A manada de jornalistas e a sociedade civil secreta
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A manada de jornalistas e a sociedade civil secreta
A manada de jornalistas e a sociedade civil secreta
Henrique Monteiro
10:44 Quarta feira, 16 de janeiro de 2013
O título parece de um filme da série B, mas tem a ver com o que ontem se passou numa pretensa iniciativa da sociedade civil destinada a discutir reforma do Estado. A primeira estranheza foi a de os trabalhos decorrerem à porta fechada
com regras para a imprensa inabituais entre nós, mas comuns em vários
países democráticos. A segunda estranheza residiu no facto de uma boa parte dos jornalistas ter abandonado a sala onde se realizava o evento.
Na dita conferência, organizada a pedido de Passos
Coelho pela ex-dirigente do PSD Sofia Galvão, participaram pessoas de
várias origens políticas - de Gomes Canotilho a Guilherme d'Oliveira
Martins, além de membros do Governo - a comunicação social, podendo
relatar o que se passava, não podia captar imagens nem som e apenas
estava autorizada a citar os intervenientes que dessem o seu
consentimento expresso (houve quem o fizesse e quem o recusasse).
Perante estas e outras regras, a maioria dos jornalistas abandonou a
sala. Alguns jornais, como o 'Público' (mas não o 'DN') ignoraram mesmo o
conteúdo dos debates, preferindo centrar-se na questão do acesso dos
media.
Perante isto há a distinguir três coisas:
1) Uma conferência destinada a discutir a reforma do Estado se não é para ser irrestritamente aberta à imprensa, escusa de ser anunciada. Basta realizar-se por convite devendo os órgãos de comunicação social conhecer previamente as regras que serão seguidas.
2) Os organizadores de qualquer conferência têm o direito de impor as regras de divulgação que entenderem.
Incluindo a de não quererem jornalistas por perto. O dever de informar
não pode ser extensível a qualquer ato da sociedade. Isso nem faz
sentido.
3) O dever dos jornalistas é informar os seus leitores, ouvintes e espetadores, mesmo em condições mais adversas.
Eu, como assinante do 'Público', fiquei privado de saber quem
participou na conferência (fui vê-lo ao 'DN', que não se eximindo a
noticiar o polémico encerramento da conferência, fornece - e bem -
algumas informações sobre o que lá se debateu). Esta ideia de que os
jornalistas não têm deveres para com os seus leitores está a matar o
jornalismo, transformando-nos (a nós profissionais) numa espécie de
'vacas sagradas' que decidem em manada abandonar locais em sinais de
protesto. Por mim, estou à vontade para escrever isto porque, há já
muitos anos, fiquei isolado numa cena destas, quando todos os
jornalistas decidiram abandonar, por razões pueris, uma realização do
PCP. O compromisso principal de um jornalista, para lá de todos os direitos que possa ter, é com o seu público.
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
Facebook:Henrique Monteiro https://www.facebook.com/hmonteiro
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-manada-de-jornalistas-e-a-sociedade-civil-secreta=f779787#ixzz2I8g4Q2sZ
Henrique Monteiro
10:44 Quarta feira, 16 de janeiro de 2013
O título parece de um filme da série B, mas tem a ver com o que ontem se passou numa pretensa iniciativa da sociedade civil destinada a discutir reforma do Estado. A primeira estranheza foi a de os trabalhos decorrerem à porta fechada
com regras para a imprensa inabituais entre nós, mas comuns em vários
países democráticos. A segunda estranheza residiu no facto de uma boa parte dos jornalistas ter abandonado a sala onde se realizava o evento.
Na dita conferência, organizada a pedido de Passos
Coelho pela ex-dirigente do PSD Sofia Galvão, participaram pessoas de
várias origens políticas - de Gomes Canotilho a Guilherme d'Oliveira
Martins, além de membros do Governo - a comunicação social, podendo
relatar o que se passava, não podia captar imagens nem som e apenas
estava autorizada a citar os intervenientes que dessem o seu
consentimento expresso (houve quem o fizesse e quem o recusasse).
Perante estas e outras regras, a maioria dos jornalistas abandonou a
sala. Alguns jornais, como o 'Público' (mas não o 'DN') ignoraram mesmo o
conteúdo dos debates, preferindo centrar-se na questão do acesso dos
media.
Perante isto há a distinguir três coisas:
1) Uma conferência destinada a discutir a reforma do Estado se não é para ser irrestritamente aberta à imprensa, escusa de ser anunciada. Basta realizar-se por convite devendo os órgãos de comunicação social conhecer previamente as regras que serão seguidas.
2) Os organizadores de qualquer conferência têm o direito de impor as regras de divulgação que entenderem.
Incluindo a de não quererem jornalistas por perto. O dever de informar
não pode ser extensível a qualquer ato da sociedade. Isso nem faz
sentido.
3) O dever dos jornalistas é informar os seus leitores, ouvintes e espetadores, mesmo em condições mais adversas.
Eu, como assinante do 'Público', fiquei privado de saber quem
participou na conferência (fui vê-lo ao 'DN', que não se eximindo a
noticiar o polémico encerramento da conferência, fornece - e bem -
algumas informações sobre o que lá se debateu). Esta ideia de que os
jornalistas não têm deveres para com os seus leitores está a matar o
jornalismo, transformando-nos (a nós profissionais) numa espécie de
'vacas sagradas' que decidem em manada abandonar locais em sinais de
protesto. Por mim, estou à vontade para escrever isto porque, há já
muitos anos, fiquei isolado numa cena destas, quando todos os
jornalistas decidiram abandonar, por razões pueris, uma realização do
PCP. O compromisso principal de um jornalista, para lá de todos os direitos que possa ter, é com o seu público.
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
Facebook:Henrique Monteiro https://www.facebook.com/hmonteiro
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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