Homenagem a George Orwell
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Homenagem a George Orwell
Homenagem a George Orwell nos 60 anos da sua morte: O combate da liberdade contra o "Big Brother is Watching You"
No domínio não científico, mas usando a poderosa metáfora da opressão individual, George Orwell tornou-se, a mais importante referência, após Franz Kafka, no combate às repressões e ditaduras de todo o tipo. Como bem nota Miguel Morgado: "Mais do que a divisão entre esquerda e direita ele compreendeu que o problema da opressão nas sociedades modernas é geral: para Orwell a liberdade não é garantida, mas algo que se deve conquistar todos os dias." A Quinta dos Animais e 1984 tornaram-se ícones de uma geração que não queria ser vigiada constantemente, nem oprimida pelo totalitarismo do Estado, fosse ele nazi ou estalinista. Se Hayek venceu o debate com Oskar Lange, para muitos, no plano do poder da imagem mental construída da narrativa, é a Orwell que se deve a resistência, aos totalitarismos.
A obra de Orwell permanece no altar das referências, porque a liberdade é um desígnio por cumprir num mundo pós 11 de Setembro, em que a alegada necessidade de controlar todos os passos e conversas cria um risco enorme, claramente potenciado pela tecnologia, de violação de reservas de privacidade e ataques a direitos fundamentais do ser humano. O totalitarismo de Estado é agora acompanhado dos riscos de qualquer pessoa colocar conversas privadas na net, sob um endereço que seja complexo rastrear. Ou divulgar documentos que não são mais que intrusões inadmissíveis na esfera do privado.
O anónimo que coloca um vídeo comprometedor no youtube é tão totalitário como era o Big Brother Orwelliano. Entidades como a ERC, tendo havido mesmo já quem sugerisse uma entidade de regulação da blogosfera (excelente réplica aqui), são punhais pendentes sobre cada actor social. A trapalhada da RTP com Marcelo Rebelo de Sousa demonstra isso mesmo.
Poder-se-ia perguntar se é compatível com o desejo de que a internet seja um espaço de liberdade o potencial perigo que alguns associam à proliferação de anónimos. Mas a internet confere precisamente a liberdade de ser anónimo. E a responsabilidade de ser anónimo. O valor de um direito é proporcional à forma como o sabemos usar. O Big Borother de Orwell não simpatizaria também com máquinas de propaganda que visam moldar a consciência colectiva. Existirão essas máquinas de propaganda? A resposta parece ainda estar pendente.
A força de moldar a sociedade pela lei tem um apelo sedutor junto de todos os poderes, como demonstra aqui o Pedro Correia. A concessão de direitos individuais deve ser um desígnio de todos, mas haverá depois que saber como hierarquizar esses direitos. Sejam bem vindas as leis que concedem direitos individuais de liberdade. Morte às leis que os retiram e abafam! Mas legisle-se tendo em atenção que a liberdade não pode ser usada para matar a privacidade. Um equilíbrio difícil que Orwell nos deixa como desafio. Casos de chips em matrículas são fáceis de condenar. Mas há domínios mais complexos e cinzentos, em que não está o Estado em causa, mas o acto de um indivíduo para deliberadamente revelar factos sobre outro. Que factos são do interesse público, que indivíduos estão sob essa alçada do "público", é algo que passa muito pelo juízo e bom senso de cada um.
Eu prefiro, contudo, confiar no bom senso dos homens às mordaças legislativas. Acho que Kafka, Camus, e Orwell defenderiam o mesmo!
publicado por Carlos Santos
No domínio não científico, mas usando a poderosa metáfora da opressão individual, George Orwell tornou-se, a mais importante referência, após Franz Kafka, no combate às repressões e ditaduras de todo o tipo. Como bem nota Miguel Morgado: "Mais do que a divisão entre esquerda e direita ele compreendeu que o problema da opressão nas sociedades modernas é geral: para Orwell a liberdade não é garantida, mas algo que se deve conquistar todos os dias." A Quinta dos Animais e 1984 tornaram-se ícones de uma geração que não queria ser vigiada constantemente, nem oprimida pelo totalitarismo do Estado, fosse ele nazi ou estalinista. Se Hayek venceu o debate com Oskar Lange, para muitos, no plano do poder da imagem mental construída da narrativa, é a Orwell que se deve a resistência, aos totalitarismos.
A obra de Orwell permanece no altar das referências, porque a liberdade é um desígnio por cumprir num mundo pós 11 de Setembro, em que a alegada necessidade de controlar todos os passos e conversas cria um risco enorme, claramente potenciado pela tecnologia, de violação de reservas de privacidade e ataques a direitos fundamentais do ser humano. O totalitarismo de Estado é agora acompanhado dos riscos de qualquer pessoa colocar conversas privadas na net, sob um endereço que seja complexo rastrear. Ou divulgar documentos que não são mais que intrusões inadmissíveis na esfera do privado.
O anónimo que coloca um vídeo comprometedor no youtube é tão totalitário como era o Big Brother Orwelliano. Entidades como a ERC, tendo havido mesmo já quem sugerisse uma entidade de regulação da blogosfera (excelente réplica aqui), são punhais pendentes sobre cada actor social. A trapalhada da RTP com Marcelo Rebelo de Sousa demonstra isso mesmo.
Poder-se-ia perguntar se é compatível com o desejo de que a internet seja um espaço de liberdade o potencial perigo que alguns associam à proliferação de anónimos. Mas a internet confere precisamente a liberdade de ser anónimo. E a responsabilidade de ser anónimo. O valor de um direito é proporcional à forma como o sabemos usar. O Big Borother de Orwell não simpatizaria também com máquinas de propaganda que visam moldar a consciência colectiva. Existirão essas máquinas de propaganda? A resposta parece ainda estar pendente.
A força de moldar a sociedade pela lei tem um apelo sedutor junto de todos os poderes, como demonstra aqui o Pedro Correia. A concessão de direitos individuais deve ser um desígnio de todos, mas haverá depois que saber como hierarquizar esses direitos. Sejam bem vindas as leis que concedem direitos individuais de liberdade. Morte às leis que os retiram e abafam! Mas legisle-se tendo em atenção que a liberdade não pode ser usada para matar a privacidade. Um equilíbrio difícil que Orwell nos deixa como desafio. Casos de chips em matrículas são fáceis de condenar. Mas há domínios mais complexos e cinzentos, em que não está o Estado em causa, mas o acto de um indivíduo para deliberadamente revelar factos sobre outro. Que factos são do interesse público, que indivíduos estão sob essa alçada do "público", é algo que passa muito pelo juízo e bom senso de cada um.
Eu prefiro, contudo, confiar no bom senso dos homens às mordaças legislativas. Acho que Kafka, Camus, e Orwell defenderiam o mesmo!
publicado por Carlos Santos
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