Malditos factos
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Malditos factos
Malditos factos
Daniel Oliveira
Diz-se que a nossa escola deixa para trás os mais pobres. Que a alternativa é o cheque-ensino e a liberdade de escolha, como na Suécia e na República Checa. Mas um relatório desmente a ideia feita. Pioraram com este caminho e Portugal melhorou.
A teoria em voga tem sido esta: o nosso sistema educativo, tal como está desenhado, deixa para trás os mais pobres. A melhor alternativa seria a de instituir o cheque-ensino e, através dele, permitir o acesso de todos às escolas privadas. Garante-se liberdade de escolha, mais qualidade e mais igualdade de oportunidades. A solução seria milagrosa e já fora experimentada na Suécia. A sonhada liberdade de escolha também existiria na República Checa.
No final da semana passada saiu o relatório de Pisa, que faz uma avaliação dos vários sistemas educativos. Uma coisa aborrecida: socorre-se de números e de factos e não de postulados ideológicos.
Os dois exemplos não podiam ser mais claros: Suécia e República Checa (ver gráficos roubados ao blogue Câmara Corporativa ) viram os resultados escolares em ciências, matemática e leitura piorarem de 2000 até hoje, comparando os quatro relatórios de Pisa. Em Portugal melhoraram. Estavam os dois bem distantes de Portugal. Agora estão quase iguais. Ou seja, a receita milagrosa deixou-os muito pior. O nosso péssimo sistema deixou-nos muito melhor.
Outro dado interessante: se o nosso sistema prejudica os pobres e acentua as assimetrias, como se explica que sejamos o sexto país da OCDE (muito acima da média) e o décimo em 66 países analisados cujo sistema educativo melhor corrige as assimetrias socioeconómicas? Como se explica que sejamos um dos países em que maior percentagem de alunos pobres atingem excelentes níveis de desempenho em leitura?
O mal do monolitismo do debate político não é apenas a distorção democrática que provoca. É que permite que o discurso do mainstream não se dê ao trabalho de se basear em factos. Limita-se a repetir conversa estafada sem sequer pensar: o eduquês, o facilitismo, a degradação da escola pública. Pena existirem estudos e factos que estragam as potencialidades políticas desta narrativa.
Daniel Oliveira
Diz-se que a nossa escola deixa para trás os mais pobres. Que a alternativa é o cheque-ensino e a liberdade de escolha, como na Suécia e na República Checa. Mas um relatório desmente a ideia feita. Pioraram com este caminho e Portugal melhorou.
A teoria em voga tem sido esta: o nosso sistema educativo, tal como está desenhado, deixa para trás os mais pobres. A melhor alternativa seria a de instituir o cheque-ensino e, através dele, permitir o acesso de todos às escolas privadas. Garante-se liberdade de escolha, mais qualidade e mais igualdade de oportunidades. A solução seria milagrosa e já fora experimentada na Suécia. A sonhada liberdade de escolha também existiria na República Checa.
No final da semana passada saiu o relatório de Pisa, que faz uma avaliação dos vários sistemas educativos. Uma coisa aborrecida: socorre-se de números e de factos e não de postulados ideológicos.
Os dois exemplos não podiam ser mais claros: Suécia e República Checa (ver gráficos roubados ao blogue Câmara Corporativa ) viram os resultados escolares em ciências, matemática e leitura piorarem de 2000 até hoje, comparando os quatro relatórios de Pisa. Em Portugal melhoraram. Estavam os dois bem distantes de Portugal. Agora estão quase iguais. Ou seja, a receita milagrosa deixou-os muito pior. O nosso péssimo sistema deixou-nos muito melhor.
Outro dado interessante: se o nosso sistema prejudica os pobres e acentua as assimetrias, como se explica que sejamos o sexto país da OCDE (muito acima da média) e o décimo em 66 países analisados cujo sistema educativo melhor corrige as assimetrias socioeconómicas? Como se explica que sejamos um dos países em que maior percentagem de alunos pobres atingem excelentes níveis de desempenho em leitura?
O mal do monolitismo do debate político não é apenas a distorção democrática que provoca. É que permite que o discurso do mainstream não se dê ao trabalho de se basear em factos. Limita-se a repetir conversa estafada sem sequer pensar: o eduquês, o facilitismo, a degradação da escola pública. Pena existirem estudos e factos que estragam as potencialidades políticas desta narrativa.
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