O mineiro que não é de Pablo Neruda
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O mineiro que não é de Pablo Neruda
O mineiro que não é de Pablo Neruda
por FERREIRA FERNANDES
O chileno Pablo Neruda tem uma Ode à Cebola, bela, e outra a Estaline, execrável, mas não tem, que eu conheça, uma ode ao mineiro. Do mineiro o grande poeta serve-se, fazendo-o mero agente das suas ideias: a palavra composta na oficina "baixou à solidão / da mina/ e o mineiro/ leu/ o panfleto duro/ e clandestino" (Ode à Tipografia). O mineiro serve o grande poeta, como este diz quando a brasileira Clarice Lispector lhe perguntou qual foi a maior alegria que teve pelo facto de escrever. Respondeu Neruda: "Ler a minha poesia e ser ouvido em lugares desolados: no deserto aos mineiros do Norte do Chile..." Mineiros ignorados, mineiros usados, mineiros público - enfim, até para o poeta sensível, mineiro pretexto. O que vai acontecer hoje, o começo da salvação de 33 homens trazidos das profundezas dos desertos do Norte do Chile, é um acontecimento: mineiros sujeitos do que lhes acontece. Aqueles 33 homens da mais subterrânea das profissões são a demonstração de que o mundo está melhor do que foi. Não que seja novidade o estrondo mediático que atira os olhos de todos para a mina de Copiapó - os pobres já foram vedetas de outras tragédias e isso, claro, nunca é motivo para se gabarem. O que acontece desta vez é que o seu país e o mundo, por arrasto, com técnica, vontade e dedicação, serviram os seus mineiros. Um a um, aqueles 33 vão emergir - e isso é mais do que uma metáfora.
por FERREIRA FERNANDES
O chileno Pablo Neruda tem uma Ode à Cebola, bela, e outra a Estaline, execrável, mas não tem, que eu conheça, uma ode ao mineiro. Do mineiro o grande poeta serve-se, fazendo-o mero agente das suas ideias: a palavra composta na oficina "baixou à solidão / da mina/ e o mineiro/ leu/ o panfleto duro/ e clandestino" (Ode à Tipografia). O mineiro serve o grande poeta, como este diz quando a brasileira Clarice Lispector lhe perguntou qual foi a maior alegria que teve pelo facto de escrever. Respondeu Neruda: "Ler a minha poesia e ser ouvido em lugares desolados: no deserto aos mineiros do Norte do Chile..." Mineiros ignorados, mineiros usados, mineiros público - enfim, até para o poeta sensível, mineiro pretexto. O que vai acontecer hoje, o começo da salvação de 33 homens trazidos das profundezas dos desertos do Norte do Chile, é um acontecimento: mineiros sujeitos do que lhes acontece. Aqueles 33 homens da mais subterrânea das profissões são a demonstração de que o mundo está melhor do que foi. Não que seja novidade o estrondo mediático que atira os olhos de todos para a mina de Copiapó - os pobres já foram vedetas de outras tragédias e isso, claro, nunca é motivo para se gabarem. O que acontece desta vez é que o seu país e o mundo, por arrasto, com técnica, vontade e dedicação, serviram os seus mineiros. Um a um, aqueles 33 vão emergir - e isso é mais do que uma metáfora.
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