Se toda a gente começar a adoptá-la, isso implica o seu fim.
As modas também podem ser úteis para ajudar a mudar organizações. Tendo como referência o que é moda, novas práticas podem ser tentadas e empresas adormecidas podem ser revitalizadas. Esperando-se que as mudanças introduzidas as tornem melhores. Há quem utilize a "alta costura" e o " pronto-a-vestir" para descrever o papel da metáfora da moda na produção e difusão de ideias e práticas de gestão. Assim, teremos primeiro os últimos modelos (" alta costura ") produzidos no mundo académico e nas principais consultoras, exibidos nas passarelas restritas e acessíveis apenas a algumas empresas.
Posteriormente versões populares ("pronto-a-vestir") serão difundidas pelas revistas de negócios. Estas publicações traduzem teorias e ideias produzidas no mundo académico e nas grandes consultoras para o mundo da prática, de forma compreensível para as massas. A moda é assim traduzida em modelos e técnicas de mais fácil utilização na prática empresarial. Nas últimas décadas, as modas na área da gestão têm proliferado e tido uma elevada disseminação. Quem não ouviu falar em ‘benchmarking', gestão pela qualidade total, ‘empowerment', ‘downsizing', reengenharia? - apenas para citar alguns exemplos. A verdade é que algumas modas não têm qualquer fundamento científico, ou são meros chavões terminológicos, ou às vezes são velhos conceitos com novas designações. Aos empresários e gestores portugueses recomendo uma atitude que é típica das mulheres sensatas, face às modas no vestuário: depois de terem conhecimento dos novos modelos vão à loja (mais ou menos exclusiva) e vêem como lhes assenta a novidade; esperam que alguma amiga compre e a utilize e fazem a sua avaliação. Após este processo de análise - experimentação e avaliação - tomam a decisão.O mesmo tipo de preocupações podem também dar-nos algumas pistas para apreciação das propostas dos partidos durante a época eleitoral que se aproxima. Aprendamos com as mulheres sensatas.
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Vitor Gonçalves, Professor catedrático do ISEG Vice-reitor da UTL

http://economico.sapo.pt/noticias/modas_66230.html

É isso tudo. A moda não é o efeito bola de neve. A inércia não aumenta com o tempo!!!