Vilões e heróis
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Vilões e heróis
Vilões e heróis
Tem existido um curioso paralelo entre as situações políticas norte-americana e portuguesa. Lá como cá, a direita entrou em modo furioso de assassinato de carácter contra líderes de fortíssimo carisma. Obama e Sócrates foram atacados com campanhas moralistas, desvairadamente hipócritas e conspiradoras, que tinham como único intento diabolizar a sua credibilidade pessoal. O debate não se fez principalmente pela discussão entre modelos alternativos de condução e gestão da sociedade, primado da política, mas com calúnias e boicotes à execução governativa, o reino do vale tudo e da luta cega pelo poder.
Agora, no impasse para aumentar o limite da dívida externa dos Estados Unidos, estamos perante um análogo da crise portuguesa à volta do PEC 4. Também por aqui apareceram manifestações de espanto pela possibilidade de se poderem agravar as já desgraçadas condições económicas por via de uma crise política artificial e evitável, com todas as consequências funestas que a recusa do plano aprovado e aplaudido pela Europa iria inevitavelmente trazer. Pensava-se que a racionalidade prevaleceria, e que as maiores entidades económicas privadas (grandes empresários e grandes bancos) teriam poder fáctico para levar o PSD a sentar-se na mesa das negociações. O mesmo estão alguns a dizer nos EUA neste momento, não concebendo um cenário de bancarrota por não lhes ser sequer imaginável que a Corporate America aceite ficar calada e quieta a ver a falência a chegar. Contudo, em Portugal o plano foi precisamente o de apostar tudo na radicalização dos perigos económicos, levando até ao limite a mentira de responsabilizar o Governo – e, em especial, Sócrates – pelas condições de financiamento internacionais e as mazelas no emprego causadas pela crise económica mundial. Para a dupla Cavaco-PSD, havia decisivos ganhos na degradação do prestígio de Portugal e subsequentes prejuízos para todos os agentes económicos nacionais: porem as manápulas e a bocarra no pote. O mesmo estão também alguns a antecipar no braço-de-ferro entre Obama e os Republicanos, onde a crise financeira pode ser o golpe fatal para desacreditar por completo Obama perante o eleitorado, impedindo de vez a sua reeleição.
Quando se conhecem os partidos por dentro, e a nossa direita é nisto uma cópia da direita americana, fica-se com uma visão clara do que divide o PSD e o PS: enquanto para o primeiro a obtenção do poder justifica o uso de todos os meios, celebrando-se as pulhices lançadas ao adversário como brilhantes jogadas no tabuleiro, no PS tal cinismo intelectualmente estéril não é possível porque a sua base eleitoral mantém-se política e civicamente idealista.
Isso faz com que, no seu ethos, as oposições à direita tendam a ser vis e as governações à esquerda heróicas.
Valupi
Tem existido um curioso paralelo entre as situações políticas norte-americana e portuguesa. Lá como cá, a direita entrou em modo furioso de assassinato de carácter contra líderes de fortíssimo carisma. Obama e Sócrates foram atacados com campanhas moralistas, desvairadamente hipócritas e conspiradoras, que tinham como único intento diabolizar a sua credibilidade pessoal. O debate não se fez principalmente pela discussão entre modelos alternativos de condução e gestão da sociedade, primado da política, mas com calúnias e boicotes à execução governativa, o reino do vale tudo e da luta cega pelo poder.
Agora, no impasse para aumentar o limite da dívida externa dos Estados Unidos, estamos perante um análogo da crise portuguesa à volta do PEC 4. Também por aqui apareceram manifestações de espanto pela possibilidade de se poderem agravar as já desgraçadas condições económicas por via de uma crise política artificial e evitável, com todas as consequências funestas que a recusa do plano aprovado e aplaudido pela Europa iria inevitavelmente trazer. Pensava-se que a racionalidade prevaleceria, e que as maiores entidades económicas privadas (grandes empresários e grandes bancos) teriam poder fáctico para levar o PSD a sentar-se na mesa das negociações. O mesmo estão alguns a dizer nos EUA neste momento, não concebendo um cenário de bancarrota por não lhes ser sequer imaginável que a Corporate America aceite ficar calada e quieta a ver a falência a chegar. Contudo, em Portugal o plano foi precisamente o de apostar tudo na radicalização dos perigos económicos, levando até ao limite a mentira de responsabilizar o Governo – e, em especial, Sócrates – pelas condições de financiamento internacionais e as mazelas no emprego causadas pela crise económica mundial. Para a dupla Cavaco-PSD, havia decisivos ganhos na degradação do prestígio de Portugal e subsequentes prejuízos para todos os agentes económicos nacionais: porem as manápulas e a bocarra no pote. O mesmo estão também alguns a antecipar no braço-de-ferro entre Obama e os Republicanos, onde a crise financeira pode ser o golpe fatal para desacreditar por completo Obama perante o eleitorado, impedindo de vez a sua reeleição.
Quando se conhecem os partidos por dentro, e a nossa direita é nisto uma cópia da direita americana, fica-se com uma visão clara do que divide o PSD e o PS: enquanto para o primeiro a obtenção do poder justifica o uso de todos os meios, celebrando-se as pulhices lançadas ao adversário como brilhantes jogadas no tabuleiro, no PS tal cinismo intelectualmente estéril não é possível porque a sua base eleitoral mantém-se política e civicamente idealista.
Isso faz com que, no seu ethos, as oposições à direita tendam a ser vis e as governações à esquerda heróicas.
Valupi
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