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Mensagem por Viriato Seg Set 01, 2008 7:16 am

Eduardo Lourenço não é de leitura fácil. Demasiado complexo, chato acrescento mesmo, para o meu gosto. Mas hoje, neste excelente artigo editado no Público e que o Blog "Da Literatura" reproduz parcialmente, diz quase tudo o que eu penso. Botem também faladura. O assunto e os argumentos merecem-no.

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CITAÇÃO, 118 Falklands

Eduardo Lourenço, Europa paralisada e mutilada, hoje no Público. Sublinhados meus. Excertos:


«No seu número de hoje, um dos mais conspícuos jornais europeus [...] assevera-nos que Moscovo desafia as potências ocidentais. Isto a propósito do reconhecimento unilateral de antigos pedaços do seu ex-império, até há pouco incluídos na Geórgia, também ela antigo e até simbólico espaço moscovita.

[...] Em princípio, o título do Le Monde só nos devia dizer respeito, a nós europeus, enquanto apêndices histórico-políticos dos Estados Unidos, única superpotência do Ocidente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas nós sabemos que esta imaginária distanciação europeia dos Estados Unidos é um mito. E que não podemos escapar, por enquanto, a nenhum conflito virtualmente sério, em que os Estados Unidos, na sua expressão superimperialista, estejam envolvidos — quer se trate do Afeganistão, do Iraque, quer agora do Cáucaso, confrontado de um dia para o outro a uma nova situação balcânica.

Tudo é americano, mesmo o que não parece ou não devia ser. [...] Como de costume, o olhar mais isento sobre os actuais acontecimentos vem-nos de Inglaterra, o único país europeu, apesar de relativizado no tabuleiro mundial, que ainda merecerá o nome de “potência ocidental”. Recentemente, um historiador de Oxford lembrou com pertinência que o actual conflito pouco tem a ver com a grelha de leitura da antiga guerra fria e que o Ocidente faria bem em ter isso em conta. A situação seria comparável à das Malvinas, que a imprensa ocidental nunca diabolizou.

É um bom conselho, o desse intelectual de Oxford, Mark Almond. Se a situação actual não é muito diferente da clássica das Malvinas, em nada isso afecta a sua leitura de um ponto de vista europeu. Não é a Europa — a não ser por impotência ou defeito — que se encontra implicada no Cáucaso. São os Estados Unidos — via Geórgia — e Moscovo — via Ossétia do Sul e Abkhásia — num despique imperialista do mais clássico recorte. A Europa — na medida em que existe como actor histórico digno desse nome — está entre ambos os actores reais desta lamentável peripécia póstuma de uma guerra fria, reactivada na sua lógica absurda pelo ataque às duas torres... que não foi russo e que inaugurou um século XXI onde conflitos deste tipo já não pareciam possíveis. Mas a verdade é que são. O antigo urso moscovita não se mudou num anjo, como a intervenção na Tchetchénia o mostrou para grande exaltação de todos os mosqueteiros da antiga cruzada anti-soviética (de Bernard-Henri Levy a Glucksman). Mas esses reflexos de autocratismo imperial em defesa da sua zona de influência são menos imperialistas e condenáveis que a guerra unilateral do Iraque ou a guerra sem fim do Afeganistão para que uma Europa impotente e indigente se deixou arrastar?
Na mais indulgente das perspectivas, o actual conflito já não releva do antigo conflito maniqueísta entre o Bem (o do mundo democrático ocidental) e o Mal (o mundo soviético totalitário) — se isto mesmo não entroniza abstractamente uma visão dualista da História bem discutível ou trágica —, mas do mais tradicional e perene conflito entre duas formas de poder virtualmente imperialistas. E, no caso vertente, o dos Estados Unidos não deixa os seus créditos por mãos alheias. Quem, em nome de uma luta antiterrorismo, sem estatuto definível em termos aceitáveis de democracia planetária, dispôs em torno da nova Rússia um dispositivo de mísseis, como se o Pacto de Varsóvia não tivesse caducado? E na Polónia ainda por cima... [...]

Mas este belo sonho é também o de uma Europa mutilada, voluntária e absurdamente cortada dessa mesma Santa Rússia há mais de mil anos ortodoxa e tão europeia como a mais românica ou nórdica Europa. Como é possível que a Europa tenha algum futuro digno dos seus sonhos do passado (bons e maus), sem pensar noite e dia nesse espaço naturalmente europeu, sem o qual, como dizia Valéry, a nossa Europa nunca será mais do que um pequeno cabo da Ásia? Não temos que escolher entre os Estados Unidos e a Rússia, ou digamos, entre Walt Whitman e Tolstoi. Mais nos importa partilhar à nossa maneira a visão epicamente universal do destino humano de que ambos foram exemplo. E, antes disso, ou a par disso, lembrarmo-nos da nossa “velha Europa”, mãe de todas as utopias universalistas e, hoje, entre parênteses de si mesma, sem mais projecto que a pretensão de arbitrar à la petite semaine, e segundo o impulso dos seus Napoleões virtuais, conflitos que já não estão à altura da sua fraqueza. Ainda por cima, como criada de quarto pressurosa e impotente do único dono do universo.

Nem Afeganistão nem Cáucaso, após a ordem unilateral instaurada depois do 11 de Setembro merecem a nossa lamentável solicitude. [...] Não apenas por prudência um caso tão complexo como o do Cáucaso, em que, no mínimo, as culpas são partilhadas, escolher um dos litigantes num conflito em que um terceiro é o actor principal é uma aberração. Só por um passado de má reputação, como numa famosa canção de George Brassens?

Certos países europeus supõem ter o monopólio perpétuo das indignações virtuosas. Nos seus melhores momentos o tiveram ou nós supusemos que o tinham. Mas já não é o caso. No novo contexto planetário a exemplaridade é muito relativa. Bem sabemos o que os custou essa pretensão de sermos, como europeus, “a luz do mundo”. Chegou o tempo da modéstia, o que não é incompatível com a dignidade. Uma certa imprensa europeia, belicista a título póstumo, lamenta que a Europa não enfrente com determinação a crise actual, chamando à pedra o suposto responsável por ela. Evoca-se o espectro de Munique, a eterna cobardia das democracias. Gostariam que se repetisse o cenário da Jugoslávia ou do Kosovo, fonte próxima desta crise. Em suma, que se pusesse a Rússia na ordem. Só os Estados Unidos conhecem o preço dessa hipotética lição ao seu antigo adversário, e no papel a deixam. Não sejamos mais papistas que o Papa. Os Estados Unidos podem brincar com o fogo e disso não se têm coibido. Não vale a pena ajudá-los numa missa que podem celebrar sozinhos. E não sem risco.»


posted by Eduardo Pitta
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Mensagem por Vitor mango Seg Set 01, 2008 10:08 am

Caro Rui
my name (nick is Mango
Vitor Mango
A maioria saiu do Expresso online porque nenhum de nós esteve para aturar ser educado pelo " educador do povo " como era o Paulo Querido ...todos depois de passarmos por mais outro forum NOSSO e outro sabotado viemos parar aqui
Aonde eu quero chegar ?
Porrada Violencia e afiar os bigodes
O RON foi expulso de tudo o que era Foruns e tentou entrar num dos citados por tudo o que era abertura
Controlados pela "DF " nenhum de nós quis ser moderador ou administrador
Eu então nem empurrado , e o anarca mesmo empurrado ...pois
Diziam que o Mango jamais e em tempo algum poderia ser adm ou moderador porque era um pacifista incapaz de meter a ORDEM nos eixos
Pois bem apenas com 2 meses neste novo forum demonstramos que a democracia e nao a porrada pode e resolve muitas coisas
Ate o ROn chateado bateu com a porta
Todos nós rebentamos pelas costuras
...mas no fundo respeitamos que o Forum e a longaaaaaaaa caminhada NOS UNIU para uma salutar convivência
Sou adepto do Dialogo e todos voces bem sabe os esforços que é atar pontas de animos a ferver e a saltar da panela
A america do Bush armada e arrogante ate dizer basta achou que o dialogo é para maricas e fracotes
Ora nada de mais errado
A arrogancia americana criou na Europa anti-corpos tremendos
A ligação da america com Israel afastou o mundo arabe e nao so da america
SEm armas e com 2 submarinos velhos e sem poder pagar novos Portugal é Hoje muito mais poderoso que quando tinha material de guerra para brincar ás colonias
Neste forum todos sabemos e conhecemos que combatemos ideias e nunca pessoas ...mas da jeito ter uma pessoa para a gente gritar
- Fora o arbitro
_Gatuno !
- ****** !


por isso acredto na democracia e no dialogo
Vitor mango
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Seg Set 01, 2008 10:14 am

EU tanbem acredito na DEMOCRACIA e DIALOGO, mas de uma posicao de uma posicao DE PODER MILITAR!!! Nunca podemos DESARMAR !!!!! niteralmente!!!
RONALDO ALMEIDA
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Mensagem por Vitor mango Seg Set 01, 2008 10:20 am

RONALDO ALMEIDA escreveu:EU tanbem acredito na DEMOCRACIA e DIALOGO, mas de uma posicao de uma posicao DE PODER MILITAR!!! Nunca podemos DESARMAR !!!!! niteralmente!!!

Mano RON escute
Este seu amigo sempre levou porrada de mulheres
Tinha FORÇA para dar e vender e varios recordes em atletismo garantiam-me que porrada era comigo
Nada demais errado
Lidar com crianças ou mulheres a violencia da sumo contraproducente e com Homens dá esperas em varias esquinas
A Força tal como os exercitos são apenas para usar e nunca abusar
e pontualmente
Vitor mango
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Seg Set 01, 2008 10:24 am

RONALDO ALMEIDA escreveu:EU tanbem acredito na DEMOCRACIA e DIALOGO, mas de uma posicao de uma posicao DE PODER MILITAR!!! Nunca podemos DESARMAR !!!!! uniteralmente!!!
RONALDO ALMEIDA
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CITAÇÃO, 118 Empty Re: CITAÇÃO, 118

Mensagem por RONALDO ALMEIDA Seg Set 01, 2008 10:26 am

EXACTAMENTE. E em especial para nao sermos ABUSADOS!!
RONALDO ALMEIDA
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CITAÇÃO, 118 Empty Re: CITAÇÃO, 118

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