Prós e contas de um mercado integrado da dívida pública na Zona Euro

Prós e contas de um mercado integrado da dívida pública na Zona Euro
Há várias vantagens, mas também muitos "contras", sobretudo de natureza política.
Eva Gaspar
egaspar@negocios.pt

Vantagens

1- Juros mais baixos para endividados.
A existência de uma emissão centralizada de títulos de dívida pública reduziria os encargos com juros de países como a Itália, Portugal, Grécia e Espanha. Seriam títulos do "Tesouro Europeu", como os dos EUA.

2- Mais fácil financiar a dívida.
A criação de um mercado único de dívida pública do euro, não fragmentado, como é hoje, aumentaria a liquidez, geraria mais procura e tornaria mais fácil o acesso dos Estados ao financiamento.

3- Política monetária mais flexível.
Resolve o problema conjuntural de o juro de curto prazo estar perto de zero: o BCE pode gerir taxas de prazos mais longos, comprando títulos de dívida pública sem ter de tomar a decisão de escolher o país que vai beneficiar dessa aquisição.

Desvantagens

1- Encargos mais altos para a Alemanha.
O Estado alemão, que hoje consegue financiar-se com as taxas de juro mais baixas da área do euro, passava muito provavelmente a pagar mais, mesmo que marginalmente, pela sua dívida pública.

2- Indisciplina incentivada.
A maior facilidade de acesso ao financiamento constitui um incentivo a mais endividamento, estimulando a indisciplina financeira, já que há um custo da dívida que é suportado pelos disciplinados.

3- Mais fácil pagar défice com moeda
Abrindo a porta à compra de títulos de dívida pública por parte do BCE, cria-se a possibilidade de financiar défices públicos com moeda, um dos caminhos mais ameaçadores para a estabilidade de preços.