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Jovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza

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Jovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza Empty Jovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza

Mensagem por Vitor mango Dom Out 18, 2009 2:41 am

Jovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza

HojeJovem da Cisjordânia desafia a morte para se juntar ao namorado em Gaza Icn_comentario

Um
computador com câmara integrada e ligado à Internet foi quanto bastou
para que May Hamed, de 23 anos, e Mohammed Warda, de 25, se
conhecessem. E se apaixonassem. Com o aval da família, obviamente. Como
acontece nas famílias palestinianas mais tradicionais.
A situação
de May e de Mohammed não era, porém, muito comum. May vivia em
Ramallah, a capital da Cisjordânia; Mohammed, no campo de refugiados de
Nuseirat, no sul da Faixa de Gaza. Separados, portanto, por umas
centenas de quilómetros, distância que poderia ser transposta em duas
horas de carro. Isto, numa situação normal. O que não é o caso.
Desde
Junho de 2007, quando o Hamas ali tomou o poder, que a Faixa de Gaza
está bloqueada. E os seus habitantes só podem sair para o Egipto, a
sul, ou para Israel, a norte e leste, se os respectivos governos
aceitarem. Mesmo que sejam palestinianos que queiram apenas juntar-se à
família que vive na Cisjordânia, ou vice-versa. Daí que, quando
decidiram casar, e perante a impossibilidade de Mohammed sair de Gaza,
tenha cabido a May a ousadia de furar o bloqueio. Fê-lo, após percorrer
milhares de quilómetros - desde Ramallah, via Amã, na Jordânia, até
Rafah, no Egipto, de onde entrou em Gaza através de um dos milhentos
túneis que serpenteiam no subsolo do pequeno território nas margens do
Mediterrâneo Oriental. As centenas de quilómetros que separam a
Cisjordânia de Gaza foram, por exigência dos governos, transformadas em
milhares de quilómetros que May levou quatro dias a percorrer.
Quatro
dias e mais uma hora, esta a do percurso particularmente difícil que
encerrou a aventura de May. De olhos fechados, por causa do pó que
levantava ao rastejar e da areia que esboroava do tecto do túnel, e com
o medo por companhia: o túnel podia ruir; os egípcios podiam descobrir
que havia ali movimento e lançar granadas para o seu interior como o
fazem com frequência ou, simplesmente, Israel poderia bombardeá-lo. Lá
fora, sob um sol escaldante, Mohammed - que pagara 1500 dólares, cerca
de 1020 euros, para conseguir que os contrabandistas ajudassem May a
usar o túnel - aguardava. Com medo também, porque consciente do perigo
que a noiva estava a correr. Mais tarde, Mohammed contou que quando viu
May a emergir do túnel "foi como se ela estivesse a sair da campa, de
tal modo estava coberta de terra". Enquanto May confirma: "Sabia que
corria o risco de ser enterrada viva."
"Senti-me muito mal por
ela ter de passar por todas aquelas dificuldades só por minha causa",
afirma Mohammed. O já marido de May explica, então, à imprensa: "Após o
nosso noivado online, pedi aos israelitas que me dessem autorização
para ir ter com May à Cisjordânia. Fiz cinco pedidos; em vão." E
desabafa, algo amargo: "Infelizmente, os israelitas não mostraram
qualquer compaixão connosco, para deixar que nos encontrassem."
Ao
recusar a saída de Mohammed para a Cisjordânia, que teria
obrigatoriamente de passar por território israelita, o Governo de
Benjamin Netanyahu procurou evitar que extremistas deixem a Faixa de
Gaza e vão alimentar as fileiras dos que existem na Cisjordânia. E o
facto de Mohammed ser da Fatah, da qual recebe 250 dólares mensais por
uma tarefa que já não desempenha - guarda-costas de responsáveis da
Autoridade Palestiniana - , não deu qualquer peso aos seus pedidos.
E
foi por tudo isso que May teve de deixar o seu emprego na butique de
Ramalla. "O amor é cruel", desabafa May, que, entretanto, perdeu o pai
e não conseguiu ter a família no seu casamento.
Vitor mango
Vitor mango

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