O que se partiu no dia 15 de setembro Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
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O que se partiu no dia 15 de setembro Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
O que se partiu no dia 15 de setembro
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Terça, 18 de Setembro de 2012
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Que Passos Coelho estava isolado na política já o sabíamos. Sindicatos, associações patronais, partidos da oposição, parceiro de coligação, notáveis do seu próprio partido... O mundo mediático deu os mesmos sinais: jornalistas e comentadores foram unânimes, incluindo o exército de advogados de defesa da austeridade que, sendo finalmente atingido por ela, partiu em debandada. Faltava perceber-se de forma clara o descontentamento popular. E faltava, acima de tudo, uma imagem para ilustrar esse descontentamento. Uma imagem que não fosse possível ignorar.
É difícil saber, ao certo, quantas pessoas estiveram na rua. Seguramente, entre 600 mil e um milhão. Num País de 10 milhões, é uma brutalidade. Impossível de ignorar. As maiores manifestações desde a explosão de liberdade no dia 1 de maio de 1974. Foram manifestações inorgânicas, em todo o País, intergeracionais e que juntaram do mais pobre à chamada classe média. Se isto não é o povo, gostava de saber onde está o povo. Uma parte da tradicional base social de apoio do PSD esteve na rua. E depois de alguém ter estado numa manifestação, pela primeira vez na sua vida, contra um governo que elegeu, é impossível voltar a ganhar essa pessoa. É uma tomada de posição demasiado clara para que se volte atrás.
Para o País, este governo morreu. Desde sábado, Passos Coelho passou a governar em estado vegetativo. Socorrendo-me das palavras de Viriato Soromenho Marques, resta ao governo dirigir o País em "modo Relvas". Fechado nos gabinetes. Jornalistas, oposição, PSD, CDS e Presidente da República sabem-no. Desligar a máquina é apenas uma questão de tempo. Está, a partir deste fim de semana, toda a gente a pensar nas alternativas. Só a troika e o desprestigiado Vítor Constâncio demorarão mais tempo a compreendê-lo. Porque os burocratas europeus e do FMI, não dependendo da democracia, não estão habilitados para a compreender.
Claro que em Belém e no campo político que suporta o governo, CDS e muito PSD incluídos, pensam-se em soluções que evitem eleições antecipadas. O povo falou, agora quer-se o povo calado e que as soluções sejam tratadas por quem, no último ano, foi incapaz de perceber o desastre para onde se caminhava. Ajuda a esta tentação o facto da oposição não dar sinais de poder corresponder à revolta e encontrar uma solução ganhadora que corresponda à ruptura que se exige.
O país político e mediático deve sair do aquário em que vive e tentar compreender, em toda a sua dimensão, o que se passou no dia 15. Que a tese do país sereno e resignado não era verdadeira. A coisa estava latente e esperava apenas o clique que mobilizasse as pessoas a saírem do isolamento dos seus dramas pessoais. Que já não chegará, mesmo que Paulo Portas julgue que sim, um pequeno recuo na TSU para voltar a colar o que se quebrou.
O que se quebrou foi a confiança dos portugueses nas suas instituições democráticas. E isso tem repercussões devastadoras. Repercussões no contrato social que leva as pessoas a pagar impostos, a votar e a cumprir as leis. Para recuperar este contrato são necessárias mais do que pequenas jogadas políticas de efeito mediático. O compromisso das pessoas com a exigência de uma mudança foi demasiado forte para que isso chegue. E ainda bem que o foi. O facto de terem ido pacificamente para a rua é uma oportunidade que deram à democracia. Quer dizer que, apesar de tudo o que se tem passado, ainda esperam alguma coisa dela. Quem souber ouvir este grito de revolta e for consequente com o que ele exige terá na mão a solução para o beco sem saída em que estamos. Vivemos tempos interessantes. Tragicamente interessantes.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/o-que-se-partiu-no-dia-15-de-setembro=f753822#ixzz26pWNEo8o
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Que Passos Coelho estava isolado na política já o sabíamos. Sindicatos, associações patronais, partidos da oposição, parceiro de coligação, notáveis do seu próprio partido... O mundo mediático deu os mesmos sinais: jornalistas e comentadores foram unânimes, incluindo o exército de advogados de defesa da austeridade que, sendo finalmente atingido por ela, partiu em debandada. Faltava perceber-se de forma clara o descontentamento popular. E faltava, acima de tudo, uma imagem para ilustrar esse descontentamento. Uma imagem que não fosse possível ignorar.
É difícil saber, ao certo, quantas pessoas estiveram na rua. Seguramente, entre 600 mil e um milhão. Num País de 10 milhões, é uma brutalidade. Impossível de ignorar. As maiores manifestações desde a explosão de liberdade no dia 1 de maio de 1974. Foram manifestações inorgânicas, em todo o País, intergeracionais e que juntaram do mais pobre à chamada classe média. Se isto não é o povo, gostava de saber onde está o povo. Uma parte da tradicional base social de apoio do PSD esteve na rua. E depois de alguém ter estado numa manifestação, pela primeira vez na sua vida, contra um governo que elegeu, é impossível voltar a ganhar essa pessoa. É uma tomada de posição demasiado clara para que se volte atrás.
Para o País, este governo morreu. Desde sábado, Passos Coelho passou a governar em estado vegetativo. Socorrendo-me das palavras de Viriato Soromenho Marques, resta ao governo dirigir o País em "modo Relvas". Fechado nos gabinetes. Jornalistas, oposição, PSD, CDS e Presidente da República sabem-no. Desligar a máquina é apenas uma questão de tempo. Está, a partir deste fim de semana, toda a gente a pensar nas alternativas. Só a troika e o desprestigiado Vítor Constâncio demorarão mais tempo a compreendê-lo. Porque os burocratas europeus e do FMI, não dependendo da democracia, não estão habilitados para a compreender.
Claro que em Belém e no campo político que suporta o governo, CDS e muito PSD incluídos, pensam-se em soluções que evitem eleições antecipadas. O povo falou, agora quer-se o povo calado e que as soluções sejam tratadas por quem, no último ano, foi incapaz de perceber o desastre para onde se caminhava. Ajuda a esta tentação o facto da oposição não dar sinais de poder corresponder à revolta e encontrar uma solução ganhadora que corresponda à ruptura que se exige.
O país político e mediático deve sair do aquário em que vive e tentar compreender, em toda a sua dimensão, o que se passou no dia 15. Que a tese do país sereno e resignado não era verdadeira. A coisa estava latente e esperava apenas o clique que mobilizasse as pessoas a saírem do isolamento dos seus dramas pessoais. Que já não chegará, mesmo que Paulo Portas julgue que sim, um pequeno recuo na TSU para voltar a colar o que se quebrou.
O que se quebrou foi a confiança dos portugueses nas suas instituições democráticas. E isso tem repercussões devastadoras. Repercussões no contrato social que leva as pessoas a pagar impostos, a votar e a cumprir as leis. Para recuperar este contrato são necessárias mais do que pequenas jogadas políticas de efeito mediático. O compromisso das pessoas com a exigência de uma mudança foi demasiado forte para que isso chegue. E ainda bem que o foi. O facto de terem ido pacificamente para a rua é uma oportunidade que deram à democracia. Quer dizer que, apesar de tudo o que se tem passado, ainda esperam alguma coisa dela. Quem souber ouvir este grito de revolta e for consequente com o que ele exige terá na mão a solução para o beco sem saída em que estamos. Vivemos tempos interessantes. Tragicamente interessantes.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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