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A divisão do país

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Mensagem por Viriato Seg Out 11, 2010 3:33 am

A divisão do país


Uma pequena parte do país entretém-se a predizer horrores caso o OE para 2011 não passe na Assembleia da República. De tal forma que há quem peça encarecidamente ao PSD para se abster, mesmo que odeie o OE, mas por imperativo patriótico, nacional, responsabilidade política e, último e indispensável argumento, para acalmar Os Mercados.


A outra grande parte do país não percebe o que são Os Mercados, a razão de continuarem nervosos, apesar de todos os prometidos cortes salariais, do incontornável aumento de impostos, da propagandeada redução da despesa pública à custa dos parasitas do país - os funcionários públicos. Suspeito mesmo que essa grande parte do país pense que nada acalmará os irascíveis Mercados, visto que têm um humor mais negro que os ferozes deuses do Olimpo.


Essa grande parte do país também não entende muito bem porque é que, no início da crise de 2008 e durante o ano de 2009, a Europa se penalizou e penitenciou pela falta de regulação dos ditos Mercados, pela selvajaria do capitalismo, pelo esquecimento do estado social, sugerindo uma intervenção do Estado na banca, no investimento, nas empresas, no incentivo ao emprego e no apoio aos desempregados, para depois, num volte-face mais ou menos abrupto para o que existia antes da crise, se encarnice agora contra os défices públicos, que aumentaram astronomicamente nos anos anteriores.


Essa grande parte do país apenas se interroga: quando vamos receber menos - neste ou no próximo ano? Quando aumenta o IVA para 23% - neste ou no próximo ano? Vamos manter o 13º mês? E no próximo ano, ainda existirá? Quando vou conseguir emprego? E se perco o emprego? E se adoeço? E se não consigo pagar a renda? Essa grande parte do país olha para os dias que passam com aflição e medo. O medo que está a ser uma constante nestes tempos modernos: a criminalidade, o terrorismo, o desemprego, a crise, a bancarrota, o FMI.


Essa grande parte do país que votou maioritariamente à esquerda não entende porque é que a esquerda não apoia o governo, como também não entende que o governo não se apoie na esquerda. Não entende que o PSD queira acalmar Os Mercados mas tudo faça para que, fora de Portugal, olhem para nós com a sensação de que a elite política gosta de brincar com o fogo.


Se o PSD quer derrubar o governo que o faça e assuma as suas responsabilidades. Se o governa acha assim tão indispensável que o OE seja aprovado, que faça as negociações necessárias, no Parlamento, para encontrar um compromisso com que seja possível não desvirtuar a sua política. Mesmo que, como essa grande parte do país desconfia, não haja grandes diferenças nas práticas dos partidos políticos, tendo em vista as orientações a que nos obrigámos a obedecer.


Entretanto a grande parte do país assustada, assiste impotente e incrédula, aguarda que a democracia cumpra o seu papel e que os representantes que elegeu façam o seu trabalho sem se queixarem.


Nota: É bom que esclareça que, quando me refiro à pouca diferença nas práticas dos partidos políticos, refiro-me ao PS e ao PSD. O BE e o PCP não apresentam alternativas credíveis. Aliás, penso que a governação é demasiado para os seus horizontes de partidos da contestação, barricando-se continuamente no passado, mais próximo ou mais afastado, sem qualquer respeito pelas escolhas e decisões eleitorais.


publicado por Sofia Loureiro dos Santos
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