Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
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Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
OS PILHA GALINHAS
Uma entidade por mim desconhecida, o
Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho, nome
esclarecedor, divulga hoje que nas lojas, sobretudo em super e
hiper-mercados, se verificam roubos por clientes e funcionários num
valor anual aproximado de 177 milhões de euros, número que tem vindo a
subir. Os roubos, vamos chamar-lhe quebra desconhecida, incidem sobre
pequenos equipamentos de electrónica, perfumaria, roupa e, sublinhe-se,
um designado auto-consumo, o cidadão come ou bebe o produto dentro da
loja.
Quando me começava a habituar ao roubo a sério, aos muitos
milhões, protagonizado por gente séria, administradores e gestores, por
exemplo, emerge de novo um país de pilha galinhas, o pequeno roubo. É
certo que a mesma entidade refere a progressiva sofisticação dos meios
utilizados pelos empreendedores pilha galinhas. Onde é que já vai um
arcaico frasco de perfume escondido nas meias, expediente muito usado
no meu tempo de pilha galinhas adolescente.
O mesmo relatório refere
a necessidade de afinar os dispositivos de vigilância para combater a
Quebra Desconhecida. É mais ou menos a mesma preocupação que o cidadão
comum sente ao ver como milhões, muitos milhões, voam da banca, de
empresas em falências fraudulentas, em comissões mal explicadas, em
inconsequentes derrapagens financeiras nas obras públicas sendo ainda
que tudo isto se passa na maior das impunidades.
Apesar dos dados do
Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho já não somos um
país de pilha galinhas. Que me desculpem o desabafo, mas prefiro os
pilha galinhas.
http://atentainquietude.blogspot.com/2009/10/os-pilha-galinhas.html
Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho, nome
esclarecedor, divulga hoje que nas lojas, sobretudo em super e
hiper-mercados, se verificam roubos por clientes e funcionários num
valor anual aproximado de 177 milhões de euros, número que tem vindo a
subir. Os roubos, vamos chamar-lhe quebra desconhecida, incidem sobre
pequenos equipamentos de electrónica, perfumaria, roupa e, sublinhe-se,
um designado auto-consumo, o cidadão come ou bebe o produto dentro da
loja.
Quando me começava a habituar ao roubo a sério, aos muitos
milhões, protagonizado por gente séria, administradores e gestores, por
exemplo, emerge de novo um país de pilha galinhas, o pequeno roubo. É
certo que a mesma entidade refere a progressiva sofisticação dos meios
utilizados pelos empreendedores pilha galinhas. Onde é que já vai um
arcaico frasco de perfume escondido nas meias, expediente muito usado
no meu tempo de pilha galinhas adolescente.
O mesmo relatório refere
a necessidade de afinar os dispositivos de vigilância para combater a
Quebra Desconhecida. É mais ou menos a mesma preocupação que o cidadão
comum sente ao ver como milhões, muitos milhões, voam da banca, de
empresas em falências fraudulentas, em comissões mal explicadas, em
inconsequentes derrapagens financeiras nas obras públicas sendo ainda
que tudo isto se passa na maior das impunidades.
Apesar dos dados do
Barómetro Nacional da Quebra Desconhecida no Retalho já não somos um
país de pilha galinhas. Que me desculpem o desabafo, mas prefiro os
pilha galinhas.
http://atentainquietude.blogspot.com/2009/10/os-pilha-galinhas.html
TheNightTrain- Pontos : 1089
Re: Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
Depressão – Lu Dias Novamente no Teatro e “Na Serra da Mantiqueira” – Gutierritos
dez 21
Somos todos ladrões? – João Ubaldo Ribeiro
João Ubaldo - 2008 Escreva um comentário
Não, sério mesmo, somos todos ladrões? Gostamos muito de criticar “o brasileiro”, como se não fôssemos brasileiros também. Mas somos e, portanto, o certo não é perguntar se o brasileiro é ladrão, mas se podemos ser descritos como um povo constituído basicamente de larápios, aí compreendidos os corruptos de toda sorte, até mesmo os que recebem um “por fora” com a expressão honrada de que não estão fazendo nada de errado, estão fazendo o que há séculos vem sendo feito. Foi a primeira coisa, por exemplo, que o presidente Lula disse, quando começou a revelação de irregularidades no financiamento de sua campanha política – é assim que sempre se fez neste país.
Ele tinha razão, claro. É assim que sempre se fez e assim se continua fazendo, em todos os setores. E é interessante esse negócio de “o brasileiro” nunca incluir quem está fazendo a crítica. Ele pessoalmente é honestíssimo, mas o brasileiro é desonesto por natureza. Os políticos ladrões, por exemplo, são uma espécie extraterrestre vinda não se sabe donde, não são gente como nós, com a mesma língua, os mesmos costumes e a mesma cultura. Observação igual pode ser feita em relação a juízes e desembargadores ladrões, policiais e fiscais idem e assim por diante. Tudo “brasileiro”, é impressionante.
Não me esqueço de uma festinha a que fui, faz muitos anos. O dono da casa era sogro de um amigo meu e nos conhecemos nessa noite. Bem-falante, articulado e espirituoso, iniciou, quando soube que eu era jornalista, uma longa palestra sobre a desonestidade do brasileiro. Com toda a certeza a razão principal era que descendíamos do que de pior havia em Portugal, degredados, criminosos de toda espécie, a escória mesmo. Daí estar no sangue a desonestidade do brasileiro, políticos e autoridades eram de enojar, de causar asco invencível. Ele, em sua longa carreira de funcionário da alfândega (ou coisa semelhante, foi mesmo há muito tempo e não lembro direito), já tinha visto de tudo, não acreditava em mais nada, o brasileiro era preguiçoso, lerdo, descarado e ladrão, a verdade era essa.
Isso se passava numa casa muito ampla e confortável, entre doses generosas de uísque escocês e outras bebidas estrangeiras, com fundo musical saindo de um esplêndido aparelho americano. Num dos intervalos da palestra, o genro dele e meu amigo comentou que, bebendo daquele uísque, estávamos a salvo de falsificações, era tudo legítimo, apreendido como contrabando. Isso mesmo. Aquele Catão cuja voz tornava a reverberar de indignação moral contra gatunos e corruptos estava servindo uísque contrabandeado, ouvindo uma eletrola (naquela época, aparelho de som se chamava assim) contrabandeada, numa casa que seu salário não permitiria etc. etc. Naquela época, ainda muito jovem, achei que ele era exceção, mas um diabinho aqui insiste em que é a regra, a qual, quanto mais vivemos, mais se comprova. Podia haver catadura mais austera e severa do que a do juiz Lalau?
E vocês já notaram como o brasileiro (nunca nós, nós não, nós estamos fora dessa), se bem observado, fala no político ladrão com um ar meio cúmplice, quase admirando a esperteza do indigitado? Quando é do tipo rouba-mas-faz, a admiração às vezes até se manifesta abertamente. São raras a indignação, a raiva ou a revolta. Mesmo os que o chamam de ladrão safado dizem isso muitas vezes quase carinhosa e compreensivamente. Em outras culturas, o furto de dinheiro público é mais grave do que o furto de um bem particular. Não sei se devem existir gradações nesse caso, mas, entre nós (perdão, leia, em vez de “entre nós”, “para o brasileiro”), há bastante mais compreensão ou mesmo simpatia para com o ladrão do dinheiro público.
Além disso, ninguém é punido, a não ser o pobre mesmo. São raríssimos os casos em que o ladrão rico vai para a cadeia. Quando vai, demora pouco e não devolve o dinheiro afanado. O provérbio está com a conjunção errada, é uma aditiva, não uma adversativa. Não é “a justiça tarda, mas não falta”; é “a justiça tarda e falta”. Em toda parte, em qualquer setor de atividade, todo dia se revela mais um caso de roubalheira ou maracutaia. Mas ninguém que tenha poder, seja econômico ou político, é punido. Suspeito que o brasileiro presta mais atenção no que as pessoas fazem e não no que elas dizem e aí fica patenteado que roubar pouco é que é burrice. Roubar muito é o certo e o brasileiro é esperto e malandro. Cada um procura suas melhoras e fala mal quem tem inveja, ou não teve coragem e competência para se locupletar.
O brasileiro é tão irremediavelmente safado, que nós, outros, temos até dificuldade em ajudar o próximo. Diante da tragédia em Santa Catarina, nós demonstramos solidariedade e fraternidade. De todo o país seguiram doações, inclusive dinheiro, e apresentaram-se voluntários para ajudar de alguma forma, o país se mobilizou. Mas o brasileiro, sabe como é, o brasileiro não tem jeito. E lá foram pilhados diversos brasileiros furtando as doações, a ponto de aqueles entre nós que mandaram dinheiro desconfiarem que a grana foi parar no bolso de algum deles.
Bem, tudo isso já foi dito e redito e nunca adiantou nada. Claro que não somos ladrões, ninguém aqui é ladrão, ladrão é o brasileiro. Temos de mudar a mentalidade e os valores do brasileiro e, verdade seja dita, estamos aperfeiçoando o regime aos poucos. Agora mesmo, o Senado aprovou a recriação de mais de sete mil vagas de vereador, que haviam sido extintas. Os senadores garantem que não haverá aumento nos gastos federais, porque há um limite constitucional para o repasse de verbas, que permanece inalterado. Menos mal. Só falta agora que os vereadores não sejam brasileiros, porque o brasileiro é realmente sabidíssimo e começa a carreira de ladrão no município mesmo.
http://www.almacarioca.net/somos-todos-ladroes-joao-ubaldo-ribeiro/
dez 21
Somos todos ladrões? – João Ubaldo Ribeiro
João Ubaldo - 2008 Escreva um comentário
Não, sério mesmo, somos todos ladrões? Gostamos muito de criticar “o brasileiro”, como se não fôssemos brasileiros também. Mas somos e, portanto, o certo não é perguntar se o brasileiro é ladrão, mas se podemos ser descritos como um povo constituído basicamente de larápios, aí compreendidos os corruptos de toda sorte, até mesmo os que recebem um “por fora” com a expressão honrada de que não estão fazendo nada de errado, estão fazendo o que há séculos vem sendo feito. Foi a primeira coisa, por exemplo, que o presidente Lula disse, quando começou a revelação de irregularidades no financiamento de sua campanha política – é assim que sempre se fez neste país.
Ele tinha razão, claro. É assim que sempre se fez e assim se continua fazendo, em todos os setores. E é interessante esse negócio de “o brasileiro” nunca incluir quem está fazendo a crítica. Ele pessoalmente é honestíssimo, mas o brasileiro é desonesto por natureza. Os políticos ladrões, por exemplo, são uma espécie extraterrestre vinda não se sabe donde, não são gente como nós, com a mesma língua, os mesmos costumes e a mesma cultura. Observação igual pode ser feita em relação a juízes e desembargadores ladrões, policiais e fiscais idem e assim por diante. Tudo “brasileiro”, é impressionante.
Não me esqueço de uma festinha a que fui, faz muitos anos. O dono da casa era sogro de um amigo meu e nos conhecemos nessa noite. Bem-falante, articulado e espirituoso, iniciou, quando soube que eu era jornalista, uma longa palestra sobre a desonestidade do brasileiro. Com toda a certeza a razão principal era que descendíamos do que de pior havia em Portugal, degredados, criminosos de toda espécie, a escória mesmo. Daí estar no sangue a desonestidade do brasileiro, políticos e autoridades eram de enojar, de causar asco invencível. Ele, em sua longa carreira de funcionário da alfândega (ou coisa semelhante, foi mesmo há muito tempo e não lembro direito), já tinha visto de tudo, não acreditava em mais nada, o brasileiro era preguiçoso, lerdo, descarado e ladrão, a verdade era essa.
Isso se passava numa casa muito ampla e confortável, entre doses generosas de uísque escocês e outras bebidas estrangeiras, com fundo musical saindo de um esplêndido aparelho americano. Num dos intervalos da palestra, o genro dele e meu amigo comentou que, bebendo daquele uísque, estávamos a salvo de falsificações, era tudo legítimo, apreendido como contrabando. Isso mesmo. Aquele Catão cuja voz tornava a reverberar de indignação moral contra gatunos e corruptos estava servindo uísque contrabandeado, ouvindo uma eletrola (naquela época, aparelho de som se chamava assim) contrabandeada, numa casa que seu salário não permitiria etc. etc. Naquela época, ainda muito jovem, achei que ele era exceção, mas um diabinho aqui insiste em que é a regra, a qual, quanto mais vivemos, mais se comprova. Podia haver catadura mais austera e severa do que a do juiz Lalau?
E vocês já notaram como o brasileiro (nunca nós, nós não, nós estamos fora dessa), se bem observado, fala no político ladrão com um ar meio cúmplice, quase admirando a esperteza do indigitado? Quando é do tipo rouba-mas-faz, a admiração às vezes até se manifesta abertamente. São raras a indignação, a raiva ou a revolta. Mesmo os que o chamam de ladrão safado dizem isso muitas vezes quase carinhosa e compreensivamente. Em outras culturas, o furto de dinheiro público é mais grave do que o furto de um bem particular. Não sei se devem existir gradações nesse caso, mas, entre nós (perdão, leia, em vez de “entre nós”, “para o brasileiro”), há bastante mais compreensão ou mesmo simpatia para com o ladrão do dinheiro público.
Além disso, ninguém é punido, a não ser o pobre mesmo. São raríssimos os casos em que o ladrão rico vai para a cadeia. Quando vai, demora pouco e não devolve o dinheiro afanado. O provérbio está com a conjunção errada, é uma aditiva, não uma adversativa. Não é “a justiça tarda, mas não falta”; é “a justiça tarda e falta”. Em toda parte, em qualquer setor de atividade, todo dia se revela mais um caso de roubalheira ou maracutaia. Mas ninguém que tenha poder, seja econômico ou político, é punido. Suspeito que o brasileiro presta mais atenção no que as pessoas fazem e não no que elas dizem e aí fica patenteado que roubar pouco é que é burrice. Roubar muito é o certo e o brasileiro é esperto e malandro. Cada um procura suas melhoras e fala mal quem tem inveja, ou não teve coragem e competência para se locupletar.
O brasileiro é tão irremediavelmente safado, que nós, outros, temos até dificuldade em ajudar o próximo. Diante da tragédia em Santa Catarina, nós demonstramos solidariedade e fraternidade. De todo o país seguiram doações, inclusive dinheiro, e apresentaram-se voluntários para ajudar de alguma forma, o país se mobilizou. Mas o brasileiro, sabe como é, o brasileiro não tem jeito. E lá foram pilhados diversos brasileiros furtando as doações, a ponto de aqueles entre nós que mandaram dinheiro desconfiarem que a grana foi parar no bolso de algum deles.
Bem, tudo isso já foi dito e redito e nunca adiantou nada. Claro que não somos ladrões, ninguém aqui é ladrão, ladrão é o brasileiro. Temos de mudar a mentalidade e os valores do brasileiro e, verdade seja dita, estamos aperfeiçoando o regime aos poucos. Agora mesmo, o Senado aprovou a recriação de mais de sete mil vagas de vereador, que haviam sido extintas. Os senadores garantem que não haverá aumento nos gastos federais, porque há um limite constitucional para o repasse de verbas, que permanece inalterado. Menos mal. Só falta agora que os vereadores não sejam brasileiros, porque o brasileiro é realmente sabidíssimo e começa a carreira de ladrão no município mesmo.
http://www.almacarioca.net/somos-todos-ladroes-joao-ubaldo-ribeiro/
TheNightTrain- Pontos : 1089
Re: Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
O que você entende pelo termo... A ocasião faz o ladrão?
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080419223248AA3zdbz&cp=2
POBRE, quando furta, é ladrão; rico, é esperto.
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080419223248AA3zdbz&cp=2
POBRE, quando furta, é ladrão; rico, é esperto.
TheNightTrain- Pontos : 1089
Re: Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
OASISNODZRT escreveu:O que você entende pelo termo... A ocasião faz o ladrão?
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080419223248AA3zdbz&cp=2
POBRE, quando furta, é ladrão; rico, é esperto.
preto quanfdo faz jogging esta a fugir da policia!!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
Para não haver desculpas de animais racionais, querendo fazer irracionalmente a racionalidade da defesa de fazer pelo sua vida.
Quanto maior o alto, maior pode ser a queda.
Quanto maior a responsabilidade, maior pode ser o erro.
Para o comum mortal:
O salário é mais importante que a competência.
A confiança é mais importante que a responsabilidade.
Quanto maior o alto, maior pode ser a queda.
Quanto maior a responsabilidade, maior pode ser o erro.
Para o comum mortal:
O salário é mais importante que a competência.
A confiança é mais importante que a responsabilidade.
TheNightTrain- Pontos : 1089
Re: Bem aventurados os comissionistas que será deles o reino dos céus.
OASISNODZRT escreveu:Para não haver desculpas de animais racionais, querendo fazer irracionalmente a racionalidade da defesa de fazer pela sua vida.
Quanto maior o alto, maior pode ser a queda.
Quanto maior a responsabilidade, maior pode ser o erro.
Para o comum mortal:
O salário é mais importante que a competência.
A confiança é mais importante que a responsabilidade.
acertou!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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