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A América ainda é... a América

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Mensagem por O dedo na ferida Qua Out 01, 2008 5:12 am

Helena Garrido

A América ainda é... a América

Helenagarrido@mediafin.pt


O "não" da Câmara dos Representantes ao Plano Paulson é motivo de optimismo, e não de pessimismo. A América ainda acredita no mercado. Ainda há "Democracia na América". Seja pela razão mais cínica as eleições estão à porta , ou pela mais idealista a convicção nos mecanismos do capitalismo , a América está viva. O anúncio da sua morte mostrou-se ontem e foi manifestamente exagerado.


O Estado não deve manter-se alheado da crise financeira. Mas há soluções que se podem revelar mais destruidoras de um país do que geradoras de estabilidade. Porque um país é muito mais que tentar eliminar uns tempos de redução de poder de compra.

O Plano Paulson, em toda a sua generosidade, e mesmo com as correcções do fim-de-semana, é uma versão das políticas do ex-presidente da Reserva Federal. Ontem pelas taxas de juro, hoje com dinheiro. Alan Greenspan, com Clinton e Bush, foi reduzindo taxas de juro cada vez que os mercados se enervavam e, assim, foi alimentado bolhas atrás de bolhas até a esta a que chegámos.

Henry Paulson prepara-se para injectar uma quantidade astronómica de dinheiro num sistema financeiro com retórica de mercado e expectativas comunistas. Desde a segunda metade dos anos 90 que os protagonistas do sistema financeiro se habituaram a ser salvos pelo Estado, ou directamente, como aconteceu com o "hedge fund" Long Term Capital Management em 1998, ou indirectamente, através de reduções das taxas de juro, como se verificou na chamada "exuberância irracional" das bolsas em 2000.

Os poderes públicos têm, obviamente, de intervir. Mas a intervenção tem de romper de uma vez por todas com os prémios aos infractores, responsáveis pela crescente exposição a investimentos arriscados que acabaram naquilo a que agora estamos a assistir. E os infractores são os accionistas, em primeiro lugar, e os gestores, em segundo. Não são as agências de "rating", nem as operações de vendas de acções a descoberto, os réus agora eleitos pelas autoridades.

Ninguém discorda de que um colapso da banca terá um efeito de dimensões catastróficas na vida dos cidadãos, da América à Europa, passando pela Ásia. É preciso apoiar o sistema financeiro. Mas, e aí está um ponto fundamental, não se deve, não se pode ajudar os accionistas nem os gestores. Todos podem de facto errar. Mas a irresponsabilidade dos accionistas e dos gestores – estes com actuações no limiar da legalidade – ultrapassou, como estamos a ver, o limite do erro.

Um plano de intervenção tem forçosamente de ser desenhado a pensar na punição de accionistas e gestores. Para além dos aspectos legais que se possam seguir, a punição é confiscar-lhes as sociedades. Se as empresas estão a fazer mal à sociedade e não podem falir, o Estado deve nacionalizá-las, e não comprar o que não presta, os tais activos tóxicos.

Na perspectiva dos incentivos certos, a Europa está, aparentemente, a actuar melhor. Os contribuintes europeus entram no capital dos bancos, como aconteceu ontem com o Fortis. Não lhes estão a comprar o que não presta.

É óbvio que um republicano – e até um democrata – tem de ter grande dificuldade em explicar aos seus eleitores americanos por que vão comprar "activos tóxicos" criados por quem foi ganhando milhões. Nacionalizar, nesta crise, é ser amigo do mercado.


Gostei deste comentário de Helena Garrido. Aliás já hoje, por aí algures, escrevera algo semelhante. O mercado que se desenrasque. Sei que contra mim falo. Vou, como todos nós, eventualmente sentir na pele as grandes cagadas de especuladores americanos e dos seus chefes. Mas mostrem quais as vantagens e desvantagem do sistema. Não escondam os revezes. Jogo limpo...
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