Agarrados ao Facebook
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Agarrados ao Facebook
Agarrados ao Facebook
A rede social instrumentaliza e desumaniza o conceito de amizade. E acaba por ser a mais barata e eficaz forma de os governos espiarem os seus cidadãos. Leia mais na edição de novembro, já nas bancas.
10:10 Quinta feira, 1 de novembro de 2012
Agarrados ao Facebook
ILUSTRAÇÃO DE VLAHOVIC, BELGRADO
Eis o "Homo sapiens" amarrado à engrenagem das redes sociais: petrificado à frente de um computador, ligado ao mundo por um cabo de fibra ótica; estarrecido diante do monitor, de tez empalidecida pela luz artificial; ou, no meio da rua, de cabeça inclinada, correndo os dedos no ecrã de um objeto de desejo. A criatura é intrinsecamente faminta. Precisa de atualizações constantes: o utilizador tem de mimar a máquina sempre que possível - ou seja, em todo o lado e sempre - e Deus nos valha se houver um vendaval.
No Facebook contam-se velhos e novos amigos. E estão sempre a aumentar! Alguns são de facto "amigos", num sentido agora desvirtuado da palavra: a pessoa que é nossa confidente, nos ouve, sabe segredos e guarda-os. Alguém que sabe quem nós somos, como só um amigo pode saber. Aquele que, olhando-nos nos olhos, com carinho ou mesmo com amor, abre janelas para a nossa alma
Como bem sabemos, muitos "amigos" do Facebook não são nada disto. Poderão ser colegas ou vizinhos com quem já alguma vez estivemos, mas não podem ser considerados verdadeiros amigos. Alguns, nunca os vimos, só os conhecemos do computador, congregados por um algoritmo que calcula a quantidade de "gosto" e "não gosto".
Espiar os cidadãos
Esqueçamos, nem que seja por um instante, que o Facebook é, provavelmente, a forma mais engenhosa de agregar informação até hoje inventada para os governos espiarem os seus cidadãos. Demos de barato que esses mesmos cidadãos estão dispostos a fazer, eles próprios, o trabalho das agências de informação na construção de bases de dados pessoais.
O que mais me preocupa é a instrumentalização da amizade. O Facebook torna-a eficaz, tal como se tivesse saído de uma linha de montagem. É exatamente o que a amizade não deveria ser, se pretendemos que continue a ser humana e que os amigos continuem a ser valorizados como pessoas. A amizade é suja. É difícil. Tem cheiro. Às vezes, até mau hálito. É imprevisível e, por vezes, perigosa.
Saiba mais na edição de novembro do Courrier Internacional, já nas bancas.
Palavras-chave Facebook, redes sociais, fibra ótica, Amizade, Govermo, espiar, algoritmo, agências de informação, bases de dados, courrier internacional
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/agarrados-ao-facebook=f763700#ixzz2AzPttu9c
A rede social instrumentaliza e desumaniza o conceito de amizade. E acaba por ser a mais barata e eficaz forma de os governos espiarem os seus cidadãos. Leia mais na edição de novembro, já nas bancas.
10:10 Quinta feira, 1 de novembro de 2012
Agarrados ao Facebook
ILUSTRAÇÃO DE VLAHOVIC, BELGRADO
Eis o "Homo sapiens" amarrado à engrenagem das redes sociais: petrificado à frente de um computador, ligado ao mundo por um cabo de fibra ótica; estarrecido diante do monitor, de tez empalidecida pela luz artificial; ou, no meio da rua, de cabeça inclinada, correndo os dedos no ecrã de um objeto de desejo. A criatura é intrinsecamente faminta. Precisa de atualizações constantes: o utilizador tem de mimar a máquina sempre que possível - ou seja, em todo o lado e sempre - e Deus nos valha se houver um vendaval.
No Facebook contam-se velhos e novos amigos. E estão sempre a aumentar! Alguns são de facto "amigos", num sentido agora desvirtuado da palavra: a pessoa que é nossa confidente, nos ouve, sabe segredos e guarda-os. Alguém que sabe quem nós somos, como só um amigo pode saber. Aquele que, olhando-nos nos olhos, com carinho ou mesmo com amor, abre janelas para a nossa alma
Como bem sabemos, muitos "amigos" do Facebook não são nada disto. Poderão ser colegas ou vizinhos com quem já alguma vez estivemos, mas não podem ser considerados verdadeiros amigos. Alguns, nunca os vimos, só os conhecemos do computador, congregados por um algoritmo que calcula a quantidade de "gosto" e "não gosto".
Espiar os cidadãos
Esqueçamos, nem que seja por um instante, que o Facebook é, provavelmente, a forma mais engenhosa de agregar informação até hoje inventada para os governos espiarem os seus cidadãos. Demos de barato que esses mesmos cidadãos estão dispostos a fazer, eles próprios, o trabalho das agências de informação na construção de bases de dados pessoais.
O que mais me preocupa é a instrumentalização da amizade. O Facebook torna-a eficaz, tal como se tivesse saído de uma linha de montagem. É exatamente o que a amizade não deveria ser, se pretendemos que continue a ser humana e que os amigos continuem a ser valorizados como pessoas. A amizade é suja. É difícil. Tem cheiro. Às vezes, até mau hálito. É imprevisível e, por vezes, perigosa.
Saiba mais na edição de novembro do Courrier Internacional, já nas bancas.
Palavras-chave Facebook, redes sociais, fibra ótica, Amizade, Govermo, espiar, algoritmo, agências de informação, bases de dados, courrier internacional
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117475
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