O Cisne Negro (1)
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O Cisne Negro (1)
O Cisne Negro (1)
De tudo o que se tem escrito sobre a crise financeira internacional e
as revoluções árabes que nos últimos meses eclodiram no Médio Oriente e
no Magrebe, não deixa de ser irónico que um dos artigos mais
interessantes que o Diplomata leu sobre esta matéria tenha
vindo da pena de um professor em Engenharia de Risco no Instituto
Politécnico da Universidade de Nova Iorque, com a colaboração, é certo,
de um outro professor em Economia Política da Universidade de Brown.
A abordagem que os dois autores fazem àquela problemática é verdadeiramente refrescante e ao ler-se o seu artigo (Foreign Affairs,
Maio/Junho) fica se com uma perspectiva sólida e científica relativa ao
enquadramento que ajuda a explicar o surgimento de fenómenos
repentinos, tais como as revoltas das ruas árabes ou, até mesmo, a
emergência inesperada da crise financeira internacional em 2008.
Para isso, os autores recorrem sobretudo ao paradigma da engenharia
de risco, como forma de antecipar comportamentos de estruturas ou
sistemas.
Nassim Nicholas Taleb e Mark Blyth evitaram seguir os modelos comuns
de análise que têm sido utilizados e optaram por aplicar os princípios
da engenharia, partindo do pressuposto que a crise financeira
internacional ou as revoltas dos países árabes apresentavam indícios de
risco semelhantes àqueles que podem ser detectados antecipadamente em
estruturas ou sistemas.
Dizem os autores que um dos pontos comuns em ambas as “crises” é a
assumpção (errada) à posterior de uma certa impotência perante algo que
era desconhecido e imparável.
Ora, para os autores do artigo este é um dos maiores mitos que tem
estado por detrás de muitas análises feitas a estes casos. A verdade é
que em ambas as situações os sinais de fractura estavam lá, embora
esbatidos por uma normalidade artificial.
A tentação política de suprimir artificialmente a volatilidade de
sistemas, com o objecto de forçosamente de se manter um determinado
status quo, conduz a situações potencialmente explosivas.
O que aconteceu com a crise financeira internacional e agora mais
recentemente com as revoltas nas ruas árabes são consequências da
contenção em alta pressão feita sobre esses mesmos sistemas.
Como escrevem Taleb e Blyth, “sistemas complexos aos quais foram
suprimidos artificialmente a volatilidade tendem a tornar-se
extremamente frágeis, ao mesmo tempo que não exibem riscos visíveis”.
Na realidade, estes sistemas tendem a ter um comportamento calmo e a
não exibir variações significativas, à medida que os riscos se vão
acumulando silenciosamente.
Uma tendência que a médio e a longo prazo pode ter efeitos
devastadores, como agora se comprova, mas que o poder político teima em
manter, pensando que está a promover uma maior estabilidade nas suas
comunidades. Porém, ao interferir-se artificialmente nestes sistemas, o
mundo torna-se menos previsível e mais perigoso.
Estes sistemas ficam potencialmente propensos àquilo que Taleb chama
de “cisnes negros”, acontecimentos de grande escala, que podem
ser negativos ou positivos, e que fogem à normalidade estatística,
sendo largamente imprevisíveis para o observador. Aliás, Taleb
notabilizou-se precisamente pelo desenvolvimento da teoria do "cisne
negro", com o livro The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable.
tags: cisne negro, crise, médio oriente, nassim nicholas taleb, sistema, sistema financeiro
Publicado por Alexandre Guerra às 18:04
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De tudo o que se tem escrito sobre a crise financeira internacional e
as revoluções árabes que nos últimos meses eclodiram no Médio Oriente e
no Magrebe, não deixa de ser irónico que um dos artigos mais
interessantes que o Diplomata leu sobre esta matéria tenha
vindo da pena de um professor em Engenharia de Risco no Instituto
Politécnico da Universidade de Nova Iorque, com a colaboração, é certo,
de um outro professor em Economia Política da Universidade de Brown.
A abordagem que os dois autores fazem àquela problemática é verdadeiramente refrescante e ao ler-se o seu artigo (Foreign Affairs,
Maio/Junho) fica se com uma perspectiva sólida e científica relativa ao
enquadramento que ajuda a explicar o surgimento de fenómenos
repentinos, tais como as revoltas das ruas árabes ou, até mesmo, a
emergência inesperada da crise financeira internacional em 2008.
Para isso, os autores recorrem sobretudo ao paradigma da engenharia
de risco, como forma de antecipar comportamentos de estruturas ou
sistemas.
Nassim Nicholas Taleb e Mark Blyth evitaram seguir os modelos comuns
de análise que têm sido utilizados e optaram por aplicar os princípios
da engenharia, partindo do pressuposto que a crise financeira
internacional ou as revoltas dos países árabes apresentavam indícios de
risco semelhantes àqueles que podem ser detectados antecipadamente em
estruturas ou sistemas.
Dizem os autores que um dos pontos comuns em ambas as “crises” é a
assumpção (errada) à posterior de uma certa impotência perante algo que
era desconhecido e imparável.
Ora, para os autores do artigo este é um dos maiores mitos que tem
estado por detrás de muitas análises feitas a estes casos. A verdade é
que em ambas as situações os sinais de fractura estavam lá, embora
esbatidos por uma normalidade artificial.
A tentação política de suprimir artificialmente a volatilidade de
sistemas, com o objecto de forçosamente de se manter um determinado
status quo, conduz a situações potencialmente explosivas.
O que aconteceu com a crise financeira internacional e agora mais
recentemente com as revoltas nas ruas árabes são consequências da
contenção em alta pressão feita sobre esses mesmos sistemas.
Como escrevem Taleb e Blyth, “sistemas complexos aos quais foram
suprimidos artificialmente a volatilidade tendem a tornar-se
extremamente frágeis, ao mesmo tempo que não exibem riscos visíveis”.
Na realidade, estes sistemas tendem a ter um comportamento calmo e a
não exibir variações significativas, à medida que os riscos se vão
acumulando silenciosamente.
Uma tendência que a médio e a longo prazo pode ter efeitos
devastadores, como agora se comprova, mas que o poder político teima em
manter, pensando que está a promover uma maior estabilidade nas suas
comunidades. Porém, ao interferir-se artificialmente nestes sistemas, o
mundo torna-se menos previsível e mais perigoso.
Estes sistemas ficam potencialmente propensos àquilo que Taleb chama
de “cisnes negros”, acontecimentos de grande escala, que podem
ser negativos ou positivos, e que fogem à normalidade estatística,
sendo largamente imprevisíveis para o observador. Aliás, Taleb
notabilizou-se precisamente pelo desenvolvimento da teoria do "cisne
negro", com o livro The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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