Ronaldo não pode processar 'bruxo' Pepe

Luís Filipe Carvalho, advogado, adverte para a ausência do nexo de causalidade; clubes da Ásia querem alugar atleta português por um jogo e oferecem entre dois e três milhões de euros.

Cristiano Ronaldo terá de sujeitar--se às "bruxarias" de Pepe, espanhol que disse ter sido contratado para prejudicar a carreira do futebolista português, o qual não dispõe, face à lei portuguesa, de argumentos legais para avançar com um processo contra o "bruxo".

Ouvido pelo DN, ontem, Luís Filipe Carvalho, advogado, explicou não ser possível confirmar a existência do nexo de causalidade - entre as afirmações proferidas pelo "bruxo" e a lesão no tornozelo direito, contraída recentemente pelo internacional português de 24 anos ao serviço dos espanhóis do Real Madrid, durante partida com os franceses do Marselha a contar para a Liga dos Campeões.

"Tem de haver um nexo de causalidade entre aquilo que se declara poder vir a acontecer a alguém e o que efectivamente vem a ocorrer ao visado. No caso desta última lesão [no tornozelo direito, contraída no actual clube] não se descortina a existência desse nexo de causalidade. Consequentemente, não haverá obrigação de indemnizar nem haverá responsabilidade de natureza penal", esclareceu Luís Filipe Carvalho.

"À margem desta lesão poderia, ainda, equacionar-se a hipótese do crime de ameaça, previsto no artigo 153.º do Código Penal português, ou do crime de difamação, que consta do artigo 180.º do referido diploma. Porém, e mesmo nestes casos, a falta do nexo de causalidade leva a que Cristiano Ronaldo não possa ponderar, sequer, a interposição de uma queixa contra o 'bruxo' com base nestes fundamentos. Se, eventualmente, tivesse argumentos para recorrer aos meios judiciais, Cristiano Ronaldo podê-lo-ia fazer em Espanha, como, no caso de declarações a jornais portugueses, em Portugal", concluiu o advogado.

Entretanto, vários clubes do continente asiático estão dispostos a pagar entre dois e três milhões ao Real para "alugar" Ronaldo por um só jogo, particular, de exibição, à semelhança do que sucedeu com Maradona em 1986.