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Empregos precários e vitalícios

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Mensagem por Viriato Dom Nov 21, 2010 3:53 am

Empregos precários e vitalícios


A crise internacional tem alterado as relações entre os cidadãos e o poder político, entre o Estado, a definição das suas funções e a sociedade civil, entre os trabalhadores e o patronato.

O direito ao trabalho deixou de estar na agenda política dos partidos que se dizem de esquerda. O trabalho é, hoje em dia, um privilégio e uma sorte de poucos e o desespero de muitos. Quando se fala de legislação laboral há algumas frases feitas que perderam o seu significado, mas que continuam a ser repetidas, por sindicatos e associações patronais, como se o tempo e a realidade não se tivessem interposto.

Chegamos sempre a limites, a extremos, de que não sabemos como sair. Enquanto existem hordas de jovens qualificados à espera de uma oportunidade para iniciarem a sua vida adulta, para darem o seu contributo à sociedade, em termos de criatividade, produtividade e plenitude, todos os dias nos confrontamos com pessoas entrincheiradas nos seus inamovíveis direitos, que são sempre o descanso, a possibilidade de não progredirem, de não se esforçarem, de gozarem as pausas, as folgas, as férias, as dores de barriga, os estremecimentos dos adolescentes, os cigarros e os cafés acompanhantes.

Os postos de trabalho estão preenchidos por inúmeras pessoas que não estudam, que não se preocupam, que não se realizam, que não se responsabilizam. Enquanto isso os jovens aceitam estágios voluntários, remunerações ridículas, horas de transportes públicos, madrugadas e noitadas, formações várias, exigências e incompreensões, trabalho quantas vezes de escravo, a incerteza de meses, anos, décadas se preciso for, para assegurarem um cantinho de luz.

Dia 24 de Novembro teremos uma greve geral contra a crise, contra a austeridade, contra a redução de ordenados.

Gostaria de ouvir os sindicatos contra os empregos vitalícios para quem não quer nem nunca quererá entender o trabalho como um direito e um dever e reivindicarem esses empregos para quem tem vontade de construir qualquer coisa.

publicado por Sofia Loureiro dos Santos
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Mensagem por Joao Ruiz Dom Nov 21, 2010 4:08 am

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Os postos de trabalho estão preenchidos por inúmeras pessoas que não estudam, que não se preocupam, que não se realizam, que não se responsabilizam. Enquanto isso os jovens aceitam estágios voluntários, remunerações ridículas, horas de transportes públicos, madrugadas e noitadas, formações várias, exigências e incompreensões, trabalho quantas vezes de escravo, a incerteza de meses, anos, décadas se preciso for, para assegurarem um cantinho de luz

Mas quantas horas sem renuneração, quantos sacrifícios -às tantas em época bem mais difícil- essas tais pessoas terão tido de aguentar, para alcançarem esse posto de trabalho, que ora defendem com unhas e dentes?

Nada contra o direito dos jovens ao trabalho, mas acho uma aberração querer comparar o incomparável, trazendo à baila situações muito diferentes, no espaço e no tempo.


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Mensagem por Viriato Dom Nov 21, 2010 4:27 am

Pois, caro João, terá toda a razão. Mas sucede que o mundo mudou. As empresas tornaram-se como armónios. Em determinadas alturas expandem para a seguir encolherem. Se forem obrigadas a suportar custos fixos, preferem não empregar. O que diz é muito certo. E a minha geração beneficiou desse estatuto. Não nego. Mas hoje, duvido, que o emprego estável dure mais 10 anos. As fronteiras acabaram. A deslocalização é simples e fácil. O capital não tem fronteiras. Penso que essa deveria ser a agenda principal dos sindicatos. Defender compensações para essa maleabilidade inevitável. Encher com 100.000 PC's o Rossio ou fazer uma greve geral não resolve nada. Quanto muito o estado (90% dos grevistas são FP), poupa um dia de salários....
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Mensagem por Joao Ruiz Dom Nov 21, 2010 4:49 am

.
Acho que, décadas atrás, se enveredou por um caminho sem retorno, com as "perseguições" nas empresas a trabalhadoers com mais de 35/40 anos, em nome de uma renovação e incremento mentirosos, pois o que se seguiu foi um cortejo de falências ou fecho de empresas.

Teria sido muito mais inteligente e útil que, em vez da teoria e irresponsabilidade jovem, sem traquejo, se tivesse verificado uma transição harmoniosa, equilibrando admissões (jovens) com saídas (demissões e reformas). Os novos trabalhadores aprenderiam com aquele staff intermédio remanescente e tornar-se-iam aptos, sem custos de maior para a empresa.

Isto nada tem a ver com tempos de mudança, mas com o bom senso de que essas mesmas mudanças pudessem ser mais equilibradas e menos precipitadas e onerosas.

A modernização não implica necessáriamente tomadas de atitude precipitadas e mais lesivas que eficazees. Como se tem vindo a verificar...

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Mensagem por Viriato Dom Nov 21, 2010 5:51 am

Joao Ruiz escreveu:.
Acho que, décadas atrás, se enveredou por um caminho sem retorno, com as "perseguições" nas empresas a trabalhadoers com mais de 35/40 anos, em nome de uma renovação e incremento mentirosos, pois o que se seguiu foi um cortejo de falências ou fecho de empresas.

Teria sido muito mais inteligente e útil que, em vez da teoria e irresponsabilidade jovem, sem traquejo, se tivesse verificado uma transição harmoniosa, equilibrando admissões (jovens) com saídas (demissões e reformas). Os novos trabalhadores aprenderiam com aquele staff intermédio remanescente e tornar-se-iam aptos, sem custos de maior para a empresa.

Isto nada tem a ver com tempos de mudança, mas com o bom senso de que essas mesmas mudanças pudessem ser mais equilibradas e menos precipitadas e onerosas.

A modernização não implica necessáriamente tomadas de atitude precipitadas e mais lesivas que eficazees. Como se tem vindo a verificar...

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Tudo o que diz é acertado. Mas a cruelade actual é um facto. A globalização desfez todo o bom senso e humanidade ás relacções laborais. E como lutar contra isso? E aí, para mim, está a questão. Eu tenho de aceitar que determinadas actividades tenham pontos altos e baixos. O turismo tem as suas épocas, actividades agrícolas, idem. Deverão as empresas serem responsáveis pela manutenção de postos de trabalho em épocas baixas? Penso que sim. Mas a partir do momento em que a competição passou a ser grande, torna-se insustentável. Os "call-center" de língua portuguesa estão a passar-se para Cabo Verde. De língua inglesa para a Ìndia. Há sempre quem faça o mesmo e mais barato. É toda essa complexidade de problemas que gostaria de ver serem debatidos pelos sindicatos e outros parceiros sociais. Mas o que vejo é a manutenção dos mesmos argumentos de há 40 anos quando a globalização não existia. Os sindicatos da FP prefeririam as longas bichas (filas) ás portas das Finanças á utilização dos meios informáticos. Geravam mais postos de trabalho. É verdade. Mas esse mundo acabou. Não sei se para melhor. Mas acabou.
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Mensagem por Vitor mango Dom Nov 21, 2010 9:19 am

Fui Professora e sai porque gosto de nao gostar de ensinar mas realizar
meti-me numa multi...entrei em Kuekas e ou pelo meu charme pesoal subi varias escadas sem nunca pedir a porra de um aumento
Em Coimbra vivia num paraiso onde quem trabalhava comigo ...o parioso
Quando o muro de Berlim caiu os bosses mandaram-me um fax
mango Portugal nao existe e vamos passar a fabrica para espanha e fechar 12 na Europa
Aceitei ir para o Brasil
Depois cocei os ditos e pincei
Vou reactivar o palacio do vovo e fazerr obnra
E Obrei sozinho...confesso cagado de medo porque sempre vivi xuleando decisoes dos outros
Depois entrei em rotina e saltei o muro da liberdade de fazer o que me apetece
O Viriato tem razao
Estamos numas encruzelhada tremenda ou mudamos ou somos engolidos
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Mensagem por Joao Ruiz Dom Nov 21, 2010 10:06 am

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A Revolução Industrial de meados do séc. XVIII e ao longo do séc. XIX, trouxe muitas mudanças tecnológicas, com custos para os trabalhadores, que perderam o controle do processo produtivo, passando a controlar máquinas, pertencentes a patrões para os quais revertiam todos os lucros produzidos.

Começou na Inglaterra, estendendo-se cerca de 50 anos depois a todo o mundo, com a mecanização, terminando o processo artesanal de fabrico, que levaria à revolução social:

Revolução Social

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios de produção (instalações, máquinas, matéria-prima); de outro, o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas (donos do capital).

Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias para­dos neste caso.

A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia freqüentes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas.

A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por idéias vindas da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criar a Lei Speenhamland, que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter trabalho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas.

Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim surgiram as tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do trabalho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve


É exactamente num processo desta natureza que nos encontramos, não sei se com consequências semelhantes ou não, mas com sobressaltos idênticos, de certeza.

Mais uma vez, a máquina vem substituir o homem, mas este é dotado de mecanismos, que lhe têm permitido, sempre, ultrapassar estas revoluções tecnológicas e a elas adaptar-se em conformidade. Não será diferente agora.

A globalização soa mais a desculpa esfarrapada, que a causa de, pois quanto maior for o campo de acção, maior será a probabilidade de êxito, já que "a união faz a força" e os postos de trabalho terão forçosamente de ser em número mais elevado, logo mais abrangentes.

Os sindicatos terão de deixar de ser correias de transmissão políticas, modernizarem-se e desempenharem, apenas e bem, o papel que lhes cabe, de defesa das classes que representam, ou tornar-se-ão meros apêndices, perfeitamente dispensáveis.

A evolução não se compadece, nem com a repetição de erros do passado, nem com visões estreitas do mundinho de cada um...

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Mensagem por Viriato Dom Nov 21, 2010 12:27 pm

Joao Ruiz escreveu:
A globalização soa mais a desculpa esfarrapada

Olhe que não, olhe que não. Basta ver o fenómeno das deslocalizações....
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Mensagem por Joao Ruiz Dom Nov 21, 2010 4:10 pm

Viriato escreveu:
Joao Ruiz escreveu:
A globalização soa mais a desculpa esfarrapada

Olhe que não, olhe que não. Basta ver o fenómeno das deslocalizações....

Sobre deslocalização, encolntrei na net este interessante e eluicidativo artigo:

DESLOCALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Desde 2003, já encerraram, em Portugal, cerca de 200 empresas, dos mais diversos sectores por motivo da deslocalização.

Fala-se de deslocalização quando uma empresa, localizada num país, decide transferir, total ou parcialmente, as suas capacidades de produção para um outro país.

A deslocalização pode ser uma forma de entrada num mercado com barreiras ou ser
motivada pela existência de custos inferiores (bens primários, transportes, salários,
impostos, subsídios, etc.).

O processo de deslocalização é contínuo, pelo que as empresas multinacionais
procedem constantemente a localizações, deslocalizações e a relocalizações, em
função das suas estratégias. As estratégias dessas empresas tendem a especializar as
suas implantações geográficas em produtos ou linhas de produtos (como nos sectores
automóvel e do vestuário), formando-se, assim, um sistema produtivo mundial
hierarquizado em que o grau de valorização das especializações instaladas está em
relação directa com o nível de desenvolvimento dos países de localização.

Em sintonia com estes mecanismos de internacionalização do ciclo da produção, por
zonas e por produtos, assiste-se a uma tendência de concentração empresarial, com
redução do número de empresas, e de centralização do poder em um número
reduzido delas. Por exemplo, no sector automóvel, de 20 construtores, em 1990, passarse-
á a menos de metade, em 2010; no sector de fabricação de equipamentos, de 30
mil empresas, em 1990, passar-se-á a 3.500, em 2010, das quais 20 representarão
metade do volume de vendas.

O alargamento da dominação das empresas multinacionais anda a par com a
redução da capacidade de intervenção dos Estados nacionais na direcção das
respectivas economias, com o aumento do défice democrático, por subjugação do
poder político ao poder económico e com a regressão social (redução de direitos
sociais).

A deslocalização de empresas tem um grande impacto no emprego do país
deslocalizado (aumento do desemprego) e é factor de degradação das relações
laborais nos países da nova localização.

Seguindo o modelo de produção “mais flexível, mais rápido e mais barato”, a
deslocalização representa, para milhões de trabalhadores, a maioria mulheres, salários
muito baixos, jornadas de trabalho longas e sem pagamento de trabalho
extraordinário, proibição de sindicatos, ameaças de despedimento por uma mera ida
à casa de banho, condições insalubres e falta de apoio nas situações de doença ou
de maternidade. A isto chama-se aumento da exploração.

A deslocalização tem, assim, como principal objectivo, aumentar a taxa de lucro,
através duma pressão permanente sobre os custos, nomeadamente os da força de
trabalho. Para o efeito, é utilizada, também, como argumento de chantagem, com
vista à redução do valor dos salários (directos, indirectos ou diferidos).
Este processo pode ser contrariado, com a introdução, à escala nacional e
internacional, de mecanismos de regulação da deslocalização e de
responsabilização social das empresas.

JOSÉ ALBERTO PITACAS


É o que tem acontecido em Portugal, especialmente por falta de flexibilidade das leis laborais, mais do que por qualquer outra razão.

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Mensagem por Vitor mango Qui Ago 09, 2012 1:51 am

amen

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Mensagem por Joao Ruiz Qui Ago 09, 2012 6:16 am

.
Será que os múltiplos amens mangais, trarão o Viriato de volta?!


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