Big Mou deu lição em Camp Nou

Big Mou deu lição em Camp Nou
José Mourinho e o Inter de Milão estão na final da Liga dos Campeões depois da derrota por 1-0 frente ao Barcelona, que não comprometeu um saldo final de 3-2, vantajoso para os italianos. O português deu mais uma lição de táctica ao mundo do futebol, com dez homens em campo desde os 28'

Mais de 90 mil adeptos responderam ao apelo dos jogadores e do treinador do Barcelona durante a semana e preencheram por completo as bancadas de Camp Nou. No entanto, a noite foi de frustração para os catalães. O Barça não foi além do 1-0, numa partida em que os dois lados bem se podem queixar de erros de arbitragem que desvirtuaram o desenrolar do encontro.

Mas vamos ao jogo. Do lado do Barcelona não houve qualquer novidade no onze, enquanto do lado da formação italiana, liderada pelo treinador português José Mourinho, Sneijder recuperou a tempo e entrou em campo.

Como já se esperava, o Barcelona entrou a todo o gás e por poucas vezes a bola saiu do meio campo do Inter de Milão. Pior ficaram os italianos quando, aos 28 minutos do primeiro tempo, o brasileiro Thiago Motta recebeu ordem de expulsão após o árbitro da partida entender que o jogador da formação visitante deu um estalo na cara de Sergi Busquets. José Mourinho sorriu, desagradado com a decisão, mas soube readaptar a equipa à inferioridade numérica.

O Inter recuou então ainda mais no terreno e tentou fechar os caminhos para a baliza defendida por Júlio César. A grande oportunidade da primeira parte pertenceu ainda assim ao Barcelona depois de um remate de Messi que levava o selo de golo, não fosse a excepcional defesa do brasileiro. O primeiro tempo terminou sem qualquer remate da formação italiana à baliza da espanhola.

No segundo tempo, nova readaptação de José Mourinho ao esquema defensivo do Inter de Milão e novas dificuldades para o Barcelona, actual campeão europeu. A equipa maravilha bem tentava, mas acaba quase sempre por esbarrar no muito bem organizado esquema defensivo orquestrado pelo maestro da táctica.

Quase sempre, diga-se. Foi nos momentos finais que Piqué, no limiar da posição irregular, recebe na área, executa uma rotação fatal e marca o tento de honra catalão.

Seguiram-se minutos de guerra aberta contra a baliza de Júlio César, perante um coro de entusiasmo dos adeptos de um Barça reforçado por Maxwell, Bojan Krkic e Jefrrén.

A bola chegou mesmo a ultrapassar a linha de golo pela segunda vez, após remate de Krkic. Valeu a Mourinho nova e desastrada intervenção do árbitro, que viu 'mão' na barriga de Yaya Toure, segundos antes.

Quatro minutos após os 90, chega o apito final. O técnico português volta a conduzir uma equipa sua ao palco máximo do futebol mundial, onde espera um adversário bem menos difícil que o Barcelona de Messi: o Bayern de Munique.

tiago.lopes@sol.pt

Treinador de sofá.

«Frente ao Barcelona, com onze é difícil, com dez é feito histórico. É a derrota mais bela da minha vida.»

José Mourinho, esta noite em Barcelona.

Mourinho ganha estátuas em Madrid e em Milão

por BRUNO PIRES
Hoje


Barcelona dá a vez ao Inter na final do Bernabéu; português entra na história

O Inter de Milão aguentou tudo em Barcelona; uma arbitragem claramente tendenciosa de Frank De Bleeckere, uma expulsão, justa mas "recomendada" pelos onze jogadores do ainda campeão europeu, e ainda um golo irregular que relançou a eliminatória a seis minutos do tempo regulamentar.

Desde 1972 que o Inter de Milão não atingia a final da extinta Taça dos Campeões, actualmente denominada por Liga dos Campeões. Foi por isso que Mourinho foi contratado. O objectivo foi conseguido para gáudio do Real Madrid que não vai sofrer a humilhação de assistir à tentativa de conquista do bis na prova pelo seu rival de sempre no estádio Santiago Bernabéu - a casa dos madridistas. Para a final fica, desde já, uma incógnita: será que Mourinho se despede do Inter de Milão no estádio do clube que tanto o deseja para 2010/11? Também por isso é de prever que em Madrid e Milão estejam duas estátuas preparadas para o treinador português. Aliás, também se aposta que vai deixar de ter críticos em Itália.

Mas não se fica por aqui o mérito de Mourinho. O autocarro de dois andares que montou à frente da sua grande área, principalmente depois da expulsão do ex-Barcelona Thiago Motta (aos 28 minutos), pode valer uma entrada directa para a história do setuba- lense. Ernst Happel (Feyenoord e Hamburgo) e Ottmar Hitzfeld (Bayern Munique e Borussia Dortmund) foram os únicos treinadores que venceram a Liga dos Campeões por clubes diferentes. A partir de 22 de Maio, na primeira final da prova disputada a um sábado, este duo vai passar a trio. Van Gaal, agora treinador do Bayern, já venceu a competição pelo Ajax e Mourinho, como é sabido, triunfou com as cores do FC Porto antes de rumar ao Chelsea. Agora, Mourinho ou Van Gaal, seu ex-treinador principal no Barcelona, um deles os dois já referidos técnicos que venceram a Champions por dois clubes diferentes.

O encontro da noite passada não deixa de ter aspectos curiosos, um deles com requintes de masoquismo. No último defeso Eto'o foi trocado com Ibrahimovic. O sueco deixou o Inter porque queria ser... campeão europeu. Afinal é o camaronês a poder vencer a competição dois anos consecutivos...

In DN