Bento XVI vai à Sinagoga de Roma num momento de tensão entre judeus e católicos
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Bento XVI vai à Sinagoga de Roma num momento de tensão entre judeus e católicos
Bento XVI vai à Sinagoga de Roma num momento de tensão entre judeus e católicos
17.01.2010 - 10:30 Por António Marujo
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Serão 110 minutos entre amigos, mas num momento de tensão: Bento XVI estará esta tarde pela primeira vez na Sinagoga de Roma, quando muitos judeus contestam a decisão de 19 de Dezembro, de reabrir o caminho à beatificação do Papa Pio XII, por considerarem que este se manteve em silêncio perante a Shoah.
A ida à sinagoga estava já há muito na agenda. Sem nunca ter estado em causa, foi confirmada depois de o Papa ter explicado que a sua decisão acerca de Pio XII, declarando-o com "virtudes heróicas", se baseava na sua vida cristã e não no seu papel histórico. Ao mesmo tempo, o Vaticano confirmou que a eventual beatificação não seria ao mesmo tempo que a de João Paulo II, um dos principais artífices do diálogo entre católicos e judeus, muito respeitado pela comunidade judaica mundial.
O próprio Bento XVI afirmou, num telegrama enviado ao rabi Riccardo di Segni, que esta tarde o receberá, que a sua visita pretende marcar "uma nova etapa no caminho irrevogável de concórdia e amizade" entre os dois credos. Agradecendo os votos de bom ano recebidos do rabi Di Segni, o Papa Ratzinger desejava ainda, citado pela AFP, que a visita "manifeste e aumente a fraternidade entre os judeus e os católicos".
Esta é a terceira vez que Bento XVI entra numa sinagoga - depois de Colónia (Alemanha) e Nova Iorque (EUA) -, quase 24 anos depois de João Paulo II ter feito a visita histórica à mesma Sinagoga de Roma, em Abril de 1986. Bento XVI esteve também, em Maio do ano passado, no Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Em entrevista à Reuters, o rabi Di Segni afirmava que só Deus pode julgar o papel de Pio XII durante a II Guerra Mundial. "Pode ser moralmente perigoso dizer que a vontade de Deus era permanecer em silêncio e não dizer nada perante o sofrimento das pessoas", afirmou.
Di Segni admitia ainda que há "dificuldades" no diálogo entre judeus e católicos, pela sensibilidade do tema. "A interpretação do passado é uma das maiores dificuldades" no diálogo actual, acrescentava.
Revelador dos actuais obstáculos foi o pedido de um grupo de judeus americanos sobreviventes do Holocausto ao rabino de Roma para que se fizesse portador do seu "choque" pela decisão de Bento XVI. Mas Di Segni ainda não disse o que irá dizer ao Papa durante a visita à Sinagoga.
Logo após a chegada, haverá um momento simbólico: Bento XVI depõe uma coroa de flores diante de uma placa evocativa da deportação de judeus italianos pelos nazis, em 1943, ainda no pontificado de Pio XII.
O Vaticano e vários historiadores têm defendido que Pio XII ajudou muitos judeus. Quinta à noite, a televisão católica H2O (http://www.h2onews.org/) difundiu uma entrevista ao padre Giancarlo Centioni, último sobrevivente da rede clandestina criada pelo Papa Pacelli, durante a II Guerra, para ajudar os judeus a fugir ao nazismo.
A entrevista foi realizada pela Pave the Way Foundation (http://www.ptwf.org), criada por Gary Krupp, judeu nova-iorquino que pretende promover o diálogo inter-religioso.
Dinheiro da Santa Sé
Centioni, que foi capelão militar em Roma, conta que ele próprio e a rede de pelo menos mais 12 padres "entregavam passaportes e dinheiro às famílias judias para poderem fugir", através da Suíça ou de Lisboa. "O dinheiro e os passaportes eram dados pelo padre Anton Weber," um dos líderes da rede, "e entregues às pessoas". Os documentos e o dinheiro vinham "directamente da Secretaria de Estado de Sua Santidade, em nome e por conta de Pio XII", acrescenta o padre, nascido em 1912, na entrevista.
A visita do Papa poderá ajudar a desbloquear um outro tema: o das conversações entre a Igreja Católica e Israel para definir o estatuto das instituições católicas neste país. E surge na véspera da IX reunião da Comissão para o Diálogo entre Judeus e Católicos, que irá debater a abordagem teológica das questões ambientais.
17.01.2010 - 10:30 Por António Marujo
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Serão 110 minutos entre amigos, mas num momento de tensão: Bento XVI estará esta tarde pela primeira vez na Sinagoga de Roma, quando muitos judeus contestam a decisão de 19 de Dezembro, de reabrir o caminho à beatificação do Papa Pio XII, por considerarem que este se manteve em silêncio perante a Shoah.
A ida à sinagoga estava já há muito na agenda. Sem nunca ter estado em causa, foi confirmada depois de o Papa ter explicado que a sua decisão acerca de Pio XII, declarando-o com "virtudes heróicas", se baseava na sua vida cristã e não no seu papel histórico. Ao mesmo tempo, o Vaticano confirmou que a eventual beatificação não seria ao mesmo tempo que a de João Paulo II, um dos principais artífices do diálogo entre católicos e judeus, muito respeitado pela comunidade judaica mundial.
O próprio Bento XVI afirmou, num telegrama enviado ao rabi Riccardo di Segni, que esta tarde o receberá, que a sua visita pretende marcar "uma nova etapa no caminho irrevogável de concórdia e amizade" entre os dois credos. Agradecendo os votos de bom ano recebidos do rabi Di Segni, o Papa Ratzinger desejava ainda, citado pela AFP, que a visita "manifeste e aumente a fraternidade entre os judeus e os católicos".
Esta é a terceira vez que Bento XVI entra numa sinagoga - depois de Colónia (Alemanha) e Nova Iorque (EUA) -, quase 24 anos depois de João Paulo II ter feito a visita histórica à mesma Sinagoga de Roma, em Abril de 1986. Bento XVI esteve também, em Maio do ano passado, no Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Em entrevista à Reuters, o rabi Di Segni afirmava que só Deus pode julgar o papel de Pio XII durante a II Guerra Mundial. "Pode ser moralmente perigoso dizer que a vontade de Deus era permanecer em silêncio e não dizer nada perante o sofrimento das pessoas", afirmou.
Di Segni admitia ainda que há "dificuldades" no diálogo entre judeus e católicos, pela sensibilidade do tema. "A interpretação do passado é uma das maiores dificuldades" no diálogo actual, acrescentava.
Revelador dos actuais obstáculos foi o pedido de um grupo de judeus americanos sobreviventes do Holocausto ao rabino de Roma para que se fizesse portador do seu "choque" pela decisão de Bento XVI. Mas Di Segni ainda não disse o que irá dizer ao Papa durante a visita à Sinagoga.
Logo após a chegada, haverá um momento simbólico: Bento XVI depõe uma coroa de flores diante de uma placa evocativa da deportação de judeus italianos pelos nazis, em 1943, ainda no pontificado de Pio XII.
O Vaticano e vários historiadores têm defendido que Pio XII ajudou muitos judeus. Quinta à noite, a televisão católica H2O (http://www.h2onews.org/) difundiu uma entrevista ao padre Giancarlo Centioni, último sobrevivente da rede clandestina criada pelo Papa Pacelli, durante a II Guerra, para ajudar os judeus a fugir ao nazismo.
A entrevista foi realizada pela Pave the Way Foundation (http://www.ptwf.org), criada por Gary Krupp, judeu nova-iorquino que pretende promover o diálogo inter-religioso.
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Centioni, que foi capelão militar em Roma, conta que ele próprio e a rede de pelo menos mais 12 padres "entregavam passaportes e dinheiro às famílias judias para poderem fugir", através da Suíça ou de Lisboa. "O dinheiro e os passaportes eram dados pelo padre Anton Weber," um dos líderes da rede, "e entregues às pessoas". Os documentos e o dinheiro vinham "directamente da Secretaria de Estado de Sua Santidade, em nome e por conta de Pio XII", acrescenta o padre, nascido em 1912, na entrevista.
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