Marcelo e a ilusão da normalidade
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Marcelo e a ilusão da normalidade
Marcelo e a ilusão da normalidade
Henrique Monteiro
10:22 Segunda feira, 11 de março de 2013
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Marcelo Rebelo de Sousa é o comentador por excelência. Apesar de ter o título de homem mais bem informado disputado por Marques Mendes (não deixa de ser curioso que sejam dois ex-líderes de um partido os mais citados comentadores) tudo o que diz tem efeito.
É por isso, e apenas por isso, que chamo a atenção para uma questão que me intriga. Por que motivo Marcelo cria a ilusão de uma normalidade política sempre que fala? Acredita nela ou pretende apenas uma forma simples de transmitir ideias? Não sei a resposta, mas deixem-me ilustrar com um exemplo aquilo que quero dizer. Ontem mesmo, ao referir-se ao apoio de Durão Barroso à ideia de que Portugal tenha mais um ano para atingir a meta do défice, Marcelo ligou esse apoio a uma eventual candidatura de Barroso à presidência da República portuguesa. Ou seja, seria uma jogada que tinha, por fim, algo que se passará daqui a três anos. E completou o raciocínio analisando, por alto, as hipóteses de Barroso face a António Costa ou a António Guterres.
Esta espécie de maquiavelismo, no qual todas as ações são pensadas tendo apenas em vista o poder, é interessante, mas discutível, em situações normais. Mas, no turbilhão da crise em que estamos metidos é muito contraproducente. Desfaz qualquer ideia de equilíbrio; coloca todos ao nível mais básico de uma mera corrida por um objetivo pessoal, egoísta e incerto. E, pior do que isso, dá uma falsa ideia de que, passados estes tempos, poderemos voltar à normalidade.
Ora essa normalidade é uma ilusão. A historiadora Fátima Bonifácio diz hoje, numa entrevista ao 'Público', algo que subscrevo inteiramente: "Nada mais será como dantes. As pessoas pensam que passando a crise - chamemos-lhe assim, pois é mais do que uma crise - se volta a uma coisa parecida com o que havia antes. Nem pensar." E acrescenta: "Nunca mais haverá o statu quo ante. E não é só em Portugal. É na Europa".
As chaves de análise de uma normalidade que não existe podem ser tranquilizadoras. Mas são falsas. Eu não sei se Barroso faz o que faz a pensar nas presidenciais (e, já agora, não sei se Marcelo o sabe). Seja como for, a ideia de que em 2016 estaremos com uma tranquilidade política igual - já não digo à de 2001 ou 2006 - à de 2011 é lunático. E é não perceber, de facto, o que se está a passar.
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
Facebook:Henrique Monteiro https://www.facebook.com/hmonteir
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/marcelo-e-a-ilusao-da-normalidade=f792703#ixzz2NF1ha088
Henrique Monteiro
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Marcelo Rebelo de Sousa é o comentador por excelência. Apesar de ter o título de homem mais bem informado disputado por Marques Mendes (não deixa de ser curioso que sejam dois ex-líderes de um partido os mais citados comentadores) tudo o que diz tem efeito.
É por isso, e apenas por isso, que chamo a atenção para uma questão que me intriga. Por que motivo Marcelo cria a ilusão de uma normalidade política sempre que fala? Acredita nela ou pretende apenas uma forma simples de transmitir ideias? Não sei a resposta, mas deixem-me ilustrar com um exemplo aquilo que quero dizer. Ontem mesmo, ao referir-se ao apoio de Durão Barroso à ideia de que Portugal tenha mais um ano para atingir a meta do défice, Marcelo ligou esse apoio a uma eventual candidatura de Barroso à presidência da República portuguesa. Ou seja, seria uma jogada que tinha, por fim, algo que se passará daqui a três anos. E completou o raciocínio analisando, por alto, as hipóteses de Barroso face a António Costa ou a António Guterres.
Esta espécie de maquiavelismo, no qual todas as ações são pensadas tendo apenas em vista o poder, é interessante, mas discutível, em situações normais. Mas, no turbilhão da crise em que estamos metidos é muito contraproducente. Desfaz qualquer ideia de equilíbrio; coloca todos ao nível mais básico de uma mera corrida por um objetivo pessoal, egoísta e incerto. E, pior do que isso, dá uma falsa ideia de que, passados estes tempos, poderemos voltar à normalidade.
Ora essa normalidade é uma ilusão. A historiadora Fátima Bonifácio diz hoje, numa entrevista ao 'Público', algo que subscrevo inteiramente: "Nada mais será como dantes. As pessoas pensam que passando a crise - chamemos-lhe assim, pois é mais do que uma crise - se volta a uma coisa parecida com o que havia antes. Nem pensar." E acrescenta: "Nunca mais haverá o statu quo ante. E não é só em Portugal. É na Europa".
As chaves de análise de uma normalidade que não existe podem ser tranquilizadoras. Mas são falsas. Eu não sei se Barroso faz o que faz a pensar nas presidenciais (e, já agora, não sei se Marcelo o sabe). Seja como for, a ideia de que em 2016 estaremos com uma tranquilidade política igual - já não digo à de 2001 ou 2006 - à de 2011 é lunático. E é não perceber, de facto, o que se está a passar.
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