“Deixem Deus em paz, o nosso e o deles”
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“Deixem Deus em paz, o nosso e o deles”
“Deixem Deus em paz, o nosso e o deles”
Jorge Almeida Fernandes
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O atentado de terça-feira numa sinagoga de Jerusalém não foi uma simples acção terrorista. Foi um indício da possibilidade de uma “guerra religiosa”. Resumiu no diário Haaretz o analista Amos Harel: “O alvo era explicitamente religioso e o atentado exprime um conflito religioso.” Ouviram-se dentro da sinagoga gritos de Allahu Akbar (Deus é grande). Nas últimas semanas, também fanáticos judeus de extrema-direita incendiaram mesquitas nos territórios ocupados. No epicentro do conflito está a disputa do Monte do Templo, para os judeus, ou Haram al-Sharif (Nobre Santuário), para os muçulmanos — vulgo, Esplanada das Mesquitas. Lugar sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos, é um dos pontos mais explosivos do mundo.
Após a ocupação de Jerusalém Oriental, no fim da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel proibiu os judeus de irem orar no Monte do Templo. Desde então, ultra-ortodoxos e sionistas messiânicos não têm cessado as pressões para mudar o estatuto do lugar. Nas derradeiras semanas, a “marcha” para o Monte do Templo tornou-se na causa unificadora dos messiânicos. Considerando que a ocupação da Cisjordânia já é irreversível, voltam-se agora para um novo objectivo.
Israel está a mudar de natureza. O campo laico tende a ser submergido pela vaga messiânica que põe em causa a natureza democrática e secular da sociedade israelita. Se os islamistas subordinam a sua identidade nacional à identidade islâmica, os sionistas messiânicos aproximam-se deles com o seu projecto de “regime judaico”. É um conflito “entre israelitas e judeus”, gostam de dizer os messiânicos.
Longe vai o tempo em que Theodor Herzl, o inventor do sionismo no século XIX, garantia que o Estado dos judeus jamais seria um Estado religioso: “Não toleraremos a emergência das veleidades teocráticas dos nossos chefes religiosos.” Aliados à direita nacionalista de Benjamin Netanyahu, que sem eles não consegue maiorias, os messiânicos condicionam a política israelita e bloqueiam todos os processos de paz.
O conflito nacional, a que nos habituámos e que pode ser equacionado em termos racionais, afasta-se no horizonte e ameaça dar lugar a um inegociável confronto em termos religiosos. “Deixem Deus em paz, tanto o nosso como o deles”, apela o editorialista Nahum Barnea, no Yedioth Ahronoth. As Forças Armadas, o Shin Beth (segurança interna) e os chefes da polícia avisam que o ponto de viragem para um conflito religioso não está longe. Com os ventos que sopram no Médio Oriente, os islamistas ficarão encantados com a ideia. É a água em que melhor navegam.
Jorge Almeida Fernandes
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O atentado de terça-feira numa sinagoga de Jerusalém não foi uma simples acção terrorista. Foi um indício da possibilidade de uma “guerra religiosa”. Resumiu no diário Haaretz o analista Amos Harel: “O alvo era explicitamente religioso e o atentado exprime um conflito religioso.” Ouviram-se dentro da sinagoga gritos de Allahu Akbar (Deus é grande). Nas últimas semanas, também fanáticos judeus de extrema-direita incendiaram mesquitas nos territórios ocupados. No epicentro do conflito está a disputa do Monte do Templo, para os judeus, ou Haram al-Sharif (Nobre Santuário), para os muçulmanos — vulgo, Esplanada das Mesquitas. Lugar sagrado para judeus, muçulmanos e cristãos, é um dos pontos mais explosivos do mundo.
Após a ocupação de Jerusalém Oriental, no fim da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel proibiu os judeus de irem orar no Monte do Templo. Desde então, ultra-ortodoxos e sionistas messiânicos não têm cessado as pressões para mudar o estatuto do lugar. Nas derradeiras semanas, a “marcha” para o Monte do Templo tornou-se na causa unificadora dos messiânicos. Considerando que a ocupação da Cisjordânia já é irreversível, voltam-se agora para um novo objectivo.
Israel está a mudar de natureza. O campo laico tende a ser submergido pela vaga messiânica que põe em causa a natureza democrática e secular da sociedade israelita. Se os islamistas subordinam a sua identidade nacional à identidade islâmica, os sionistas messiânicos aproximam-se deles com o seu projecto de “regime judaico”. É um conflito “entre israelitas e judeus”, gostam de dizer os messiânicos.
Longe vai o tempo em que Theodor Herzl, o inventor do sionismo no século XIX, garantia que o Estado dos judeus jamais seria um Estado religioso: “Não toleraremos a emergência das veleidades teocráticas dos nossos chefes religiosos.” Aliados à direita nacionalista de Benjamin Netanyahu, que sem eles não consegue maiorias, os messiânicos condicionam a política israelita e bloqueiam todos os processos de paz.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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