Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
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Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Ontem
Helena Teixeira da Silva
O jornalista Carlos Pinto Coelho, que apresentou, durante nove anos, o magazine cultural "Acontece", faleceu hoje, quarta-feira, com 66 anos.
Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Aconteceu de forma inesperada. Carlos Pinto Coelho, lisboeta de 66 anos, sucumbiu devido a problemas cardíacos. O autor do telejornal cultural de maior longevidade na televisão, "Acontece", faleceu depois de uma intervenção cirúrgica à aorta, no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (2000) e oficial da Ordem das Artes e das Letras de França (2009), jornalista várias vezes premiado e autor do telejornal cultural que maior longevidade conheceu na televisão do Estado, era tratado pelo nome do programa, era o "Senhor Acontece".
"Morreu um libertino numa altura em que cada vez temos menos liberdades". Se o magazine cultural "Acontece" ainda estivesse no ar no dia em que morreu o polémico escritor Luiz Pacheco, Carlos Pinto Coelho tê-lo-ia anunciado desta forma. Mas em Janeiro de 2008, o "Acontece" já não acontecia diariamente na RTP 2 há cinco anos. Para "luto intenso, mas não prolongado" do seu autor e apresentador. O epitáfio que escolheria para o autor de "Textos malditos" cabe, curiosamente, na perfeição no comunicador que era também jornalista que era também fotógrafo.
Pinto Coelho não era um libertino no sentido estrito do termo ou de Pacheco; era libertino num sentido mais lato, eventualmente mais poético, no sentido de eleger o belo como fonte de prazer. Foi isto que fez a vida toda ao defender, como poucos, a cultura em Portugal. Ao defender, fazendo. Coisa rara.
O "senhor Acontece" tem uma longa história antes do programa que o popularizou - no Diário de Notícias, como repórter; no Jornal Novo, como co-fundador; na RTP, onde desempenhou vários cargos, desde director de informação a director de programas - e uma história igualmente longa, longe dos holofotes, depois de o terem afastado televisão, onde trabalhou durante 23 anos.
O "Acontece", por exemplo, continuou a ser emitido todas as semanas em 92 rádios nacionais. E os livros adiados começaram, nos últimos anos, a ver a luz do dia.
De resto, não era o ecrã da televisão que lhe fazia falta - "Não me faz falta nenhuma. Aquela ideia que se tem de que quem apareceu todas as noites na televisão fica muito triste, comigo não aconteceu", afirmou em 2008 numa entrevista ao JN -; o que lhe fazia falta, o que realmente o preenchia, era o ecrã da máquina fotográfica. "A esse não resisto dia nenhum", confessou.
"Não há dia nenhum que chegue à minha varanda do Alentejo e olhe para o céu - e o céu todos os dias está diferente - em que não tenha de ir procurar a minha câmara fotográfica, porque desta vez é que estas nuvens são as melhores de sempre". E riu quando disse isto.
Pinto Coelho deixou também a sua impressão digital em África, onde cresceu, e definitivamente África nele. Mas quando lhe perguntámos se era lá que estava o seu coração, negou.
"Sou um homem sem pátria, sem terra, sem raiz, sem sítio, um homem do tempo, do dia, do momento. Corri mundo, conheci muita gente e muita coisa que me enriqueceu. Não é aqui, onde estou de passagem, que tenho o meu coração. Tenho-o no sítio onde estou, no momento em que estou. E não sei qual será o último e onde estarei quando morrer."
Em 2008, Carlos Pinto Coelho deu uma entrevista ao JN.
Ontem
Helena Teixeira da Silva
O jornalista Carlos Pinto Coelho, que apresentou, durante nove anos, o magazine cultural "Acontece", faleceu hoje, quarta-feira, com 66 anos.
Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Aconteceu de forma inesperada. Carlos Pinto Coelho, lisboeta de 66 anos, sucumbiu devido a problemas cardíacos. O autor do telejornal cultural de maior longevidade na televisão, "Acontece", faleceu depois de uma intervenção cirúrgica à aorta, no Hospital de Santa Marta, em Lisboa.
Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (2000) e oficial da Ordem das Artes e das Letras de França (2009), jornalista várias vezes premiado e autor do telejornal cultural que maior longevidade conheceu na televisão do Estado, era tratado pelo nome do programa, era o "Senhor Acontece".
"Morreu um libertino numa altura em que cada vez temos menos liberdades". Se o magazine cultural "Acontece" ainda estivesse no ar no dia em que morreu o polémico escritor Luiz Pacheco, Carlos Pinto Coelho tê-lo-ia anunciado desta forma. Mas em Janeiro de 2008, o "Acontece" já não acontecia diariamente na RTP 2 há cinco anos. Para "luto intenso, mas não prolongado" do seu autor e apresentador. O epitáfio que escolheria para o autor de "Textos malditos" cabe, curiosamente, na perfeição no comunicador que era também jornalista que era também fotógrafo.
Pinto Coelho não era um libertino no sentido estrito do termo ou de Pacheco; era libertino num sentido mais lato, eventualmente mais poético, no sentido de eleger o belo como fonte de prazer. Foi isto que fez a vida toda ao defender, como poucos, a cultura em Portugal. Ao defender, fazendo. Coisa rara.
O "senhor Acontece" tem uma longa história antes do programa que o popularizou - no Diário de Notícias, como repórter; no Jornal Novo, como co-fundador; na RTP, onde desempenhou vários cargos, desde director de informação a director de programas - e uma história igualmente longa, longe dos holofotes, depois de o terem afastado televisão, onde trabalhou durante 23 anos.
O "Acontece", por exemplo, continuou a ser emitido todas as semanas em 92 rádios nacionais. E os livros adiados começaram, nos últimos anos, a ver a luz do dia.
De resto, não era o ecrã da televisão que lhe fazia falta - "Não me faz falta nenhuma. Aquela ideia que se tem de que quem apareceu todas as noites na televisão fica muito triste, comigo não aconteceu", afirmou em 2008 numa entrevista ao JN -; o que lhe fazia falta, o que realmente o preenchia, era o ecrã da máquina fotográfica. "A esse não resisto dia nenhum", confessou.
"Não há dia nenhum que chegue à minha varanda do Alentejo e olhe para o céu - e o céu todos os dias está diferente - em que não tenha de ir procurar a minha câmara fotográfica, porque desta vez é que estas nuvens são as melhores de sempre". E riu quando disse isto.
Pinto Coelho deixou também a sua impressão digital em África, onde cresceu, e definitivamente África nele. Mas quando lhe perguntámos se era lá que estava o seu coração, negou.
"Sou um homem sem pátria, sem terra, sem raiz, sem sítio, um homem do tempo, do dia, do momento. Corri mundo, conheci muita gente e muita coisa que me enriqueceu. Não é aqui, onde estou de passagem, que tenho o meu coração. Tenho-o no sítio onde estou, no momento em que estou. E não sei qual será o último e onde estarei quando morrer."
Em 2008, Carlos Pinto Coelho deu uma entrevista ao JN.
Vitor mango- Pontos : 117583
Re: Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Numa altura em que os barbudos vinham com voz grossa e escarro sonante este SENHOR vinha delicadamente dizer noticias
Marcou uma época
Marcou uma época
Vitor mango- Pontos : 117583
Re: Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Vitor mango (Qui Dez 16, 2010 8:34 am) escreveu:Numa altura em que os barbudos vinham com voz grossa e escarro sonante este SENHOR vinha delicadamente dizer noticias
Marcou uma época
Notícias e não só. Durante 9 anos, no "Acontece", acontecia a divulgação da cultura de muita qualidade. Lamento a sua morte.
Viriato- Pontos : 16657
Re: Morreu o jornalista Carlos Pinto Coelho
Caros Pinto Coelho (1944-2010)
... e assim, "acontece"! Morreu Carlos Pinto Coelho, um homem que tinha em si todo o entusiasmo do mundo, que, por muitos anos, com aquele sorriso aberto, ajudou, diariamente, a divulgar a cultura portuguesa.
Alguns recordarão também aquela forma tão característica de apresentar o "Jornal" da RTP2, que levou Herman José a criar um "boneco" nele inspirado, sem que o Carlos se ofendesse. E outros lembrarão aquele que foi o eterno homem da rádio.
Lembro-me do curioso dialogo que uma noite estimulou, na RTP, entre o embaixador Calvet de Magalhães e eu próprio, sobre a diplomacia e as suas histórias. O que me deu algumas ideias...
Um dia, quando uma patetice de alguém o afastou de fazer o que gostava e fazia bem, o Carlos Pinto Coelho disse-me que ia para o Alentejo. Depois, voltou, creio para a TSF e para a sua eterna RTP. E agora, partiu. "Acontece"...
Até sempre, Carlos!
Postado por Francisco Seixas da Costa
... e assim, "acontece"! Morreu Carlos Pinto Coelho, um homem que tinha em si todo o entusiasmo do mundo, que, por muitos anos, com aquele sorriso aberto, ajudou, diariamente, a divulgar a cultura portuguesa.
Alguns recordarão também aquela forma tão característica de apresentar o "Jornal" da RTP2, que levou Herman José a criar um "boneco" nele inspirado, sem que o Carlos se ofendesse. E outros lembrarão aquele que foi o eterno homem da rádio.
Lembro-me do curioso dialogo que uma noite estimulou, na RTP, entre o embaixador Calvet de Magalhães e eu próprio, sobre a diplomacia e as suas histórias. O que me deu algumas ideias...
Um dia, quando uma patetice de alguém o afastou de fazer o que gostava e fazia bem, o Carlos Pinto Coelho disse-me que ia para o Alentejo. Depois, voltou, creio para a TSF e para a sua eterna RTP. E agora, partiu. "Acontece"...
Até sempre, Carlos!
Postado por Francisco Seixas da Costa
Viriato- Pontos : 16657
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