O cientista português que trocou os EUA por Cantanhede
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O cientista português que trocou os EUA por Cantanhede
O cientista português que trocou os EUA por Cantanhede
André Valente criou uma receita matemática que torna mais rápida a descoberta da cura de muitas doenças. (Veja link para infografia no fim do texto)
Virgílio Azevedo
15:58 | Sábado, 11 de Out de 2008
O cientista português que trocou os EUA por Cantanhede André Valente licenciou-se em Engenharia Física na Universidade de Cornell e doutorou-se em Matemáticas Aplicadas na Universidade de Harvard (EUA)
André Valente licenciou-se em Engenharia Física na Universidade de Cornell e doutorou-se em Matemáticas Aplicadas na Universidade de Harvard (EUA)
O que leva um cientista português a deixar o Instituto Nacional do Cancro dos EUA, instalado num "campus" em Washington com mais de 20 mil investigadores, para trabalhar na pequena cidade de Cantanhede?
À primeira vista parece incompreensível, mas André Valente, de 34 anos, está a fazer descobertas inéditas a nível mundial aplicando a matemática às ciências da vida, e em Portugal encontrou todas as condições para prosseguir a sua carreira na Unidade de Sistemas Biológicos do Biocant, o único parque de ciência e tecnologia nacional inteiramente dedicado à biotecnologia.
"Hoje em dia, desde que haja condições, é possível fazer investigação de ponta a nível mundial em qualquer parte do mundo, porque os cientistas trabalham em rede e estão em contacto permanente uns com os outros", explica André Valente ao Expresso. De facto, ele acaba de submeter nos EUA, juntamente com o seu colega Yuan Gao, da Virginia Commonwealth University (em Richmond, Virgínia), duas patentes que podem acelerar a cura de muitas doenças.
A primeira diz respeito a uma nova receita matemática - um algoritmo, ou seja, uma sequência de instruções com várias fórmulas matemáticas - que permite pela primeira vez descobrir com uma margem de erro reduzida e a uma escala industrial, interacções entre as proteínas das células que abrem potencialmente novos caminhos para a descoberta da cura das mais variadas doenças.
Proteínas do glaucoma e da miopia extrema ligadas
A segunda patente resulta da anterior: André e Yuan concluíram que existe uma relação entre as proteínas que estão na origem, quando não funcionam bem, de duas doenças dos olhos, o glaucoma e a miopia extrema, o que abre boas perspectivas de tratamento com novos medicamentos. A chave está no estudo de 210 complexos de proteínas conhecidos por máquinas celulares, a maioria deles descobertos pelo novo algoritmo.
Tradicionalmente, uma equipa de investigação estudava apenas uma proteína durante anos, ou muito poucas de cada vez. Era um trabalho detalhado, fiável, em profundidade, mas não permitia compreender o funcionamento global de uma célula humana. Mas tudo mudou com os desenvolvimentos experimentais e teóricos dos últimos anos e com a sequenciação do genoma humano, que permitiram pela primeira vez juntar esses dados separados para chegar a uma visão global.
O desenvolvimento de técnicas experimentais para recolher interacções entre proteínas de uma forma sistemática permitiu que a investigação avançasse muito mais rapidamente, tendo sido descobertas 1000 a 2000 interacções em células humanas.
"Este número já é cerca de 1% do grande "puzzle", o que significa que pela primeira vez temos o princípio de um mapa da rede global de interacções entre proteínas com técnicas que encaixam milhares de peças, o que está a criar grande entusiasmo entre a comunidade científica", explica André Valente. Só que o aumento da quantidade degrada a qualidade, e as técnicas de recolha de interacções "têm uma uma margem de erro que chega a ser superior a 50%".
E é aqui que entra o novo algoritmo, que permite o tratamento de muitos dados sobre as proteínas humanas, mas com a elevada fiabilidade dos métodos tradicionais em que só se estudavam interacções uma a uma. Para já, é a relação das proteínas do glaucoma e da miopia extrema que foi objecto de uma patente. Mas há outras máquinas celulares descobertas por André Valente que podem ter grande potencial. Uma delas contém sete proteínas associadas a doenças cardiovasculares, entre elas o enfarte do miocárdio.
André Valente criou uma receita matemática que torna mais rápida a descoberta da cura de muitas doenças. (Veja link para infografia no fim do texto)
Virgílio Azevedo
15:58 | Sábado, 11 de Out de 2008
O cientista português que trocou os EUA por Cantanhede André Valente licenciou-se em Engenharia Física na Universidade de Cornell e doutorou-se em Matemáticas Aplicadas na Universidade de Harvard (EUA)
André Valente licenciou-se em Engenharia Física na Universidade de Cornell e doutorou-se em Matemáticas Aplicadas na Universidade de Harvard (EUA)
O que leva um cientista português a deixar o Instituto Nacional do Cancro dos EUA, instalado num "campus" em Washington com mais de 20 mil investigadores, para trabalhar na pequena cidade de Cantanhede?
À primeira vista parece incompreensível, mas André Valente, de 34 anos, está a fazer descobertas inéditas a nível mundial aplicando a matemática às ciências da vida, e em Portugal encontrou todas as condições para prosseguir a sua carreira na Unidade de Sistemas Biológicos do Biocant, o único parque de ciência e tecnologia nacional inteiramente dedicado à biotecnologia.
"Hoje em dia, desde que haja condições, é possível fazer investigação de ponta a nível mundial em qualquer parte do mundo, porque os cientistas trabalham em rede e estão em contacto permanente uns com os outros", explica André Valente ao Expresso. De facto, ele acaba de submeter nos EUA, juntamente com o seu colega Yuan Gao, da Virginia Commonwealth University (em Richmond, Virgínia), duas patentes que podem acelerar a cura de muitas doenças.
A primeira diz respeito a uma nova receita matemática - um algoritmo, ou seja, uma sequência de instruções com várias fórmulas matemáticas - que permite pela primeira vez descobrir com uma margem de erro reduzida e a uma escala industrial, interacções entre as proteínas das células que abrem potencialmente novos caminhos para a descoberta da cura das mais variadas doenças.
Proteínas do glaucoma e da miopia extrema ligadas
A segunda patente resulta da anterior: André e Yuan concluíram que existe uma relação entre as proteínas que estão na origem, quando não funcionam bem, de duas doenças dos olhos, o glaucoma e a miopia extrema, o que abre boas perspectivas de tratamento com novos medicamentos. A chave está no estudo de 210 complexos de proteínas conhecidos por máquinas celulares, a maioria deles descobertos pelo novo algoritmo.
Tradicionalmente, uma equipa de investigação estudava apenas uma proteína durante anos, ou muito poucas de cada vez. Era um trabalho detalhado, fiável, em profundidade, mas não permitia compreender o funcionamento global de uma célula humana. Mas tudo mudou com os desenvolvimentos experimentais e teóricos dos últimos anos e com a sequenciação do genoma humano, que permitiram pela primeira vez juntar esses dados separados para chegar a uma visão global.
O desenvolvimento de técnicas experimentais para recolher interacções entre proteínas de uma forma sistemática permitiu que a investigação avançasse muito mais rapidamente, tendo sido descobertas 1000 a 2000 interacções em células humanas.
"Este número já é cerca de 1% do grande "puzzle", o que significa que pela primeira vez temos o princípio de um mapa da rede global de interacções entre proteínas com técnicas que encaixam milhares de peças, o que está a criar grande entusiasmo entre a comunidade científica", explica André Valente. Só que o aumento da quantidade degrada a qualidade, e as técnicas de recolha de interacções "têm uma uma margem de erro que chega a ser superior a 50%".
E é aqui que entra o novo algoritmo, que permite o tratamento de muitos dados sobre as proteínas humanas, mas com a elevada fiabilidade dos métodos tradicionais em que só se estudavam interacções uma a uma. Para já, é a relação das proteínas do glaucoma e da miopia extrema que foi objecto de uma patente. Mas há outras máquinas celulares descobertas por André Valente que podem ter grande potencial. Uma delas contém sete proteínas associadas a doenças cardiovasculares, entre elas o enfarte do miocárdio.
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