Eleições, pois claro
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Eleições, pois claro
Eleições, pois claro
por JOÃO MARCELINO
1. Seis meses depois das eleições, Portugal está mergulhado numa crise política. José Sócrates volta a ter de se justificar, o que é mau.
O PSD ainda não sabe o que quer, porque precisa de mais um mês para mudar de líder.
Cavaco Silva gostaria de trabalhar com outro primeiro-ministro (tanto quanto este primeiro-ministro gostaria de ter outro Presidente da República…), mas talvez não esteja disposto a pagar o preço de assumir todos os poderes que a Constituição lhe permite. Além do mais, ainda não deve ter passado o tempo suficiente para que Cavaco Silva se sinta à vontade para falar de escutas, asfixia democrática e manipulação dos media, entre outros temas correlacionados…
Pelo meio desta realidade política, na qual já navegam dois candidatos a Belém (Manuel Alegre e Fernando Nobre), há um pequeno país afectado pelo desemprego, endividado ao exterior, esmagado pelo défice do Estado e que vai ter de pedir às pessoas que nele habitam o costume: mais uns anos de sacrifício.
Ou seja, temos uma legislatura no início, uma Presidência a chegar ao fim, uma realidade económico-social miserável, mas está instalada a convicção de que o País se encontra politicamente doente e que esta situação é insustentável por muito mais tempo. Neste ambiente, Portugal não funciona, não se mobiliza. A comunicação social e a justiça vivem dominadas pela intriga, pelas escutas, pelo ajuste de contas pessoal.
Será preciso muita imaginação para alguém se atrever a acreditar que o dia-a-dia de José Sócrates é organizado em função da necessidade de governar. Não é, não pode ser.
2. Como se sai disto? Não vejo alternativa que evite um rápido regresso ao voto. A questão está em saber como se pode lá chegar de maneira a aproveitar a janela de oportunidade de Maio/Junho.
O PR, como se sabe, não pode convocar eleições nos seis meses imediatamente anteriores ao fim de um mandato nem nos seis seguintes à tomada de posse - e, portanto, ou os portugueses se pronunciam de novo em breve ou estaremos condenados a viver neste ambiente verdadeiramente putrefacto pelo menos até ao final do Verão de 2011! É um cenário medonho, verdadeiramente delirante, que terá de ser devidamente ponderado pelos homens de Estado que ainda restem no tecido partidário português.
3. O PS, obviamente, segurará José Sócrates até ao fim. Se ganhou as eleições e está legitimamente no exercício do Governo, só por autofagia poderia equacionar a substituição de José Sócrates. Não o fará, com toda a certeza, assim como José Sócrates não dará qualquer passo no sentido de quebrar o contrato que tem com os eleitores. Não haverá moção de confiança porque o primeiro-ministro sabe, como sabe toda a oposição, que não ganhará as próximas eleições quem as provocar sem motivo válido.
Cavaco Silva já sabe que o PS não indicará outro nome sem eleições (veja-se o que aconteceu a Santana Lopes quando sucedeu a Durão Barroso sem estar legitimado pessoalmente pelo voto), e também está refém dos seus próprios timings eleitorais.
Na oposição, Bloco, PP e PCP não devem, muito egoisticamente, aspirar a melhorar a sua representação no Parlamento. Resta, pois, ouvir o que tem a dizer o próximo líder do PSD. E este ou quererá tempo, e terá de baixar o volume da contestação - para Portugal poder respirar; ou quererá ajudar a clarificar a situação política e terá de correr o risco de girar a chave de ignição (moção de censura) que permita libertar o País deste pântano e retirar a Cavaco Silva o risco de ser ele a assumir a gestão pessoal da crise. É uma enorme responsabilidade.
Escreve Pinto Monteiro nas conclusões do despacho de arquivamento das suspeitas sobre José Sócrates, que o procurador Marques Vidal entendia deverem ser mais bem investigadas: "Há nas escutas notícia do descontentamento do primeiro-ministro, resultante de não terem falado com ele acerca da operação [de compra da TVI pela PT]; 'devia ter tido a cautela de falar com o Sócrates… não falei e o gajo não quer o negócio. Era isto que eu temia. Acho que o Henrique [Granadeiro] não falou com ele, o Zeinal [Bava] não falou com ele… eh, pá… agora ele está 'todo fodido'. Está todo fodido e com razão (Rui Pedro Soares ao telefone com Paulo Penedos)." Porque será - pergunto eu - que esta escuta, referida pelo PGR, não tem merecido o destaque dado a outras?
Tem razão, Marcelino, com essa última interrogação. Também começo a ficar fodido com esse esquecimento dos mídia...
por JOÃO MARCELINO
1. Seis meses depois das eleições, Portugal está mergulhado numa crise política. José Sócrates volta a ter de se justificar, o que é mau.
O PSD ainda não sabe o que quer, porque precisa de mais um mês para mudar de líder.
Cavaco Silva gostaria de trabalhar com outro primeiro-ministro (tanto quanto este primeiro-ministro gostaria de ter outro Presidente da República…), mas talvez não esteja disposto a pagar o preço de assumir todos os poderes que a Constituição lhe permite. Além do mais, ainda não deve ter passado o tempo suficiente para que Cavaco Silva se sinta à vontade para falar de escutas, asfixia democrática e manipulação dos media, entre outros temas correlacionados…
Pelo meio desta realidade política, na qual já navegam dois candidatos a Belém (Manuel Alegre e Fernando Nobre), há um pequeno país afectado pelo desemprego, endividado ao exterior, esmagado pelo défice do Estado e que vai ter de pedir às pessoas que nele habitam o costume: mais uns anos de sacrifício.
Ou seja, temos uma legislatura no início, uma Presidência a chegar ao fim, uma realidade económico-social miserável, mas está instalada a convicção de que o País se encontra politicamente doente e que esta situação é insustentável por muito mais tempo. Neste ambiente, Portugal não funciona, não se mobiliza. A comunicação social e a justiça vivem dominadas pela intriga, pelas escutas, pelo ajuste de contas pessoal.
Será preciso muita imaginação para alguém se atrever a acreditar que o dia-a-dia de José Sócrates é organizado em função da necessidade de governar. Não é, não pode ser.
2. Como se sai disto? Não vejo alternativa que evite um rápido regresso ao voto. A questão está em saber como se pode lá chegar de maneira a aproveitar a janela de oportunidade de Maio/Junho.
O PR, como se sabe, não pode convocar eleições nos seis meses imediatamente anteriores ao fim de um mandato nem nos seis seguintes à tomada de posse - e, portanto, ou os portugueses se pronunciam de novo em breve ou estaremos condenados a viver neste ambiente verdadeiramente putrefacto pelo menos até ao final do Verão de 2011! É um cenário medonho, verdadeiramente delirante, que terá de ser devidamente ponderado pelos homens de Estado que ainda restem no tecido partidário português.
3. O PS, obviamente, segurará José Sócrates até ao fim. Se ganhou as eleições e está legitimamente no exercício do Governo, só por autofagia poderia equacionar a substituição de José Sócrates. Não o fará, com toda a certeza, assim como José Sócrates não dará qualquer passo no sentido de quebrar o contrato que tem com os eleitores. Não haverá moção de confiança porque o primeiro-ministro sabe, como sabe toda a oposição, que não ganhará as próximas eleições quem as provocar sem motivo válido.
Cavaco Silva já sabe que o PS não indicará outro nome sem eleições (veja-se o que aconteceu a Santana Lopes quando sucedeu a Durão Barroso sem estar legitimado pessoalmente pelo voto), e também está refém dos seus próprios timings eleitorais.
Na oposição, Bloco, PP e PCP não devem, muito egoisticamente, aspirar a melhorar a sua representação no Parlamento. Resta, pois, ouvir o que tem a dizer o próximo líder do PSD. E este ou quererá tempo, e terá de baixar o volume da contestação - para Portugal poder respirar; ou quererá ajudar a clarificar a situação política e terá de correr o risco de girar a chave de ignição (moção de censura) que permita libertar o País deste pântano e retirar a Cavaco Silva o risco de ser ele a assumir a gestão pessoal da crise. É uma enorme responsabilidade.
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