Adriano Moreira foi homenageado pela Câmara de Bragança

.
Natural de Grijó


Adriano Moreira foi homenageado pela Câmara de Bragança

O macedense, natural de Grijó, professor Adriano Moreira, foi homenageado pela Câmara Municipal de Bragança, durante as comemorações dos 100 anos da implantação da República. A autarquia atribui o nome do investigador a uma praceta.

Recorde-se que é em Bragança onde se encontra o espólio gráfico do professor universitário e investigador Adriano Moreira. Para que não houvesse equívocos, o professor justificou o seu gesto pelo interesse que aquela obra poderá representar para o Instituto Politécnico de Bragança. Mas, na altura, o facto não passou despercebido ao vereador do partido So-cialista na Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Rui Vaz. Para o autarca “rosa”, a ausência do presidente da Câmara, Beraldino Pinto, na cerimónia da entrega do espólio foi “a prova” de que “sentiu o golpe desferido pela visão e sentido estratégico do autarca brigantino, que, em 2007, tinha lançado o repto ao investigador.

A aldeia de Grijó, onde aquele intelectual nasceu, perdeu, assim, a oportunidade de ficar como guardiã do seu legado cultural. E a Câmara de Bragança está a contabilizar, a seu favor, toda a importância desse mesmo espólio. Adri-ano Moreira foi ministro do Ultramar no tempo da ditadura e, depois do 25 de Abril, foi presidente do CDS.

Comemorações do Centenário da República

Um programa significativo foi o que a Assembleia Municipal e a Câmara Municipal de Bragança ofereceram a todos que se associaram às Comemorações do Centenário da República, a 5 de Outubro.
As celebrações desta emblemática data arrancaram com o hastear da bandeira Nacional, acompanhado pela interpretação do Hino Nacional a cargo da Banda Filarmónica (uma iniciativa de âmbito nacional), seguido de uma Sessão Solene, durante a qual foram recordados alguns dos ideais e mudanças republicanas.

“O País venceu o atraso, superou adversidades políticas, financeiras, integrou a CEE, aproveitou apoios europeus e promoveu investimentos em áreas prioritárias, como o sistema de Ensino e de Saúde Pública, nas infra-estruturas rodoviárias, no ambiente”, sublinhou o Presidente da Câmara Municipal de Bragança, Eng.º António Jorge Nunes.
As mudanças promovidas pelo Poder Local foram, também, salientadas pelo Autarca, já que “o País estaria bastante menos desenvolvido em termos sociais e económicos e muito pior nas contas públicas, não fosse o bom contributo do poder local democrático”.

Em simultâneo, decorreu uma reunião dos associados da Academia de Letras de Trás-os-Montes, constituída a 12 de Junho de 2010, durante a qual foram celebrados protocolos com a Academia de Marinha, a Academia Internacional de Cultura Portuguesa, a Casa de Estudos Luso – Amazónicos da Universidade Federal do Pará (Brasil), e a Academia de Letras e Artes de Bragança do Pará (Brasil).

Procedeu-se à inauguração dos Centros Escolares de Santa Maria e da Sé. Edifícios com boa arquitectura, modernas infra-estruturas e tecnologias, amigos do ambiente e bem enquadrados a nível urbanístico, têm capacidade para acolher, cada centro escolar, 250 alunos do 1.º ciclo e 100 do ensino pré-escolar, proporcionando aos estudantes as melhores condições de aprendizagem, socialização e sucesso educativo, bem como segurança.

De seguida, teve lugar a cerimónia de homenagem da Armada Portuguesa ao Professor Adriano Moreira, que se fez representar ao mais alto nível pelo Vice-Almirante Rebelo Duarte, em substituição do Chefe de Estado Maior da Armada, decorrendo nesse momento a atribuição do nome deste ilustre transmontano ao Centro Cultural Municipal de Bragança.
O edifício, que durante cerca de 450 anos esteve ligado ao ensino e à educação, e que foi construído para acolher um Convento de Freiras Claras, tendo sido entregue, em 1562, aos padres da Companhia de Jesus, onde fundaram um prestigiado colégio, recebeu, em 1765, o Seminário Diocesano, o Liceu Nacional, em 1853, e a Escola Preparatória Augusto Moreno, em 1968, passa, assim, a denominar-se de Centro Cultural Municipal Adriano Moreira. Um equipamento que integra a Biblioteca Municipal, a Biblioteca Adriano Moreira, o Conservatório de Música, a sede da Academia de Letras de Trás-os-Montes, salas de exposições e o espaço de Memória da Cidade.

Depois deste breve e simbólico momento, o Teatro Municipal de Bragança acolheu um concerto de música do tempo da 1.ª República: Cosmopolitismo e Nacionalismo, a que se seguiu a cerimónia de homenagem ao Professor Adriano Moreira, que incluíram o visionamento de um documentário, a apresentação do novo site da Biblioteca Adriano Moreira e do livro “Adriano Moreira, Biblioteca em Bragança”, feita pelo Professor José Barata Moura e participação em debate entre o Professor Adriano Moreira e os convidados, moderada pelo jornalista Carlos Pinto Coelho.
Trata-se de uma obra de elevada qualidade, na qual se destacam os depoimentos de figuras ilustres ligados a diversas áreas, como D. José Policarpo, Aníbal Cavaco Silva, José Barata Moura, Anselmo Borges, Marcelo Rebelo de Sousa, Joaquim Carreira das Neves, José Filipe Pinto, António Almeida Santos, António Barbosa de Melo, D. António Montes Moreira, António Rebelo Duarte, Emílio Rui Vilar, Inês Ponce Dentinho, Ives Gandra da Silva Martins, Manuel Clemente, Manuel da Costa Andrade, Manuela Ramalho Eanes e Teresa Patrício Gouveia e posfácio do Presidente da Câmara Municipal de Bragança, Eng.º António Jorge Nunes, que, desta forma, prestaram homenagem a um dos transmontanos mais conhecidos no mundo académico e político.


João Branco, Semanário Transmontano, 2010-10-08
In DTM