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Público: Judeus, um povo inventado?

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Mensagem por Vitor mango Dom Nov 18, 2012 10:33 am



Público: Judeus, um povo inventado?










Público: Judeus, um povo inventado? Judeus+um+povo+inventado+-+P%C3%BAblico


«Sim, diz o historiador Shlomo Sand num livro que há meses é um best-seller
em Israel. Não há um povo judeu como “nação-raça”, apenas uma religião
judaica, que sobreviveu pela conversão. O exílio, em 70 d.C. é um
“mito”, cristão e sionista. E os palestinianos de hoje serão os
“genuínos descendentes” dos antigos habitantes do reino de David. “É uma
obra radical”, reconhece o autor ao P2. “Fascinante”, concordam
admiradores e críticos.
Shlomo Sand, historiador na Universidade de
Telavive, é "um homem muito corajoso". É ele quem se vangloria ao P2,
depois de ter publicado um livro (em hebraico e em francês) e um artigo
(no Monde Diplomatique) onde conclui, após oito anos de estudos, que "o
povo judeu é uma invenção".
Não, escreve Sand, no século XIII a.C.
Moisés "nunca poderia ter conduzido os hebreus para fora do Egipto até à
Terra Prometida, porque esta era território egípcio". Não, "não há
qualquer vestígio de uma revolta de escravos contra o império faraónico
ou uma súbita conquista de Canã por estrangeiros". Não, a população do
reino de Judá (posterior Judeia) "não fugiu para o exílio no século VI
a.C. - só a elite intelectual foi forçada a instalar-se na Babilónia."
Não, não houve um segundo êxodo, em 70 d.C., "porque os romanos nunca
deportaram populações" - mesmo que quisessem, não tinham logística para
expulsões em massa.
"À excepção de alguns prisioneiros feitos
escravos, os habitantes da Judeia continuaram a viver nas suas terras,
mesmo após a destruição do Segundo Templo. Uns converteram-se ao
cristianismo, no século IV, e a maioria abraçou o islão durante a
conquista árabe, no século VII." Os primeiros sionistas, enfatiza Sand,
até à grande revolta árabe de 1936-39 na Palestina, sabiam que não tinha
havido exílio".
Para fazer valer a sua argumentação, Sand cita David
Ben-Gurion, o primeiro chefe do Governo de Israel, e Yitzhak Ben-Zvi, o
segundo Presidente, asseverando que um e outro "disseram em várias
ocasiões, em 1929, que a maioria dos camponeses da Palestina não tem
origem nos conquistadores árabes, mas são genuínos descendentes dos
habitantes da antiga Judeia".
"É incrível, mas não há nenhum livro,
um único, que prove o exílio de 70 d.C., porque ele nunca aconteceu",
empolga-se Sand, que pertence ao grupo dos "novos historiadores", como
Benny Morris, Avi Shlaim ou Tom Segev. O grande exílio é um mito
"originalmente cristão". A ideia era mostrar um castigo divino por os
judeus não terem aceitado Jesus como Messias. No século XIX, tornou-se
na "base da ideologia sionista, para legitimar a conquista da
Palestina".

Os berberes judeus

Se os judeus não foram
expulsos e não houve vinte séculos de errância, "o grande impulso para a
judaização", no Norte de África, na Europa de Leste ou no Médio
Oriente, "foi um processo de conversões", garante Sand. Entre a revolta
dos macabeus, em 167 a.C., até à rebelião de Simon bar Kokhba, em 132
d.C., o judaísmo foi "a religião de mais activo proselitismo" - e foram
estas "conversões maciças que, sob influência do helenismo, prepararam o
terreno para a subsequente disseminação do cristianismo".
Sem as
conversões no mundo pagão, avança Sand, "talvez a religião judaica se
tivesse tornado completamente marginal, e poderia até nem ter
sobrevivido". Mas enquanto o proselitismo durou, mesmo com um
abrandamento depois da vitória do cristianismo, no século IV, "os
hasmoneanos judeo-helénicos converteram à força os idumeanos [antigos
edomitas] do sul da Judeia e os itureanos da Galileia, e
incorporaram-nos no povo de Israel". No Curdistão já emergira, no século
I d.C., o reino judeu de Adiabene. E, no Iémen, no século V d.C.,
apareceu "um vigoroso reino judeu em Himyar, cujos descendentes
preservaram a sua fé durante a conquista islâmica até aos nossos dias."
Para
fundamentar as suas conclusões, Sand cita "obras romanas, gregas e
judaicas", incluindo os escritos de Flávio Josefo, Horácio, Séneca,
Juvenal e Tácito. "O ponto de partida para a desconstrução dos mitos da
historiografia da história dos judeus" foi, porém, a "nova arqueologia",
embora ele nos assegure ter "ido mais longe".
Uma das histórias de
conversões que Sand relata no seu livro Matai ve'ech humtza há'am
hayehudi?, em hebraico, ou Comment le peuple juif fut inventé: De la
Bible au sionisme, em francês (em breve haverá também uma versão
inglesa) é a da rainha Dahia al-Kahina. Uma orgulhosa judia, ela foi
líder de guerreiros berberes nas montanhas de Aurès (actual Argélia) que
repeliram o exército muçulmano invasor do Norte de África, no século
VII d.C.
"Perguntei a mim próprio como é que vastas comunidades
judaicas apareceram em Espanha", contou Sand ao diário israelita
Ha'aretz. "Reparei então que Tariq ibn Ziyad, o supremo comandante dos
muçulmanos que conquistou Espanha, era berbere e que a maior parte dos
seus soldados eram berberes. O reino judeu berbere de Dahia al-Kahina só
tinha sido derrotado 15 anos antes. E a verdade é que há numerosas
fontes cristãs a dizer que muitos dos conquistadores de Espanha eram
judeus convertidos. As raízes profundas da comunidade judaica de Espanha
estão nos soldados berberes que se converteram ao judaísmo."

Khazaria e os yiddish

O
que Sand descreve como "a mais significativa conversão em massa" terá
ocorrido no século VIII, no reino de Khazaria, situado entre os mares
Negro e Cáspio, nas estepes ao longo do rio Volga. "A expansão do
judaísmo do Cáucaso até à moderna Ucrânia criou uma multiplicidade de
comunidades, muitas das quais se mudaram para a Europa de Leste depois
das invasões mongóis", afirma o historiador.
No século VIII d.C., os
khazares adoptaram a religião judaica e o hebraico como língua escrita. A
partir do século X, este reino enfraqueceu e, no século XIII, foi
derrotado pelos invasores mongóis. Sand não duvida que os khazares
convertidos, em conjunto com os judeus das terras eslavas e do que é
hoje a actual Alemanha, "constituíram a origem das comunidades judaicas
na Europa de Leste (...), a base da cultura yiddish".
A influência
dos khazares é um ponto de discórdia, que levou outro historiador,
Israel Bartal, da Universidade Hebraica, em Jerusalém, a criticar Sand
por "inventar uma invenção", embora tenha reconhecido que o livro do
colega é "um estudo fascinante" (Há'aretz).
Até por volta de 1960,
referiu Sand, "as origens complexas do povo judeu foram mais ou menos,
relutantemente, reconhecidas pela historiografia sionista, mas depois
foram marginalizadas e acabaram por ser apagadas da memória pública de
Israel". Restou apenas o mito da "descendência directa do mítico reino
de David", e os judeus passaram a reclamar ser "um grupo étnico
específico, que regressou a Jerusalém, a sua capital, depois de 2000
anos de exílio".
Bartal nega que "um inteiro capítulo da história
judaica tenha sido silenciado por razões políticas", e foi buscar a sua
velha Enciclopédia Mikhal, obra de referência sionista, para relembrar a
Sand a passagem sobre os khazares, "nação de origem turca".
Diz a
enciclopédia, segundo Bartal: "É irrelevante se a conversão ao judaísmo
abrangeu um largo estrato da nação khazar; importante é que este
acontecimento foi entendido como um fenómeno de grande significado na
história judaica, um fenómeno que desde então desapareceu totalmente: o
judaísmo como religião missionária. (...) A questão do impacto a longo
prazo desse capítulo da história judaica nos judeus da Europa de Leste -
quer através do desenvolvimento do seu carácter étnico ou de outro modo
- é um tema que necessita de maior investigação. Em todo o caso, embora
não conheçamos a extensão da sua influência, é evidente hoje que esta
conversão teve um impacto."
Sand, na conversa com o P2, contrapõe:
"Quando Bartal fala dos khazares não realça que eles se converteram ao
judaísmo, destaca apenas que, antes de eles se tornarem judeus, muitos
judeus já tinham chegado à região provenientes da Palestina. Conseguem
ver a diferença?" Bartal, acrescenta Sand, "pertence à velha corporação
de historiadores, aqueles que, na Universidade Hebraica, nos anos 1930,
decidiram dividir a História Judaica e a História Universal em dois
departamentos distintos. Quando alguém, como eu, chega e diz que não
acredita na História do Povo de Israel, é natural que eles se sintam
chocados."
Apesar de tudo, Sand confessa que esperava de Bartal uma
recensão mais implacável. "Das minhas 500 referências, ele menciona três
erros e, destes três, só tem razão em um e meio, o que me deixa muito
honrado. Também não terá gostado que o livro seja um best-seller há 19
semanas, porque isso mostra que a sociedade israelita se tornou mais
plural."

Da Bíblia ao sionismo

Bartal não critica apenas a
alusão de Sand aos khazares, mas também a asserção de que "'académicos
reputados do passado' ocultaram a verdade no que diz respeito à origem
impura dos judeus". O seu contra-argumento é o de que "nenhum
historiador do movimento nacional judeu alguma vez acreditou que as
origens dos judeus são étnica e biologicamente 'puras'."
E continua:
"Jamais um historiador judeu 'nacionalista' tentou ocultar o facto de
que as conversões ao judaísmo tiveram um grande impacto na história
judaica na Antiguidade e nos primórdios da Idade Média. Embora exista na
cultura popular israelita, o mito do exílio da pátria judaica
(Palestina) é negligenciado nas mais sérias discussões históricas
judaicas. Importantes grupos do movimento nacional judeu exprimiram
reservas sobre este mito ou negaram-no completamente."
O que é que
Sand tenta provar com este estudo, questionou Bartal. "Que a pátria dos
judeus não é a Palestina, que a maioria dos judeus descende de
diferentes nações convertidas ao judaísmo e que foram os sionistas a
desenvolver, no século XIX, uma ideologia etno-biológica e a inventar o
chamado "povo judeu"?
Sim, responde Sand: "Os judeus existiram como
religião mas não como uma nação-raça. Foi no século XIX que intelectuais
de origem judaica na Alemanha, influenciados pelo nacionalismo
germânico, levaram a cabo a tarefa de criar um moderno povo judeu,
herdeiro de um reino, errante durante 2000 anos e de regresso à pátria".
"Os
primeiros historiadores judeus, como Isaak Markus Jost (1793-1860) e
Leopold Zunz, olhavam para o Velho Testamento como uma obra teológica,
que reflectia as crenças das comunidades judaicas após a destruição do
Primeiro Templo", recorda Sand no Monde Diplomatique. "Só na segunda
metade do século XIX é que Heinrich Graetz (1817-1891) e outros
desenvolveram uma visão 'nacional' da Bíblia e transformaram a viagem de
Abraão para Canã, a fuga do Egipto e o reino unido de David e Salomão
num autêntico passado nacional. Pela constante repetição, os
historiadores sionistas transformaram, subsequentemente, essas
'verdades' bíblicas na base da educação nacional".

Confrontar a historiografia

Ao
contrário de Bartal, e ainda que tenha lamentado a profusão de
"histórias pessoais, discussões teóricas e observações sarcásticas", o
historiador Tom Segev recomendou a leitura da obra de Sand,
qualificando-a como "um dos livros mais fascinantes e desafiantes
publicados aqui [em Israel] desde há muito tempo".
"Os capítulos
históricos estão muito bem escritos e citam numerosos factos e pontos de
vista que surpreenderão muitos israelitas quando os lerem pela primeira
vez", adianta Segev, num artigo no Há'aretz, que Sand, entusiasmado,
nos leu ao telefone. Compreende-se a satisfação de ser compreendido,
depois de ter sido insultado. "Houve quem me chamasse nazi e cão, e
cheguei a temer ser alvo de agressões por parte de grupos de
extrema-direita que violentamente têm interrompido as minhas palestras".
"Eu
sou um especialista em História Contemporânea [sobretudo da França onde
completou os seus estudos universitários], mas chegou um momento em que
senti que era estúpido viver em Telavive e não estudar a história dos
judeus, porque o movimento sionista faz parte da história moderna da
Europa", disse Sand ao P2.
"Sabia que ia ser contestado, ao enveredar
por outra área. Por isso, fiquei impressionado por o meu livro estar a
ser vendido aos milhares. A minha posição é muito radical. O êxito
talvez se explique porque as pessoas têm medo que a História não esteja
com elas."
"Eu não quis destruir o Estado de Israel", vinca este
homem que nasceu em Linz, na Áustria, em 1946, e passou os dois
primeiros anos da sua vida num campo de refugiados judeus na Alemanha,
"Era meu dever confrontar a mitológica historiografia da história dos
judeus. O que eu pretendo é dar outra legitimidade ao Estado de Israel. A
velha legitimação não se deve manter, porque não é verdadeira. Nunca
regressámos a uma Terra Prometida."
Estado de todos
O livro tem um
objectivo político, reconhece Sand: "o de transformar Israel num Estado
israelita democrático e não num Estado judaico, porque um terço da
população não é judia. Por que é que um rabi em Nova Iorque pode dizer
que Israel lhe pertence mais do que um colega árabe israelita da minha
universidade?"
Sand avisa: "É preciso mudar a consciência
etnocêntrica da sociedade israelita. Não há futuro para um Estado
judaico, porque deixa de fora 20 por cento de árabes e 5 por cento de
imigrantes que não são considerados judeus. Na Galileia, 65 por cento
dos habitantes são árabes. Se amanhã se revoltarem, e disserem que
querem criar um Estado como o Kosovo, porque o Estado judaico os exclui,
têm todo o direito de o fazer. Imaginam Portugal a proclamar-se um
Estado dos cristãos?"
"Se em 10-15 anos, não se tornar num Estado de
todos os seus cidadãos, Israel deixará de existir", vaticina Sand,
ressalvando que é "pessimista mas não fatalista". A diferença? "Acredito
que o futuro não é bom, mas não tenho a certeza. Se a civilização durou
o século XX sem uma guerra nuclear, não tenho o direito de ser
fatalista."
Antes de o telefonema acabar, mais uma clarificação: "Não
sou anti-sionista, mas pós-sionista. A definição de uma pessoa como
anti-sionista sugere que é contra a existência do Estado de Israel. Eu
aceito o Estado de Israel. Digo que hoje há um povo israelita judeu. O
problema é que o sionismo não quer reconhecer a nação israelita e apenas
a nação judaica. O nacionalismo árabe também não reconhecia a
identidade israelita."
De momento, declara Sand, "sou a favor da
solução de dois estados - não um judaico e um árabe, mas um israelita e
um palestiniano. Depois, espero que seja criada uma confederação de dois
estados. Não defendo um estado binacional porque isso seria pedir aos
judeus que se tornassem numa minoria no seu próprio país. É
inaceitável."
E é assim que, quase quatro décadas depois de Golda
Meir, ex-primeira-ministra israelita, ter dito ao Sunday Times (15 Junho
1969) que "não existe isso a que chamam de povo palestiniano", Shlomo
Sand, outro israelita, vem dizer-nos que "o povo judeu é uma invenção". E
para ilustrar o que daí resultou, o seu livro abre com uma citação de
Karl Wolfgang Deutsch: "Uma nação é um grupo de pessoas unidas por um
erro comum quanto à sua origem e uma hostilidade colectiva em relação
aos seus vizinhos."»


In jornal Público, caderno P2, pág5/7, 13 de Setembro de 2008.


Na sequência deste texto, um membro da Comunidade Israelita de Lisboa fez publicar esta Carta ao Director do Público que fez com que o responsável viesse a pedir "desculpa por tê-lo induzido em erro."
O respeitinho é muito bonito caso contrário passa-se de jornalista para arrumador de carros. Sem tirar nem pôr!

Público: Judeus, um povo inventado? Carta+ao+Director+-+ser%C3%A3o+os+judeus+uma+fabrica%C3%A7%C3%A3o+hist%C3%B3rica




publicada por nonas às
19.9.08
















1 Comentários:



Público: Judeus, um povo inventado? Anon16-rounded Anónimo disse...


Eis uma verdade cristalina, que durante séculos constituiu-se
em mistério, e nas últimas quatro décadas em tabu. O neo-judeu é um
leste europeu, em parte miscigenado com turcomanos, surgido na saída da
baixa Idade Média e consolidado historicamente, graças à ignorância e ao
desinteresse efetivo dos 'gentios' ocidentais, durante a revolução
comercial e as grandes descobertas marítimas (séc. XII a XVI). Seu
grande triunfo foi passar por depositário genético do extinto hebreu,
procurando legitimar a invasão e ocupação da Palestina, o que, de fato,
lastimavelmente ocorreu, no século XX. Valeu para isso, de forma
determinante, invocarem a falta de um território próprio, em face aos
'horrores' sofridos durante a 2ª Grande Guerra. Mas a criação de um
estado judeu em 1948 tem a marca da pressa, pois por pouco tempo mais,
ficaria patente a desnecessidade desse desastre geopolítico, em que pese
o orgulho e o grande prazer em muitos intelectuais construtores de
memoriais:)

8:59 p.m.




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