Cientistas portugueses usam teoria dos jogos para redefinir o combate do cancro
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Cientistas portugueses usam teoria dos jogos para redefinir o combate do cancro
Estudo publicado na revista "British Journal of Cancer"
Cientistas portugueses usam teoria dos jogos para redefinir o combate do cancro
04.09.2009 - 20h08 Nicolau Ferreira
As células cancerígenas não estão sozinhas no nosso corpo. Aparecem, crescem e multiplicam-se inseridas num tecido com diversos tipos celulares que apresentam estreitas relações bioquímicas entre si. Jorge Pacheco é físico e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Juntamente com uma equipa internacional olhou para estas relações aplicando a teoria dos jogos na progressão de um tumor específico que afecta a medula do osso.
A equipa descobriu que o sucesso do combate deste cancro depende das relações intercelulares que são boicotadas pelos tratamentos médicos. O estudo foi publicado esta semana na revista "British Journal of Cancer".
Os ossos são tecidos vivos continuamente em construção e destruição. Se tudo corre bem há um balanço entre esta dinâmica que impossibilita situações como a osteoporose. O mieloma múltiplo, um tipo de cancro que se desenvolve a partir de certos glóbulos brancos e que se alastra na medula óssea vem estragar esta estabilidade: tem um efeito negativo nos osteoblastos, as células que produzem tecido ósseo, e promove a proliferação dos osteoclastos, as células que destroem o tecido.
Há mais, os osteoclastos, que normalmente estimulam a proliferação dos osteoblastos, também promovem a multiplicação das células cancerígenas quando estas surgem.
Os investigadores traduziram teoricamente esta rede de relações, que na prática depende de moléculas que são enviadas e recebidas entre as células, e aplicaram a teoria dos jogos para compreender quais os factores que fazem com que o cancro progrida ou regrida. A teoria permite antecipar o resultado das relações entre as células.
A equipa encontrou dois factores: o beta, que é o efeito positivo total que as células cancerígenas têm nos osteoclastos, e o delta que é o efeito negativo total que têm nos osteoblastos. Apesar de ser bom para os doentes que o cancro tenha pouco efeito nas células que produzem o osso, é o efeito que tem nos osteoclastos que vai influenciar a rapidez com que o tumor progride. Estes factores são diferentes de doente para doente.
Segundo os cientistas, em vez da terapia estar focada em matar o tumor, “deve tentar alterar as relações entre as células”, diz o artigo, de modo a perverter a dinâmica do cancro e ajudar o corpo a combatê-lo.
Público
Cientistas portugueses usam teoria dos jogos para redefinir o combate do cancro
04.09.2009 - 20h08 Nicolau Ferreira
As células cancerígenas não estão sozinhas no nosso corpo. Aparecem, crescem e multiplicam-se inseridas num tecido com diversos tipos celulares que apresentam estreitas relações bioquímicas entre si. Jorge Pacheco é físico e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Juntamente com uma equipa internacional olhou para estas relações aplicando a teoria dos jogos na progressão de um tumor específico que afecta a medula do osso.
A equipa descobriu que o sucesso do combate deste cancro depende das relações intercelulares que são boicotadas pelos tratamentos médicos. O estudo foi publicado esta semana na revista "British Journal of Cancer".
Os ossos são tecidos vivos continuamente em construção e destruição. Se tudo corre bem há um balanço entre esta dinâmica que impossibilita situações como a osteoporose. O mieloma múltiplo, um tipo de cancro que se desenvolve a partir de certos glóbulos brancos e que se alastra na medula óssea vem estragar esta estabilidade: tem um efeito negativo nos osteoblastos, as células que produzem tecido ósseo, e promove a proliferação dos osteoclastos, as células que destroem o tecido.
Há mais, os osteoclastos, que normalmente estimulam a proliferação dos osteoblastos, também promovem a multiplicação das células cancerígenas quando estas surgem.
Os investigadores traduziram teoricamente esta rede de relações, que na prática depende de moléculas que são enviadas e recebidas entre as células, e aplicaram a teoria dos jogos para compreender quais os factores que fazem com que o cancro progrida ou regrida. A teoria permite antecipar o resultado das relações entre as células.
A equipa encontrou dois factores: o beta, que é o efeito positivo total que as células cancerígenas têm nos osteoclastos, e o delta que é o efeito negativo total que têm nos osteoblastos. Apesar de ser bom para os doentes que o cancro tenha pouco efeito nas células que produzem o osso, é o efeito que tem nos osteoclastos que vai influenciar a rapidez com que o tumor progride. Estes factores são diferentes de doente para doente.
Segundo os cientistas, em vez da terapia estar focada em matar o tumor, “deve tentar alterar as relações entre as células”, diz o artigo, de modo a perverter a dinâmica do cancro e ajudar o corpo a combatê-lo.
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