SOCRATES QUER MANTER-SE NO PODER POR PROJETO PESSOAL

Partido Social Democrata


Sócrates quer manter-se no poder por "projecto pessoal"


por PAULO FAUSTINOHoje




Ferreira Leite não revelou como é que as transferências do Estado irão processar-se para as Regiões Autónomas, se ganhar as eleições. Garante que não muda a lei, mas também não privilegiará ninguém pela cor política.
"José Sócrates tem um projecto de natureza pessoal para se manter no poder, só pode ser de natureza pessoal, não pode ser pelo País." O tom forte escolhido nos Açores pela presidente do PSD marcou ontem o arranque oficial da campanha eleitoral para as legislativas. Um dia que não teve direito a contactos de rua e nem sequer foi dedicado por inteiro a Ponta Delgada. Mas foi um dia em que Manuela Ferreira Leite proferiu um dos seus discursos mais contundentes, desta vez diante da líder regional do partido, Berta Cabral, e de uma sala de hotel apinhada de gente.
A líder do PSD esteve de manhã com as estruturas representativas da lavoura, da construção e empresariado, e aproveitou a oportunidade para criticar a actuação de Jaime Silva, ministro que acusa de querer "destruir o sector pelo qual é responsável" e de ter perdido dinheiros comunitários para a agricultura. O ministro "ainda cometeu a proeza de, num momento de desemprego, fazer com que o sector da agricola não seja um refúgio para quem não tem trabalho".
Mas foi depois, num almoço com militantes e simpatizantes, que Ferreira Leite se "atirou" a Sócrates, um homem que, diz, "imventa calúnias" e "só gosta de quem gosta dele e de quem o apoia". "Não é possível em democracia que o apelo ao voto seja feito com base no engano", sublinhou. E deu o exemplo da Segurança Social e da alegada privatização que o PS diz que o PSD faria, se subisse ao poder. Para Ferreira Leite, são palavras que reflectem uma "manipulação escandalosa" porque, na realidade, "nunca o defendi, nunca o propus, mas Sócrates diz que não fiz, mas pensei".
Mas o tema que os açorianos mais queriam ouvir era a Lei de Finanças Regionais (LFR), Sobretudo, que Ferreira Leite desmistificasse as recentes acusações do PS/ Açores de que o PSD - se ganhar as eleições -, irá rever lei a favor da Madeira e em prejuízo dos Açores. Todavia, perdeu uma nova oportunidade de colocar o assunto "preto no branco". Não deixou claro, por exemplo, se vai ou não igualar o nível de transferências do Orçamento do Estado para os dois arquipélagos, e se acabará com a discriminação positiva que os Açores usufruem. A garantia que dá baseia-se no seu "sentido de Estado". Isto é, se for eleita primeiro-ministro, não discriminará nem tomará nenhuma decisão contra uma região "em função da sua cor política" e, muito menos, "não se vingará dos açorianos". Tudo porque o PSD "respeita a Autonomia" e não se deixa intimidar por "papões que são lançados às populações", não falando verdade e induzindo as pessoas em erro para que votem com medo".
A líder do PSD disse que não pretende alterar as transferências para os Açores, mas deixou subentendida na sua mensagem que, a fazer alguma alteração à lei, será no sentido de dar melhores condições à Madeira, mas sem retirar nada aos Açores.
Referiu ainda que se candidata a primeiro-ministro para "travar a decadência do país e alterar o rumo do plano inclinado de Portugal". Na verdade, e não obstante os últimos indicadores que dão uma ligeira recuperação económica do país, a líder nacional do PSD diz "estarmos todos debaixo de água, mas José Sócates entende que é igual morrer afogado a 12 metros de profundidade ou a 13 metros".
A líder do PSD/Açores também interveio e para dizer que os açorianos "não têm uma única razão" para votar em José Sócrates, sublinhando que, com o actual primeiro-ministro, Portugal "bateu no fundo".
"Visto dos Açores, Portugal está pior do que nunca. A Saúde está de braços cruzados, a Educação está de costas voltadas, a Justiça está de joelhos, a Segurança está de cabeça perdida, a Economia está com a corda ao pescoço. E como se não bastasse, os trabalhadores protestam nas ruas e as famílias desesperam na banca", realçou.
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