CHEIRA-ME QUE APOSTÁMOS NO GÁS CERTO

CHEIRA-ME QUE APOSTÁMOS NO GÁS CERTO


Ferreira Fernandes - DN

Os portugueses lideram, per capita, os ganhadores dos prémios do Euromilhões e as más-línguas do costume apressaram-se a apostar: "Pudera, se os portugueses lideram, per capita, o dinheiro gasto no Euromilhões..." Homens de pouca fé! Não lhes ocorreu que se ganhamos mais nos jogos de sorte é pela mais simples das razões: temos sorte. Posso dizê-lo com prova (volátil e encanada, mas prova): o gás natural. Há 15 anos, andava a Argélia em polvorosa, suspeitava-se que podia cair nas mãos de fanáticos e fizemos com ela (terra de destino tão incerto) o que se chama, em póquer, all in. Apostamos tudo - todo o nosso bem-estar no banho, todos os nossos refogados - na chama azul vinda das torres da Sonatrach no Sara. Sim, também, temos dependência do petróleo mas este chega-nos por petroleiros e estes podem aportar em meia dúzia de países que o produzem. Já um casamento com gás é necessariamente monogâmico. Os canos do gás natural agarram mais que uma aliança no dedo. Por isso é preciso, em gás natural, apostar na mulher certa. Apostámos na incerta Argélia e, por mera sorte, acertámos. Pobres dos checos e alemães que foram com a Rússia errada.

Espero bem que sim. É que eu, sem um banhinho ao acordar, não sou ninguém....