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Mensagem por Viriato Ter Mar 16, 2010 4:18 am

Israel e EUA enfrentam "crise de proporções históricas"

Por Margarida Santos Lopes

»O primeiro-ministro de Israel não parece ter ficado incomodado com a advertência do seu embaixador em Washington de que as relações com os Estados Unidos desceram ao mais baixo nível desde 1975. Este foi o ano em que o Presidente Gerald Ford adiou, durante seis meses, a venda de armas ao seu principal aliado no Médio Oriente para o forçar a uma retirada parcial da península do Sinai.

Ontem, Benjamin Netanyahu foi ao Parlamento reafirmar que a expansão dos colonatos em Jerusalém Oriental vai continuar. Ignora assim exigências dos EUA para anular a decisão de edificar mais 1600 casas para judeus sefarditas, que constituem uma das suas importantes bases eleitorais.

"Nos últimos 40 anos, nenhum governo israelita limitou a construção nos bairros de Jerusalém", disse Netanyahu aos deputados, recusando incluir o sector árabe da cidade, anexado após a guerra de 1967, na sua oferta de "congelamento durante dez meses" da colonização na Cisjordânia. Aqui, sete palestinianos foram ontem mortos pelo Exército, durante manifestações contra a ocupação já comparadas a "uma nova Intifada".

O anúncio de mais construções no colonato de Ramat Shlomo foi feito, na semana passada, logo no início de uma visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.No sábado, depois de chamado para ouvir "uma reprimenda" no Departamento de Estado, o embaixador Michael Oren reuniu-se com os cônsules israelitas na América e alertou-os para uma "uma crise de proporções históricas, a pior dos últimos 35 anos".

Não especificou se Obama vai "reavaliar" a sua política, como fez Gerald Ford depois de ter ficado "profundamente desapontado" com a intransigência de Yitzhak Rabin nas negociações com o Egipto

Biden ainda estava em Israel quando Netanyahu lamentou o timing do anúncio feito pelo Ministério do Interior, controlado pelo partido ultra-ortodoxo Shas. Bibi não se comprometeu a revogar o plano de construção e o seu pedido de desculpas não convenceu Biden, que reagiu assim: "Condeno a decisão do governo de Israel. Este é precisamente o tipo de acção que prejudica a confiança de que necessitamos agora" para retomar o processo de paz.

O visitante que se empenhou em garantir, publicamente, o apoio "total e absoluto" dos EUA à segurança de Israel não ocultou a irritação com a falta de reciprocidade. "Isto começa a ser perigoso para nós", terá afirmado Biden, citado pelo diário Yedioth Ahronoth: "O que vocês estão a fazer prejudica a segurança das nossas tropas no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão. Prejudica-nos e põe em perigo a paz regional."

A estas palavras duras seguiu-se um "telefonema de 45 minutos" de Hillary Clinton para Netanyahu, descrito como "muito difícil", e uma crítica insólita de David Axelrod, o principal conselheiro de Obama: "O que aconteceu foi uma afronta, um insulto, um gesto muito destrutivo."

Conduzir embriagado

Thomas Friedman, respeitado membro da comunidade judaica e influente colunista do "New York Times", foi ainda mais arrasador, num artigo intitulado: "Driving Drunk in Jerusalem". Joe Biden "deveria ter embarcado imediatamente no seu Air Force Two de regresso a casa e deixado para trás a seguinte nota: Mensagem da América ao Governo israelita: "Amigos não deixam os amigos conduzir embriagados. E, de momento, vocês estão a guiar bêbados. Vocês pensam que podem embaraçar o vosso único aliado no mundo sem consequências? Vocês perderam totalmente o contacto com a realidade.""

A única nota dissonante foi a do lobby AIPAC, cuja liderança é dominada por figuras direitistas, que quase intimou Obama a "baixar a tensão" nas relações com Israel. Os discursos de Netanyahu e Clinton na reunião anual deste grupo de pressão, de 21 a 23 do corrente mês de Março, são aguardados agora com mais expectativa.

No domingo, Netanyahu tentou de novo apaziguar os ânimos, deplorando "um incidente lamentável, mas sem maldade". A fúria de Obama não amansou. O diário "Ha'aretz" referiu que o Presidente dos EUA exigiu várias medidas, como a libertação de centenas de prisioneiros palestinianos e a retirada de soldados de mais áreas da Cisjordânia. Ontem, o discurso de Bibi parece dar razão a outro analista judeu, Daniel Levy, que escreveu no "Guardian": "Israel enfia-se cada vez mais num buraco, enterrando os últimos vestígios de esperança de um sionismo pragmático."
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