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As lições da Ilha da Páscoa

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As lições da Ilha da Páscoa Empty As lições da Ilha da Páscoa

Mensagem por Vitor mango Ter Set 29, 2009 2:09 am


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As lições da Ilha da Páscoa Luis_queiroz_cor_okLuis Queirós
As lições da Ilha da Páscoa


Perdida na imensidão do Oceano
Pacífico, a cerca de 4.000 Km da costa chilena e a 2.000 da ilha mais
próxima, a remota Ilha da Páscoa é o exemplo quase perfeito de um
sistema económico e civilizacional isolado. Nela aconteceram coisas
extraordinárias...


Perdida na imensidão do Oceano
Pacífico, a cerca de 4.000 Km da costa chilena e a 2.000 da ilha mais
próxima, a remota Ilha da Páscoa é o exemplo quase perfeito de um
sistema económico e civilizacional isolado. Nela aconteceram coisas
extraordinárias, que ainda hoje deixam intrigados os investigadores,
etnólogos, arqueólogos e sociólogos.

A ilha foi descoberta para
o mundo por um holandês, em 1722, no dia de Páscoa. E logo impressionou
os seus descobridores: estava pejada de estátuas gigantes - os moais -
com mais de 10 metros de altura, talhadas em pedra. Umas alinhadas em
frente das praias, outras espalhadas pela ilha, outras que pareciam ter
sido abandonadas a meio do transporte. Finalmente havia algumas ainda a
ser talhadas no seio da rocha mãe, deixadas a meio do corte pelo
estatuário.

Este cenário parecia traduzir um abandono repentino
do local, como um grande plano que foi deixado a meio. Sucederam-se as
interrogações: quem talhou as estátuas, por que razões foram
esculpidas, como eram transportadas com o seu peso enorme (a maior
tinha 270 toneladas!)? Não havia árvores à vista, a sugerir a
utilização de alavancas ou engenhos, nem fibras vegetais que
denunciassem a produção de cordame. Homens fortes e numerosos teriam
sido necessários para tais tarefas! Mas essa imagem entrava em
contradição com os nativos encontrados pelos descobridores: eram em
número escasso, e fracos, e mal alimentados, e pouco activos.

Logo
se aventaram hipóteses, chegando mesmo a falar-se da intervenção de
extraterrestres. Mas foi Jared Diamond, no seu famoso best-seller
"Colapso", que trouxe uma interpretação para o que terá sucedido. A
Ilha da Páscoa foi colonizada por povos oriundos da Polinésia que ali
chegaram, nos seus pequenos barcos, ao sabor das correntes e dos
ventos. Encontraram uma ilha densamente arborizada e nela prosperaram,
tendo chegado a ser uns 30.000. A floresta dava-lhes lenha para se
aquecerem, e abrigava aves e animais que serviam de alimento. Além
disso fornecia-lhes madeira para construírem barcos de pesca, e
fabricarem as alavancas e os rolos com que transportavam as estátuas.

Mas
a exploração intensiva da floresta levou ao seu esgotamento. Os
habitantes não fizeram a necessária reposição, o isolamento fez o
resto, e a civilização colapsou. Apenas os moais nos permitem hoje
reconstituir a tragédia ocorrida e extrair algumas lições: 1) O
crescimento exponencial da utilização dos recursos pode levar ao seu
rápido esgotamento. 2) Uma civilização pode extinguir-se, quando se
extingue o seu principal recurso e 3) As coisas podem passar-se de
repente e sem aviso.

Certamente que o abandono do último moai
não terá coincidido com o corte da última árvore. Terá acontecido muito
antes, quando a floresta escasseou, o alimento se tornou exíguo, e os
clãs começaram a disputar a posse dos recursos que desapareciam. Este
terá sido o tempo de uma crise profunda e angustiante, em que a
população da Ilha se reduziu pela Guerra, pela Fome, pela Peste e pela
Morte.

No mundo globalizado e voraz em que vivemos, isolado na
imensidão do Cosmos, o nosso planeta é uma espécie de Ilha da Páscoa. A
floresta que a natureza ofereceu aos pascoais representa os recursos da
nossa energia fóssil, o petróleo em particular. E o mundo, indiferente
aos avisos da história, continua a construir, um pouco por toda a
parte, os seus moais. Atente-se ao que se passa no Dubai. E, com alguma
perspicácia, talvez os identifiquemos à nossa porta.

O que
aconteceu na Ilha da Páscoa foi uma tragédia para os habitantes. Mas
esta história tem apenas o valor de uma metáfora, porventura não mais
impressionante de que a história do "Lobo e dos três porquinhos".

E
como em tempos de crise não é agradável falar de tragédias, o melhor é
promover a comédia. Voltemos, confiados, ao trabalho, que o combate
pela retoma não pode esperar. Se deixarmos de talhar os nossos moais,
que mais nos restará para fazer?!



Presidente Grupo Marktest
Membro da ASPO- Portugal
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Vitor mango
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