Secretário-geral da Aliança recomenda a retoma formal do Conselho Rússia-NATO 05.03.2009 - 11h06

Secretário-geral da Aliança recomenda a retoma formal do Conselho Rússia-NATO
05.03.2009 - 11h06 PÚBLICO, com agências
O secretário-geral da NATO, Jaap de Hoop Scheffer, confirmou que irá esta manhã recomendar aos 26 chefes da diplomacia dos países membros da Aliança do Atlântico Norte a retoma formal dos encontros regulares com a Rússia, interrompidos subitamente há seis meses na esteira do conflito russo-georgiano.

Scheffer expressou expectativas “positivas” num acolhimento favorável dessa proposta que, de resto, fora já na véspera sugerido por vários diplomatas no seio da Aliança e mesmo por um responsável na comitiva da nova secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton – a qual participa agora, pela primeira vez nessa qualidade, num encontro de alto nível da NATO.

“Espero que os ministros [dos Negócios Estrangeiros, presentes neste encontro] concordem comigo”, afirmou o secretário-geral à chegada à reunião, em Bruxelas, onde o regresso às discussões com a Rússia – mais a questão central do Afeganistão – ocupará o centro da agenda. Scheffer não quis sugerir qualquer data precisa para o regresso oficial daquele fórum de discussão com Moscovo, mas expressou o desejo de que tal “aconteça muito em breve”.

Não restam, de resto, muitas dúvidas de que existe a intenção de regressar aos encontros formais entre a Aliança e a velha inimiga do outro lado da Cortina de Ferro, ideia que foi sublinhada também pelo chefe da diplomacia britânica, David Miliband, à chegada hoje a Bruxelas.

“Creio que é muito importante restabelecer o Conselho NATO-Rússia, pois tal permitir-nos-á falar directamente com os russos sobre o que nos preocupa”, afirmou, frisando porém que a relação da Aliança com Moscovo ficou “profundamente modificada” com a intervenção militar russa no conflito secessionista entre Tbilissi e as regiões georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia em Agosto passado. “Não será como antes”, observou.

Apesar de existir uma frente maioritária amplamente favorável àquela ideia de retoma das relações formais com a Rússia no seio da NATO, alguma hesitação – senão mesmo desconfiança azeda – surge de alguns países, justamente aqueles que teoricamente saíram da esfera de influência de Moscovo: Polónia, República Checa e os países bálticos.

Em boa parte para apaziguar essas apreensões, os 26 ministros dos Negócios Estrangeiros vão encontrar-se, na parte da tarde, com representantes da Geórgia e da Ucrânia e reafirmar a importância dos laços estabelecidos entre a Aliança e estes dois países – ambos aspirantes a uma integração na NATO, o que é visto com olhar de expressivo desagrado pela Rússia.