Bloquistas devem reflectir e assumir responsabilidades

Bloquistas devem reflectir e assumir responsabilidades
O antigo dirigente do BE Daniel Oliveira defendeu quarta-feira que o partido deve reflectir e debater sobre os resultados nas autárquicas em Lisboa, considerando que os bloquistas devem ultrapassar tabus e assumir responsabilidades governativas

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Em declarações à agência Lusa, Daniel Oliveira afirmou que os resultados do BE no último domingo a nível nacional mostram um «crescimento marginal» que «obriga a reflectir sobre implantação local e o trabalho no terreno», mas defendeu que na capital há «uma leitura política» a retirar, porque na sua opinião houve um «castigo» por o partido ter «subordinado a agenda local à agenda nacional» e que «não deriva apenas do voto útil».

«O BE em Lisboa devia pensar em Lisboa, tem de haver uma agenda local, é assim que os eleitores o vêem», referiu, assinalando que na capital o partido passa para os 3,8 por cento, um resultado «próximo do de 2001».

«Nessa altura o BE tinha três anos, nunca tinha concorrido a eleições autárquicas, foram as primeiras de toda a sua vida (…) agora passa de 43 para 18 eleitos nas autarquias, de cinco para três na assembleia municipal e perde o seu único vereador, é uma enorme descida que não tem paralelo no país», apontou.

Salvaguardando que a não eleição de um vereador em Lisboa «não tem nada a ver com o candidato» apresentado (Luís Fazenda), Oliveira advogou que o desentendimento «não totalmente explicado» com José Sá Fernandes e a estratégia de, num ano com três eleições, «não querer aparecer associado a um entendimento com o PS» prejudicaram o partido.

Oriundo da Política XXI (onde também militava Miguel Portas), Daniel Oliveira foi fundador do BE, membro da Mesa Nacional e a Comissão Política até 2006 e também assessor do partido.

«O eleitorado quer que o BE assuma responsabilidades (…) é no poder local que o BE pode mostrar que sabe governar e em Lisboa perdeu essa oportunidade», declarou.

Na opinião do militante bloquista, o eleitorado do partido «acha natural entendimentos à esquerda», advertindo que quando defende «entendimentos» não defende «fusão».

«Não percebo porque é que o BE não há-de assumir responsabilidades e no entanto ter uma posição autónoma (…) o BE pode ter posições e defendê-las, pode ser um provedor do munícipe e ao mesmo tempo ter responsabilidades, os eleitores exigem ver como o BE governa, as expectativas mudaram», acentuou.

Nesse sentido, Daniel Oliveira defendeu que os dirigentes do partido devem promover um debater interno e ouvir militantes e apoiantes, sem «medo das divergências internas, sem sectarismo, sem estigmatização».

O bloquista disse ainda esperar que o partido «não tente saltar» essa fase: «Isso seria um erro, há debates que não se podem adiar e este não se pode adiar».

Lusa / SOL