“É urgente convocar uma conferência sobre o Oriente Médio em Moscou”

“É urgente convocar uma conferência sobre o Oriente Médio em Moscou”




Foto: RIA Novosti


Na foto: Azzam al-Ahmad (foto de arquivo)


No início da próxima semana, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, visita Moscou. A situação no Oriente Médio está tensa. Porque é que o líder palestino vem precisamente agora à Rússia?



Azzam al-Ahmad, camarada do líder palestino, membro do Comitê Central do Fatah, dirigente do grupo parlamentar desse principal movimento palestino, revelou, em entrevista exclusiva à Voz da Rússia, a essência das futuras conversações.
No Fatah, Azzam al-Ahmad dirige as questões da cooperação com o Movimento de Resistência Islâmico (Hamas). Ele dirigiu a delegação do Fatah nas recentes conversações com o Hamas. Esses contatos tiveram êxito e levaram à reconciliação das duas organizações palestinas mais importantes, o que constituiu algo inédito depois de muitos anos de divergências. Recentemente, Azzam al-Ahmad participou duma reunião fechada, convocada pelo presidente para discutir a visita a Moscou:
– Senhor Azzam, o presidente da Palestina realiza a sua segunda viagem à Rússia num ano, o que não é muito frequente, não é? Qual o segredo desta visita?
– Você tem razão. A atual visita do presidente da Palestina à Rússia vai além da tradicional, realizada anualmente. Hoje, os acontecimentos no Oriente Médio desenvolvem-se de forma impetuosa. As conversações entre israelenses e palestinos entraram num beco sem saída. Israel evita cumprir compromissos anteriormente assumidos. Os EUA e outros mediadores internacionais fazem, pelo menos, tentativas de reativar as conversações.
O presidente Mahmoud Abbas vem à Rússia precisamente para discutir como fazer isso. A Rússia é membro do “quarteto” de mediadores no problema palestino. Não se pode permitir que o processo de paz fique congelado. É necessário procurar novas abordagens criativas para retirar do beco sem saída as conversações sobre a Palestina.
Um momento importante consiste em que, na conferência internacional na cidade de Annapolis (estado de Maryland), em 2007, foi acordado que para haver avanço neste sentido seria organizada uma conferência internacional em Moscou. Depois disso, várias vezes se falou do tema, mas nunca acabou por se realizar. No entanto, é preciso convocar urgentemente tal conferência.
O presidente da Palestina vem para discutir a questão da conferência sobre o Oriente Médio em Moscou. Claro que outro dos temas das conversações será o reforço das ligações bilaterais entre a Rússia e a Palestina.
– O senhor conversa frequentemente com o presidente Mahmoud Abbas. Tem informação vinda diretamente dele sobre esta visita?
– Claro que sim. Nós, direção da Palestina, damos enorme importância a esta visita à Rússia. Há poucos dias atrás, realizou-se uma reunião onde o Presidente nos falou dos objetivos e do programa da próxima visita. A propósito, ele visitará não só Moscou, mas também outras cidades russas.
Mas o principal objetivo das conversações em Moscou é discutir passos para o reinício de conversações sobre a criação do Estado da Palestina. Os EUA e a União Europeia também trabalham nesse sentido. Mas nós depositamos esperanças principalmente na Rússia. Os EUA tentaram chamar a si o papel de liderança nesse processo, mas nada conseguiram.
– Estão prontos a retomar as conversações com os israelenses?
– Os palestinos estão prontos a reiniciar as conversações com israelenses durante mais um período de nove meses. Mas a nossa condição é que os primeiros três meses devem ser exclusivamente dedicados ao problema da definição das fronteiras e do território do Estado da Palestina. E, durante esse período, os israelenses devem congelar completamente a construção de novos assentamentos nos territórios ocupados. Mas o governo israelense, pelo contrário, anunciou a construção de mais 147 unidades habitacionais na localidade de Abu Ghnaim, entre Belém e Jerusalém.
E mais uma tarefa consiste em integrar-nos mais ativamente no trabalho de diferentes organizações internacionais, antes de tudo, da ONU. Os israelenses opõem-se ativamente a isso. Neste questão, depositamos grande esperança na ajuda dos nossos amigos russos. A Rússia, mais do que ninguém, respeita a legalidade internacional, nomeadamente face à Palestina. Precisamos de um papel ativo da Rússia no Oriente Médio.  
– Logo após o presidente Abbas, a direção do Movimento de Resistência Islâmico da Palestina (Hamas) visitará Moscou. Em que é que a sua visita poderá ser útil?
– A Rússia, ao contrário dos EUA e de Israel, saudaram sempre os esforços com vista à união dos palestinos, à reconciliação do Hamas e da Fath. Esperemos que Khaled Mashaal, dirigente do Bureau Político do Hamas, dê ouvidos aos conselhos da Rússia. Trata-se da voz da razão, que deve ser ouvida.
É preciso que o movimento Hamas ajude a avançar o processo de paz. Que ele continue a respeitar os acordos que levaram, recentemente, à criação do governo de concórdia nacional na Palestina. Que respeite as decisões do Movimento de Libertação da Palestina. Que avalie a situação de forma realista.
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