Ecos das escutas de Belém

ERC defende adjunto de Sócrates nas escutas de Belém

por MARINA MARQUES
Hoje


Entidade dá razão a Rui Paulo Figueiredo e condena 'Público' por não o ter ouvido.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) condenou o jornal Público no caso das escutas de Belém, na sequência de uma queixa apresentada por Rui Paulo Figueiredo, adjunto de Sócrates. O Público tem agora 48 horas para publicar a recomendação.

Contactado pelo DN, o então director do jornal, José Manuel Fernandes, não quis comentar a deliberação, tal como optou por não responder à ERC durante o processo. "Não reconheço autoridade a um órgão administrativo do Estado para se pronunciar sobre jornalismo independente e por isso não comento esta deliberação, tal como nunca respondi à ERC enquanto director do Público", afirmou.

A decisão refere-se a um artigo publicado a 19 de Agosto de 2009, no seguimento de uma notícia sobre o caso das alegadas "escutas a Belém" que fez a manchete do Público do dia anterior - "Presidência suspeita estar a ser vigiada pelo Governo", caso que ensombrou as relações entre os dois principais órgãos de soberania do País.

Segundo a ERC, na peça de dia 19, Rui Paulo Figueiredo é "claramente visado como alvo de 'comportamento suspeito'", durante a visita da comitiva presidencial à Madeira. Nesse artigo, o seu comportamento é descrito como "se quisesse escutar conversas para que não fora convidado", o que terá desencadeado na casa Civil da Presidência da República "a ideia de que pessoas ligadas a José Sócrates estariam interessadas em saber mais do que a agenda pública do Presidente".

Na deliberação, divulgada ontem, a autoridade dos media considera que "o jornal negligenciou deveres básicos da actividade jornalística", defendendo que "o jornal não observou o princípio do contraditório", publicando a peça jornalística sem ouvir Rui Paulo Figueiredo, nem incluir as suas declarações ao correspondente do Público na Madeira.

A actual direcção do jornal, questionada pela ERC, respondeu que "a redacção do Público não teve conhecimento do desmentido". O mesmo foi confirmado por Luciano Alvarez, em audição na ERC, na qual reconheceu ter "cometido um erro" por não ter telefonado para São Bento, onde trabalha Rui Paulo Figueiredo.

In DN