Castro Marim

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Nova discoteca a céu aberto tira o sono a moradores

por JOSÉ MANUEL OLIVEIRA
Hoje


Ninguém dorme devido ao barulho da música. Câmara reconhece erros mas diz que balanço é positivo para o concelho

Uma discoteca a céu aberto, Baesuris, apresentada como o novo clube de Verão do Algarve, a funcionar até ao final do mês, junto à EN125, perto de Altura, Castro Marim, está a perturbar veraneantes, sobretudo com segunda residência, e residentes na zona, devido ao ruído com música das 23.00 às 06.30. A esse problema junta-se o lixo, o estacionamento indevido em terrenos privados, os insultos, por parte de jovens frequentadores daquele espaço a quem ali vive e protesta pela situação.

Jaime Simões, responsável por um dos bares daquela unidade, pede "desculpa" aos vizinhos e promete, em 2011, "rectificar alguns erros cometidos". "Vamos tentar rectificar e melhorar certos aspectos do espaço. Já temos planos nesse sentido, ao nível do som com tecnologias modernas", garante ao DN Jaime Simões, sublinhando que o "Baesuris, com festas temáticas de quinta-feira a domingo, está "a dar vida ao sotavento algarvio".

Também Nuno Pereira, vereador da Câmara Municipal de Castro Marim, organismo que impulsionou a abertura deste espaço de diversão, numa parceria com a empresa municipal NovBaesuris, apesar de reconhecer "alguns pequenos constrangimentos", considera que "o balanço é muito positivo para o movimento e para a economia do concelho". "Existindo mais oferta como a deste clube, as pessoas vão às praias e enchem os restaurantes", refere o autarca, acrescentando que "houve alterações significativas no posicionamento do sistema de som, o que melhorou a situação. Neste momento, são muito poucas, ou até raras, as queixas que chegam".

O Baesuris surge na sequência de outros clubes de Verão, promovidos em parceria com câmaras municipais, como o Sasha Beach, na Praia da Rocha, em Portimão, que também foi objecto de contestação no início, nomeadamente pelo duque de Bragança, Dom Duarte Nuno, devido ao barulho da música, e o Manta Beach, na Praia de Manta Rota, no concelho de Vila Real de Santo António.

Quem contesta a nova unidade de diversão nocturna, que ocupa o espaço do antigo parque aquático Aqua Line, é José Domingos Viegas, residente a cerca de 50 metros do local, no sítio de Vale da Velha, com a mulher, uma filha com problemas de deficiência e uma cunhada, de 80 anos. "Aos fins-de--semana, não conseguimos descansar. E depois das 07.00, tenho de ir trabalhar com o tractor para não morrer de fome", lamenta, ao DN, aquele morador, de 55 anos e aposentado.

A revolta é ainda maior quando depara com problemas na sua propriedade. "Às sextas-feiras, a EN 125, até ao desvio para a Praia Verde, está cheia de carros estacionados nas bermas." Há dias, até viu uma cena caricata na via pública, que não resiste em recordar: "Um homem estava a praticar relações sexuais com uma mulher junto ao carro, no alcatrão, à beira da estrada. Um outro até gritou para ter cuidado porque podiam ser atropelados." Fonte da GNR confirmou ao DN que casais aproveitam a zona para praticar sexo.

À porta da sua casa, Rita Avelino, de 50 anos, também não esconde a indignação. "Dificilmente dormimos devido à música alta. Nunca imaginei ter uma discoteca sem qualquer cobertura para isolar o som", queixa-se.

Nem todos os moradores daquela zona criticam o novo clube, e até há quem o enalteça. É o caso de Anabela Nascimento, 30 anos e proprietária do restaurante A Tasca do Zé, para quem o barulho "não afecta nada". "Isto é só um mês e meio, e o que queremos é turismo, movimento. Por isso, aquele espaço é muito gratificante", diz

In DN