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Quatro mortos no pior incidente entre Israel e o Líbano desde 2006

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 Quatro mortos no pior incidente entre Israel e o Líbano desde 2006 Empty Quatro mortos no pior incidente entre Israel e o Líbano desde 2006

Mensagem por Vitor mango Qua Ago 04, 2010 12:14 am


Quatro mortos no pior incidente entre Israel e o Líbano desde 2006
Por Ana Fonseca Pereira e Maria João Guimarães

Sucederam-se os apelos à contenção, após o regresso da violência à fronteira. Ambos os lados culparam o outro pela troca de tiros


Três libaneses - dois soldados e um repórter - e um israelita morreram ontem numa troca de tiros na fronteira entre os dois países. São os confrontos mais graves desde a ofensiva israelita no Líbano, no Verão de 2006, e apesar de se tratar de um incidente isolado, há receios de que faça transbordar a tensão acumulada na região.

Ambos os lados culparam o outro pelo incidente. Israel alega que estava a fazer trabalhos de manutenção na fronteira, em coordenação com a UNIFIL, a força de manutenção de paz da ONU, quando os seus soldados ficaram sob fogo libanês. O Líbano alega que os soldados israelitas tentaram arrancar uma árvore que se encontrava no seu território e não obedeceram às ordens para retirar, tendo sido efectuados tiros de aviso.

Há também duas versões para o que aconteceu depois. Israel alega que dois oficiais que estavam num posto de observação próximo foram feridos a tiro, um dos quais acabou por morrer. O Líbano acusa o Exército hebraico de ter respondido aos tiros de aviso com disparos de artilharia, que mataram dois soldados e um repórter libanês, ferindo outros 15 militares.

Aos confrontos seguiu-se uma guerra de palavras. Beirute acusou Israel de violar a "soberania libanesa" e a resolução 1701 da ONU, que estabeleceu as condições do cessar-fogo após a ofensiva de 2006. O Presidente Michel Suleiman deu mesmo ordens ao Exército para "resistir à agressão israelita a qualquer custo".

O Líbano recebeu a solidariedade dos governos árabes, incluindo da Síria, país que tem vindo a reconquistar a sua influência junto de Beirute. "Estamos ao lado dos irmãos libaneses para contrariar esta agressão cobarde", disse o Presidente Bashar al-Assad.

Do outro lado da fronteira, o general Gadi Eisenkot, comandante da região norte, disse que os seus homens foram alvo de uma "emboscada deliberada" e o Governo israelita anunciou que irá apresentar queixa contra o Líbano na ONU pela "flagrante violação da resolução 1701".

Palavras inflamadas que fazem temer um regresso à violência e que justificaram sucessivos apelos à calma durante o dia. O Conselho de Segurança da ONU - convocado de emergência - declarou-se "profundamente preocupado" com os confrontos e pediu aos dois países que "observem a máxima contenção, respeitem o cessar-fogo e evitem qualquer escalada". Em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, defendeu um inquérito "imediato ao incidente" e o Departamento de Estado norte-americano garantiu estar em contactos com ambos os governos.

Os analistas concordam que ninguém tem interesse numa escalada - em Israel a ofensiva de 2006 é vista como um fracasso militar e para o Líbano um novo conflito deitaria por terra as esperanças de estabilidade. Destacam ainda o facto de o incidente, ao contrário do que é habitual, não ter envolvido a guerrilha do Hezbollah. "Creio que se trata de um incidente isolado, nenhum dos dois lados está interessado numa nova guerra", disse ao Guardian Eyzal Zisser, professor da Universidade de Telavive.

Mas no terreno a tensão continua a acumular-se. Israel tem alertado para um rearmamento do Hezbollah: em Abril falou-se da chegada de mísseis Scud ao movimento xiita; na semana passada responsáveis militares divulgaram imagens aéreas do que diziam ser um forte rearmamento do grupo. No Líbano, foram detidos recentemente vários responsáveis militares acusados de espiarem a favor de Israel.

E em Telavive especula-se que o Hezbollah pode ser tentado a lançar um ataque para desviar atenções do processo relativo ao assassínio do ex-primeiro-ministro libanês, Rafiq Hariri. A responsabilidade pelo atentado, em Fevereiro de 2005, foi inicialmente imputada à Síria, mas rumores indicam que o tribunal da ONU que investiga o caso se prepara para acusar "membros "indisciplinados" da guerrilha xiita. A confirmar-se, o Hezbollah poderia abandonar o governo de unidade nacional, deitando por terra a recém-conquistada estabilidade.

Ontem, Hassan Nasrallah, o poderoso líder do movimento xiita, disse ter dado ordens aos seus homens para não se envolverem nos confrontos, mas avisou que "não ficará de braços cruzados" face à "agressão sionista".

Vitor mango
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