Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Eleições, pois claro

Ir para baixo

Eleições, pois claro Empty Eleições, pois claro

Mensagem por Viriato Dom Fev 21, 2010 4:01 am

Eleições, pois claro

por JOÃO MARCELINO



1. Seis meses depois das eleições, Portugal está mergulhado numa crise política. José Sócrates volta a ter de se justificar, o que é mau.

O PSD ainda não sabe o que quer, porque precisa de mais um mês para mudar de líder.

Cavaco Silva gostaria de trabalhar com outro primeiro-ministro (tanto quanto este primeiro-ministro gostaria de ter outro Presidente da República…), mas talvez não esteja disposto a pagar o preço de assumir todos os poderes que a Constituição lhe permite. Além do mais, ainda não deve ter passado o tempo suficiente para que Cavaco Silva se sinta à vontade para falar de escutas, asfixia democrática e manipulação dos media, entre outros temas correlacionados…

Pelo meio desta realidade política, na qual já navegam dois candidatos a Belém (Manuel Alegre e Fernando Nobre), há um pequeno país afectado pelo desemprego, endividado ao exterior, esmagado pelo défice do Estado e que vai ter de pedir às pessoas que nele habitam o costume: mais uns anos de sacrifício.

Ou seja, temos uma legislatura no início, uma Presidência a chegar ao fim, uma realidade económico-social miserável, mas está instalada a convicção de que o País se encontra politicamente doente e que esta situação é insustentável por muito mais tempo. Neste ambiente, Portugal não funciona, não se mobiliza. A comunicação social e a justiça vivem dominadas pela intriga, pelas escutas, pelo ajuste de contas pessoal.

Será preciso muita imaginação para alguém se atrever a acreditar que o dia-a-dia de José Sócrates é organizado em função da necessidade de governar. Não é, não pode ser.

2. Como se sai disto? Não vejo alternativa que evite um rápido regresso ao voto. A questão está em saber como se pode lá chegar de maneira a aproveitar a janela de oportunidade de Maio/Junho.

O PR, como se sabe, não pode convocar eleições nos seis meses imediatamente anteriores ao fim de um mandato nem nos seis seguintes à tomada de posse - e, portanto, ou os portugueses se pronunciam de novo em breve ou estaremos condenados a viver neste ambiente verdadeiramente putrefacto pelo menos até ao final do Verão de 2011! É um cenário medonho, verdadeiramente delirante, que terá de ser devidamente ponderado pelos homens de Estado que ainda restem no tecido partidário português.

3. O PS, obviamente, segurará José Sócrates até ao fim. Se ganhou as eleições e está legitimamente no exercício do Governo, só por autofagia poderia equacionar a substituição de José Sócrates. Não o fará, com toda a certeza, assim como José Sócrates não dará qualquer passo no sentido de quebrar o contrato que tem com os eleitores. Não haverá moção de confiança porque o primeiro-ministro sabe, como sabe toda a oposição, que não ganhará as próximas eleições quem as provocar sem motivo válido.

Cavaco Silva já sabe que o PS não indicará outro nome sem eleições (veja-se o que aconteceu a Santana Lopes quando sucedeu a Durão Barroso sem estar legitimado pessoalmente pelo voto), e também está refém dos seus próprios timings eleitorais.

Na oposição, Bloco, PP e PCP não devem, muito egoisticamente, aspirar a melhorar a sua representação no Parlamento. Resta, pois, ouvir o que tem a dizer o próximo líder do PSD. E este ou quererá tempo, e terá de baixar o volume da contestação - para Portugal poder respirar; ou quererá ajudar a clarificar a situação política e terá de correr o risco de girar a chave de ignição (moção de censura) que permita libertar o País deste pântano e retirar a Cavaco Silva o risco de ser ele a assumir a gestão pessoal da crise. É uma enorme responsabilidade.

Escreve Pinto Monteiro nas conclusões do despacho de arquivamento das suspeitas sobre José Sócrates, que o procurador Marques Vidal entendia deverem ser mais bem investigadas: "Há nas escutas notícia do descontentamento do primeiro-ministro, resultante de não terem falado com ele acerca da operação [de compra da TVI pela PT]; 'devia ter tido a cautela de falar com o Sócrates… não falei e o gajo não quer o negócio. Era isto que eu temia. Acho que o Henrique [Granadeiro] não falou com ele, o Zeinal [Bava] não falou com ele… eh, pá… agora ele está 'todo fodido'. Está todo fodido e com razão (Rui Pedro Soares ao telefone com Paulo Penedos)." Porque será - pergunto eu - que esta escuta, referida pelo PGR, não tem merecido o destaque dado a outras?



Tem razão, Marcelino, com essa última interrogação. Também começo a ficar fodido com esse esquecimento dos mídia...
Viriato
Viriato

Pontos : 16657

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos