A criação do regime de Vladimir Putin
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A criação do regime de Vladimir Putin
A criação do regime de Vladimir Putin
por LUÍS NAVES
Hoje
O actual primeiro-ministro foi eleito presidente há dez anos e rodeou-se de um grupo extremamente leal.
Faz hoje dez anos, a 26 de Março de 2000, Vladimir Putin era eleito Presidente da Rússia, logo na primeira volta das eleições, com 53% dos votos, derrotando o candidato comunista Gennadi Zyuganov, que não chegou aos 30%. Na altura, Putin ainda não fizera 42 anos e emergira praticamente do nada para se tornar em rápida sucessão chefe do FSB (ex-KGB), primeiro--ministro, sucessor de Boris Ieltsin e, finalmente, o homem mais poderoso do país.
Passada uma década, Putin criou um regime político que alguns definem como estalinismo soft e outros como a solução da Rússia. O regime é autoritário mas tem partidos políticos; recuperou parte do prestígio da Rússia e domina fatias crescentes do antigo império soviético. Na Rússia moderna, a economia de mercado, os juízes e as televisões estão controlados pelo poder político, que se encontra nas mãos de um pequeno grupo de homens definidos por uma expressão: lealdade total.
O círculo próximo de Putin é um dos grandes mistérios da Rússia. A personagem mais visível é o Presidente Dmitri Medvedev, que foi eleito em Março de 2008. Na altura, Putin cumprira dois mandatos e teve de escolher um sucessor, mantendo-se como primeiro-ministro. Toda a gente espera que findo o mandato de Medvedev haja nova troca: Putin regressará à presidência, Medvedev poderá ser primeiro-ministro.
Em teoria, este arranjo pode prolongar-se por décadas. Uma anedota russa, citada pelo correspondente da Lusa em Moscovo, José Milhazes, conta como Putin e Medvedev conversam numa cervejaria em 2040. O primeiro pergunta ao segundo: "Diz-me, qual de nós é o Presidente e qual é o primeiro-ministro?"
Na velha tradição das acutilantes anedotas políticas russas, esta história ilustra as possibilidades de grande longevidade do actual regime. A dupla Medvedev-Putin depende de outras figuras, sendo Igor Sechin uma das mais importantes, com curiosa ligação a Portugal. Sechin fala português e foi colega de faculdade do correspondente da RTP na Rússia, Evgueni Mouravitch.
Sechin "destacava-se pela sua lealdade", lembra Mouravitch. "Conseguiu uma carreira vertiginosa, mas era uma pessoa pacata". Agora, como vice- -primeiro-ministro responsável pelos recursos naturais da Rússia, Sechin "está no topo da pirâmide da corporação estatal". Em muitos artigos sobre o grupo que domina a Rússia, Igor Sechin surge como um autêntico número dois que opera sobretudo na sombra.
Há outros nomes neste núcleo duro, como Nikolai Patrushev, Sergei Ivanov, Aleksander Bortnikov ou Aleksei Kudrin. A Rússia é governada por um grupo coeso, por vezes identificado por Siloviki (designação para dirigentes com origem nos aparelhos de segurança).
A ligação ao antigo KGB e a Sampetersburgo são os dois elementos que explicam o grupo. A ascensão de Vladimir Putin à presidência teve duas fases cruciais. Nos anos 80, no colapso da URSS, Putin era membro da KGB (trabalhou na ex-RDA) e o seu treino de guerra fria não o tinha preparado para a transição.
No início dos anos 90, desempregado e aparentemente sem futuro, Putin trabalhou com a administração regional de Sampetersburgo e na câmara municipal da segunda cidade russa. Foi então que forjou as principais cumplicidades: Sechin e Ivanov são também ex-KGB e de Sampetersburgo; Medvedev trabalhou com Putin quando este chefiou as relações internacionais da autarquia.
Em dez anos de poder, o grupo de Putin conseguiu neutralizar os poderosos oligarcas. "Os milionários são vassalos e a oposição não existe", explica Mouravitch. No ocidente, as notícias costumam apresentar o antigo campeão de xadrez Garry Kasparov como capaz de desafiar o regime, mas o correspondente da RTP não acredita: "Falar de Kasparov como líder da oposição é o mesmo que falar de Putin como mestre de xadrez".
Na realidade, Vladimir Putin revelou mestria no xadrez político. E a sua posição parece segura, pelo menos enquanto durar a paciência dos russos e a lealdade do primeiro círculo do poder.
In DN
por LUÍS NAVES
Hoje
O actual primeiro-ministro foi eleito presidente há dez anos e rodeou-se de um grupo extremamente leal.
Faz hoje dez anos, a 26 de Março de 2000, Vladimir Putin era eleito Presidente da Rússia, logo na primeira volta das eleições, com 53% dos votos, derrotando o candidato comunista Gennadi Zyuganov, que não chegou aos 30%. Na altura, Putin ainda não fizera 42 anos e emergira praticamente do nada para se tornar em rápida sucessão chefe do FSB (ex-KGB), primeiro--ministro, sucessor de Boris Ieltsin e, finalmente, o homem mais poderoso do país.
Passada uma década, Putin criou um regime político que alguns definem como estalinismo soft e outros como a solução da Rússia. O regime é autoritário mas tem partidos políticos; recuperou parte do prestígio da Rússia e domina fatias crescentes do antigo império soviético. Na Rússia moderna, a economia de mercado, os juízes e as televisões estão controlados pelo poder político, que se encontra nas mãos de um pequeno grupo de homens definidos por uma expressão: lealdade total.
O círculo próximo de Putin é um dos grandes mistérios da Rússia. A personagem mais visível é o Presidente Dmitri Medvedev, que foi eleito em Março de 2008. Na altura, Putin cumprira dois mandatos e teve de escolher um sucessor, mantendo-se como primeiro-ministro. Toda a gente espera que findo o mandato de Medvedev haja nova troca: Putin regressará à presidência, Medvedev poderá ser primeiro-ministro.
Em teoria, este arranjo pode prolongar-se por décadas. Uma anedota russa, citada pelo correspondente da Lusa em Moscovo, José Milhazes, conta como Putin e Medvedev conversam numa cervejaria em 2040. O primeiro pergunta ao segundo: "Diz-me, qual de nós é o Presidente e qual é o primeiro-ministro?"
Na velha tradição das acutilantes anedotas políticas russas, esta história ilustra as possibilidades de grande longevidade do actual regime. A dupla Medvedev-Putin depende de outras figuras, sendo Igor Sechin uma das mais importantes, com curiosa ligação a Portugal. Sechin fala português e foi colega de faculdade do correspondente da RTP na Rússia, Evgueni Mouravitch.
Sechin "destacava-se pela sua lealdade", lembra Mouravitch. "Conseguiu uma carreira vertiginosa, mas era uma pessoa pacata". Agora, como vice- -primeiro-ministro responsável pelos recursos naturais da Rússia, Sechin "está no topo da pirâmide da corporação estatal". Em muitos artigos sobre o grupo que domina a Rússia, Igor Sechin surge como um autêntico número dois que opera sobretudo na sombra.
Há outros nomes neste núcleo duro, como Nikolai Patrushev, Sergei Ivanov, Aleksander Bortnikov ou Aleksei Kudrin. A Rússia é governada por um grupo coeso, por vezes identificado por Siloviki (designação para dirigentes com origem nos aparelhos de segurança).
A ligação ao antigo KGB e a Sampetersburgo são os dois elementos que explicam o grupo. A ascensão de Vladimir Putin à presidência teve duas fases cruciais. Nos anos 80, no colapso da URSS, Putin era membro da KGB (trabalhou na ex-RDA) e o seu treino de guerra fria não o tinha preparado para a transição.
No início dos anos 90, desempregado e aparentemente sem futuro, Putin trabalhou com a administração regional de Sampetersburgo e na câmara municipal da segunda cidade russa. Foi então que forjou as principais cumplicidades: Sechin e Ivanov são também ex-KGB e de Sampetersburgo; Medvedev trabalhou com Putin quando este chefiou as relações internacionais da autarquia.
Em dez anos de poder, o grupo de Putin conseguiu neutralizar os poderosos oligarcas. "Os milionários são vassalos e a oposição não existe", explica Mouravitch. No ocidente, as notícias costumam apresentar o antigo campeão de xadrez Garry Kasparov como capaz de desafiar o regime, mas o correspondente da RTP não acredita: "Falar de Kasparov como líder da oposição é o mesmo que falar de Putin como mestre de xadrez".
Na realidade, Vladimir Putin revelou mestria no xadrez político. E a sua posição parece segura, pelo menos enquanto durar a paciência dos russos e a lealdade do primeiro círculo do poder.
In DN
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