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Que Europa?

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Mensagem por Viriato Sáb maio 15, 2010 3:45 pm

Que Europa?

A construção europeia tem já várias décadas e surge como uma hipótese de manter a paz num continente dilacerado por duas grandes guerras e de formar um bloco económico e político que pudesse negociar com outros blocos.

Quando a esquerda, em Portugal, nos sucessivos tratados europeus, se mostrou sempre favorável à integração e à união económica e política, aceitou prescindir do poder decisório em várias áreas. Mas essas cedências tinham sempre em vista maiores ganhos em estabilidade política e económica, uma maior justiça social, o alargamento do nosso espaço comercial e cultural, a eliminação das fronteiras que nos acantonavam e limitavam.

É inegável que todos beneficiámos com a entrada na União Europeia, e penso que fez todo o sentido termos aderido à moeda única.

Isso não nos deve impedir de reavaliar a situação, à luz do que se passou desde 2008, quando se iniciou a crise global. O que, de início e até há pouco tempo era a opinião dominante, com a manutenção de apoios sociais, a redução do défice vagarosa e cautelosa, a política de investimentos públicos de forma a reanimar as economias da zona euro e de evitar uma recessão que se podia eternizar, mudou repentinamente para uma política económica de redução do défice a todo o custo e rapidamente, de implementação de cortes nas despesas estatais e aumento de impostos.

A União Europeia está refém da política interna alemã e das dificuldades que a Alemanha tem de defender o projecto de união económica e política de uma Europa coesa. Por isso o ataque especulativo dos mercados, aquela entidade mirífica que manda no mundo, ao euro e não ao dólar ou a outras moedas, tal como referiu António Costa na última Quadratura do Círculo.

Será então que esta Europa nos interessa? Será que, como diz Porfírio Silva, temos que ter mais esquerda europeísta? Qual é a Europa de que estamos a falar?

Uma coisa é a existência de directrizes para que haja estabilidade e controlo financeiro nos países do Euro – os Pactos de Estabilidade e Crescimento negociados com Bruxelas. Outra muito diferente é não haver qualquer capacidade de decidir os orçamentos anuais do estado.

Para que servem as campanhas políticas com anúncio de programas e políticas diferentes consoante as diferentes forças partidárias que se apresentam a eleições? Que capacidade têm os governantes de honrarem os compromissos firmados com os eleitores se, num fim-de-semana, têm que desdizer o que prometeram na semana anterior?

A esquerda europeísta deveria repensar qual o modelo de Europa que quer, qual o modelo de representação democrática, qual o regime político que defende e a quem deve prestar contas. A Europa que temos, se mantiver neste rumo, está condenada a desintegrar-se. Talvez a ideia de Jorge Bateira seja uma boa alternativa. Talvez fosse interessante que o Parlamento e os partidos políticos discutissem estas matérias, que são as verdadeiramente importantes para a definição do futuro, em vez de se entreterem em conversas de comadres desocupadas.


publicado por Sofia Loureiro dos Santos
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Mensagem por Vitor mango Sáb maio 15, 2010 11:47 pm

...Talvez fosse interessante que o Parlamento e os partidos políticos discutissem estas matérias, que são as verdadeiramente importantes para a definição do futuro, em vez de se entreterem em conversas de comadres desocupadas.
Vitor mango
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Que Europa? Empty Re: Que Europa?

Mensagem por Vagueante Dom maio 16, 2010 3:10 pm

Sofia Loureiro dos Santos parece viver noutro país.
Quando fala da esquerda portuguesa, não parece que esteja a referir-se à esquerda portuguesa.
De facto, e tanto quanto me lembro, quer o PCP quer o BE, sempre se opuseram à integração europeia e à adesão à moeda única.
Sendo assim, não poderia mostra-se favorável à integração e à união económica e política.
Quem sempre lutou por essa integração foi o PS e, depois da adesão à CEE, também o PSD.
A União Europeia não está refém da política interna alemã. A União Europeia está refém de si própria e do seu comportamento quando, acefalamente, começou a despejar dinheiro sobre os países do sul da Europa sem ver se esse dinheiro estava a ser usado para o desenvolvimento sustentado desses países.
Não sei se terá havido alguma intenção maquiavélica por parte dos países mais desenvolvidos, mas, o que aconteceu, foi que esse dinheiro acabou por regressar à sua origem através de exportações de produtos que os países do Sul não estavam nem tinham condições de produzir. Conseguiu-se com isso um maior desenvolvimento das actividades produtivas dos países mais ricos, enquanto os mais pobres pressionados pelos mais ricos, foram destruindo a sua pouca actividade produtiva como se pode constatar pela destruição da agricultura e das pescas portuguesas.
Entretanto, fizeram-se baixar as taxas de juro, criando-se a ideia de que todos poderiam ter tudo recorrendo ao crédito barato. Mas Portugal não tinha dinheiro para isso e os nossos financeiros e economistas acompanhados das instituições financeiras conseguiram enganar os impreparados portugueses, fazendo-os crer que estavam no paraíso aonde tudo seria permitido desde a casa própria até às viagens a crédito passando pelo carro e mobiliário.
Entretanto, o tecido produtivo degradou-se com as multinacionais a instalarem-se com fábricas de produtos de mão-de-obra intensiva e preços baratos até ao momento em que a abertura da UE aos países do Leste e ao comércio global, lhes permitiu fechar as suas fábricas e transferirem-se para esses países em que os vencimentos eram, por vezes, 10 vezes mais baratos do que os praticados em Portugal.
Chegámos assim a um ponto em que ficámos praticamente sem agricultura e pescas e sem empresas produtivas porque elas foram fechando paulatinamente para se instalarem em países de mão-de-obra mais barata.
Os sucessivos governos não se esforçaram muito para baixar a despesa pública porque isso lhes trazia custos eleitorais.
Chegados a esta situação sem que se tenham feito grandes alterações na qualidade do tecido produtivo português, e com uma despesa pública incomportável para a produtividade portuguesa, restam-nos os agiotas das agências internacionais para fazerem subir as taxas cobradas pelos empréstimos para níveis incomportáveis com a solvabilidade da economia.
Atendendo à informação falsa que foi sendo transmitida pelos sucessivos governos e sem coragem para diminuir a despesa pública, contrariamente àquilo que fez a Alemanha, atingimos, todos os países do Sul da Europa, uma situação que só se resolve com aperto de cinto porque não será justo que vivamos à conta do orçamento alemão.
A Alemanha fez alterações drásticas quer nos ordenados quer nas comparticipações sociais, fazendo passar a idade da reforma para os 67 anos enquanto em Portugal se permanece nos 65 e na Grécia que, agora depois de apertada, passou de 53 anos para também 65.
É muito bom estar de perna estendida ao sol que abunda no Sul da Europa mas, se as pessoas pretendem fazer vida nessas condições, têm que se sujeitar às consequências. Não podem ter a mesma quantidade e qualidade de bens que possuem os alemães.
Chegados a este ponto, só nos resta ter a Europa a fazer-nos o Orçamento do Estado sob risco de qualquer dia não termos com que pagar as dívidas e termos de ir estender a mão à caridade dos mais ricos.

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Que Europa? Empty Re: Que Europa?

Mensagem por Viriato Dom maio 16, 2010 3:23 pm

Não pretendo de modo nenhum responder por Sofia Loureiro dos Santos, que só a conheço pelos seus postes. Creio que ela não reconhece o PCP e o BE como esquerda. O fanatismo irreal desses partidos tornam-nos (apesar de boa percentagem eleitoral) em coisas sem nexo. Eu, pessoalmente, tenho-os como partidos reaccionários (no verdadeiro significado da palavra), uma vez que estagnaram há 40 anos e reagem contra tudo o que possa ser inovação e mudança. O mundo mudou muito. O muro de Berlim caíu, o sovietismo idem, contratos de trabalho assinados com cerco á AR já não são aceitáveis e esses partidos não repararam....
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